Julia's POV.

Eu estava indo pro banho quando escutei Thay dizendo do quarto que ia beber água. Antes de trancar a porta, escutei Danna me chamando.

- Ai amiga, eu não sei qual roupa eu coloco. - Ela olhava para as roupas esticadas na cama.

- Quer um conselho? Coloca a que você sentir mais confortável Dan, ele vai gostar de você pelo que você é, não pelo que veste. - Eu filosofei.

- Você tem razão. Vou trocar só a blusa e o sapato e colocar um casaquinho, pronto.

"Pamranranranran tantan."

- AH, É O MEU CELULAR, DEVE SER O LOUIS. - Ela gritou enquanto procurava o celular.

"Já estou aqui, cadê você?"

Ela olhou pela janela e ele estava sentado num banco na praça da frente. Quando ouvi os passos de Thay subindo as escadas, fui direto pro banheiro senão ela me xingaria. Me tranquei lá e fui pro banho.

Quando acabei, enrolei a toalha na cabeça e fui para o quarto. Olhei pela janela e estavam lá os dois pombinhos tomando sorvete no banco. "Que bonitinho", pensei e depois abri um vão da janela e assobiei. Percebi que Danna ouviu porque ela virou rapidamente pra mim. Quando ela virou, Louis quis ver o que era também, mas eu já tinha me escondido. Quis saber onde Thay estava.

- Thay, Thaaaaaaay. - Eu gritei com a cabeça pra fora do quarto e com a toalha enrolada na cabeça. Tava parecendo um gnominho.

- Ela está dando uma volta Julia, acho que com um rapaz, não pude ver quem era. - Emily me disse do quarto dela.

- Ah, obrigada tia, e desculpa a gritaria.

Pude ouvir um "imagina" enquanto fechava a porta do quarto querendo enfiar a cabeça em um buraco e não sair mais. "Quase 6pm, JÁ? Daqui a pouco Harry passa aqui pra sairmos e eu nem estou pronta." Lembrei que precisava mandar uma mensagem pra ele marcando o endereço que ele me pegaria.

"Estou na casa de Thay, acho que você sabe onde fica. Qualquer coisa, peça para Louis te explicar. Fica na frente da praça. xX."

"Estou ansioso para dar 7pm. Não se atrase."

Thay’s POV.

Queria bater tanto na Julia. Ela ia ter um encontro com o menino dos sonhos dela e nem pronta estava. Decidi parar de conversinha com ela pra ver se ela ia se arrumar e desci para beber água enquanto Danna saía na porta para se encontrar com Louis. Quando estava levando o copo até a boca, a campainha tocou. “Não é possível”, pensei.

- Thaaaay, vê quem é, por favor? To ocupada. – Minha mãe gritou do quarto.

- Ocupada com o que? Tricô? – Falei bem baixo e saí batendo os pés.

Quando abri a porta, achei que estivesse sonhando. Era o Liam. Meu Liam. Oh Deus, como ele tava deslumbrante. Tinha até luz do sol batendo nele, pra dar uns efeitos especiais. Quase soltei uma: “Machucou quando você caiu do céu?” Caí na real quando ele começou nosso diálogo.

- Antes de você bater a porta na minha cara, eu posso explicar.

BATER A PORTA NA CARA DELE? COMO EU PODERIA...? – Espero que a explicação seja boa. – Me fiz de difícil, como Julia disse pra eu fazer.

- Quero que você saiba que aquele foi um dos melhores momentos da minha vida. Ahn, tipo... é, é isso mesmo, foi o que você entendeu. Eu amei estar com você, eu te am...

E nada mais saía da boca dele. Será que ele ia dizer que me ama mesmo? Meu Deus, meus sonhos se tornando reais e justo na porta da minha casa. – Eu também gostei muito de estar com você, mas por que você...? – Ele não deixou eu acabar. Odeio quando me interrompem.

- Quando você foi pegar ponche, eu continuei dançando. Não deram uns dois minutos e uma menina com quase mesmo tom e tamanho de cabelo que o seu veio até a mim. Tava meio escuro e eu pensei que fosse você, estranhei que você não tava com o copo na mão e ai essa pessoa me agarrou.

- Mas por que você continuou beijando ela? Eu só não entendo iss... – ELE ME INTERROMPEU DE NOVO. SOCOS VÃO ROLAR.

- Porque eu achei que fosse você! – Ele disse isso meio gritando e olhou pra baixo. Eu corei.

- Ahn, você quer, sei lá, dar uma volta? – Eu disse meio sem graça e mordendo meu lábio. Ele fez que sim e eu gritei pra minha mãe que ia dar uma saída rápida com um amigo já fechando a porta.

Liam’s POV.

Quando estava no carro com Louis, comecei a criar diálogos na minha mente, pensando no que diria pra ela e qual seria minha resposta, caso ela falasse alguma coisa fora do comum. Fiquei tão nervoso que até suei. Isso me fez abrir a janela do carro.

- Ei, não vai ter um filho aí. – Louis disse olhando de lado pra mim e rindo.

- Estou tentando. – Eu ri junto.

Uns cinco minutos se passaram e eu estava mais calmo, quando Louis estacionou na frente de uma praça.

- Chegamos. Seu destino é bem ali. – Disse Louis apontando para a casa de Thay.

- Espero que dê tudo certo. – Eu disse esfregando as mãos.

- Eu diria que se você não surtar vai ficar tudo bem, mas você já tá surtando né... – Ele riu.

Eu ri junto. Logo nos distanciamos porque Danna estava saindo do lugar onde Boo apontara. Quando ela passou por mim, sorriu e eu retribuí. Tomei coragem e fui.

Estando há uns 5 passos da porta da casa dela, fui e voltei umas 10 vezes, não tendo coragem de apertar a campainha, até que uma voz disse pra eu ser forte e que tudo ficaria bem e aí eu toquei. Mergulhei a cara nas minhas mãos depois disso, mas toquei.

- Antes de você bater a porta na minha cara, eu posso explicar. – Foi assim que comecei nosso diálogo e por aí foi. Graças a Deus eu consegui dar a minha versão da história, até que ela não vendo mais jeito de continuar com aquilo, disse para darmos uma volta.

Caminhamos um pouco em volta do bairro dela. Como não estava tão frio, decidi levar ela até o zoológico porque sabia que gostava de animais.

- Na Alemanha nós não podíamos ter animais. – Thay disse olhando para baixo.

- Por que? – Eu perguntei, comovido.

- Porque costumávamos morar em um condomínio e as regras lá eram muito rígidas. Antes disso, morávamos numa casa que, apesar de pequena, era aconchegante e lá eu podia ter meus animais.

- E você tinha algum?

- Sim, o Boris, meu cachorrinho. – Ela franziu a testa. Por um momento me arrependi de ter perguntado. – Tivemos que doá-lo porque fomos morar no condomínio e aí mudamos pra cá.

- Eu sinto muito, sei bem como é perder alguém que amamos. – Eu falei pensativo, olhando para baixo.

Depois disso, levei-a até em casa e ao invés de dar um beijo em sua boca, dei um beijo em sua bochecha. Meu gesto foi retribuído com um sorriso meigo e isso já estava mais que ótimo pra mim. Pelo menos era um começo. Na verdade, um recomeço.

Fui pra casa de metrô, pois Boo já havia ido embora quando eu e Thay chegamos. Aquele tinha sido um dia cansativo para nós.

Harry’s POV.

Eu tinha acabado de tomar banho quando recebi uma mensagem da Julia. “Estou na casa de Thay, acho que você sabe onde fica. Qualquer coisa, peça para Louis te explicar. Fica na frente da praça. xX.” Louis? Mas por que Louis me explicar? Será que ele já tinha ido se encontrar com ela ou com a Thay antes? Hm, suspeito.

Acabei de me arrumar e coloquei uma das melhores roupas que tinha, passei meu melhor perfume e peguei o carro. O caminho não era longe, então decidi ir mais devagar pra dar um suspense.

Cheguei lá eram mais que 7pm. Olhei no retrovisor pra arrumar os cachos e peguei as flores que tinha deixado no banco traseiro. Bati na porta da casa da Thay e ela atendeu.

- Oi. – Ela disse com uma cara cansada. Estranhei. A cara dela mudou quando olhou para minha mão e viu as rosas.

- Oi. A Julia ta pronta? – Quis parecer o mais simpático possível pra ‘conquistar’ a amiga dela.

- Acho que sim. Vou chamá-la.

Ela não demorou muito, mas pude escutar uns ‘agiliza com isso’ e outros ‘deixa que eu pego aqui’ do quarto, até que ouvi os passos descendo a escada. Quando pude vê-la naquele vestido preto e colado, meu coração saltou. Começou a bater mais forte, mas ao mesmo tempo mais fraco. Eu não sabia o que estava sentindo, se era aquela sensação de querer agarrar ela ali na entrada mesmo ou sei lá, de querer agarrar ela ali mesmo também. Ela fez uma cara de quem se envergonhou com a minha expressão e mordeu os lábios, não na intenção de querer seduzir, porque parecia que ela tava nervosa. Eu fiquei tão, mas tão fora de mim que tive que olhar em direção ao carro e depois voltar. Queria saber o que tava passando na cabeça dela.

- Oi Harry. – Ela disse vindo na minha direção e sorrindo.

- Ahn, o-oi. – Eu gaguejei, como sempre fazia quando tava com ela. – Isso é pra você. – Dei o mini-buquê pra ela.

- Ah, que lindas flores. Obrigada. – Percebi ela corando e depois sorrindo. – Então, vamos?

Aquilo serviu para me acordar, porque eu ainda tava viajando. Naqueles olhos, naquele corpo, naquele vestido...

- Pra onde você vai me levar hoje? Quer dizer, pra onde vamos?

- Espero que você goste de comida italiana.

- Você está brincando?! Eu amo massa. – E vi ela sorrindo um pouco.

Fiquei tão aliviado quando escutei isso, mal sabia ela o que eu ia fazer.