Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 27
Missão Escolha Certa.


Notas iniciais do capítulo

Gente... tipo assim, IGNOREM O NOME DO CAPÍTULO pq eu não sirvo pra essas coisas :(



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— Allie, sua coruja está surtando. O que seus amigos andam dando pra ela?

— Uma boa dose de pressa. 

— Isso é assustador. 

— A coruja é minha e minha amiga manda mais nela do que eu. É humilhante. 

— Então, quais as notícias de Paris?

— Sabe, nem todos os meus amigos moram em Paris. 

— Tanto faz. 

— Ela quer saber se pode mandar meu presente pra cá, ou se eu prefiro esperar até voltar para a escola.

— Diga pra ela mandar pra cá. A menos que ela te mande uma bomba. 

— Sem graça. Tudo bem.  

A carta curta e grossa de Alison fugia dos padrões. Normalmente eram gigantes, hoje só perguntava a melhor data para o meu presente de natal. Talvez ela estivesse chateada... eu demorei demais pra mandar notícias. Na verdade, só levei os dois dias do conjunto festa-ressaca, mas considerando que eu tinha um potente tônico para corujas, Allie não deve ter visto motivo para a "demora". Despachei a coruja e voltei para a lareira, onde Henry e eu estávamos comendo Marshmallows. Não era uma fogueira, mas a lareira pra mim já estava de bom tamanho.

Estávamos sozinhos em casa há algum tempo. A mãe dele havia ido buscar o pai, e juntos iriam buscar Aisha na estação. Se em algum momento Anabella duvidou que não estávamos namorando, a dúvida sumiu quando viu que estávamos tão à vontade um com o outro que ele usava suas pantufas de cachorro e eu usava meu pijama largo cor-de-rosa. 

A história da família Richter ainda me impressionava um pouco. Me dava um pouco de inveja também. Mas acima de tudo eu tinha inveja e admiração por Aisha. Ela soube descontar a frustração e a dor em algo que lhe deu um futuro incomparável, enquanto eu passei noites em noites em boates sujas e lugares inóspitos. 

— No que está pensando? 

— Em nada. — respondi. 

— Então pare de pensar em nada, você queimou seu marshmellow.

— Vocês ainda estão exatamente onde eu os deixei. Inacreditável para dois garotos de 16 anos.  — ouvi a mãe de Henry chegar. 

— Quer dizer que Henrique trouxe uma namorada pra casa? — ouvi uma voz grossa e masculina perguntar. Ah, até quando iam perguntar isso? — Antes tarde do que nunca. 

— Henry com uma namorada? Qual o problema dela?

Aisha e o pai entraram na sala ao mesmo tempo. O pai de Henry devia ter no máximo 40 anos. Seus cabelos eram pretos, mas de um tom um pouco mais claro que o meu. Era alto e bem humorado, assim como Anabella.

— Meu nome é Johnnie, é um prazer conhece-la, querida. Bem-vinda a nossa casa.  

— Alyssa. — Me apresentei, enquanto ele me abraçava. — O prazer é todo meu. 

— Eles não estão namorando. — declarou Aisha — estão à vontade demais e ela é bonita demais pra ele. Meu nome é Aisha, é um prazer. 

"Eu sei", pensei em responder. 

— Alyssa, e o prazer é todo meu. — o prazer é realmente meu. 

— É um nome bonito. 

Pena que não é realmente meu... 

— Obrigada. 

O abraço de Henry e Aisha realmente foi o ponto alto da minha inveja, e também trouxe um pouco de dor. Lembrava a união que tinha com Daniel. 

— Vão se arrumar os três, eu não quero uma ceia com pessoas mau arrumadas, pelo amor de Deus, é natal. 

A mãe de Henry era uma cozinheira maravilhosa. Imaginei, por um segundo, como seria se Henry se casasse com Alison. A mãe de Alison também cozinhava como ninguém. Um jantar feito pelas duas provavelmente seria o melhor jantar do mundo. 

— Então, de onde você vem mesmo? — perguntou o pai de Henry

— Paris, senhor Richter. 

— Paris? E veio de tão longe pra estudar magia? Seus pais também são bruxos?

— São. — respondi — Eu estudava numa escola da França, mas a da Inglaterra me pareceu um pouco mais convidativa. — menti. 

— Você não tem muito sotaque. — comentou Aisha — e o seu inglês é ótimo, onde foi que aprendeu?

— Em casa mesmo. Minha mãe é inglesa e eu morei um tempo aqui antes de me mudar pra França, então cresci falando as duas línguas. Em casa, eu e meus irmãos só podíamos falar inglês. Na rua, falávamos francês. Eu perdi o que sobrou do meu sotaque assim que fui para Hogwarts. 

— Eu bem que achei meio estranho... Rockfellery não é um nome francês. 

— Eu uso o sobrenome da minha mãe, meu sobrenome francês é complicado demais para me apresentar. —menti, de última hora. A última coisa em que pensei, quando criei o disfarce, foi na origem do meu nome falso. 

— Parece que você perdeu um partidão, maninho. — Comentou Aisha, se divertindo. 

— Aisha! — reclamou Anabella. — Não deixe a garota constrangida. Apesar de concordar com você também. 

— Qual é o seu problema? — perguntou Aisha, ignorando a mãe. 

— Eu me pergunto o mesmo todos os dias. — respondeu, para a minha surpresa, parecendo sincero. 

— Eu me pergunto isso desde que você nasceu. — comentou Anabella. 

Era uma família incrível. Do tipo que se insulta e se ama o tempo todo. O jantar inteiro foi assim.  Depois fomos para a sala e a irmã de Henry ficou fazendo piadas sobre meu suéter de natal. Me senti imensamente envergonhada por não ter comprado nada para dar de presente, mesmo que eu não soubesse que no fim acabaria aqui. Decidi acordar cedo no dia seguinte e comprar qualquer coisa nas redondezas. E torcer para que dessa vez acertasse... sempre fui péssima em comprar presentes. Depois de muita conversa e de muita especulação sobre porque não estávamos namorando, fomos dormir. 

Coloquei novamente meu pijama e me enfiei debaixo das três cobertas que Anabella havia me dado. Tremi de frio por uns segundos e antes que pudesse pensar em dormir, ouvi alguém bater na porta. 

— Entra. — respondi, sem precisar perguntar quem é. 

— Eu te convidei para dormir comigo e você não fez o mesmo. Agora estou magoado. — reclamou Henry. Ele entrou no quarto e sem precisar que eu convidasse se apertou na cama ao meu lado. 

— Porque faz tanto frio por aqui? 

— É uma boa pergunta. Porque você não gosta do frio?

— Porque nos restringe muito. Sentir frio incomoda e me impede de fazer mil coisas. 

— Como por exemplo correr pelada pela rua? 

— Idiota. Vamos dormir, ja é tarde e eu ainda tenho restos de ressaca. 

— Ainda? Você dormiu a viagem toda praticamente.

— Não importa o quanto eu durma, sempre vou ter sono. Boa noite. 

— Boa noite, Allie. 

Eu gostava de dormir na parede, mas Henry estava ocupando esse lado. Ele virou de lado e me abraçou. Estava imensamente confortável e quente, mas esperei que a mãe dele não visse isso. 

— Allie? 

— O que? 

— O que aconteceria com a gente? — perguntou —quer dizer, se você não tivesse bebido e servido de cupido. 

O tom deixou claro que ele queria fazer essa pergunta há tempos. 

— Teríamos terminado a noite infelizes. — disse, sem rodeios. — Quer dizer, nós somos amigos... de verdade. Você é o único que eu tive coragem de contar sobre mim porque foi o único que teve coragem de se aproximar o suficiente. Se nós começássemos a namorar, haveria sempre o risco de não dar certo e acabar com a amizade. 

— Eu não fui o único a se aproximar. É você quem tem dificuldade de baixar a guarda. 

— Talvez. 

— Boa noite, Allie. 

— Ei, Henry. — comecei, depois de um minuto longo de silêncio. 

— Que foi? 

— Porque todos acham que Draco está indo pro "lado errado"? — tentei começar o assunto de maneira sutil, sem confessar o que ouvi de Lyla no trem. Henry suspirou e deu umas voltas antes de responder. 

— Não sei se sou a pessoa certa pra te dizer isso. 

— Porque?

— Porque eu nem tenho certeza. Eu não gosto muito dele, mas não posso colocar mil defeitos no garoto só por implicância. 

— Eu prefiro saber por você do que pelas garotas da Sonserina. Se um dia acontecer alguma coisa. Por via das dúvidas... ah, esquece. Boa noite. 

— O que você sabe sobre a guerra?

— Guerra?

— É, a que está rolando. 

— Bom, não muito. Na verdade, quase nada. 

— Vou tentar resumir pra você. Hm, há uns anos o mal prevalecia no mundo bruxo. Havia um cara... Voldemort, esse é o nome que me disseram, simplesmente aterrorizava a todos. Houve resistência, é claro, mas houve também muitos que se aliaram a ele. Você já conheceu o Harry Potter?

— Eu já o vi na Sala Comunal, mas nunca falei com ele. — lembrei do garoto que Gina mencionou durante minha "crise-parceiro". 

— Então. Ele matou toda a família dele quando ele era bebê. E tentou matá-lo também mas não conseguiu.

— Porque? Ele era uma espécia de garoto-prodígio ou algo assim?

— Não — riu — na verdade, ninguém sabe ao certo porque, mas quando Voldemort tentou matá-lo, Potter o destruiu. Ele não morreu de verdade, claro. Eu não sei onde esteve o tempo todo, nem como esteve. Mas agora ele voltou. Já havia voltado há algum tempo e Potter tentou aivsar a todos, mas ninguém acreditou muito. 

— Isso é medonho. Mas aonde você quer chegar?

— A família Malfoy foi aliada no passado. Comensais da Morte, é como se chamavam.... bom, se chamam... — adicionou, com um pouco de tristeza na voz —  mas alegou estar amaldiçoada então não foram presos nem nada. Não há provas de que Draco está realmente seguindo os passos da família. Mas ele sempre foi esnobe, arrogante e cheio de si. Ultimamente ele anda diferente. Como se estivesse sob pressão o tempo todo. 

Fiquei em choque demais para responder alguma coisa. Então, Draco Malfoy estava mesmo do "lado negro da força". Bom, não estava ainda. Era por isso que ele andava estranho e meio doente. Porque tinha uma escolha a fazer. 

— Bom... — retomou Henry, percebendo minha frustração — pelo histórico de ser um pouco... maldoso, todos acham que ele já virou um Comensal. Eles tem ideais assustadores. Eu particularmente torço para que Dumbledore consiga arrumar isso logo. Porque uma das medidas imediatas quando Voldemort tomar o poder com certeza será a eliminação dos nascidos-trouxas. Entre outras coisas... mas é isso que mais me afeta. — confessou. 

— Isso é horrível. — eu estava indignada. Muitos dos meus amigos tinham família trouxa. Mas eles estavam seguros em Beauxbatons... pensei em Hermione, e Henry, e no perigo que toda sua família iria correr se o mal vencesse. — isso não pode acontecer. Isso não faz nem sentido. Nascido-trouxas também são bruxos. 

— Eu sei. Mas parece que muita gente não sabe, ou só não pensa o mesmo. Quando voltarmos pra escola, se você falar sobre isso com qualquer pessoa, não diga o nome dele. Eles o chamam de Você-sabe-quem. Eu não vejo problemas em usar o nome, mas nossos colegas cresceram temendo até mesmo seu nome. 

— Eu não vou querer falar disso com ninguém. — respondi. — Vamos dormir, Henry. Boa noite. 

— Boa noite, Allie. 

Henry dormiu quase imediatamente. Eu fiquei acordada por um tempo, remoendo o que acabara de ouvir. Provavelmente se Voldemort ascendesse ao poder, a vida na escola e em todo o mundo bruxo seria uma ditadura. E seria horrível. Como Draco poderia pensar em fazer parte disso, mesmo que estivesse apenas seguindo os passos da família? Então era por isso que ele andava estranho. 

Minha missão em Hogwarts era apenas: preparar uma poção cruel o suficiente para expressar minha ira,  encontrar minha irmã, vingar meu irmão e depois fugir. Agora era também ajudar Draco a ver o caminho certo. Porque eu levaria isso como uma missão até conseguir, mesmo que para isso eu tivesse que me deixar apaixonar por ele.


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