Narrado por Vick

Eu esperava ansiosa a chegada de Syn no hospital. Faziam cerca de duas horas que ele havia saído, todos eles na verdade, graças a minha desculpa de que eu estava cansada. Encarei minha mão ainda sentada na cama, eu sabia que não deveria ter me envolvido com nenhum deles, nem Matt ou muito menos... Brian. É estranho chama-lo pelo nome, mas também é estranho chama-lo de Synyster, então que seja.

Observei o par de muletas encostadas na parede perto da minha cama, eu não tinha ideia de como faria para ensinar Brian sem poder dirigir, era praticamente impossível, mas eu acho que ele gosta de casos sem solução como eu. Com cuidado, me estiquei o máximo que pude até puxar uma das muletas, me virei ainda sentada e coloquei o pé bom no chão, tentei me equilibrar na posição “Saci” enquanto tentava puxar de longe a segunda muleta, mas antes que eu pudesse pensar senti meu corpo se desequilibrando e indo direto ao chão.

Fechei os olhos frustrada os tapando com o braço, nem andar eu conseguia mais imagina dirigir. Senti minha perna imobilizada latejar de dor e soltei um suspiro baixo tentando não chorar, tombei minha cabeça para o lado fitando a parede, de longe pude ouvir a porta ser aberta e rezei para ser Brian.

_Vick?- ouvi sua voz familiar e fechei os olhos.

Não respondi,  apenas deixei que Syn  me encontrasse e me protegesse, o que era loucura já que ele mesmo disse que estou cometendo suicídio. Meus olhos marejaram e funguei, ouvi os passos dele se aproximando, mas ainda continuei encarando a parede, os passos pararam e senti uma sombra tampar a minha claridade, olhei para cima o encarando, Brian estava me observando de óculos escuros, seus cabelos estavam dentro de uma touca preta e estava com os braços cruzados, de longe pude ver claramente sua sobrancelha arqueada.

_Por que não respondeu?- as lágrimas caiam lentamente molhando meu rosto.

Ele se aproximou mais e se abaixou me pegando no colo, o perfume dele inundou meu nariz e eu dei um suspiro baixo, Brian tomou certo cuidado com minha perna antes de se levantar comigo, me depositou na cama com cuidado e numa atitude boba me virei ficando de costa para ele, senti sua mão na minha cintura num gesto protetor e suspirei.

_Hey.- me chamou e eu constrangida não me virei.

_Não precisa ficar com vergonha não, você somente caiu. - me assustei virando-me para ele, Syn havia adivinhado o que eu estava pensando mesmo sem eu ter dito nada, meu coração começou a acelerar e ele passou a mão em meu rosto o acariciando. Ele me olhava ainda de óculos escuros e com certa dificuldade me sentei na cama.

_Desculpe. - murmurei olhando para o chão. _Eu estava bêbada. -O encarei me referindo ao dia em que eu e Matt transamos.

_Você não me deve satisfação. - tinha um pouco de frieza em sua voz e eu peguei a sua mão.

_Não, mas eu queria te contar isso, nós dois sabemos o que eu disse dias atrás. - apertei a sua mão a olhando.

O silêncio pairou no quarto e eu estava com receio de olhar Syn, minha cabeça estava a mil, como é que eu posso me relacionar com alguém agora sendo que daqui a alguns meses eu nem sei se vou estar viva? Era egoísmo a julgar pelo meu lado, e também, eu estava no meio de um fogo cruzado, de um lado Syn  e do outro Matt, todos os dois mexiam comigo, é claro de formas diferentes. O mais importante de tudo, se eu me envolvesse com um provavelmente a amizade deles acabaria. O meu defeito era que eu não conseguia ficar longe deles, eu poderia tentar mil vezes que não conseguiria, eles me confundiam e eu estava enlouquecendo e ainda tem Brian que me protege como se eu fosse quebrar a qualquer momento, me protegendo de tudo que me fazia mal e agora ficaríamos mais próximos devido às corridas.

 Matt tentando me lembrar da noite que tivemos, quero dizer, várias noites devido nossos encontros e desencontros. A verdade era que Matt havia terminado com Val para me procurar, o que ele não esperava era encontrar sua noiva justamente comigo quando ele foi me caçar em Boston. Eu não pretendia contar isso a ninguém, era um segredo meu e de Matt.

Estava tão distraída com os olhos fixos em um ponto qualquer que nem notei Syn apertando meu ombro, virei meu rosto a ele ainda distraída e pude ver que ele estava sem óculos.

_Vick?- apertou mais tentando chamar a minha atenção.

_Sim?-meus olhos estavam levemente arregalados e eu os desviei do de Syn observando algo atrás dele.

_Você está bem?- voltei minha atenção a ele que me olhava assustado, rapidamente balancei a cabeça colocando a mão na mesma e voltei minha atenção a ele novamente.

_Claro. - tentei colocar minhas ideias no lugar enquanto falava._ Ficarei bem.

_Tem certeza? Eu posso chamar o médico. – sua face mostrava preocupação e rapidamente ele mudou de humor._ Ou então eu posso ligar para Matt.

Eu fiquei em silêncio e ele me olhou uma ultima vez antes de retirar o celular do bolso da jaqueta, senti minhas mãos suarem e antes que ele se levantasse e fosse ligar para Matt eu segurei seu braço o obrigando a olhar para mim ainda com o celular no ouvido.

 Syn me encarou com o cenho franzido e eu senti um nó na garganta, minhas mãos desceram até as suas e eu as entrelacei. Syn se virou ficando de frente para mim, ele jogou o celular em cima da cama e eu tentei ao máximo não gaguejar enquanto falava.

_Brian. - pude o ver arregalar um pouco os olhos e eu respirei fundo tentando espantar o nervosismo. Coloquei minha cabeça em seu abdômen tentando não encara-lo e ao mesmo tempo me equilibrar ajoelhada, meu nervosismo foi cessando ao ouvir as batidas de seu coração.

_A única pessoa que eu preciso no momento do meu lado é você.

Esperei ele digerir tudo o que eu disse, eu não pensei no que estava dizendo, apenas respirei e falei. Tinha certeza que aquilo daria confusão, na minha cabeça, na de Syn  e talvez na de Matt. O olhei brevemente antes de me sentar na cama, minha perna doía muito, mas esse não era o momento para eu dizer isso.

_O que você disse?- ele se sentou na cama ficando frente a frente comigo.

Meio receosa me aproximei um pouco dele, meu coração explodia de nervosismo e eu apertava o máximo que podia a barra do lençol da cama, nossos olhos estavam fixados um no outro e eu sentia sua respiração em meu rosto.

_Eu acho que você entendeu. - Brian passou os dedos levemente em meu rosto me fazendo fechar os olhos, por algum motivo estranho eu me senti segura ali naquele momento, era como se não existisse nenhum medo dentro de mim e aquilo era bom.

A respiração dele foi ficando intensa e suas mãos frias apertavam as minhas, elas foram subindo até encontrar o meu rosto onde ele segurou levemente o meu queixo com a mão, estremeci ao sentir seus lábios tocarem a pele da minha bochecha e irem deslizando ao encontro dos meus. Rapidamente ele juntou nossos lábios num beijo que fez certamente meu coração parar de bater uns segundos.

Ele se separou e eu abri os olhos frustrada pelo beijo durar tão pouco, Brian me olhava de uma forma diferente que fez meu coração acelerar, ele abriu um de seus sorrisos e involuntariamente sorri também.

_Eu não te quero dessa forma.- ele se levantou caminhando até a saída.

_Mas eu estou aqui.- murmurei frustrada.

O observei retirar do bolso um cigarro e o acender na minha frente, eu ia protestar para ele apagar aquilo, mas ele foi mais rápido e respondeu.

_Eu não te quero só pela metade, quando eu te disse aquilo estava falando serio.

Eu congelei, sabia que a outra “metade” de que ele estava falando estava relacionado a Matt, mas se nem sabia o que sentia por ele quem era Brian para me julgar?

_Se vista.- murmurou dando uma ultima tragada no cigarro. _Você  vai para a minha casa.