História do Planeta Floresta escrita por Piano Solo


Capítulo 3
Capítulo 3 - Agape - Reborned from tears


Notas iniciais do capítulo

Menodgi é rejeitado pelo irmão Tevicih quando fugiu da Civilização. Abandonou seus pais e agora vive um dilema moral. Sem lugar que o acolha, a quem Menodgi irá recorrer?
Nesse capítulo vocês verão alguns dos dramas que outras pessoas do Planeta Floresta passavam, buscando sobreviver.



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Tao Cori preparava a última porção de comida. Não ia dar muito, mas seria o suficiente. Enquanto isso Teo Cefalogi, já cansado pelos anos de trabalho, ia para o campo começar a colheita. Já não suportava o trabalho pesado, mas auxiliava seus colegas como podia, e assim naquele dia poderia levar um pouco mais de comida para casa.

         Tao Cori estava satisfeita com a comida que cozinhava. Tinha preparado comida para duas pessoas. Parecia que tinha se esquecido que seu marido não retornaria para almoçar naquele dia, pois ficaria o dia todo na colheita.

Teo Cefalogi parou para almoçar com seus colegas. Eles não cozinhavam muito bem, mas estava satisfeito simplesmente por poder comer depois de tanto trabalho.

         Tao Cori estava pensando consigo mesma “ele está demorando”. Mas logo em seguida ouviu passos vindos de trás e os reconheceu. “Eu sabia que você viria”. Os dois então se sentaram e comeram o cuscuz de cereja com abóbora.

         – Mãe... – disse Menodgi.

         – O que foi, meu filho? – respondeu Tao Cori.

         – Eu peço que não conte nada a ninguém.

         Tao Cori fez que compreendeu, olhou ao redor para ver se alguém poderia ouvi-los, e então perguntou:

         – Sim... Mas por quanto tempo devo guardar segredo, meu filho?

         – O tempo suficiente. – concluiu Menodgi, e então voltou para a floresta, deixando sua mãe para trás, mas não entrou muito longe e ali mesmo começou a planejar.

         Menodgi voltou no dia seguinte, quando o sol estava no ponto máximo:

         –Trouxe algumas frutinhas para dar um toque especial na sua salada – comentou Menodgi, quando já estavam sentados – mas acho um risco ao nosso segredo eu continuar a vir aqui em plena luz do dia.

         – Pois é, eu já havia pensado nisso. Hoje é o último dia da colheita, amanhã você já não poderá mais vir aqui – completou Tao Cori.

         – Me siga, mãe. – E foram até a floresta. – Eu lhe peço que sempre faça um pouco de comida a mais e deixe o que sobrar aqui.

         – Sim. Eu farei tudo como você pede. Mas filho...

         – Diga mãe.

         – Para que tudo isso?

         – Se eu te explicasse agora, você não entenderia. E depois que estiver feito não precisarei explicar, pois tudo fará sentido pra você.

         A mãe zelosa fez tudo conforme o filho mandou, mas exagerou na comida extra no primeiro dia.

         –Você fez comida demais! – afirmou Teo Cefalogi.

         – Me desculpe meu marido, é que eu imaginei que você voltaria com saudade da comida de sua esposa. – justificou-se Tao Cori – Com licença, irei jogar fora a comida que sobrou.

         Quando chegou com a comida, Menodgi, escondido na floresta pensou: “Mãe, o que é isso? Um banquete? Era para serem só as sobras da comida! Está com pena do seu filho? Todos irão perceber desse jeito”. Enquanto isso, a mãe pensava: “Acho melhor eu não fazer mais tudo isso em um dia só...”

         Tao Cori passou a preparar bem menos comida nos dias subsequentes, e continuou a fazer conforme pedira seu filho, até que, algumas semanas depois seu marido comentou:

– Você tem feito comida demais... Por acaso está com saudade dos nossos filhos? Do jeito que você tem feito comida, nosso estoque vai acabar um mês antes do esperado.

Tao Cori ficou preocupada e começou a comer cada vez menos, mas Teo Cefalogi notou que ela estava emagrecendo e que sempre ia jogar a sobra de comida então um dia comentou com ela:

– Querida, percebo que você está emagrecendo e que acaba jogando comida fora todo dia. O que você está querendo? Morrer de fome antes de nossa comida acabar? Se isso acontecer terei de arrumar outra esposa para cozinhar para mim.

Tao Cori não respondeu, mas ficou furiosa com o que o marido disse e decidiu voltar a comer bem, para poder satisfazer o marido. Então foi, temerosa, até o interior da floresta e encontrou seu filho Menodgi e lhe falou:

– Não posso mais trazer comida para você todo dia, meu filho...

– Tudo bem minha mãe, já quase concluí meu intento, veja só como está ficando minha criação...

O filho mostrou à mãe a casa que construíra, com quarto, sala e cozinha, janelas, paredes e móveis feitos de troncos de árvores caídas. A mãe não falava nada, só observava. Até então as famílias se agrupavam em cima da grama e sem teto sobre as cabeças. Concluída a observação, Menodgi falou:

– Se as mulheres gostaram dos abrigos para chuva, a minha criação vai conquistar a todos os humanos. Ela servirá de proteção e dará muito conforto e se tornará indispensável para todos. Chamarei a minha criação de Lar!

A mãe não falou nada, mas era visível o espanto em suas expressões faciais. Os dois então saíram e Menodgi foi pegar alguns troncos para construir um lar para seus pais, no lugar onde eles ficavam.

As mulheres das redondezas viram a movimentação e foram olhar mais de perto Menodgi transformando troncos em madeira, e madeira em paredes. Ao se aproximar o fim do dia elas voltaram para seus lugares e receberam os seus maridos com a novidade.

“Menodgi, aquele que tinha se tornado explorador retornou. O que terá acontecido” conversava uma mulher com seu marido.

“Menodgi está fazendo um super abrigo para chuva”, explicava uma mulher para seu marido. “Mas se ele virou explorador porque ele voltou pra ficar fazendo esses abrigos inúteis?”

E houve comentários de todo tipo e logo ele viraria o assunto da cidade.

No dia em que os marido ficaram sabendo da nova fofoca, Teo Cefalogi voltou para seu lugar e viu uma parede ao lado de sua esposa. Chegou mais perto e percebeu que seu filho estava lá com ela.

O pai então correu para os braços do filho e lhe falou:

– Filho, eu estava com saudades suas! Desde que você se foi eu tenho trabalhado muito para evitar que a fome atinja e mim e a sua mãe. Da última vez que passamos fome, seu irmão Tevicih veio nos socorrer sozinho e temi que eu tivesse te perdido. Tevicih me falou que você estava bem, mas ainda assim fiquei preocupado. Mas não entendo porque você não voltou quando precisamos de você e hoje que ainda temos bastante comida no estoque você voltou.

– Pai... – começou Menodgi, já se sentindo humilhado – eu nunca fui um explorador... Só fugi para a floresta porque não suportava mais viver ouvindo calúnias aos troncos de árvores que eu tanto gostava de brincar e que minha avó, sua mãe, quando viva usava para nos proteger. Eu não tinha mais energia para continuar a fazer trabalhos pesados e então fui para as florestas.

Seus pais estavam perplexos com essas coisas que seu filho dizia:

– Lá eu encontrei meu irmão Tevicih e ele me salvou da morte certa. Ele me pediu para retornar, salvá-los da fome e aceitar a humilhação de ter ido para floresta por desistir da Civilização. – Parou um pouco, respirou e continuou. – Continuei me escondendo e descobri uma utilidade para os troncos de árvores caídas. Não pretendo mais trabalhar na lavoura, desenvolvi um ofício que poderá sustentar nossa família.

Teo Cefalogi não gostou de muita coisa que ouviu o filho dizer, mas permitiu que ele fizesse as coisas ao seu modo e não contou para ninguém as intenções do filho. Em alguns dias terminou de construir um Lar para sua família e todas as mulheres, que observavam seu trabalho enquanto seus esposos trabalhavam, pediram para que ele construísse também para suas famílias. Em troca ele solicitou 10% de todas as colheitas daquele dia em diante como troca pelos serviços, e assim pôde sustentar a si mesmo e aos seus pais.

Antes da colheita seguinte, até mesmo os homens já gostavam dos seus lares e até comentavam entre eles, “que bobeira achar que os Lares eram inúteis, eles são é bem práticos e confortáveis”. Várias famílias ainda não tinham Lares, e os troncos já tinham se acabado. Então os homens começaram a derrubar mais árvores para que Menodgi pudesse construir mais lares para todos. Com isso eles acabaram abrindo mais espaço para a agricultura e a Civilização ficou mais forte.


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Notas finais do capítulo

Para quem leu acima "Agape" não é a forma de escrever HP (heart ponts) por extenso. Agape (se lê ágape) significa o amor perfeito, amor ideal, amor divino, comparado concretamente apenas ao amor materno.
Depois do drama do 2º capítulo, parece que este 3º capítulo tem um final mais agradável. O tema do próximo capítulo é a vida de explorador e o título é Poisons and Gossips, não percam!



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