Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 3
Hoggy Warty Hogwarts




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Por sorte, consegui achar um compartimento vazio. Claro que logo logo vários alunos iriam pedir para sentar alí, já que provavelmente o trem ia encher. Mas não ligava muito pra isso. Aproveitei os últimos minutos de privacidade e tirei da bolsa meu exemplar de Hogwarts, Uma História. Eu havia aberto esse livro centenas de vezes e sempre achava que o tinha decorado, então simplesmente esquecia. História nunca foi o meu forte. Mas era importante saber o máximo possível sobre a escola então me esforcei durante todas as minhas “férias”… em vão. Eu sabia pouca coisa. Sabia que haviam quatro casas. Uma que se chamava Grifinória e tinha a ver com coragem e justiça, outra chamada Corvinal, que tinha a ver com inteligência, Lufa-lufa, que tinha algo a ver com lealdade e paciência, e também a  Sonserina, que tinha a ver com ambição. Eu precisei de um pouco dessas quatro qualidades a vida toda. Coragem para largar tudo, inteligência para criar meu disfarce, ia precisar de toneladas de paciência tanto para encontrar Dafne no meio de um castelo enorme quanto para esperar o momento certo de acabar com tudo de uma vez. E ambição…bem, era uma coisa nata. Eu nunca desejei pra mim mesma nada menos que o melhor. Talvez eu fosse pra Sonserina. Eu não sabia como era feita a seleção, mas sabia que não poderia escolher. Ou talvez eu fosse pra Grifinória, já que estava tentando fazer justiça com as próprias mãos. Enfim, não há como saber. Guardei o livro e tentei relaxar. Nenhuma ponta solta, aparentemente, e nenhuma falha também. A verdade é que relaxar era uma missão impossível. Não apenas porque procurava uma assassina com uma identidade falsa esperando que as autoridades da escola acreditassem, mas porque, poxa, eu estava na verdade indo a uma escola nova. Meu irmão, uns meses antes de morrer, me fizera prometer que terminaria a escola mesmo que soubesse mais que Madame Maxime. Eu não sabia como cumprir essa promessa agora. Provavelmente acabaria presa ou fugitiva.
— Com licença, posso sentar? 
— Oui, vous pouvez. Digo, claro, pode sim.
Era legal falar em francês de novo. Um pouco estranho, claro, considerando que eu só falava inglês desde que saí de Paris (obviamente eu fora alfabetizada nas duas linguas), mas eu precisava que acreditassem na minha nacionalidade e a espalhassem. O ideal na verdade seria encontrar Dafne na plataforma… teria me poupado um trabalho enorme. Eu teria minha vingança e fugiria antes que as autoridades conseguissem lidar comigo. Possivelmente pra uma praia ensolarada na América.
— Obrigado. — O garoto agradeceu e se acomodou. E esperou pacientemente que eu puxasse assunto, acho eu. Tentei me concentrar na paisagem e na velocidade do trem, ignorando o garoto de cabelos castanhos e olhos da mesma cor. — Então… você é intercambista ou algo assim? 
— Oui. Fui transferida da Beauxbatons. — dei um meio sorriso, tentando não ser muito antipática. 
— Legal. E aí… quantos anos você tem? Pra qual ano você vai? Já sabe em que casa quer ficar? 
Esse era definitivamente um bom jeito de começar uma conversa. Tecnicamente, era mesmo. Me imaginei dizendo a verdade: “Na verdade, tenho quatorze anos, mas pareço ter dezesseis mesmo porque envelheci demais por dentro e por fora depois que meu irmão morreu. Aliás, estou aqui para caçar a assassina dele. Tecnicamente devo ir para o quarto ano mas não ligo pra qual me colocarem, contanto que eu encontre Dafne Greengrass o mais rápido possível. Também não ligo pra qual casa vou ficar, se eu ficar na mesma que Dafne, ótimo, vai me poupar um trabalhão.” 
— Vou completar dezesseis em Janeiro, mas não posso ir para o sexto ano porque não prestei os N.O.M.S. Na verdade, não sei bem em que casa quero ficar. Eu meio que gosto de todas. — Tudo bem, a última parte era verdade. Ele me olhou como se eu fosse louca.
— Como alguém pode gostar da Grifinória e da Sonserina ao mesmo tempo? 
— As duas tem seu charme. 
— Bom, espero que você fique na Grifinória, você parece legal.
— E você parece o tipo que não sabe dizer se eu sou legal ou não. Porque eu não sou então tecnicamente, você errou.
— Na verdade, tecnicamente, estou olhando pro seu colar. Se você é legal o suficiente pra ter laços afetivos com alguém, então você é legal. — ele deu de ombros.
Toquei o colar de Alison teatralmente e rapidamente inventei uma história enquanto decidia se ficava ou não irritada por ele usar a palavra "tecnicamente" no mesmo tom que eu.
— Na verdade, tecnicamente, quem me deu o colar foi meu irmão, ele morreu há quase dois anos. 
— Sinto muito. Não devia ser intrometido.
— Não tem problema. Ele estudou em Hogwarts e queria que eu estudasse também, mas acabamos mudando com a família. — por favor, não pergunte o nome dele, por favor não pergunte o nome dele, por favor me dê tempo pra inventar…
— Você vai gostar de Hogwarts. É incrível. A propósito, meu nome é Henry.
— Alyssa. — sorri automaticamente. Então, será que se importa de me contar mais sobre a escola? Estou com muita preguiça de terminar “Hogwarts, uma história” e também, acho que a essa altura, um relato de um aluno seria bem mais proveitoso. — Suspirei,
— É claro. O castelo é enorme e mesmo que eu faça um relatório de dez horas detalhado ainda é provável que você vá se perder na primeira semana — e continuou com o relatório durante toda a viagem. Enquanto comíamos doces de uma senhora que passou com um carrinho, enquanto outros amigos de Henry se juntaram a nós, enquanto eu começava a ficar com sono e parei de absorver o que ele dizia e, finalmente, chegamos perto o suficiente pra eu ter que sair da cabine e me trocar. As vestes não eram assim, tão ruins. Nada glamurosas perto do meu antigo uniforme, mas não era mal. Saí do trem decidida. Tudo estava, finalmente, começando.
— Os alunos do primeiro ano normalmente vão de barco. Se quiser ir com eles posso falar com o guarda-caça. 
Gemi.
— Claro que não. — Henry disse rindo. Colocou a mão nas minhas costas e meio que, hm, me guiou até a carruagem puxada por uns bichos estranhos que eu nunca tinha visto antes. E me intrigaram muito.
— O que é isso…? — cheguei perto e toquei em um deles. Era manso, não parecia oferecer perigo algum, mas os outros alunos me olhavam como se eu tivesse problemas mentais. Ótimo. Mas Henry parecia… normal.
— Não ligue para os outros — sussurrou — eles não podem vê-los.
Arfei. Aquilo era… incrível. Eu definitivamente precisava saber mais sobre isso. Anotei mentalmente para pesquisar o assunto assim que tivesse cabeça pra isso. Entrei na carruagem, elegante como uma autêntica francesa, ignorando os olhares, tanto dos que achavam que eu era louca, quanto os olhares de desejo e até mesmo os de inveja. Realmente… eu devia ter muito mais do que quatorze anos. Essa questão da idade realmente me incomodava. Eu tinha doze quando meu irmão morreu e com doze eu já agia como mais velha. Sempre ia a todas as festas que tinha chance (as que Daniel me levava, claro), minha melhor amiga e meus outros amigos da Beauxbatons eram mais maduros e também pareciam ser mais velhos. Talvez idade fosse só um número. Afinal, muitos caras que eu conheci nessas festas tinham mais de vinte e se comportavam como se tivessem doze. Henry me deixou com meus botões enquanto a carruagem andava… e eu tentei, juro, mas não consegui ficar de boca fechada quando vi o castelo. Henry tinha razão, era mesmo incrível.
Assim que entrei, tive certeza de que adoraria estudar alí. Estudar mesmo, sem plano de vingança, identidade falsa e tudo mais. Era tão grande, cheio de quadros nas paredes e escadas que se moviam. E eu apostava que os dormitórios eram incríveis também. E o campo de quadribol, e o refeitório, e tudo lá devia ser inacreditável. Imaginei se alguém lá havia conhecido Danny. Eu fui instruída a procurar a professora Minerva McGonagall assim que entrasse no colégio, para não precisar ser selecionada junto com os alunos do primeiro ano, mas ela já estava esperando por mim.
— Un plaisir, senhorra McGonagall — fiz uma breve reverência, como era acostumada a fazer no meu antigo colégio e sorri. Estava determinada a conquistar os professores, assim como eu fiz imediatamente na Beauxbatons.
— Senhorita Alyssa, é um prazer finalmente conhece-la. Devemos nos apressar, os alunos do primeiro ano farão a seleção no Salão Principal e não vão gostar de esperar, já estão bem nervosos, pobrezinhos. Se quiser me acompanhar…
É claro que eu estava nervosa com a seleção. Imagino qual aluno não ficaria. Mas ao mesmo tempo, não me preocupava. Primeiro, porque eu era ótima em duelos então venceria qualquer coisa que me mandassem, e segundo, eu era a primeira aluna da classe então saberia resolver qualquer teste (realmente, merecia estar no sexto ano e ter dezesseis de verdade) que me dessem. Então, contrariando todas as minhas expectativas, me colocaram de frente a um chapéu.


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Notas finais do capítulo

Desanima ver a história parada '-' mas não vou parar de postar mesmo assim :)