Meio-sangue escrita por gsiqc


Capítulo 8
Os instintos de bode de Elliot


Notas iniciais do capítulo

elliot é uma graçinha, se um sátiro vier me buscar, tomara que ele seja que nem ele! hahaha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/196588/chapter/8

– Bom dia! Chegaram fantasias novas, querem ver? - Perguntou a mulher, um sorriso incrível no rosto e agitando as mãos como se estivesse muito feliz.
– Claro. - Disse Summer, virando de costas para a rua do restaurante. - Preciso de duas perucas, óculos, bigodes, o que tiver.
A mulher sorriu calorosamente outra vez e foi buscar o que a garota pediu, trazendo junto uma fantasia de branca de neve curtíssima e uma máscara do pânico.
– Tem preferência em alguma fantasia? Trouxe essa, achei que talvez fosse gostar. - E empurrou para Summer as meias arrastão e o vestidinho amarelo e azul. Depois deu a Elliot a máscara do pânico e despejou em cima do balcão alguns óculos coloridos e perucas black power.
– Hã, não era bem isso que eu tinha em mente. - Disse, devolvendo a fantasia. - Que tal aquele casaco ali? Aquele azul?
Apontou para um casaco azul de tweed em estilo antigo, que estava pendurado junto com um elegante chapéu-coco preto. A mulher o pegou, franzindo a testa e lhe entregou o casaco. Depois olhou ansiosa para Elliot, ainda sorrindo com falsidade.
– Vou ficar com a peruca. - Disse o garoto, experimentando e rindo, mas suas risada saiu estranha, meio desesperada. - E o bigode falso.
Summer olhou para trás e vestiu o casaco com rapidez. De relance, viu algumas amostras de perfume numa bancada, um monte de vidrinhos cor-de-rosa brilhando. Inesperadamente, pegou-os e enfiou no bolso do casaco enquanto o sorriso cuidadosamente composto da mulher ia se desfazendo. Colocou o chapéu, pegou um óculos qualquer que estava no balcão e deu o dinheiro na mão da mulher.
– Obrigada.
Saiu do lugar quase correndo outra vez, suando feito louca.
– Porque isso está acontecendo? - Perguntou ela, limpando o suor da testa e dando o braço a Elliot para irem mais rápido. - Estou sufocada, estou sentindo uma vontade muito estranha de discutir ou bater em alguém. Meus punhos estão coçando.
– Tente não falar nada, tente reprimir. - Disse ele, os olhos inquietos. - Embora eu esteja sentindo a mesma coisa. Provavelmente ela não esperava nos encontrar aqui. Não tenho a menor ideia do que uma deusa como ela esteja fazendo em Nebraska, mas coisa boa não pode ser. Ela simboliza a discórdia, a destruição. Temos de ir embora logo. Se não veio atrás da gente, provavelmente está planejando algo maior.
Summer respirou fundo, afrouxando o botão do casaco que estava sob seu pescoço.
– E o que vamos fazer? Peguei algumas amostras de perfume e pensei em passar para confundir o cheiro. Você disse que esses... essas coisas nos encontram pelo cheiro, certo?
Elliot pensou um pouco, aumentando o ritmo da caminhada.
– Não, não, eu disse que monstros nos encontram pelo cheiro. Ela é uma deusa! Pegue seu vestido lilás e jogue ele fora. - Disse, convicto, apontando a lata de lixo mais próxima. Summer, desesperada, ignorou o que ele disse e espirrou em si o conteúdo de três frascos de uma vez e tossiu, impregnada. Depois abriu a bolsa de couro preto que carregava consigo e tirou o vestido esfarrapado de lá. - Está com um cheiro horrível de monstro e sangue, vai confundi-la por um tempo e talvez fazê-la se esquecer de nós e querer caçar o monstro. Vamos tentar ser discretos. Quando ela se lembrar de nós novamente, já vamos ter chegado até Trillian e estar longe daqui.

Summer controlou seus nervos, jogando o vestido fora. Estava mesmo com um cheiro ruim, mas presumiu que fosse suor, não monstro. Aliais, perguntou-se se cheirava bem ou mal, porque monstros pareciam muito atraídos pelo o que ela era - mesmo que não soubesse muito bem o que aquilo significava.

Logo atrás, uma mulher alta de cabelos pretos brilhantes e olhos igualmente negros caminhava com destreza no meio das pessoas, e embora fosse muito bonita, emanava algo de tragédia em seu caminhar lento e despreocupado. Ao seu redor, por onde quer que passasse, as pessoas pareciam ficar inesperadamente sucetíveis a discuções e brigas. Além disso era muito confiante, a postura ereta como uma madeira de cerca, e a expressão grotesca e hostil, em contrapartida com a roupa que trajava - um vestido preto de couro chamuscado. E enquanto andava, curiosa com o cheiro de monstro que sentia, ela sorria sozinha como se pudesse, de alguma forma, sentir e apreciar a desgraça que pairava no ar.
– Vamos, só mais um pouco...
Elliot mancou até o outro lado da rua, livrando-se dos acessórios e virou-se para trás, certificando-se que ninguém estava olhando. Queria fazer isso fazia muito tempo, mas não havia tido oportunidade. Seus pés doíam, apertados, e ele então finalmente fez. Arrancou subitamente os tênis de cano alto dos pés e soltou um suspiro alto de alívio.
Summer no mesmo instante parou, estupefada. Quase caiu no chão, dura, de tanto susto. Elliot agora não tinha pernas. Havia duas patas peludas de bode e cascos no lugar de pés.
– Oh, meu Deus. - Disse a garota, mas não teve tempo de lhe dizer mais nada, porque o Sátiro a puxou e começou a correr como um verdadeiro bode montanhês.
– Eu sei, desculpe. - Ele murmurou, correndo por entre as árvores. - Mas você tem de se acostumar. Sou um Sátiro, você veria de alguma forma ou outra minha metade bode.
– Sim, mas... É estranho! É muito estranho! - Gritou, avistando finalmente Trillian. Deu mais uma olhada no pelo escuro que emanava abundantemente das patas de Elliot e fez uma careta. Depois subiu o mais rápido que pode no Grifo e deram partida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meio-sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.