Sea Sick escrita por Giii_Poynter


Capítulo 2
Part Of Your World


Notas iniciais do capítulo

HEY HO, LET'S GO. E aí? Prontos para o próximo capítulo? Espero que vocês gostem (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/196808/chapter/2

– Sarine... – Repeti seu nome. – É um lindo nome e lembra muito o mar.

Só que eu ainda estava fascinado por sua longa calda e não tirava os olhos dela.

– Você pode tocar se quiser. – Ela disse, rindo da minha cara.

– O-O que?

Ela revirou os olhos e apontou para sua calda.

Lentamente passei minha mão pela pele escamosa. Era muito parecido com os peixes que eu pescava.

– Modéstia à parte eu tenho a calda mais bonita da minha família. – Sarine disse, apoiando sua cabeça com cuidado numa pequena pedra atrás dela.

– Bom, mudando de assunto, eu posso saber por que você estava tentando roubar o meu medalhão? – Perguntei, tirando a mão de sua calda.

– Bem... – Ela ruborizou um pouco. – Eu coleciono jóias. Porque no mar eu encontro diversas jóias maravilhosas e hoje eu estava procurando algumas quando vi o brilho do seu medalhão... Por que ele é tão importante pra você?

– Ele... Pertencia à minha mãe. – Ela levantou a sobrancelha como se não fosse grande coisa. – Ela faleceu.

– Ah... – Ela abaixou o olhar, envergonhada. – Me desculpe.

– Tudo bem. – Disse. – E por que essa concha azul é tão importante pra você?

– Eu não sei te dizer direito... – Sarine respondeu, olhando para a concha em suas mãos. – Eu a encontrei quando era pequena e ela é tão diferente... Única. Eu achei que a tinha perdido pra sempre.

– Eu guardei a concha comigo na esperança de te reencontrar. – Sorri pra ela que sorriu de volta. A primeira vez que eu vi Sarine sorrir.

– Desculpa eu ter fugido daquele jeito... Eu só tava com medo.

– Você não tem cara de quem tem medo.

– Bom, eu achava que você iria me levar para aquele lugar que todos falam que maltratam as sereias...

– A Área 51? – Sarine assentiu. – Eu nunca faria isso.

– Bem, eu não te conhecia naquela época e eu não sou de confiar na pessoa a primeira vista. – Ela disse. – Eu ainda nem sei ao certo se posso confiar em você.

Ficamos em silêncio por um tempo até que Sarine expressou seus pensamentos.

– Nós éramos livres, sabia? – Ela olhou para mim. Quando percebeu que eu não tinha entendido, ela explicou. – As sereias. Quero dizer, nós não nos exibíamos, mas também não nos escondíamos. A gente sentava nas pedras e cantávamos até nos cansar. Mas depois que a primeira sereia foi capturada, isso meio que virou um vício. E depois de 5 sereias desaparecidas, nós começamos a nos esconder. Meu pai proibiu todos os seus filhos de irem para a superfície. Mas eu tenho cara de quem respeita regras?

Eu ri e neguei. Sarine realmente parecia ser bastante independente.

– Mas eu sinto falta de toda aquela liberdade que nós tínhamos... – Ela comentou.

– Sarine, posso te perguntar algumas coisas?

Ela olhou para mim, suspeitando de alguma coisa.

– Você é muito curioso.

– Desculpa, mas essa é a primeira vez que eu converso com alguém de outra espécie.

Ela revirou os olhos.

– Você adora revirar os olhos, não é mesmo? – Comentei.

– O que eu posso fazer se as pessoas que falam comigo são tão estúpidas?

E foi a minha vez de revirar os olhos.

– Ok, pode fazer as suas perguntas. – Ela disse.

– Primeiro, - Enumerei na minha mão – É verdade o mito de que as sereias seduzem os pescadores com suas maravilhosas vozes até a morte? Por que vocês matariam os pescadores?

Ela riu.

– Não, isso não é verdade. Bom, há muito tempo atrás teve a Melinda que era uma sereia muito metida e que gostava de se exibir. E dizem que o canto dela era tão poderoso a ponto de hipnotizar os pescadores, mas ela não matava eles. Ela só se divertia pela fascinação nos olhares deles. – Sarine respondeu.

– Ok... Segunda pergunta. Como você fala a minha língua?

– Bom, como eu sou uma sereia de extrema inteligência... – Ela riu da cara que eu fiz. – Eu escuto a conversa dos humanos desde que eu era pequena então lentamente eu fui aprendendo a língua de vocês porque nós não nos comunicamos através da fala dentro d’água.

– Terceira pergunta... Como é a sociedade de sereias e tritões?

– Bom, é formada por famílias. Cada família vive em sua casa que são de várias formas. A minha, por exemplo, vive dentro de uma caverna. – Ela olhou para mim para ver se eu tinha entendido. – Mais alguma pergunta?

Assenti e ela aguardou.

– É... – Senti meu rosto queimar de vergonha. – As sereias têm... namorados?

Sarine começou a gargalhar da minha pergunta.

– Eu não tenho namorado, se é o que você realmente quer saber. – Ela levantou uma sobrancelha.

– N-Não... Não era isso que eu... Er... – Gaguejei.

– Ok Elliot, ok. – Ela sorriu para mim. – Bom, a relação entre sereias e tritões é bem absurda. Quando uma sereia chega na fase adulta, que é quando suas caldas ficam tão brilhantes que são capazes de serem enxergadas à noite, ela é escolhida por um tritão para ser sua mulher, lhe dar filhos e passar o resto da vida com ele.

Olhei para a calda brilhosa de Sarine.

– Você já...?

– Não, eu ainda não sou completamente adulta, mas estou quase lá. – Ela falou, triste. – Eu não quero ter nenhum tritão controlando a minha vida.

– Não tem como você negar ou... Fugir? – Perguntei.

– Não, o tritão vem atrás de mim se eu tentar fazer isso.

– Mas, as sereias não podem se apaixonar?

– Se apaixonar? – Ela deu uma risada de desdém. – Não existe isso no nosso mundo, Elliot.

– Então você nunca se apaixonou? – Perguntei, curioso.

– Não... Você sabe como é?

– Não... – Olhei para minhas mãos, envergonhado.

Um silêncio embaraçoso começou, mas felizmente Sarine resolveu mudar de assunto.

– Agora me deixe fazer minhas perguntas, ok?

Assenti.

– Além de peixes, o que os humanos comem? – Ela perguntou.

– Hmm, nós comemos várias coisas. Peixe, frango, carne e ainda tem os doces. Mas eu não tenho direito a essa variedade porque as comidas são muito caras.

– Ok... Como é a sua casa?

– Pequena. Feita de madeira e têm vários móveis. Como uma cama para a gente dormir, uma mesa para a gente comer e cadeiras para a gente sentar. – Expliquei para ela.

– O que você faz o dia inteiro?

– Bom, eu vendo os peixes que o meu pai pesca para podermos ter dinheiro e sobreviver. Depois eu vou para a escola... Para aprender sobre... As coisas da vida. E aí eu tomo conta da minha irmãzinha.

– Como é a sua família? – Ela apoiou a cabeça em sua mão e eu reparei como seu cabelo não se moveu de cima de seus peitos. Era como se estivesse grudado ali para não poderem ver.

Quando percebi, eu estava encarando.

Ah não me julguem, eu sou um homem.

– Er... – Desviei meu olhar. – A minha família? Bom, tem o meu pai que não liga muito para mim, a não ser quando o assunto é pra trabalhar para ele; tem a minha irmãzinha Daisy de 6 anos e ela é completamente fascinada por sereias; e tem a Dona Ruby que é praticamente da minha família porque ela cuida da Daisy e brinca com ela como se fosse sua avó.

– Essa Daisy deve ser muito fofa. – Sarine comentou.

– Ela é sim. – Sorri. – E a sua família? Como ela é?

– Bom, tem os meus pais e mais as minhas 4 irmãs e 3 irmãos. E nós não somos tão apegados quanto os humanos.

– Os seus pais tiveram 8 filhos? Wow.

– Essa quantidade é normal pra nossa espécie. – Ela explicou. – Hm, você tem amigos?

– Aham. Dois da minha escola. Eles se chamam Derek e Emily.

– Essa Emily é sua namorada?

– Ahn... Não. – Eu ri.

– Ué, mas não era pra todos os humanos terem namorados e namoradas? – Sarine perguntou, confusa.

– Não exatamente. Só se a pessoa se apaixona e o amor é correspondido. – Respondi, me perdendo em seus lindos olhos azuis.

Conversamos sobre vários assuntos durante o dia inteiro, até quando o céu começou a escurecer.

– Acho melhor eu ir. Meu pai deve estar irritado pra ter seu jantar e Daisy deve estar sentindo minha falta. – Falei e ela assentiu. – Seus pais não sentem sua falta?

– Eles já se acostumaram da minha caça às jóias, então nem se perguntam mais onde eu estou.

– Ok. – Falei, me levantando. – Vamos nos ver amanhã?

Ela fingiu pensar e depois assentiu, rindo.

– É melhor nos vermos à noite porque de manhã tem vários pescadores aqui e de tarde tem os banhistas ou pessoas passeando. – Sugeri.

– Ok. Mas antes de você ir, fique com isto. – Ela me entregou a concha azul.

– A sua concha... Por que você quer que eu fique com ela?

– Porque assim, sempre que você estiver aqui para me encontrar, é só jogar a concha no mar que eu virei até você.

Eu apertei a concha na minha mão e a coloquei dentro do meu bolso.

– Ok. Até amanhã Sarine.

Ela sorriu e nadou de volta para o mar.

Acenei até que sua calda desaparecesse e corri em direção a casa da Dona Ruby.

Quando cheguei lá, Daisy veio correndo me abraçar, mas eu não conseguia prestar atenção em nada do que ela dizia.

Tudo o que eu conseguia pensar era que eu tinha acabado de fazer amizade com uma sereia.

E que eu a veria de novo no dia seguinte.

– Elliot? – Dona Ruby me chamou a atenção. – O seu olhar está vago. Aconteceu alguma coisa, querido?

– Ahn... Não, não aconteceu nada. – Falei.

– Você conheceu a pessoa da minha previsão, não conheceu? Eu sabia que ela ia mexer com o seu coração!

– Do que ela ta falando, Elliot? – Daisy perguntou.

– Ahn, nada. Vamos pra casa, ok?

Ela assentiu e nos despedimos de Dona Ruby.

Depois de levar uma bela de uma bronca do meu pai e fazer nosso jantar, fui dormir na cama que eu dividia com Daisy porque não tínhamos dinheiro para comprar outra.

– Boa noite, meu anjo. – Falei no seu ouvido e a abracei para me aconchegar.

– Boa noite, Elliot. Sonhe com as sereias. – Ela repetiu sua frase de toda noite.

Mas ao contrário de toda noite, eu iria realmente sonhar com as sereias.

Bem, com uma específica.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Mereço reviews? Ah! Se não for pedir demais... Será que vocês podem indicar a fic? Significaria muito pra mim, galera (: Beijos.