Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 25
Falha de memória.




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POV Draco Malfoy

Acordei com uma dor de cabeça inigualável, dores no corpo todo e um embrulho no estômago. ”Ressaca”, disse uma voz na minha cabeça. Disse alto demais pro meu gosto. Levantei da cama e descobri que estava sozinho. Me olhei no espelho e descobri que nunca estivera pior. Nem nos últimos dias. Minha roupa estava completamente amassada, assim como a minha cara. Meu cabelo estava horrível e, por Merlin, quem estava tocando esse apito horroroso? 

Já estava tarde, e eu estava atrasado. Tomei um banho, troquei de roupa, ignorei a dor de cabeça e tentei parecer apresentável novamente. A palidez ainda estava comigo, mas eu estava acostumado a ela. Enquanto arrumava as malas, comecei a lembrar da noite anterior. Lembrei de poucas coisas. Lembrei de Snape, mas não exatamente do que ele disse. Lembrei da primeira dose, com Alyssa já bêbada. Lembrei da mesa, de roubar uma garrafa de alguma coisa e sair da festa com ela. O álcool sempre torna tudo mais intenso e nos faz dizer coisas verdadeiras que não temos coragem de dizer. Da nossa conversa, eu lembrava quase tudo. Eu disse a ela coisas sobre meu pai que nunca diria a mim mesmo em voz alta. Ela falou sobre sua vida na França com uma naturalidade que não estava lá na nossa primeira “conversa de verdade”. Falou sobre como sempre quis ir embora e passar o resto da vida numa praia na América, preferencialmente no Caribe. Ela mencionou o irmão algumas vezes. Pela conversa de ontem, pareceu que deviam ser próximos. Ela também pareceu triste ao falar dele, mas não entendi porque. Ela poderia ir pra casa e vê-lo se quisesse. Garotas. Então eu lembrei de um presente que ganhara de… bom, de alguém, uns meses atrás. Um relógio prateado com estrelas que eu nunca usei porque era feminino demais. A praia no fundo poderia ser uma praia qualquer e não o Caribe, mas não custava tentar. Eu havia comprado uma caixa de bombom para Pansy, mas não estávamos nos falando muito, então resolvi embrulhar o relógio e dar a Alyssa com o chocolate, como presente de natal.

Meu plano era ir direto procurá-la, mas Parkinson me deteve na Sala Comunal. Era a ressaca, ou seus cabelos pareciam mais curtos? Escondi o relógio e o chocolate no bolso do meu casaco rapidamente.

— Olha só quem resolveu aparecer. — Colocou as mãos na cintura e me encarou, furiosa.

— Essa frase é minha. Você sumiu.

— E você me procurou? Seu idiota, nem notou que eu estou diferente!

— Claro que notei — me defendi. Os ataques de ciúme ou raiva (ou ambos) eram o tipo de coisa que me deixa irritado pelo resto do dia. Principalmente quando não eram por minha culpa — Você cortou o cabelo...

— Ah, você realmente acha que eu CORTEI o cabelo? Desse jeito lindo? 

— Ah, não sei, é possível que você tenha tirado pra lavar, estava precisando mesmo. — retruquei, irritado com seu tom de voz absurdo. 

— Não, meu querido. A sua amiguinha fez isso, aquela que você passou a noite bajulando e que vai te enrolar até você cair nas garras dela. Ela me deixou careca! Você está rindo? Como você pode estar rindo? 

Ela tentou me dar um tapa, mas desviei tão rápido que foi até patético. 

— Como assim ela te deixou careca? 

— Ela jogou alguma coisa no meu cabelo ele caiu, demorou um tempão e umas vinte poções para ele voltar a crescer. Você devia ter se preocupado. 

— Ninguém me avisou nada, como eu ia adivinhar que você estava careca e não simplesmente tendo um ataque de "não vou falar com Draco enquanto ele não assumir compromisso"? Você sempre faz isso mesmo, eu não tenho um Ótimo em Adivinhação. 

— Você está certo... Desculpe amor, não devia ter gritado. — Ela se aproximou e me beijou. Era estranho beijar Pansy depois de ter beijado Alyssa. Parecia... errado. E não era bom como costumava ser. Talvez nunca tenha sido bom, na verdade. 

— Tudo bem. Eu preciso sair.

— Eu sei. E não vou perguntar o que vai fazer porque sei que você tem uma missão. E sei que você vai conseguir e me contar depois. — Se aproximou e me deu outro selinho — nos falamos depois. 

Era o pior assunto que ela podia tocar. Eu esquecera completamente que devia estar trabalhando no Armário Semidouro, ou pensando em outro jeito que não tivesse outro efeito colateral. Snape devia ter falado sobre isso ontem. A agonia e a pressão voltaram juntas. Segundo minha mãe, uma hora eu teria que escolher uma boa garota sangue-puro e dar continuidade à linhagem da família. Pansy seria ideal, principalmente por saber que eu tinha uma tarefa a fazer e por não fazer perguntas sobre isso. Sinceramente, eu não me importava muito com Alyssa ser ou não sangue-puro. Ela não era nascida trouxa, isso eu tinha certeza. E se tivesse dúvidas, não teria depois do modo como falou da família ontem. Mas o que ela faria quando soubesse que estou do lado das Trevas? E o que faria quando soubesse que preciso matar o diretor para evitar minha própria morte e a de toda minha família? Eu mesmo estaria morto em um ou dois anos. Então a ficha caiu. Eu nunca poderia ficar com ela de verdade. Eu não teria coragem de levá-la para esse lado. Não era seguro. Não era lugar para uma garota livre como ela. Ela acabaria morta e torturada em algumas semanas. E eu nunca poderia contar a ela também, ela era correta demais para aceitar isso. Mas era tarde demais para dar a volta, guardar o relógio, dar os chocolates para Pansy e fingir que não lembrava de nada da noite passada, eu já estava atrás dela, no corredor da Ala Hospitalar. Como é que eu andei até aqui sem perceber? 

— Ei! — gritei

— Oi. — ela virou pra trás e disse apenas isso. "Oi". Seu efeito ainda me surpreendia. Minhas preocupações com a sua segurança, minha tarefa e minha sentença de morte se foram. Mas o tom estava errado. Como se ela estivesse embaraçada. Não era típico dela. Sempre esbanjando confiança. Entendi o porque em alguns segundos olhando dentro de seus olhos azuis... ela não lembra de nada. 

— Só isso? — confirmei

— Você esperava o que? 

Com certeza não lembra de nada. 

— Um insulto. É bem típico de você. 

— É natal. Não vou insultar ninguém hoje. 

— Que bom. Eu comprei isso pra você. 

Estendi a ela a caixa de bombons e o embrulho com o relógio e esperei sua reação. 

— Uau. — sussurrou. Se Alyssa Rockfellery estava sem palavras, Draco Malfoy estava no caminho certo. — É lindo. Eu… eu não comprei nada pra ninguém, na verdade nem pensei nisso. 

— Não se preocupe. E eu não te dei com segundas intenções dessa vez. Eu lembro de pouca coisa de ontem à noite, mas uma das coisas que me lembro é de você dizendo que queria conhecer o Caribe. Então… 

— Como é que você conseguiu isso em tão pouco tempo? — perguntou, meio desconfiada

— Não importa. — Uau. — sussurrei — é lindo. Eu… eu não comprei nada pra ninguém, na verdade nem pensei nisso. 

— Não se preocupe. E eu não te dei com segundas intenções dessa vez. Eu lembro de pouca coisa de ontem à noite, mas uma das coisas que me lembro é de você dizendo que queria conhecer o Caribe. Então… 

— Como é que você conseguiu isso em tão pouco tempo? — perguntei, com um pé atrás.

— Não importa.  

— É lindo. Obrigada. Bom… Feliz Natal

Pensei em dizer apenas "Feliz Natal" ou "Boas Festas", mas eu precisava conferir uma coisa, 

— Ei! Espera… 

— O que foi?

— E você? Do que você lembra?

Ela parou, respirando pela boca e virando os olhos de um lado para o outro. Ah, se eu entendesse de garotas e soubesse decifrá-la...

— Quase nada. E você?

—  Pouca coisa. Ainda não acredito que me fez subir na mesa…

— Bom — respondeu, rindo — se nós estamos nos falando e sem nenhum olho roxo, acho que não deve ter sido tão ruim. Feliz Natal, Draco. 

— Feliz Natal, Alyssa. 

Mantive a compostura, mas sorri que nem um idiota quando a vi sorrindo também. 

— A gente se vê. 

— A gente se vê. — respondi.

Eu podia me preocupar com os perigos de ficarmos juntos mais tarde. 


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