Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 5
Grande erro.




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Depois de me esbaldar no banquete de boas vindas, dormi que nem uma pedra. Nem sequer tive os pesadelos frequentes. Estava esperando que o primeiro dia fosse muito mais tenso, mas estava sendo... normal. Fui atrás de Pansy Parkinson e do tal Draco Malfoy, ainda esperando que fosse me lembrar onde havia escutado aquele nome. Eu estava indo para a biblioteca "fazer os deveres" e ele estava lá, com os "cachorrinhos". Joguei o cabelo, agora negro como bréu, para o lado e fiz o máximo de barulho que pude com os sapatos enquanto me sentava na mesa em frente à deles. Abri meu livro de transfiguração e antes de baixar os olhos para o livro, dei uma olhada discreta na mesa dos garotos. Estavam todos me olhando, inclusive Malfoy. Sorri torto, como fazia em Beauxbatons quando queria conquistar atenção dos garotos, e olhei diretamente para a mesa.

— Bonjour, garotos. — Olhei nos olhos azuis do meu alvo e voltei minha atenção para meu dever. Eu e Alison eramos experientes nesse assunto. Alguns garotos (tudo bem, vários) da Beauxbatons corria atrás da turma da Fleur Delacour...os outros corriam atrás de nós. Então, considerando minha experiência, sabia que ele estava vindo me cumprimentar em 3, 2...

— Bonjour — voz melosa, sedutora...isso era bom. — Comment allez-vous belle fille? — Então não aguentei. O francês dele era péssimo, me obrigando a controlar um ataque de risos. 

— Não precisa se preocupar, Draco Malfoy — ele se surpreendeu ao saber que não precisaria se apresentar — o meu inglês é tão fluente quanto o seu. — Continuei lendo.

— Sendo assim... bom dia. Como você está, linda? — tentou me lançar um olhar sedutor, do tipo que derreteria qualquer garota menos experiente. Não funcionou. — Como é que você sabe meu nome, afinal?

— Você é bem famoso por aqui. — respondi sem ao menos olhar pra ele. Infalível. Se você se joga pra um menino, vai conquistá-lo por algumas horas. Seja esnobe, na medida certa, e vai te-lo à seus pés. 

— Isso não é bom. Os grifinórios não costumam gostar muito de mim. Talvez tenham lhe passado a ideia errada. — ele tirou o livro da minha mão, devagar, colocou-o de lado, me obrigando a olhar pra ele e me prendeu com o olhar. — Talvez nenhum deles me conheça. — não respondi. — Talvez você fique melhor com os alunos da Sonserina... o chapéu pode cometer erros, mas andar com a turma errada aqui pode ser um erro maior ainda. Eu posso ajuda-la nisso.

Entrei no jogo. Olhei nos olhos dele e percebi que estava um pouco desconcertado. 

— Ou talvez você ache que vou dar valor pra sua opinião sobre os grifinórios, da mesma maneira que deve achar que dou valor para a opinião sobre os sonserinos. Eu mesma tenho minhas opiniões. E você não está melhor comigo do que com meus colegas. — peguei o livro de volta e voltei à "leitura". Ouvi umas risadas espantadas na mesa dos garotos sonserinos. Aparentemente, ele não era acostumado a levar um fora. Devia ser o maior pegador de Hogwarts, mas aquilo não ia colar comigo. Eu precisava de mais. Precisava de um bode espiatório dentro daquela casa. Quando voltou a falar, sua voz não estava mais confiante.Definitivamente ele não era acostumado a levar um fora. Mas não se deixou abalar tão fácil assim.

— Talvez você devesse conhecer melhor as pessoas antes de formar uma opinião. Sabe... — a voz sedutora voltou e dessa vez tirei os olhos do livro por conta própria — talvez elas sejam melhores do que você pensa.

Dei ao garoto um sorriso tímido e compreendivo, do tipo que deixava os meninos loucos.

— Vou pensar na sua proposta. — e voltei a ler.

— Bom dia, Draco Malfoy. — ouvi uma terceira voz. Feminina, com um ar de ciúme exagerado. Me sobressaltou, mas mantive o autocontrole e continuei com os olhos no livro. — Quem é a sua amiguinha?  

Mantive as aparências, mas a verdade era que meu coração estava tão rápido quanto um hipogrifo assustado. Pansy Parkinson. Eu ouvi aquela voz durante quase toda minha infância, roubando meus brinquedos.

— Ela é nova, Parkinson. — Draco respondeu, visivelmente chateado pela namoradinha ter interrompido sua cantada. — Veio da França. — A garota provavelmente havia achado estranho ser chamada pelo sobrenome por alguém que deveria ser íntimo, mas quando ouviu minha nacionalidade, mudou o tom da conversa.

— Hm. — ela arrancou o livro da minha mão e o jogou na mesa. Levantei o olhar calmamente e olhei na direção dela, percebendo certos traços que me lembravam um cachorro... só não lembrava qual.  — Eu gosto que olhem pra mim quando estou falando. Logo vai entender que ser popular é, na verdade, essencial. Você tem bom gosto, se ficar na sua, vai poder andar com a gente, mesmo que seja meio... inexperiente.

A encarei. Eu simplesmente a detestei a vida toda, e nunca ia gostar dela, nunca mesmo. Mas eu precisava dela... se Dafne estava em Hogwarts, Pansy saberia disso. Percebi duas garotas meio assustadas atrás dela e as encarei. Nenhuma das garotas era, nem de longe, tão confiante quanto Pansy. Isso estava errado. Dafne não era confiante, mas nesse ponto era parecida comigo: podia estar morrendo de medo, mas não demonstraria nem sob a mira de uma varinha. Ambas eram baixas. Dafne era alta e se havia mudado de aparência, jamais ficaria tão baixinha quanto elas pois amava sua altura. Reparei nos sapatos... tênis. Não apenas tênis... uma usava marrom e a outra cinza. Dafne não usaria esses tênis numa escola. Ela usaria um tênis preto, ou um sapato vernizado que ao menos combinasse com o uniforme.  Assustadas, baixinhas e com um conhecimento sobre moda tão raso quanto uma tábua. Nenhuma delas era Dafne. 

— Sou experiente o suficiente pra saber que quem finje que manda alguma coisa, na verdade tem a auto-estima baixa e um QI menor ainda. E no fim, não manda merda nenhuma. — Guardei minhas coisas antes que tivesse tempo de me responder ou de perguntar meu nome. — Até mais... Malfoy. — Dei uma provocada e um olhar tão penetrante na direção dele que deixou Pansy mais irritada ainda. 

Na hora em que cheguei ao corredor, percebi o grande erro que podia ter cometido. Eu desperdicei a oportunidade de ouro de andar com Pansy Parkinson e descobrir logo qual das cachorrinhas dela era Dafne. Aquelas duas garotas deviam pagar pra andar com ela ou algo assim. Será que Dafne tinha a própria turma? Talvez ela nem fosse da sonserina. Será que ela havia me reconhecido? Fazia anos que ela não me via. Não fazia muita diferença, eu não teria estômago para andar com ela, mesmo que isso custasse todo o plano. O problema era que Um: ela podia ter me reconhecido, afinal, eu não estava lá tão diferente assim; e Dois: Se ela me reconheceu ou suspeitou de algo, ia avisar Dafne para ficar na moita. Droga. Aquilo podia demorar mais do que o previsto.


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