Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 6
Vira-tempo




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Algumas semanas depois.

As coisas estavam indo relativamente bem. Eu estava deixando Draco Malfoy louco. Ele corria atrás de mim sempre que podia. Ele parecia ser divertido, mas eu não podia pensar nisso. Se eu cedesse à tentação, ele me daria o fora e eu não teria mais ninguém conhecido na sonserina. Pansy Parkinson, não era assim, tão popular e não me causava ameaça alguma. E eu poderia até dizer que estava gostando das aulas em sí. Os professores foram imensamente calorosos e os alunos me tratavam melhor do que eu esperava. Eu sabia o nome de quase todas as pessoas que Henry me apresentou. Quase. Na verdade, meio que me obriguei a saber o nome das garotas do meu dormitório: Gina Weasley, a garota ruiva, Roberta (Robbie) McCarty e Lyla Adams. A outra garota que dividia o dormitório com elas havia saído da escola; "são tempos difíceis, os pais estão desesperados", Gina esclarecia. Eu sabia que a situação estava feia na Inglaterra desde antes de ir morar em Londres. Mas estava tão preocupada com meus próprios conflitos que nunca achava tempo para me preocupar com isso.

Ser a garota intercambista me dava o tipo de atenção que eu adoraria ter em outra época. Eu sabia muita coisa porque meu irmão me ensinou a vida toda, mas em Beauxbatons era mais difícil conseguir dar conta de manter as notas e a popularidade ao mesmo tempo. Mas, talvez porque eu era nova, ou porque era estrangeira, os professores me ofereciam ajuda o tempo todo. Eu dava conta de transfiguração, história da magia e até mesmo defesa contra a arte das trevas, mas era péssima em poções. Meu irmão sempre detestou a matéria, tanto em Hogwarts quanto nos poucos anos que ficou na Beauxbatons então não tinha muito pra me ensinar. E eu precisava dar um jeito nisso... logo. Só havia um problema: nem sinal de Dafne. Havia uma rixa intensa entre Grifinória e Sonserina (o que confirmava minha teoria de que fora colocada na casa errada) então a turma de Pansy Parkinson só aparecia mesmo para fazer chacota e tentar atingir alguém. Eu tentava reconhecer algum traço em cada garota que passava por mim, mas simplesmente não identificava nada familiar. 

Quando entrei na sala comunal aquela noite, Henry e um de seus amigos estavam jogando xadrez de bruxo. 

— Mas que droga, Chuck, jogue direito. Até história da magia está mais animada.

Me joguei numa poltrona e suspirei. 

— Problemas? — perguntou Henry, ainda prestando atenção no jogo.

— Muitos. Poções, arg.

— Você deu sorte, Slughorn é mais calmo. Até ano passado poções era do Snape, era bem mais difícil passar. 

— Não está fazendo muita diferença. Na verdade, nunca fui boa nisso mesmo. 

— Eu te ajudaria, mas não sou sua melhor opção. Tente a sorte com a Granger, ela é brilhante. Passou em todos os NOM'S ano passado, talvez ela te ajude. 

— Eu não sei. Ela está no sexto ano, não? Deve ser difícil ter um tempo livre. 

— É, mas não custa tentar. Aí, sabe jogar?

No dia seguinte, fui procurar Hermione Granger. Em outros tempos, eu a odiaria porque, apesar das notas impecáveis, eu não ligava muito pra regras e ela era monitora. Uma das minhas manias na Beauxbatons era sair com Alison para uma das torres e ficar conversando lá até o sol nascer. Idiota, mas proibido. Eu não tinha ideia de como começar a conversa. Talvez "Olá Hermione. Meu irmão morreu envenenado e eu quero aprender como se faz um veneno certeiro, presentinho para minha irmã, mas antes quero torturá-la até a morte. Alguma ideia?" 

— Hey... — ajeitei a bolsa nos ombros e mordi o lábio, como sempre fazia quando ficava nervosa. Ergui meu último trabalho de poções, que por sinal teve uma nota deplorável. — Isso é uma droga, né?

— É... eu acho que é. — ela me olhou como se eu fosse louca. E eu devia ser mesmo.

Suspirei alto. 

— Eu preciso de ajuda. E recomendaram que eu pedisse à você. Eu sei, você nem me conhece e provavelmente não vai ter tempo, mas... — Abri a bolsa e tirei de lá um de meus bens mais preciosos. Meu vira-tempo.

Ela abafou um gritinho e ficou boquiaberta quando o viu. Não era pra menos.

— Você tem um? Como conseguiu? Todos foram destruídos ano passado...

— Shhh, ninguém pode saber disso. Foram destruídos no ministério da Inglaterra. Meu irmão ganhou do meu avô e ficou comigo quando ele... bom, não importa. Ele só volta umas duas ou três horas, mas deve servir.

— Eu não sei, Alyssa. Você devia mostrar isso ao diretor, pode ser muito valioso...

— Não dá, Hermione, é uma relíquia de família. Meu avô fez meu irmão prometer que só daria pra alguém da família e eu prometi o mesmo a ele, enfim. Quando você ensina, você também aprende, não? Talvez eu seja mais útil do que você pensa.

Ela pensou por uns minutos, antes de responder. Eu quase implorei em pensamento. Era estranho mesmo, ajudar alguém que você mal conhece e eu nunca, nunca pediria se não estivesse desesperada.

— Tá, tudo bem.

Abri um sorriso e a abracei.

— Você não vai se arrepender, sério. Muito obrigada, começamos quando você quiser! Eu tenho que ir pra aula, mas...a  gente se fala, tá?

— Claro. — ela suspirou.

Virando o corredor, dei de cara com meu alvo. Draco Malfoy. Isso estava realmente ficando chato.

— E aí, Alyssa? 

— Oi, tudo, pressa.

— Você não pode resistir ao meu charme para sempre! — Ele gritou enquanto eu andava rápido para a aula. Então eu parei. Finalmente entendi de onde conhecia aquele nome.


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