Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 38
Insônia


Notas iniciais do capítulo

EU VOLTEEEEEEI e espero que meus leitores lindos voltem também e comentem mt senão vou mandar a Umbridge pra escola de vocês, sem mais.



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No caminho para o castelo, a preocupação deu lugar à raiva total. Era óbvio que alguma coisa tinha acontecido, mas custava pedir pra alguém me avisar? Ela não demonstrava sentir vergonha de mim perto dos amigos, mas será que secretamente era isso que ela sentia? A ponto de preferir me deixar preocupado ao invés de pedir para uma de suas amigas me avisar? 

Fui para meu quarto, furioso. Joguei meu casaco no chão, depois deitei e fiquei encarando o teto, imaginando as desculpas idiotas de Allie e minhas respostas que não seriam capaz de expressar toda minha raiva. Adormeci, e acordei sem saber se a nossa briga pelo que aconteceu foi ou não real. 

— Olha só quem já voltou do passeio romântico.

Sorri ao reconhecer a voz. Pansy seria minha vingança. Rápida e eficaz. Era só aparecer ao lado dela no jantar. Sem precisar nem dar as mãos, apenas andar ao seu lado. Allie ficaria possessa. Brigaríamos feio, estaríamos ambos irritados demais um com o outro. Mas o que ela fez não podia passar despercebido. 

Senti meu coração mudar de ritmo ao entrar no salão. Antes que pudesse dar ouvidos a voz racional em meu cérebro dizendo que era uma má ideia, olhei direto para a mesa da Grifinória e... percebi que ela não estava lá. Não estava em seu lugar, ao lado de Richter e na frente da garota que falou comigo no banheiro. Mantive o teatro com Pansy, e esperei que Allie entrasse no salão a qualquer momento. Talvez meio pálida, consequência do que quer que tenha acontecido, mas não esperei muito. Depois de quase meia hora, deixei Pansy sem explicações e praticamente corri para a enfermaria. Olhei todo canto, e...nada. Nem sinal de Alyssa. Pensei em invadir a sala comunal da Grifinória, mas meu orgulho ainda não estava totalmente quebrado. 

Acordei na manhã seguinte com uma dor de cabeça enorme. Não sabia ainda se sentia apenas raiva, ou se a preocupação tinha voltado. Por mais que minhas capacidades de concentração estivessem comprometidas, era imprudente abandonar o armário. Logo agora que as coisas estavam caminhando, que estava no caminho certo. Passei a manhã toda lá. Levei o dobro de tempo em coisas pequenas porque não conseguia pensar direito. Mas ainda assim, não era tempo jogado fora. Antes fazer as coisas devagar do que não fazer nada. Desci para o salão almoçar, imaginando novamente Allie na mesa da Grifinória, como se nada tivesse acontecido. 

Nada. Dessa vez, nem Richter nem a garota estavam lá. Então realmente aconteceu alguma coisa. E ela avisou os dois amigos, mas não a mim. Esse revezamento entre a preocupação e a fúria estava me cansando. Me cansando tanto a ponto de apelar para algo que não usava há tempos

Se parece com uma bala, daquelas que se compra na Zonko's. Mas era algo que, na verdade, eu nem sabia de onde vinha. Apenas uma dose relaxava meus músculos, deixava meus olhos pesados, e me fazia dormir sem sonhos, como um bebê, por umas sete horas. Tempo demais para perder, considerando o trabalho a ser feito, o que me fez largar apesar de gostar do efeito. Tempo de menos quando queria que Alyssa também se preocupasse. Com toda certeza, meus colegas de quarto não se dariam ao trabalho de avisar Allie que eu estava apagado. Ela presumiria que eu sumi, ficaria preocupada. Quase como uma vingança. Tomei duas doses, tirei os sapatos, e deixei a inconsciência me tomar. 

Acordei de madrugada, desejando ter tomado três doses ao invés de duas. Sempre procurei tomar muito cuidado com essas pílulas. Não conheci pessoalmente o veterano que as vendia, mas com certeza não era uma substância exatamente permitida dentro da escola, pois soube que o garoto levou uma detenção e parou de fabricá-las. Não antes de eu conseguir estocar o suficiente para dormir sem pesadelos ao menos uma vez na semana. 

Ainda eram quatro da manhã. A pior hora do mundo para ficar completamente acordado, cedo demais para descer e fazer algo produtivo. Pensei novamente no armário, mas muito rapidamente. Minha cabeça não estava lá. Estava em Alyssa. Procurando por ela, como se nossas mentes pudessem estar, por um milagre, conectadas. "Onde você está?", minha mente perguntava sem resposta alguma. Inútil. 

Mais um dia se passou sem que algum idiota da Grifinória tivesse a decência de me contar o que aconteceu. E mais um dia sem Alyssa. O fim de semana havia acabado, então presumi que com as aulas ela apareceria. Tentei manter minha rotina normalmente. Tomei café, assisti as aulas que não podia faltar e depois fui para a Sala Precisa. Só saí de lá na hora do jantar. Uma faísca de esperança de que Allie estivesse na mesa, e...nada. 

O dia seguinte foi uma cópia exata. Ou melhor, quase. Dessa vez, não me dei ao trabalho de tentar produzir. Também não assisti as aulas. Passei a tarde agonizando em meu dormitório, mas dessa vez não havia raiva. Somente o medo. Medo por não saber o que aconteceu, e medo de descobrir também. Comecei a raciocinar. Allie não tinha inimigos. Falso. Não há ninguém disposto a machucá-la. Falso. Ah, droga. Quanto exatamente eu sei sobre a minha namorada? Eu também tinha meus segredos, por isso nunca mais perguntei sobre a noite em que foi atacada bem na minha frente. Nem sobre suas crises. Nem mesmo sobre a vez em que implorou para que eu ficasse longe de Pansy. Pansy... ah, besteira. Parkinson não faria mal a Alyssa apenas por ciúme. A menos que as duas tenham alguma rixa antiga. Mas é impossível, Allie morou a vida toda na França. Continua sendo besteira. Pansy poderia até ser perigosa, mas nunca conseguiria esconder seus "crimes". 

Ninguém da escola. Talvez Allie seja uma criminosa, e na verdade fugiu da antiga escola e agora foi descoberta. Não, isso seria assunto por toda a escola. Aliás, o desaparecimento de uma aluna normalmente era assunto. Os professores devem ter abafado o caso para não gerar pânico, afinal...afinal, há alunos desaparecendo em toda parte. Obra dos comensais da morte. Bobagem...ninguém na minha família sabe sobre Alyssa.

Desta vez, não dormi. Não dormi e não tomei nada para dormir. Tentei me manter alerta, caso aparecesse alguma coruja de casa, ou de qualquer lugar. Ou qualquer coisa. Faltavam poucos minutos para as sete quando desci tomar café. Os corredores estavam vazios, não havia ninguém para notar que minha roupa estava completamente amassada, que meu cabelo estava bagunçado e que eu estava com olheiras do tamanho de um abismo.

Ou melhor, quase vazios. Richter estava no fim do corredor, acompanhado da diretora da Grifinória. Me recusei a mudar de caminho. Estava sem energia para qualquer tipo de conflito com Richter, mas me recusei mesmo assim. Mas quando cheguei mais perto, percebi que ele estava tão acabado quanto eu, ou pior. Ele estava distraído, conversando com a professora. Ela também parecia cansada, e preocupada. Ah, isso não podia ser bom. 

Quando Richter me viu, não tive nem tempo de me defender, nem de correr, nem de pensar. Apenas senti o sangue escorrendo do meu nariz e descendo pela minha boca. Era provável que estivesse quebrado. Levei alguns segundos para processar e pensar em devolver o soco, quando ele explodiu:

— VOCÊ DISSE QUE IA CUIDAR DELA! VOCÊ PROMETEU, E AGORA A CULPA É TODA SUA! SEU COMENSAL, SEU IMBECIL!!

Eu agora estava encostado na parede, com o braço de Richter em minha garganta. Seus olhos estavam inchados. Obviamente, andou chorando. Senti um soco no estômago. Não de Richter, mas doía mais que meu soco no nariz. Primeiro senti vergonha, por ter deixado meu orgulho falar mais alto quando o caso era grave. Depois, senti como se o chão lentamente se abrisse. Absorvi as palavras "comensal imbecil" e então, como num filme, vi os últimos meses se passando como um filme na minha cabeça. Meu trabalho sendo deixado de lado, enquanto todas as minhas atenções iam para Alyssa. Toda minha energia depositada no nosso relacionamento. E, principalmente, a conversa que tive com Snape umas semanas atrás. 

— Você não está se esforçando. Me deixe ajudá-lo e não terá que se preocupar com isso.

— Não quero sua ajuda. Está indo tudo bem.

— Você é o único que acha que está tudo bem, seu tolo. O lorde não está feliz com seu trabalho. Defina suas prioridades, Draco, enquanto ainda tem opções. Não espere ser forçado a fazer isso.

Não espere ser forçado a fazer isso. O recado foi muito claro. Como é que fui tão estúpido a ponto de não levar a sério? Eu era um comensal. Eu tinha uma tarefa. Deixei tudo isso de lado por algo que não era tão importante. Deixei minha tarefa, que era prioridade, de lado. E agora Alyssa pagaria o preço. Quanto tempo ela ficou desaparecida? Será que a essa altura já estava morta, ou ainda estava sob os cuidados da minha tia? 

McGonagall tirou Richter do meu pescoço e o levou para longe, quando viu que eu não reagia. E eu não ia reagir mesmo. Na verdade, cheguei a querer que Richter me matasse. Eu vivi a vida toda no meio em que sangues-ruins e traidores de sangue eram todos gradualmente eliminados. E eu podia conviver com isso. Mas não com isso. Não com Alyssa torturada até a morte sem estar em nenhuma das categorias. Sem entender porque estava sendo torturada. Sem saber que a culpa era minha. Culpa minha. Como é que fui deixar isso acontecer? A imagem de Bellatrix rindo, Allie jogada no chão sem defesa alguma, me atingiu como um choque. 

Lá pela metade da tarde, toda a escola já estava sabendo. A história que ouvi nos corredores era: Alyssa entrou no banheiro sozinha, foi raptada e ninguém mais a viu. Ninguém sabe exatamente quem foi, nem porque, já que não era nascida trouxa e nem havia irritado os comensais. 

— Achei que o veria hoje. — Snape baixou o jornal e fez sinal para que eu sentasse. 

— Ela está morta? — perguntei, ignorando a cadeira em sua frente.

— Draco...

— Eu perguntei — agarrei a borda da cadeira e olhei nos olhos do meu professor. Aquele que, supostamente, deveria me ajudar. Ficou claro para mim que ele havia sido encarregado do recado. Se tivesse sido um pouco mais claro, nada disso teria acontecido — se ela está morta. 

— Eu não sei. 

— Mentiroso. Você sabia que isso ia acontecer. Deve saber o que está acontecendo.

— Tudo o que eu sei é que eles a levaram. Como um aviso. 

— E o que acontece agora? Vão mante-la viva até que eu termine e matar nós dois depois? Isso seria suspeito demais. As pessoas vão desconfiar. 

— Eu lhe avisei que se envolver com alguém, especialmente nesse ano, era imprudente. Você fez sua escolha. 

— Você podia ter sido claro. Eu teria...

— Teria ignorado, exatamente como tem feito. Você sempre foi um menino egoísta, Draco. 

Não a esse ponto, pensei. Pensei, mas não disse. Não disse mais nada. Saí da sala a passos firmes, determinado a ficar o mais longe possível daquele homem. 


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