The Black Rose escrita por JuhMbeck


Capítulo 7
Pale and Cold


Notas iniciais do capítulo

"Então me avise quando você ouvir meu coração parar
Você é o único que conhece
Me avise quando ouvir meu silêncio
Há uma possibilidade de eu não saber.
Então me avise quando meu silêncio terminar
Você é o motivo pelo qual me fechei
Então me avise quando me ouvir caindo
Há uma possibilidade de isso não se mostrar"
Possibility -Lykke Li



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Julie estava sentada na frente do espelho, ela tinha uma expressão indecifrável no rosto, o que não agradava sua prima e muito menos a ajudante, que estavam no quarto. Ela já estava pronta para o baile, a mulher já havia terminado de arrumar seu cabelo fazia alguns minutos, mas ela ainda não havia falado nada.

– O que foi, Julie? – sua prima reuniu coragem para perguntar, ela não gostava muito dela e sentia que era recíproco, mas tinham que se arrumar juntas.

– Eu estou bonita? – perguntou para as duas com um olhar frio.

– Claro que está, minha senhora será a mais bonita do baile – a mulher que as ajudou disse rapidamente.

Julie sorriu, mas logo se virou para a prima, sem sorrir.

– O que acha, Violet?

– Acho que está muito bonita prima – ela respondeu.

Julie se virou para o espelho, passou os dedos levemente pelo seu corpete vermelho muito apertado.

– Éum vestido realmente bonito – Violet disse.

– Claro que é, eu o escolhi perfeitamente – Julie respondeu rispidamente.

Ela continuou se olhando no espelho, e Violet só conseguia pensar em como uma pessoa poderia ser tão bonita por fora e detestável por dentro.

– Eu não entendo, porque ele não me escolheu? – ela perguntou sem desviar o olhar do espelho, dessa vez sua expressão era visivelmente de desapontamento.

– Ele quem? – Violet perguntou.

– Eu sou mais bonita do que ela, sou mais nobre do que ela, sou mais fina e educada do que ela. Eu não entendo – ela foi passando de desapontada para brava, era como se ela não pudesse acreditar.

– Quem é “ela”? – Violet perguntou novamente.

Mas foi ignorada, como sempre.

– Minha pele é mais bonita que a dela, ela é tão... tão pálida, tão branca, parece doente, a minha é como o sol – ela passou a mão pelo braço e continuou. – O cabelo dela é um dourado sem graça e sem vida, o meu é sedoso e brilha – ela passou a mão pelos cabelos castanhos e ficava cada vez mais irritada. – O meu corpo é belo, e ela só tem quinze anos, não passa de uma menininha. E aquele rostinho de anjo falso – Julie se levantou bruscamente da cadeira, e passou perfume andando pelo quarto. – E aqueles olhos. – ela jogou o vidro na parede com raiva. – Aqueles olhos azuis, ou cinzas não sei, mas aqueles olhos, não posso negar que são mais belos que os meus. Aquela garota, ela saiu do nada e o roubou de mim, o que aquela camponesa tem que eu não tenho? Deveria ser ao contrário, eu tenho muito mais do que ela. O que Andy viu nela?

Ela estava praticamente gritando, a mulher que as ajudara estava assustada, e Violet compreendia, nunca havia visto Julie tão descontrolada assim, ela adorava ser a garota fina, a garota exemplo, mas isso não era o que ela estava passando no momento.

Ela respirou fundo, se sentou novamente na penteadeira e chamou a ajudante, para concertar o penteado que ela havia estragado em sua crise.

– Mas hoje vai dar tudo certo, ele vai ver-me linda e deslumbrante enquanto a camponesa vai estar ofuscada pelo meu brilho, nessa noite ele vai mandar leva-la de volta para a vilazinha de onde saiu e vai olhar só para mim, eu vou ser a garota dele – ela sorriu e em seus olhos havia um brilho maldoso.

– Porque essa obsessão, vários garotos te adoram, porque você não esquece o Andy? Você nem ama ele. – disse Violet, já sentia pena da garota que Andy escolhera, pois Julie a infernizaria até os últimos dias.

– Você não sabe quem eu amo ou não. Eu quero o Andy e vou tê-lo para mim. Não me importa, nós nascemos um para o outro, juntos teremos uma fortuna, seremos muito ricos e felizes – ela disse com um olhar duro sobre Violet. – E não falamos mais sobre isso.

– Mas e se ele não quiser trocar a camponesa por você? – Violet perguntou baixinho.

– Não vejo motivos para não querer, e se não quiser eu tenho um plano. Não se preocupe.

Agora ela estava preocupada. Seja lá o que Julie estava aprontando, com certeza não era bom.

– Tire essa cara emburrada, Violet. Está linda também, esse vestido roxo ficou perfeito em você parece uma fadinha com esses cabelos curtos, claro que estou mais bonita, mas você pode ser a segunda sem problemas – ela sorriu no final. – E não podemos nos esquecer das nossas máscaras, já que é um baile de máscaras.

Ela passou a mão pelo tecido roxo, havia escolhido outro vestido, mas Julie não deixara usa-lo, era um dourado muito bonito, mais bonito do que o dela. E exatamente por isso não foi permitido que o usasse.

Violet resolveu ficar quieta, era melhor assim afinal, ela deixou Julie falar sem parar enquanto ela escutava e respondia quando necessário, sempre concordando. Era mais fácil assim, ela não gostava de discutir com a prima.

Quando terminaram de se arrumar elas desceram as escadas, Violet queria simplesmente entrar no salão, mas Julie fez questão de entrar pela porta da frente, para todos a verem.

Como ela esperava, as pessoas comentaram quando ela passou, ela era bonita e aquele vestido vermelho realçava seu corpo. Quando ouvia os comentários seu sorriso aumentava e ficava cada vez mais esnobe. Violet saiu de perto dela, não gostava de ficar muito perto, nem eram amigas.

Ela ficou em um canto, apenas olhando as pessoas a bajularem, ela poderia estar tão bonita quanto Julie, mas a mesma nunca deixaria e talvez no fundo ela nem quisesse, só queria alguém para acabar com o ego dela, ela passara a vida inteira na sombra dela.

– Se acalme, logo ficará feliz – uma mulher apareceu em seu lado.

Violet não havia a visto chegar, mas achou a muito bonita. Tinha cabelos pretos e por detrás da máscara ela pode ver que seus olhos eram verdes como o vestido, não devia ser muito mais velha do que ela mesma.

– Como sabe? – perguntou para a mulher.

– Apenas sei – ela sorriu.

E então o salão ficou perceptivelmente mais silencioso. O sorriso da estranha aumentou e Violet ficou ainda mais confusa. Ela procurou ver o que estava acontecendo, e encontrou.

Ela reconheceu Andy, sempre belo em seu terno e sua máscara o deixava ainda mais misterioso. Não era a toa que Julie era obcecada por ele. Mas ela não reconhecia quem estava ao seu lado, deveria ser a camponesa que sua prima falava, porém não era nada como Julie havia descrito, ela tinha uma postura tão nobre quanto a de qualquer um naquele salão, nunca diria que veio do interior.

Ela parecia um anjo. Seus cabelos dourados estavam impecáveis, assim como sua pele e todo o resto. Quando olhou para sua prima viu que ela estava sem fala, sentiu uma pontada de pena dela. Aquela garota era muito linda e tinha algo que Julie nunca teve, além de Andy ao seu lado.

Ela não só parecia um anjo, o jeito como ela andava e o olhar que ela tinha passavam essa impressão, naquele momento era como se Julie nunca passasse de um anjo caído enquanto aquela garota era um em um de seus dias gloriosos. E sempre desviada o olhar das pessoas que a encaravam. Ela era a coisa mais fofa que Violet já havia visto.

– Realizada? – ela ouviu a voz da estranha perguntar.

– Muito – ela respondeu rindo.



Julie estava sem reação e muito brava, aquilo com certeza não fazia parte do plano.

Ela andou até o maestro quando tudo já estava praticamente normalizado e o barulho já invadia o salão novamente, ela pediu para ele tocar uma das musicas que haviam ensaiado.

Estava andando até Andy, quando alguém parou bem na sua frente.

– Saia da frente Daniel – ela praticamente cuspiu as palavras.

– Para que essa raiva? Só quero apreciar suas tentativas frustradas de fazer Andy te notar, não pode? – ele riu.

– Não, agora me deixe em paz – ela o empurrou ainda rindo e saiu mais brava ainda.

Ao chegar até seu destino não gostou nada da atenção de que a pequena garota estava recebendo. Empurrou um loiro que estava conversando com Andy, mas que ela percebeu que olhava para a garota e disse com a voz mais fofa que conseguiu fazer naquele momento.

– Vamos Andy, dance comigo, agora – ela estendeu a mão para ele. Ele a olhou de um modo que por alguns instantes ela pensou se realmente deveria se humilhar daquele jeito. Mas logo passou. “Eu sempre consigo o que quero” ela pensou.

– Julie... – ele suspirou, mas não era aquele tipo bom de suspiro.

– Não ouse recusar, essa festa também é minha – ela rapidamente se impôs antes que ele recusasse. Ele então olhou para a menina, como se pedisse permissão. E aquilo só a deixou com mais raiva.

A garota sorriu e disse que ficaria bem, disse que Violet a faria companhia. Julie não ficou surpresa ao ver que sua prima já estava com ela. Todas suas amigas já haviam ido falar com ela.

Mas logo seu plano estaria completo e tudo ficaria bem. Ela e Andy estavam dançando juntos, como sempre deveriam estar e aquela camponesa não tiraria isso dela.

Ela percebeu que a camponesa estava dançando com James, um loiro muito bonito e não deixou isso passar.

– Sua querida está dançando com outro, não acha que ela fica melhor assim? – Julie perguntou a ele. Ele não respondeu. - Eu fico melhor com você, eu sou o melhor para você, sou bem melhor do que aquela menininha – ela se grudou mais ao corpo de Andy.

– Você não sabe o que é o melhor para mim, Julie. Você nem sabe o que quer de verdade – Andy respondeu tentando fazer com que ela se afastasse um pouco.

– Eu quero você, e eu sei que me quer – ela deu um sorriso malicioso. – Não me diga que se esqueceu daquela noite... – ela sussurrou em seu ouvido -... Aquela noite que ficamos juntos.

– Eu estava bêbado, não fazia ideia do que estava fazendo, e naquela época você não foi a primeira e nem a ultima – ele respondeu procurando Rebeka por entre os casais.

– Então, será que a nossa querida garotinha, qual é o nome dela mesmo? – ela perguntou com uma voz cínica.

– Rebeka – Andy respondeu ainda a procurando

– Então, será que nossa querida Rebeka sabe que você era um festeiro bêbado que já levou para cama belas mulheres em vestidos apertados? – dessa vez foi mais cínica do que antes.

– Não, e não vai ser você que vai contar – ele a ameaçou e Julie esboçou um pequeno sorrisinho.

– Claro que não vou, imagine se faria algo assim – ela disse ironicamente.

– Se você contar vai se arrepender você sabe que sou capaz quando eu quero – Julie não sorriu, ela sabia que era verdade.

Andy era a criança mais doce que ela conhecera, mas conseguira se tornar um adolescente mais incrível ainda, ele não era ingênuo e sempre sabia o que estava fazendo. Sempre que ele e seus amigos faziam algo que não deviam nunca eram pegos. Ele estava mais para o cara mau do que para o mocinho e isso só a fazia gostar mais dele ainda.

Ela parou de dançar. Estava na hora de começar seu plano, era quase meia noite.

– Estou com sede, vou buscar algo para beber, e você vai beber comigo senão eu conto seus podres para Rebeka – ele a olhou raivosamente. - Vamos lá Andy, é só isso que estou pedindo.

Ele bufou irritado, mas concordou.

Eles saíram do salão de dança, não sem antes Andy achar Rebeka e garantir que James não estava fazendo nada demais além de dançar.

– Você não confia nos seus amigos? – ela perguntou enquanto separava suas bebidas.

– Claro que não, eu os conheço – ele então se virou e ela aproveitou e despejou um líquido transparente em uma das bebidas e deu a Andy.

– Saúde – ela sorriu enquanto ele bebia.


Rebeka ainda estava dançando com James, às vezes ela se sentia intimidada com a presença dele, mas ele era um bom parceiro. Ela quase não acreditara quando as pessoas vinham até ela e a elogiavam, era tudo muito surreal.

Enquanto dançava e via todas aquelas pessoas ela se lembrou de seus pais, de Emily e de Mellany. Ela sentia falta de todos e ficava imaginando como seria se Melly estivesse lá, ela com certeza estaria muito feliz.

De repente Julie apareceu e antes que ela ou James percebessem o que ela queria vinho foi jogado no vestido de Rebeka.

– Você está louca, Julie? Deixa a menina em paz – James disse.

– Você acha que conhece o Andy? Você não sabe nada sobre ele, eu passei minha vida inteira com ele, vocês não passam de estranhos, a única face dele que conhece é a parte fofa – Julie sussurrou em seu ouvido, exatamente como uma cobra faria e Rebeka não conseguiu evitar se lembrar de Dan, ele havia a avisado sobre isso.

– Eu posso tê-lo conhecido pouco, mas de uma coisa eu tenho certeza, ele me amou durante esses poucos dias muito mais do que ele te amou em toda sua vida – Rebeka sussurrou de volta para ela, que primeiro ficou chocada, mas depois sua face foi de ódio e saiu enfurecida.

– Venha e ignore qualquer coisa que ela tenha dito, se bem que eu acho que respondeu a altura pelo jeito que ela saiu – James disse a levando até Violet com um sorriso no rosto.

A prima de Julie se mostrara totalmente diferente da garota que a empurrara na neve anos atrás. Ela era pouco mais alta que Rebeka, tinha a pele da mesma cor que a prima, mas os cabelos curtos e lisos.

– O que aconteceu com o seu vestido? – ela perguntou olhando a enorme mancha.

– Foi a Julie, ela jogou vinho e infelizmente ela não pode ficar por aqui com essa mancha que sinceramente, está bem grandinha – James inclinou a cabeça e ficou encarando a mancha, o que deixou Rebeka incomodada, pois a mancha se estendia até quase seu pescoço.

– Já entendi, agora pare de encará-la assim – Violet disse para James que fez uma cara de inocente e ignorou o comentário. – E você Rebeka, vamos lá em cima que eu tenho uma ótima ideia – Violet sorriu e a puxou escadas acima.

Elas entraram em um dos primeiros quartos e Violet sumiu por alguns instantes, deixando Rebeka olhando seu vestido no espelho. A mancha era grande e escura, elas não iriam conseguir tira-la. Ela ficou imaginando qual seria a ideia de Violet quando ela apareceu.

Ela estava segurando um vestido dourado, e era mais bonito do que o que ela estava vestindo, ele era simplesmente incrível. O corpete tinha delicadas rendas e pequenas pedras brilhantes, a saia era um tecido macio quase como cetim.

– Ele é... é lindo Violet – Rebeka disse se aproximando dela e do vestido.

– É sim, e você vai usá-lo – ela o jogou em cima da cama e começou a desamarrar o corpete da menina.

– O que? – Rebeka perguntou se desvencilhando das mãos de Violet.

– Vai usar sim, Julie me impediu de usá-lo então você vai fazer isso por mim e vai ficar linda, eu tenho certeza, por favor, Rebeka – Violet fez uma cara muito triste e Rebeka com um suspiro de derrota aceitou.

Violet sorriu ajudou Rebeka a se trocar. No final aquele vestido tinha ficado realmente perfeito. Violet parecia que iria explodir de alegria. Ela a puxou rapidamente para o salão e então começaram a procurar Andy.

Mas o tempo foi passando e nenhuma das duas conseguia o achar. Ele não estava em lugar nenhum, não estava no salão, no jardim e em nenhum dos lugares que elas procuraram.

– James... – Rebeka o cutucou enquanto conversava com alguns amigos.

– Nossa pequena, você está parecendo uma princesa agora – ele olhou para ela e sorriu.

– Obrigada - ela não conseguiu evitar ficar vermelha e isso só o fez sorrir mais. -, mas você viu o Andy?

– Na verdade eu vi sim.

– E onde ele está?

– Ér... ele subiu, com a Julie – ele deu um sorriso como de quem se desculpa.

– Ah, tudo bem, obrigada.

Ela então saiu rumo as escadas, subiu cada degrau imaginando o que Andy poderia estar fazendo com Julie, e não gostou de nada do que pensou.

Ela não sabia onde eles estavam e não fazia ideia de onde procurar, até que ouviu o barulho de vidro se quebrando e quando se aproximou da porta conseguiu identificar a voz de Julie, rindo.

– Pobre Rebeka, ela não faz ideia de como você é de verdade – e ela ria mais. – Você é completamente diferente do que ela pensa, não há nada desse leal e meigo Andy que você finge ser.

Rebeka ficou estática, ela não sabia o que pensar. Julie não era uma pessoa muito equilibrada pelo o que ela ouviu e viu, ela poderia estar falando sozinha. Mas existia a possibilidade dela estar certa e Andy estar com ela no quarto. Ambos rindo da cara dela.

– Ela é bem bonita, claro, mas tão novinha. Não sabe nada do bom da vida – dessa vez Julie usava uma voz manhosa que deixou Rebeka mais nervosa ainda.

Ela resolveu olhar, pois só acreditaria no que Julie dizia vendo. Levou a mão até a maçaneta gelada e respirou fundo antes de virá-la. A porta abriu quase sem barulho.

Lá dentro, Julie estava na cama com as costas de fora e com as pernas ao redor dos quadris de alguém que ela pode facilmente reconhecer. Andy estava com a camisa toda aberta e tinha um olhar entre surpreso e confuso. Já Julie estava com um sorriso maldoso.

A garota sentiu seu coração se apertar e não pode evitar as lagrimas que começaram a cair em seu rosto.

– Ops, acho que fomos descobertos – Julie disse com uma risadinha.

– Saia de cima de mim – Andy a empurrou e começou a fechar sua camisa dizendo: - Eu posso explicar Beka, não é nada disso que está pensando, foi... foi uma armação, por favor, acredite em mim.

Mas ela só conseguia pensar em como ele pode fazer isso com ela. Por ele estava a fazendo sofrer tanto se dizia que a amava? Julie estava rindo descontroladamente enquanto Rebeka conseguia apenas e chorar e soluçando disse:

– Porque fez isso comigo? Por quê? – ela saiu correndo escadas abaixo com Andy gritando seu nome.

Ele tentou correr atrás dela, porém foi impedido por Julie, já normalmente vestida.

–Vamos lá, Andy. Eu te fiz um favor, te livrei da garotinha – ela passou a mão pelos cabelos dele.

Ele então apertou os pulsos dela forte o suficiente para arrancar uma careta e uma exclamação de dor daquele rosto antes que esbanjava felicidade.

– Pare de estragar minha vida, não chegue perto de mim, não toque em mim, eu não quero saber de você. Será que não se toca? Eu nunca te amei e nunca vou te amar, nunca – ele apertou ainda mais os pulsos dela e ignorou sua face chorosa. – Você não passa de uma garota mimada e mal educada, sem contar que é insuportável e chata. Nenhumas de suas amigas gostam de você de verdade, elas ficam falando mal de ti enquanto não esta perto.

– Não... Não é verdade – ela murmurou parecendo que poderia chorar a qualquer segundo.

– É sim, você é uma pessoa detestável, e não sei por que ainda estou perdendo meu tempo com você.

Ele então sai correndo do quarto deixando Julie sentada na cama, tentando segurar as lagrimas.

Tudo o que ele mais queria era encontrar Rebeka e explicar o que realmente havia acontecido, que fora tudo culpa de Julie, que colocou alguma coisa na bebida dele e o empurrou até o quarto e quando acordou Julie estava o sacodindo. E então percebeu que Rebeka estava lá, com uma expressão de partir o coração e que ele e Julie não estavam em uma posição bem vista.

Ele a procurava imaginando o que poderia estar passando por sua cabeça, tudo que ele mais queria era abraça-la e a ouvir dizer que acreditava nele e que tudo ficaria bem.

Mas infelizmente nem tudo fica bem no final.

Ele não conseguia encontra-la em lugar nenhum da casa, nem mesmo no jardim onde tinha quase certeza que a encontraria.

– Onde você está, Beka? – ele perguntava a si mesmo. Mas ele ouviu uma voz conhecida responder um uma das vezes.

– Ela não está aqui, está perto do rio. Agora corra antes que seja tarde para vocês dois, corra o mais rápido que puder – ele reconheceu a mulher da casa na floresta, Ruby.

Ele resolveu acreditar nela e correu para perto do rio. Ele estava cheio e sua correnteza era forte, não era um rio normal, nunca fora.

Lá ele encontrou Rebeka sentada na ponte, olhando para a água corrente com uma expressão triste. Ela estava chorando e isso o deixou apenas mais triste.

Então ele ve Julie, ela estava chorando assim como Rebeka, ela para atrás dela e diz: - Se não posso te-lo, ninguém terá.

E empurra Rebeka para o rio.

– Julie, não! - Mas já era tarde, a garota já havia caido e Julie sai correndo.


Rebeka logo sente seu corpo bater no fundo do rio, a água estava gelada e se apavora, pois não sabe nadar.

Ao tentar voltar para a superfície percebe que seu pé ficou preso nas algas, ela tenta puxa-lo com força, mas nada parece resultar. A água começa a encher seus pulmões e fica cada vez mais difícil permanecer com os olhos abertos. Se sente sufocada, cansada, e com a falta de ar logo perde a consciência e fecha seus olhos lentamente. A sua volta apenas escuridão, era como se tudo estivesse gelado e solitário, nada mais fazia sentido e não conseguia nem sentir seu próprio coração batendo até que finalmente não sente mais nada, nem trizteza, nem dor, nem medo.


Andy corre até a beira do rio o mais rápido que pode e por alguns instantes ficou esperando ela aparecer, mas isso não ocorreu. Percebendo o que poderia ter acontecido ele mergulha a sua procura.

Ao encontra-la desamara as algas de seu tornozelo e a leva para a beira do rio com dificuldade pelo peso do vestido molhado, seus olhos estão fechados, sua pele pálida e gélida. Era como se estivesse sem vida. Seus batimentos cardíacos são praticamente inexistentes. Ele tenta acorda-la, mas nada parece fazer com que ela abra os olhos.

Então ele percebe que estava com outro vestido, um dourado que ficava mais belo ainda e combinava com seus cabelos, agora todo molhado.

Ele entra em desespero, lágrimas começam a sair de seus olhos. Ela não poderia deixa-lo daquele jeito, não poderia ir embora. Agora que ele havia a encontrado, depois de anos sem acreditar que haveria alguém no mundo para ele, ela não poderia simplesmente morrer, era algo que sua mente se recusava a aceitar.

– Beka, Beka, acorde, por favor, por favor – ele repetia as palavras enquanto suas lágrimas caiam de seu rosto para o da garota, já molhado pela água.

A medida que os batimentos dela diminuiam ele ficava com mais medo e mais sem reação.

Até que ele já não conseguia ouvir o coração dela bater, ela já não respirava.

Não consegue nem dizer mais nada, os soluços do choro o impedem de falar, tudo que consegue fazer é sacudir os ombros da garota, mas logo desiste vendo que não fazia diferença mais.

Ele encosta seus lábios nos dela, os sente molhados e frios, aquele era o primeiro beijo deles de verdade, e seria o ultimo.

Ele se lembrou dos olhos dela, e de como eles eram bonitos ao sol, mas agora eles estavam fechados e ficariam assim para sempre. Ele nunca mais os veria abertos, ele nunca mais a ouviria sorrir e ela não ficaria mais corada ao ouvir um elogio, ela seria pálida como estava agora, e não havia nada que ele pudesse fazer.

Ela estava morta.


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Notas finais do capítulo

Era para ter postado ontem, mas nem deu tempo, então aqui está o capítulo e espero que tenham gostado.
Gostaria de agradecer as pessoas lindas que estão acompanhando e ainda não acabou não viu.
Sugiro que realmente ouçam a música no final, eu a ouvi enquanto escrevia.
Não ficou tão triste quando eu esperava, provavelmente ninguém vai chorar, mas não sou muito boa com isso, fiz o melhor que pude, espero que tenha ficado bom.
Aqui está uma foto para a melhor imaginação de Julie:
http://diariosdovampiro.com/galeria/displayimage.php?pid=1380&fullsize=1



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