Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 37
Pressentimento


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez pedindo desculpas pela demora. Não foi falta de tempo, foi mais um bloqueio. Era pra ter uns dois capítulos antes desse, no mínimo. Mas achei qua a fanfic estava precisando de um pouco de ação então adiantei um pouco. Enfim, espero que ainda tenha alguém lendo. Xoxo



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As semanas passaram mais rápido do que minhas dores de cabeça. Se tornaram meses. Vi meu cabelo crescendo, as provas chegando e os NOM'S também. Os bilhetes ficaram frequentes. Tinha medo de mostrar a Henry, apesar de ter prometido que não esconderia mais nada do tipo, principalmente porque eles preocupavam mais a ele do que a mim. Afinal, todos diziam a mesma coisa e faziam a mesma ameaça, mas ninguém mais se machucou. Com o tempo, pararam de vir. Não voltei a trabalhar na poção. Em vez disso, gastava quase todo meu tempo estudando para os NOM'S e, é claro, treinando feitiços ofensivos. Ainda pretendia fazer justiça, mas talvez não fosse necessária toda aquela dose de dor que havia planejado. As coisas com Draco ficaram melhores do que nunca. Brigamos frequentemente, claro. Mas cada dia mais tenho certeza de que precisamos um do outro. Ele tem seus segredos, eu tenho os meus, e ambos precisamos um do outro para ficar longe deles um pouco. Ou, pelo menos, para encontrar força para encará-los. 

POV Draco Malfoy

— Draco, por favor, eu preciso me concentrar. 

— Hmm. 

A biblioteca nunca foi exatamente o lugar perfeito para namorar. Principalmente se o risco de Madame Prince dar um chilique é grande. Mas provocar Alyssa enquanto ela tenta estudar com certeza estava se tornando um de meus esportes favoritos.

 —Os NOM'S estão chegando. 

— Você não vai ter problema com eles. Seus olhos azuis vão encantar os examinadores. 

— Não acho que meus olhos vão ser de grande ajuda em poções. 

— Você falou com Slughorn?

— Falei. Ele pareceu feliz em ajudar. Acho que nem se lembra que dei vexame na festa de natal, mas a poção do Morto-Vivo era só uma parte das minhas dificuldades. Ele disse que era pouco provável que uma poção complicada assim caísse no exame, mas eu não duvido. Enfim, ta aí uma coisa que nunca aprendi direito. — suspirou — talvez eu devesse pedir ajuda à Hermione outra vez.

— Granger? Porque você pediria ajuda à Hermione Granger?

— Porque ela é inteligente. — revirou os olhos

Estava evitando ao máximo esse tipo de assunto com ela. Meu...desgosto... com sangues ruins era o tipo de coisa que normalmente geraria uma briga, e brigar com Allie era uma droga. Mesmo que fizéssemos as pazes algumas horas depois, era desgastante e eu tinha que fazer o tempo que passava longe da Sala Precisa e dos meus deveres valer a pena. 

— Você consegue sozinha. Eu posso te ajudar no que não conseguir. 

— Ah, eu diria que você está sendo de grande ajuda agora.

Continuei beijando seu pescoço e provocando até ela fechar o livro, virar para trás e me beijar.

— Agora é bom me deixar trabalhar, ou então vou ter que passar o fim de semana fazendo isso. 

— Nós temos Hogsmead esse fim de semana!

— E eu tenho que tirar pelo menos um Excede as Expectativas.

— Entre a Casa dos Gritos e a biblioteca, fico com a Casa dos Gritos.

— A escolha foi sua.

— Nos vemos depois do jantar. — Beijei-a outra vez e me levantei. 

— Onde você vai? Eu não te mandei embora, só mandei parar de me distrair.

— Acho que é melhor eu cuidar dos meus...deveres, também.

Hoje realmente estava sendo um ótimo dia. Crabbe e Goyle não estavam tão estúpidos como de costume. FIzeram a vigia direitinho durante a tarde e assim eu pude trabalhar em paz. Fiz uns ajustes aqui, outros alí e tive mais algumas ideias. Talvez eu conseguisse. Talvez eu não acabasse com minha família e minha garota executadas e sozinho no mundo. Talvez eu realmente estivesse no caminho certo. Talvez Alyssa nem precise saber que sou um comensal, de fato. Era uma de suas qualidades. Não me fazia perguntas que eu não queria responder. Uma troca, na verdade, já que ela também tinha alguns segredos. Chequei novamente o Armário e confirmei minhas suspeitas de que ele logo estaria pronto para alguns testes. Realmente um ótimo dia. 

xx

— Olha só quem está saindo todo arrumado. — Comentou Pansy, maliciosamente.

— Olha só quem não perdeu a mania de chegar de fininho. Bom dia, Parkinson. 

— Ah, não vamos ser formais, Draco. Nos conhecemos desde crianças... você sabe que é meu prometido. 

O modo como Pansy chegava por trás e tão perto que eu podia sentir o cheiro do seu xampu costumava mexer muito comigo. Estranhei quando a sensação de estar pegando fogo parou de acontecer, mas não estranhei quando começou a me irritar. Pansy tinha uma mania idiota de ser inconveniente de propósito, e eu temia que isso pudesse atrapalhar as coisas com Alyssa. Principalmente hoje, que íamos passar o dia todo juntos em Hogsmead e depois a noite juntos na Sala Precisa. 

Na verdade, não é como se realmete fossemos fazer algo na Sala Precisa. Nossas noites fora do dormitório eram preenchidas com beijos, algumas investidas e às vezes baralho. Chegamos perto de avançar o sinal diversas vezes, mas Allie sempre sorria do jeito mais malicioso do mundo, dizia que estava com sono e ainda me fazia dormir abraçado com ela. Incrível como não acabou na Sonserina. 

— Seu prometido? 

— O que aconteceu com o perfume que eu te dei?

— Minha namorada me deu outro e eu achei que seria de bom tom usá-lo. — respondi, rispidamente. — Estou atrasado, Parkinson. Nos vemos depois.

— Promete? — perguntou com um sorriso, depois piscou. Nem me dei ao trabalho de responder. 

Encontrei Alyssa sentada ao lado do amigo nas escadas que davam para o jardim, onde marcamos de nos encontrar. Ah, ótimo, agora teríamos companhia. Mas, mesmo de longe, eu podia ler as expressões de Alyssa, expressões de preocupação. Os dois pareciam tão entrosados na conversa que nem me notaram.  

— Você recebeu mais algum?

— Bilhete?

— Não, pássaro de chocolate. 

— Você está andando demais comigo. 

— Você não tem direitos de posse sobre a Ironia.

— Talvez eu devesse.

— Você não me respondeu.

— Não... Não, não recebi mais nada.

— Desde quando?

— O seu foi o último. 

— Você me diria se recebesse?

— Claro que sim.

— Você não disse antes.

— Eu não estava falando com você. 

— Estava sim. Quando foi atacada no dormitório, quando se jogou da escada e...

— Ok, Henry, já chega. Você devia encontrar Lyla, já está na hora de ir.

— Malfoy está atrasado? Você poderia ir com a gente.

— Com um casal? Pra fazer o que, tirar fotos e dançar pra vocês?

— Não seria má ideia. Brincadeira. Chuck e Robbie vão também, então não seria um passeio-casal. 

— Bom, o meu será um passeio-casal. 

Sorri, contente por Allie ter dado um corte no idiota do Richter e também porque parecia orgulhosa de sair comigo, e não com o mesmo receio de uns tempos atrás.

— Se mudar de ideia. 

— Não vou. Tem alguma coisa errada com você hoje.

— Eu acho... acho que você não devia ir. 

— Porque? Henry, você...

— Não, não estou com ciúmes. Eu acho que você deve passar o dia com Malfoy. Mas não em Hogsmead. Estou com um pressentimento muito ruim, não sei explicar.

— Pressentimento?

— É. Eu acho que algo ruim vai acontecer. Eu sinto isso. 

Ah, que esperto. 

— Talvez devesse falar com Sibila, Henry. 

— Eu estou falando sério, Allie. Por favor, fiquem no castelo. Vocês podem se divertir do mesmo jeito.

— Bom... eu preciso de uma pena nova. Preciso de chocolate e... bom, eu queria sair do castelo um pouco. Esse seu pressentimento é só um pressentimento, né? Quer dizer, não é nada substancial.

— Tem razão. Você gosta mesmo dele, né...? 

— Você ainda tem dúvidas? — Pude ver, de relance, um sorriso. Mas quando vi Allie engatar o braço em Richter e deitar a cabeça no ombro dele soube que era a hora de aparecer. Dei uns passos para trás e fingi que havia acabado de chegar.

— Interrompo? 

— Não, podemos terminar depois. — respondeu Richter. — Tenham um bom dia. Até mais, Allie. 

Richter saiu sem olhar pra mim ou me cumprimentar. Allie levantou e engatou no meu braço assim como fez com Henry há alguns segundos. Beijei seus lábios e acredito que tenhamos nos empolgado um pouco. Menos de um minuto depois fomos interrompidos.

— Ei! 

— O que foi, Henry? Tem pra você também, mas só mais tarde. Só brincando, Draco. 

— Só... se cuida, ok?

— Eu vou cuidar muito bem dela, Richter. — apertei meu braço em sua cintura, irritado 

— Por favor. 

— Eu te vejo no jantar, Henry. — respondeu Alyssa, com a voz um pouco alterada. 

— Está frio hoje. Talvez fosse melhor voltar. 

Indireta. Meio direta, sutil. Típico de Alyssa. Em todos os lugares que passamos ela disse algo que sugeria que voltássemos.

— Você não levou Richter realmente a sério, levou? 

— Não. — Respondeu Allie. Eu queria dizer a verdade. Que o melhor amigo dela era idiota e que queria apenas atrapalhar nossa tarde. Mas confesso que não consegui. Quando chegou aqui, Alyssa ainda era uma típica estudante da Beauxbatons. Nem um amassado no uniforme, nem um fio de cabelo fora do lugar. Eu poderia ser duro e direto com aquela garota, mas não conseguia com a nova Allie. Apenas uma menina de moletom cinza, cabelos longos, negros, levemente enrolados e que balançavam de um jeito natural. Seus olhos azuis da cor do mar estavam apreensivos, e o fato de estar mordendo uma pena de alcaçuz a deixava com uma expressão de criança confusa. Eu não conseguiria ser duro e direto com aquilo, nem em meus piores dias. Era mais fácil ser duro com um bebê. — Ok, um pouco. Essa coisa de pressentimento me assusta. 

— Não se preocupe. A pior coisa que pode acontecer com você hoje é torcer o tornozelo e ser carregada até o castelo. — Abracei-a pela cintura novamente

— Não seria tão ruim. — respondeu, com um sorriso. — Vamos ao Três Vassouras. Eu preciso de uma cerveja amanteigada.

— Tudo bem. 

O lugar estava cheio, como sempre. Conseguimos uma mesa perto do canto, como Alyssa sempre pede e pedimos duas cervejas amanteigadas. Allie colocou sua cadeira exageradamente ao lado da minha e apoiou os pés na cadeira da frente. Modos aprendidos em Beauxbatons com certeza já extintos. 

— Eu preciso ir ao banheiro.

Estremeci, involuntariamente, quando lembrei do que houve quando Katia Bell, a garota da Grifinória, entrou no banheiro sozinha. Tive que lembrar a mim mesmo que a culpa era minha e que não enfeiticei ninguém para sequer chegar perto de Alyssa. 

— Quer ir comigo? — perguntou com uma voz divertida, lendo minha expressão.

— Não, obrigado. Não demore. 

— Não vou. 

As cervejas chegaram. Tentei esperar por Alyssa, mas acabei bebendo a minha sem ela. Dez minutos. Quinze. Vinte minutos e comecei a bater os dedos na mesa. Meia hora havia se passado e Alyssa ainda estava no banheiro. Bebi a cerveja dela também, e depois de quarenta minutos comecei a tremer. Quase uma hora e comecei a ter um pressentimento ruim também. Não pode ter acontecido nada, pensei. Ela provavelmente encontrou uma amiga no banheiro e as duas estavam conversando sobre produtos de cabelo. Vi uma de suas colegas de quarto, uma de quem Alyssa falava muito, mas não lembrei o nome.

— Ei! — gritei. A garota olhou pra mim com uma expressão zangada

— Ei o que? Não sabe que não se deve gritar em lugares fechados? — indagou, mal humorada. Percebi que várias pessoas estavam olhando de cara feia, mas não dei atenção a isso. 

— Aconteceu alguma coisa?

— Do que é que você está falando?

— Com Alyssa. Ela entrou no banheiro há mais de uma hora e...

— Quanto exatamente você bebeu? — interrompeu a garota. 

— O que...?

— Não tem ninguém no banheiro, Malfoy. Nem Alyssa nem ninguém parecido com Alyssa. 

Senti que estava caindo. Senti que o chão se abria e senti que a temperatura estava caindo pelo menos dez graus por segundo. Impossível. Eu vi Allie entrar no banheiro e vigiei a porta cada segundo. 

— Tem certeza? 

Eu devia ter uma expressão realmente assustadora, porque a garota entrou no banheiro novamente e checou cada canto. 

— Nada. Tem certeza que ela não saiu? 

— Absoluta. 

Mesmo tendo certeza, perguntei, meio rispidamente, a um garoto sentado numa mesa perto do banheiro, a garota que estava com ele e também a umas quinze pessoas em que jamais dirigiria a palavra em circunstâncias menos desesperadoras. Lembrei que tinha Madame Rosmerta enfeitiçada e fui ter com ela. Ela lembrava de alguém de moletom entrando no banheiro, mas não saindo. Procurei por toda Hogsmead, por cada loja, cada beco, cada canto. Ninguém a viu sozinha, apenas comigo mais cedo. Escureceu mais rápido do que o normal, ou foi o que me pareceu. O tempo não deveria voar assim, não quando existem coisas importantes a serem feitas. Voltei para o castelo, torcendo para que ela tivesse voltado. Brigaríamos, eu ficaria furioso, mas saberia o que houve.


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