A Destination Funny - Segunda Temporada escrita por ItsCupcake


Capítulo 32
Past And Future




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Melanie's P.O.V.

Quando chegamos ao aeroporto, Erik se encarregou de pegar as malas enquanto eu tentava conseguir um táxi. No caminho, fomos conversando, para distrair um pouco. Aconteceu tanta coisa em pouco tempo, e acho que uma conversa sobre qual cor é mais bonita, me distrai um pouco de toda essa preocupação.

O motorista do Táxi estacionou em frente ao sitio da minha avó e o Erik tirou as malas do carro e as carregou enquanto seguíamos em direção a casa da minha avó. Abri a porta e vi Angel e a tia Tânia conversando na sala. Angel estava diferente, para mim ela sempre foi uma garota caipira meia burrunha, mas agora ela parecia mais velha e preocupada. Cumprimentei as duas e subi as escadas correndo para ver a minha avó. Erik estava atrás de mim e nós dois entramos no quarto dela.

Ela não estava dormindo. E assim que ouviu o barulho da porta virou a cabeça para olhar.

— São vocês. — Disse sorrindo.

— Como você está? — Perguntou Erik se aproximando e ajoelhando-se diante da cama. Fiz o mesmo que ele.

— Pra uma velha senhora, acho que estou bem.

— Vó, o que aconteceu? — Perguntei e ela se esforçou para me olhar.

— Quando você ficar velha vai entender.

Claro, essa já era uma resposta esperada vindo da minha avó. Ela nunca foi de responder claramente minhas perguntas, sempre tentava responder de uma forma vaga, mas que não fosse mentira.

— Você se esforçou demais. Não devia ter feito isso. — Erik disse pegando na mão dela e eu percebi que estava mais magra. — Agora eu estou aqui, vou cuidar de você.

— Pare de gastar seu tempo comigo. Você é jovem, vai aproveitar sua adolescência. Eu já fui jovem e aproveitei, agora é a sua vez. Coisas velhas não tem conserto.

— Você sabe que esse seu papo não me convence. — Falou ele rindo e ela sorriu.

— Você é um bom garoto, Erik. — Depois que ela disse isso, olhou para mim e seu sorriso desapareceu. — Soube do que aconteceu lá em Nova York. Angel não sabe falar baixo.

Erik sentiu a tensão e então se levantou.

— Vocês precisam conversar sozinhas. Estou lá em baixo, se precisarem de algo. — Ele deu um beijo na testa da minha avó e saiu do quarto.

Fiquei no lugar onde ele estava antes e sorri de lado para ela.

— Pode falar, diz que eu sou uma neta ruim. Eu sei disso. E eu mentir para o Erik. Sou a pior pessoa do mundo. — Falei cabisbaixa.

— Você é igualzinha a mim. — Disse ela em tom de desgosto e eu não tinha entendido. — Você cometeu os erros parecidos com os meus, a diferença é que eu não fui tão burra como você.

— O que você quer dizer? — Perguntei tentando ignorar o fato de ela me chamar de burra.

— Que eu era uma irresponsável quando tinha a sua idade. Só que quando eu era nova, as coisas eram diferentes. Estava prometida para um jovem que era primo do meu pai, mas eu me interessei pelo novo morador da cidade. Ele era o médico mais novo da região e arrancava suspiros das mulheres solteiras. E eu tive a sorte de conhecê-lo. Mas eu estava comprometida, então nos encontrávamos em lugares escondidos, e foi ai que eu fiquei grávida da sua mãe. É claro que o meu pai ficou bravo, mas ele foi obrigado a cancelar meu casamento com o primo dele para eu me casar com o médico. Só que eu não fiquei grávida por acaso, eu quis ficar grávida porque eu sabia que meu pai ia fazer aquilo.

— Então você armou para se casar com o cara que você escolheu? — Perguntei sorrindo.

— Isso. E o erro foi que eu não tinha conhecido o primo do meu pai ainda. E quando eu o conheci, percebi que ele era diferente dos outros homens, ele me completava e acabei me apaixonando perdidamente por ele. — Ela olhou para o teto pensando e então volte-se para mim. — O engraçado de tudo isso, foi que eu fugi com ele e acabamos nos casando e ele aceitou sua mãe como se fosse a filha dele de verdade.

— Então o vovô...

— É, ele não é seu avô de sangue, mas ele te ama e isso basta.

— Espera, ele me ama? Você não quis dizer “amava”? — Perguntei confusa.

— Não, eu quis dizer “ama” mesmo. Porque ele não morreu, ele ainda continua vivo. — Ela ergueu sua mão com dificuldade e colocou sobre o meu peito. — Ele está vivo bem aqui. — Disse se referindo ao meu coração.

Essa foi a primeira vez em quase dezessete anos, que tivemos uma conversa longa. E eu não tinha percebido que estava chorando, até uma lágrima escorrer pelo meu rosto e cair no braço da minha avó que ainda continuava com a mão no meu coração.

— Você vai ficar bem? — Perguntei.

— Acho que sim. — Disse ela indiferente. — Mas eu quero que você faça um favor para mim.

— Sim. Pode dizer.

— Quero que você fique com aquele pônei. Ele é seu, quero que cuide dele.

— Mas o Erik disse que ele não pode sair dali.

— Porque ele ainda não achou a pessoa certa. E você é a única que ele não machucou.

— Como você pode ter tanta certeza? — Perguntei.

— Porque eu já fiz todos que conheço colocar a mão perto dele e todos foram machucados. — Disse ela rindo. — E o Erik me disse que uma vez, viu você conversando com ele e que abriu a porteira para tocá-lo. Você foi a primeira pessoa a fazer isso e ainda tentou tocá-lo e ele não fez nada.

— Ele relinchou. — Falei.

— Não, ele vai latir. — Disse minha avó irônica e eu ri.

— Aprendeu isso com a pequena Jolie? — Perguntei sorrindo enquanto limpava meu rosto.

— É, as vezes eu aprendo com os jovens. — Disse. — E eu quero que você se levante daí e vá libertar aquele animal. Ele é como o seu avô, não gosta de ficar preso, acho que é por isso que não é muito amigável.

Sorri para ela e me levantei. Me inclinei um pouco e depositei um beijo em sua testa.

— Melhoras. — Desejei.

— Você ainda não saiu? Vai logo, menina.

Sai do quarto sorrindo e desci as escadas. Erik me olhou e eu fiz um sinal para que me acompanhasse. Quando estávamos do lado de fora, ele percebeu para onde eu estava indo.

— O que você vai fazer?

— Minha vó disse para libertá-lo.

— O quê? Você está louca? Ele pode te machucar e se te machucar, vai machucar o bebê também.

— Ele não vai me machucar e você vai estar lá para me proteger de qualquer coisa.

Corri pela grama até o celeiro e entrei a procura do único lugar fechado ali dentro. Antes que o Erik chegasse, abri a porteira rapidamente e vi o pônei me olhando. Ele estava exatamente do jeito que eu me lembrava.

— Melanie, você tem certeza?  — Erik perguntou inseguro.

— Tenho.

Aproximei-me do pônei e aos poucos fui esticando minha mão para tocá-lo. Ele relinchou, mas eu não me intimidei e avancei minha mão mais rápido até conseguir tocar em seu focinho. Dei um sorriso de orelha a orelha quando repousei minha mão ali e ele não fez nada.

— Calma, garoto. Com calma você sai daí. — Disse passando minha mão por sua cabeça e o guiando bem devagar para fora do celeiro.

Ele ficou agitado quando viu o Erik na entrada, mas eu passei minha mão em sua crina como se estivesse fazendo massagem.

— Calma, ele não vai te machucar. — Disse e aos poucos ele se acalmou.

— Você está conseguindo. — Disse o Erik incrédulo enquanto saia do caminho do pônei que não gostou nada da presença dele ali.

— Ele me ama.  — Falei exibida.

E então ele saiu por completo do celeiro. E uma ideia muito louca me veio a cabeça.

— Erik, vem aqui. — Pedi e ele se aproximou. — Me levanta que eu vou montar nele.

— O quê? Agora você pirou de vez. Tenho certeza que a vó não disse pra você montar nele.

— Idaí, mas eu quero. — Falei.

— Eu não vou te ajudar.

— É desejo de grávida.

— Grávidas não sentem desejos por comidas? — Perguntou ele erguendo a sobrancelha.

— Que eu saiba, não é você que está esperando um bebê, não é você que vomita toda hora, não é você que vai ficar barrigudo e talvez fique com estrias e estresse. Então, me ajuda logo se não o meu filho vai nascer com cara de cavalo.

Ele riu e me ajudou a levantar segurando a minha cintura. Então ergui minha pernas e consegui subir no pônei.

 — Você já montou em cavalo antes? — Erik perguntou.

— Sim. — Menti.

E então segurei a crina do pônei com força e ele saiu em disparada pelo sitio.

Não sei descrever tudo que eu senti naquele momento. Mas foi uma sensação maravilhosa. O vento soprando os meus cabelos e as casas ficando para trás enquanto nos aproximávamos da floresta. Senti um friozinho bom na barriga e fechei os olhos por alguns segundos, deixando o momento me levar.

Justin’s P.O.V.

Nunca pensei que ter dezoito  anos fosse tão...Tão... Responsabilidade. Sempre pensei que com dezoito anos eu poderia assistir todos os filmes do cinema sem me preocupar com a classificação, que eu poderia sair por ai sem me preocupar com as horas e gastar o meu dinheiros em a supervisão da minha mãe. Só que além de tudo isso, eu ganhei dois filhos. E o pior de tudo, eu passei, a saber, o que é preocupação e angustia de verdade. Eu aprendi o que é amor de verdade. E soube o que realmente é sofrer por algo que você não pode fazer nada para mudar. Chorar não faz passar a dor como fazia antes.

— Justin, você quer um copo de água com açúcar? — Perguntou Kenny assim que chegamos no hotel.

Ficamos a noite inteira no hospital, até que eu não aguentei o cansaço e acabei dormindo. Kenny me carregou até o colo e Scooter nos seguiu. Tinha um monte fotógrafos na saída do hospital e a sorte é que eles não estavam no estacionamento, então eu nem ouvi o barulho de câmeras do lado de dentro do carro. Em frente do hotel tinha mais e mais fotógrafos e repórteres tentando saber mais sobre o que aconteceu com a Selena. Scooter teve que me acordar e Kenny me ajudou a passar por todos eles.

— Eu estou bem. — Disse entrando no meu quarto e ele me seguiu.

— Scooter vai adiar o show de hoje. Assim dá mais tempo pra você...

— Não, chega de mudar datas de shows. Eu pretendo mudar outras datas, mas agora é melhor não mexer em nada.

— Vou falar com o Scooter sobre isso.  E acho melhor você dormir um pouco já que daqui a pouco vai ter que passar o som.

— Ok. — Disse e ele saiu do quarto.

Fiquei deitado na cama durante um tempo, pensando em como seria minha vida daqui pra frente. Era para eu ter dois filhos e agora eu só vou ter um. Será que o bebê da Selena era uma menina? Se fosse eu ia ganhar minha aposta com o Chris. Mas ainda tem o filho da Melanie, será que a aposta vale para esse bebê também?

Como seria ter dois filhos da mesma idade e de mães diferentes? Será que eles iam me detestar por ter engravidado duas garotas quase que ao mesmo tempo?

E se fossem duas meninas? Eu teria que me preocupar em dobro com os garotos pervetidos e com as amizades erradas. E se fossem meninos? Eu teria que ensinar basquete para os dois e dá dicas de como conquistar garotas, mesmo eles me chamando de careta.

E foi pensando em como seria o meu futuro com dois filhos que eu acabei caindo no sono.


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