História do Planeta Floresta escrita por Piano Solo


Capítulo 4
Capítulo 4 - Poisons and Gossips


Notas iniciais do capítulo

As coisas estão se resolvendo na Civilização. Mas quanto às florestas?
Pouco se sabe sobre os exploradores, mas muito se fala deles na Civilização. Nesse capítulo vocês conhecerão um pouco desses homens de espírito aventureiro que são assunto principal das lendas da Civilização.



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Poisons and gossips

 

Os exploradores eram aqueles homens que apreciavam a “a emoção de não se saber o que comer amanhã” e por isso passavam a vida perambulando pela floresta. Apesar do desenvolvimento da Civilização, eles não consideravam o conforto que propiciavam os Lares e a agricultura um atrativo, pois onde ficaria a graça da vida com tanta rotina e segurança?

         Os exploradores andavam pela floresta e desenvolviam um brilhante senso de sobrevivência e orientação, o qual os permitia atingir o limite de sua expectativa de vida, apesar da inconstância de sua alimentação e dos riscos da floresta. Eles tinham plena harmonia com suas sensações físicas e precisavam compreender brilhantemente a manifestação de suas necessidades básicas para ter uma vida longa, uma vez que seus cinco sentidos eram seus únicos aliados.

         Andavam predominantemente sozinhos, mas quando coincidentemente encontravam outros exploradores permaneciam com eles algum tempo para dividirem o conhecimento da natureza que adquiriram em suas jornadas sem rumo. Contudo, encontros entre dois exploradores eram muito raros. A maioria dos exploradores morria sem nunca ter encontrado outro pela floresta.

Encontrar dois ou três exploradores durante a vida acontecia apenas com alguns daqueles que, depois de encontrar-se com algum pela primeira vez, passavam a desenvolver e treinar seus sentidos e senso de orientação para procurar outros exploradores, além de apenas buscar sobreviver.

Os exploradores eram, de fato, muito solitários e se tornaram ainda mais sozinhos desde a construção dos Lares. Desde então já não eram mais necessários à Civilização, uma vez que suas famílias nunca mais passaram fome e eles nunca mais foram requisitados a voltar para salvá-los. E assim seguiam sua vida errante pelas florestas.

Havia um explorador que, muito jovem, já conseguira desenvolver os sentidos e a intuição de sobrevivência e orientação. Ele passou por muitas dificuldades no início, assim como todos os novos exploradores. Mas com ele aconteceu algo que poucos são os desafortunados que têm de enfrentar e isso logo que entrou na floresta como explorador.

Um monstro aterrorizante em forma de barata com grandes presas o atacou com seu veneno letal. Alucinando e em agonia, acabou mordendo um cogumelo supondo que fosse o seio de sua mãe e que ele tivera voltado a ser um bebê de colo. O monstro o deixou e, dias depois, ele se recuperou mesmo sem ter sido cuidado ou sequer ter se alimentado durante esses dias. Descobriu então que aquele cogumelo tinha poder curativo.

Nos meses seguintes desenvolveu rapidamente as habilidades necessárias, até o dia que teve uma bela visão. Uma bela flor vermelha de pétalas aveludadas, com espinhos em seu galho, nascida sobre uma pequena pedra. Essa visão o lembrou o dia que deixou a sua família. E não havia apenas uma razão, mas por dois motivos recordou-se de sua despedida:

Primeiro porque a flor trazia uma aura semelhante às reações que teve quando foi envenenado pelo monstro junto à reação ao cogumelo. A visão da flor era, no entanto, muito mais bela e sutil que às alucinações daquele outro dia, mas, ainda assim, uma era tão mágica e inacreditável quanto a outra.

Outra associação que teve foi que algo tão bonito não poderia se manter vívida tendo as raízes sobre uma pedra e pensou repentinamente que sua família poderia estar passando fome e se sentiu impelido a conferir. Foi, portanto, ver se sua família estaria necessitando dele.

De fato a fome já os tinha atingido e seus suprimentos haviam se esgotado. Ele trouxe consigo comida para todos; o suficiente até a próxima colheita. E permaneceu com a família por mais algumas horas. Desse dia em diante, sempre que visualizava a magnífica flor em seus caminhos pelas florestas, ia levar os mantimentos que sua família precisava. A flor sempre lhe aparecia alertando-o na época exata.

Esse ritual se repetia algumas vezes todos os anos, e no período entre sua chegada e a sua saída, isto é, antes da segunda refeição, sua mãe lhe contava tudo que estava acontecendo na Civilização.

Décadas depois da última vez que vira a bela flor vermelha, e que foi salvar a sua família da fome, ele estava pensando neles com saudades quando ouviu barulhos além de onde podia ver.

Preparou-se, como que para enfrentar um monstro, e já pegou o cogumelo que sempre trazia consigo por precaução. Mas quando viu o ser que fazia barulho ao pisar nos galhos ficou muito aliviado, pois não era uma barata com presas, mas um homem. Então o chamou:

– Hei você!

– Ah! Olá! Que surpresa! Nunca vi ninguém por aqui...

– Nem eu. Qual o seu nome, me chamo Farh’medii.

         – Me chamo Tevicih.

         E começaram a compartilhar seus conhecimentos sobre a natureza. Tevicih ensinou sobre as seivas das árvores e Farh’medii explicou sobre os cogumelos, ambos de poder curativo. Mas isso não era tudo que Farh’medii tinha a dizer a Tevicih.

         Quando Tevicih ia socorrer sua família, ficava mais tempo se divertindo com seu irmão Menodgi. Já Farh’medii ouvia sua mãe contar as novidades e fofocas, portanto, pôde contar o que ouviu sobre a Civilização a Tevicih.

         Ele contou que os humanos os chamavam de exploradores e que suas famílias sofriam muito, e também diversas outras coisas as quais Tevicih já tinha conhecimento, pois também já fora salvar sua família de fome dezenas de vezes. Mas das histórias de Farh’medii, a que mais o intrigou foi o que Farh’medii contou sobre as últimas vezes que foi salvar sua família da fome, o que já fazia algumas décadas:

         – Sabe os abrigos que as mulheres usavam para se proteger da chuva? – perguntou Farh’medii.

         – Claro que sei – respondeu Tevicih – minha avó foi quem os inventou!

– Sério, que legal! Então, parece que um homem fez um abrigo maior e diferente e que virou moda entre homens e mulheres. Esse abrigo ficou conhecido como Lar. No Lar tem lugar para dormir, para conversar, para estocar e para preparar a comida. Esse homem construiu lares para as famílias em troca 10% de todas as colheitas do dia que construiu os lares em diante.

– Hum... Curioso... Nunca vi nem sequer imaginei nada semelhante nas minhas idas à Civilização.

– E tem mais, num primeiro momento apenas as famílias com exploradores concordaram em pagar 10% de todas as colheitas seguintes ao inventor e construtor dos lares, porque pelo menos se viessem a passar fome teriam como sobreviver, pois o explorador viria em seu socorro quando necessário. – e continuou – De qualquer forma esses lares gastavam muita madeira para serem construídos e acabaram todos os troncos que jaziam derrubados, muito antes que fosse possível a todas as famílias com exploradores terem seus Lares. Então eles derrubaram árvores em quantidade suficiente para fazerem Lares para cada família. E com isso acabaram abrindo mais espaço para a agricultura.

– Que estranho...

– Mesmo gastando 10% dos alimentos, o estoque de nossas famílias cada vez durava mais. Na última vez que visitei o Lar de minha família, minha mãe já se despediu de mim sabendo que depois da próxima colheita já teria o suficiente para não mais recorrer à minha ajuda, porque agora cultivavam uma área muito maior.

– Que estranho, da última vez que fui socorrer minha família não tinha acontecido nada disso – disse Tevicih intrigado. – Porque será que mesmo dando 10% de seus suprimentos minha família não precisou mais de mim? Será que foi porque eles preferiram não construir o Lar por esse custo?

– Eu acho que isso não convinha para eles, não faz sentido...

– De fato. Mesmo que a situação deles não mudasse, eles continuariam a precisar de mim. Além disso, meu irmão Menodgi seria o primeiro a querer construir um abrigo tamanho família, ainda mais podendo com isso me ver com mais frequência...

– Hei, calma aí, Menodgi, já ouvi esse nome... Acho que foi ele mesmo quem inventou o Lar!

 


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Notas finais do capítulo

De onve provém a visão de Farh'medii?
O que mais acontecerá na floresta, após o encontro desses dois exploradores?
Não percam o próximo capítulo, Eros - Rosa.



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