Inside Blue Eyes. escrita por PrefiraTestralios


Capítulo 24
Ressaca.




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Acordei com uma dor de cabeça tão aguda que eu não saberia descrever. Acabara de ter sonhos estranhos em que eu dançava como... hm, Astoria Greengrass, a noite toda e no fim acabei com Draco Malfoy. Não foi um sonho de todo ruim, foi apenas estranho. Abri os olhos e descobri que estava em um sofá na Sala Comunal, com uma coberta até os ombros. Bom, pelo menos ainda estava de roupas. Que roupa era essa, afinal? Porque eu dormiria de vestido e sapatos? Então a ficha começou a cair. Toda a noite anterior passou em flashes rápidos pela minha cabeça. Henry e Lyla. Eu e doses e mais doses de Hidromel, Uísque de Fogo e Cerveja Amanteigada. Coreografias. Danças de bêbada. Um beijo...

— Ah, não... — murmurei. Porque eu tinha que lembrar? Se eu estava bêbada o suficiente para fazer tudo aquilo, não devia estar bêbada o suficiente para não lembrar de absolutamente nada?

— Nossa, finalmente. Sabia que os alunos do primeiro ano que passaram por aqui pensaram que você estava morta? 

— Pare de gritar, seu traidor. — Puxei a coberta e virei para o lado.

— Não pode ficar aí para sempre.

— Eu posso fazer o que quiser. 

— Eu sei. Na verdade, depois de ontem a escola toda sabe que você pode fazer o que quiser. — riu — Eu trouxe uma coisa pra você. Bebe e vai se sentir melhor.

— Só se isso for veneno. 

— É um veneno com gosto de morango que vai fazer a dor de cabeça passar e a sua memória voltar inteirinha. Mesmo que você não fale mais comigo depois.

— Não tenho certeza se quero minha memória de volta — gemi.  

— Pare de ser dramática. 

— Pare de gritar! — joguei uma das almofadas na direção dele e errei feio.

Mesmo irritada com o ''dramática'', virei de lado novamente, pequei o copo da mão de Henry e bebi, obediente. 

— Mentiroso. Tem gosto de... não sei do que, mas é péssimo. 

— Vai melhorar em alguns segundos.

Bebi todo o conteúdo horrível do copo, obediente. Lentamente, minha memória de bêbada foi voltando. Peguei todos os detalhes que os flashes não mostraram. Eu tive uma cena e tanto com Lyla e Henry. Tive uma dança sexy com Robbie, depois com o amigo de Henry, Chuck, e quase nos beijamos. Subi em cima de uma mesa no meio de uma música chata. Graças aos céus não chamei ninguém de Dafne Greengrass. Uma cena chamou minha atenção.

— Hermione, querida, porque você está, assim, tãaaaaaaao triste?

— Acho que não bebi o suficiente. 

— Tem razão — passei o ombro em volta dela — você é uma boa garota. É mesmo, juro. Me ajudou sem pedir nada em troca. Eu teria cobrado uma caixa de chocolates. Ou uma garrafa disso, é delicioso. 

— Ah, não... — ela reclamou baixinho ao ver um garoto que eu já tinha visto e conversado, mas não lembrava o nome. 

— O que...? Ele?! Se é ele que está te incomodando —coloquei as mãos na cintura e sacudi o cabelo — Vamos dar um jeito nele.

— Oi. — Parei em frente ao garoto como se fosse uma garotinha de 12 anos. — Como é seu nome mesmo?

— Córmaco...Mclaggen. Posso ajudar em alguma coisa?

— Você até que é bonitinho... 

— Ai meu Deus... — murmurou Hermione, enquanto eu dava em Mclaggen um beijo indecente e inesquecível. 


Fiquei boquiaberta demais pra dizer alguma coisa. Mais ainda consegui ficar indignada com Malfoy. Ele ficou mais bêbado que eu. O suficiente pra subir na mesa também e começar um strip, até alguém com bom senso suficiente tirá-lo de lá. Ele roubou uma garrafa de Uísque de Fogo e gesticulou para que eu o seguisse. O nível da nossa conversa bêbada me impressionou muito. Nós falamos coisas completamente normais... mas com uma naturalidade que nunca teríamos sem a ajudinha do álcool. Bom, talvez um dia. Será que ele lembraria do beijo? Ah, o beijo... mesmo com o braço doendo muito, com resquícios de dor de cabeça e o corpo cansado, a lembrança fez meu coração palpitar. Foi completamente diferente do que eu pensava ser um beijo com Draco Malfoy. Eu não sabia avaliar se ele lembrar disso era bom ou ruim.

— Você é um idiota. — Declarei. 

— Eu sei. Desculpa, Allie. Você devia ter levado Malfoy, eu juro que não pretendia...

— Você me deixou beijar Mclaggen? Que tipo de amigo faz isso? 

Ele riu, ainda parecendo envergonhado. 

— Você parecia tão a fim dele... não pude interferir. 

Ri junto, tentando deixar o clima mais leve. Eu estava certa desde o começo. Nós éramos amigos e funcionávamos assim. Não tinha porque tentar complicar tudo e forçar um romance que não existia. Ele era a fim de Lyla e eu de Draco embora nenhum de nós admitisse isso. Me surpreendi de verdade foi quando Henry começou a chorar. 

— Tá tudo bem. Vem cá. — Ele sentou do meu lado e eu o abracei

— Desculpa. Eu fui um idiota. Não devia ter insistido para irmos juntos e depois ter te deixado sozinha. Eu não...

— Eu sei o que você quer dizer — interrompi — você me ama, mas não está apaixonado por mim. 

— Sabia que deveria aprender Oclumência. Eu não seria tão direto, mas acho que é isso. Sinto muito você ter ficado bêbada e dado vexame na frente de toda a elite da escola, foi culpa minha.

— Foi culpa sua. Mas eu acho que não me importo. A noite acabou melhor do que eu poderia esperar.

— Eu te vi saindo atrás do Malfoy, mas não imaginei que acabaria tão bem assim. Na verdade, eu me preocuparia com a ira de Parkison quando ela recuperar os cabelos. Porque a escola toda percebeu. 

— Percebeu o que?

— Vocês estão sempre em sintonia... quer dizer, vocês tem química, mesmo bêbados em cima de uma mesa.

— Todo mundo tem química com todo mundo quando está bêbado, Henrique. — revirei os olhos.

— Você vai me contar o que aconteceu entre vocês? Porque você não está quebrando os móveis e nem chorando, então só posso supor que a noite foi boa...

— Vou adorar te contar sobre o resto da noite e ouvir sobre a sua, assim que eu dormir um pouco. 

— Você não pode. Vamos pra minha casa daqui a dezesseis horas... 

— Tudo bem, minhas coisas estão prontas e eu só preciso... Sua casa? — Claro que a ressaca ainda não estava completamente curada... eu só podia ter entendido errado.  

— Nós vamos pra minha casa amanhã. Eu já falei com a minha mãe então não tem mais como você recusar. 

— Você é louco. Eu não posso ir pra sua casa...

— Claro que pode. — interrompeu — e você vai. Mas não com esse vestido. E com essa cara. E com esse hálito alcoolizado. Ei, não se preocupe. Minha mãe sempre insistiu pra eu levar alguém da escola, e ela vai adorar seu jeito charmant

— Tem certeza? — perguntei, meio apreensiva — Você não precisa fazer isso. Eu vou ficar bem juro. 

— Não se preocupe, tem vinho na minha casa também. 

Rimos juntos e ele me abraçou. Era bom saber que nossa amizade não iria morrer por uma tentativa errada de romantizar tudo. 

— Agora vai dormir, nos vemos daqui a pouco. 

Entrei no quarto e encontrei Robbie praticamente desmaiada na cama. Gina e Lyla, que não beberam tanto, já haviam levantado. Olhei no meu relógio e vi que já passava da uma da tarde. Mesmo exausta e precisando dormir nem que fosse por meia hora, tomei um banho quente, lavei o cabelo, vesti meu pijama e terminei de arrumar minhas coisas antes de cair na cama. Ao invés de pensar em Draco, ou Henry, pensei no meu irmão. Em seu sorriso e seus... bom, nossos, olhos azuis... então dormi. 

Quando acordei, ainda cansada, faltavam sete horas para o trem. Arrumei minha cama, chequei o malão novamente e fui tirar a tala do braço (finalmente) e atender às necessidades do meu estômago. 

— Você tentou tirar sozinha. —  declarou Madame Pomfrey

— Desculpa. — não tentei me defender, era verdade mesmo. 

— Ele vai ficar um pouco dolorido por uns dois dias, graças aos seus esforços. Mas vai ficar livre.

— Obrigada. E Feliz Natal, Madame Pomfrey. 

Eu perdi o almoço, o jantar, o café e o almoço do dia seguinte. Não haveria mais refeição alguma porque logo o trem iria partir. Eu não queria esperar até lá, estava faminta. 

— Ei... — Ouvi uma voz masculina atrás de mim. Sorri, e apaguei o sorriso antes de me virar. Ele estava péssimo, acho que Henry não distribuiu poção de ressaca a todos. Como será que estava a memória de Draco?

— Oi. 

— Só isso? 

— Você esperava o que? — Meu coração disparou com o assunto que viria em seguida. Claro que ele lembra.

— Um insulto. É bem típico de você. 

— É natal. Não vou insultar ninguém hoje. 

— Que bom. Eu comprei isso pra você. 

Me estendeu uma caixa de bombons e um embrulho. Abri e dentro dele estava o relógio mais lindo que já vi. Prateado, com estrelas dançando entre os ponteiros e uma paisagem com uma praia em preto e branco atrás. As ondas se mexiam. Era lindo. 

— Uau. — sussurrei — é lindo. Eu... eu não comprei nada pra ninguém, na verdade nem pensei nisso. 

— Não se preocupe. E eu não te dei com segundas intenções dessa vez. Eu lembro de pouca coisa de ontem à noite, mas uma das coisas que me lembro é de você dizendo que queria conhecer o Caribe. Então... 

— Como é que você conseguiu isso em tão pouco tempo? — perguntei, com um pé atrás.

— Não importa. 

— É lindo. Obrigada. Bom... Feliz Natal — tentei sair de fininho antes que ele tocasse no assunto da noite de ontem. 

— Ei! Espera... 

— O que foi?

— E você? Do que você lembra?

— Quase nada. — respondi, depois de um longo silêncio. — E você?

—  Pouca coisa. Ainda não acredito que me fez subir na mesa...

Melhor assim. Se ao menos minha vida fosse menos complicada, eu não teria tanto medo do assunto.

— Bom — respondi, rindo — se nós estamos nos falando e sem nenhum olho roxo, acho que não deve ter sido tão ruim. Feliz Natal, Draco. 

— Feliz Natal, Alyssa. 

Não pude evitar sorrir. 

— A gente se vê. 


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