Razões Pra Sonhar escrita por Mel Stryder


Capítulo 5
Capítulo 4




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– Capítulo 4;


Me afastei do Murilo e comecei a andar meio que só. Eles pararam em um café, mas eu disse que ia até o lago. Me aproximei e sentei por ali. Vi mães passeando com seus filhos. Um casal de mãos dadas e seu filho correndo em frente e comecei a chorar. Lágrimas caíam sem a minha permissão.

– O que foi? – Era uma voz feminina, Mikaila.

– Nada não – Falei enxugando as lágrimas.

– Foi por causa da maneira que falei com você? Me desculpe eu só estava com...

– Ciúmes – Completei e ela me encarou – Você gosta dele.

– Você também, né?

– Não, eu só o vejo como um amigo. Ele foi meu primeiro amigo homem se você quer saber.

Ela sentou-se ao meu lado.

– Você nunca teve amigos?

– Sabe, eu não sou essas meninas gostosas, que saem em capa de revista. Me mudo de casa um zilhão de vezes por ano. Meus pais me odeiam...

– Realmente me desculpe por falar daquele jeito com você. Entendo um pouco da sua parte. Me chamam de “quatro olhos” o tempo todo.

– Mas você é linda – a encarei – É loira dos olhos azuis e tem um corpo bonito. Quando você passa os meninos te olham. Já eu: Eu uso aparelho, óculos e a minha cara, é terrível.

– Não fale assim de você. É linda sim e ponto final. Vem, vamos tomar um café – Ela falou se levantando – Daqui a duas semanas você vai conhecer as meninas, tenho certeza de que vão gostar tanto de você quanto eu.

Eu sentei ao entre a Mika e o Gilberto.

– Você vem da onde? – O Gilberto me perguntou.

– Rio. E você?

– Minas.

– E você Mika? – Perguntei.

– Rio Grande do Sul.

Eu e a Mika começamos a conversar e os meninos a falar de futebol, até na França é assim?

– Máh, que tal irmos ao shopping? – Eu bem que precisava de umas roupas de frio.

– Claro, será divertido. Podemos ir no meu carro?

– Sim. Tchau meninos – Ela beijou a bochecha do Gilberto e beijou o cantinho da boca do Murilo.

– Tchau meninos – Falei timidamente e voltamos para a escola. Pegamos o meu carro e ela foi me guiando.

Chegamos, estacionei e entramos.

– Onde vende roupas de frio? – Perguntei.

– Tem uma loja que eu acho ótima. Vamos lá, depois vamos comprar roupas para sair, sapatos, all-stars, acessórios...

– Hm, claro.

Fomos até a loja e realmente era super linda. Vendia cada coisa perfeita para frio. Comprei casacões, casacos, suéteres, pulôveres, calças, cachecóis... A Mika também comprou. Depois demos mais umas voltas e compramos o resto.

– Sua família é rica? – Ela me perguntou.

– É... Minha mãe me deu um cartão sem limites para eu não ter que... – As lágrimas começaram a cair – Que falar com eles para pedir dinheiro.

– Sinto muito.

– Tudo bem, e a sua?

– É, é muito rica, mas eu não ligo pra isso. Meu pai é um esnobe que se casou com uma insuportável.

– Tô com fome. Vamos comer alguma coisa. Algo Francês!

– Tem um lugar que vende éclairs deliciosos. É um tipo de doce muito bom.

– Vamos lá então.

A Mika era super legal. Acho que finalmente achei alguém que se parece comigo e que entende basicamente a minha situação. Chegamos ao local ela fez os pedidos, pegamos e nos sentamos. Mordi um pedaço.

– Nossa! Essa coisa é muito boa.

– Agora só falta você aprender francês...

– Bem... O Murilo se ofereceu pra me ajudar, mas se você não quiser eu...

– Não – Ela me interrompeu – Ele é seu amigo e não quero que ele desconfie de nada. Vamos? Tá ficando tarde...

– Uhum.

Pegamos as nossas “poucas” sacolas, arrumamos tudo no carro e voltamos pro colégio. Entramos, a Mika pegou a chave dela do quarto abriu. Eu joguei tudo no chão e me joguei na cama. Fechei os olhos por um tempo.

– Com sono? – Ela perguntou.

– Não.

Levantei desempacotei tudo, peguei as minhas malas e comecei arrumar as minhas roupas, sapatos, acessórios... A Mika fez o mesmo. Terminamos e já era noite.

– Mika onde é o banheiro? – Perguntei meio sem graça.

– Ali – Ela apontou para uma portinha bem discreta – Eles escondem mesmo. Ano retrasado eu fiquei que nem uma louca procurando.

– Você quer ir tomar banho primeiro?

– Não, pode ir. Depois iremos ao refeitório jantar, ok?

– Ok.

Peguei uma camisa de lã com mangas longas amarela e um vestido branco com alcinha. Entrei e era parecendo àqueles banheiros de hotel, com banheira e uma ducha. Fui na ducha mesmo, tomei um banho rápido, me vesti, passei um rímel e saí.

– Pode ir – Falei.

Ela pegou sua roupa e entrou. Fui ao closet peguei uma sapatilha amarela minha que combinava com a camisa e coloquei. Ela saiu com uma camisa de manga curta azul bebê, uma calça jeans branca e uma sapatilha azul bebê. Uma maquiagem bem linda.

– Vamos? – Ela falou.

– Claro.

Saímos do prédio e fomos para outro que era tipo aqueles restaurantes de senha, sabe?

– Vai ter que falar inglês.

– Mas todos os funcionários não são treinados para falas as quatro línguas?

– Menos esse prédio. Nem francês eles falam aqui, é tudo americano.

– Bem, eu morei uma época na Califórnia, pelo menos não vou me dar tão mau assim.

Entramos na fila e chegou à vez da Mika.

– A hot mix with a small portion of salad (Um misto quente com uma porção pequena de salada)

– And to drink? (E para beber?)

– Orange juice (Um suco de laranja)

A mulher imprimiu o bilhete da Mika e entregou.

– And you? (E você?)

– I'll have a cheeseburger and a small portion of salad and grape juice. (Eu vou querer um cheeseburger com uma porção pequena de salada e um suco de uva)

Ela me entregou o bilhete e eu fui me sentar com a Mika.

– Você não é tão ruim.

– Obrigada.

Nos sentamos esperamos, até que chamam os nossos bilhetes. Pegamos os nossos pedidos, sentamos e começamos a comer, logo chega o Murilo e o Guilherme com seus pratos. O Murilo senta do meu lado e o Guilherme no lado da Mika. Eu lancei um olhar de desculpas pra ela.

– Máh, podemos começar amanhã? As aulas de francês... – Olhei pra Mika e ela estava comendo o misto com raiva...

– Pode ser... – Sorri.

Começamos a conversar e o Murilo tentava entrar no assunto das aulas, eu fazia o possível e o impossível para cortá-lo.

– Vamos Mika? Eu tô cansada... O shopping cansou – Tentei mentir, queria conversar com ela.

– Ok. Tchau garotos.

Ela saiu sem falar com ninguém, fomos pro quarto e eu me sentei em minha cama.

– Mika... Me desculpe, eu não queria que o Murilo ficasse falando.

– Não é sua culpa, tá? Eu tô irritada, vou dormir senão vou acabar fazendo besteira.

Ela entrou no banheiro e depois de uns 10 minutos saiu deitou-se em sua cama. Levantei fui ao banheiro, tomei um banho e me olhei no espelho: meu corpo era lindo, eu tinha que admitir. Meu rosto era lisinho, não tinha uma espinha sequer. Meu cabelo não era aqueles lisos e macios das patricinhas, mas era bonitinho. Respirei fundo, me vesti e deitei na cama. Ô caminha boa, adormeci rapidamente.

Acordei. Hoje era que dia? Sexta-feira. Abri os olhos e fiquei mais ou menos uns 15 minutos na cama, tomei coragem e levantei. A Mika não estava na cama, fui ao banheiro e a porta estava aberta, entrei e ela não estava lá, olhei no closet e ela também não estava.

Fui até sua cama e vi um bilhete:

“Máh, eu tô indo na cafeteria aqui em frente com os meninos, tá?

Beijos, Mikaila”

Fui ao banheiro, tomei um banho. Hoje não estava tão frio. Coloquei um camisão amarelo, calça jeans preta. Um all-star de cano alto amarelo. Eu não queria tomar café aqui, mas eu não sabia francês. Abri meu notebook e fui pesquisar locais em que se falam inglês, logo sinto uma mão em meu ombro.

– Oi. Está fazendo o quê?

– Oi Murilo. Não achei que estivesse por aqui.

– Por quê?

– A Mikaila deixou aquele aviso – Apontei pra cama.

– Ah, o grupo dela chegou mais cedo e eles saíram. Até me chamaram, mas eu não tava muito afim. Mas então tá fazendo o quê?

– Pesquisando lugares que falam inglês por aqui. Não quero tomar café aqui.

– Hm, posso te acompanhar? Só se você quiser, é claro.

– Pode ser legal.

– Então, eu conheço uma cafeteria aqui que tem um café delicioso.

– Vamos. Deixa só eu pegar meu casaco.

Eu sabia que a Mikaila não iria gostar, mas ele é meu amigo e ela não vai poder mudar isso. Meu primeiro amigo pra ser sincera.

– Tô pronta! – Sorri.

– Seu sorriso é lindo – Ele disse e eu corei.

– O-obrigada.

Saímos e andamos lerdamente conversando coisas sem sentindo. Chegamos a uma cafeteria bem linda, entramos e nos sentamos.

– Eles falam que língua aqui? – Perguntei e ele riu.

– Inglês.

– Good morning, which will want? (Bom dia, o que vão querer?)

– You could get me the menu? (Você poderia me conseguir o cardápio?)

– Of course. (Claro).

Ela trouxe o cardápio e eu vi, tanta coisa deliciosa.

– You get me a grilled cheese with a coffee? (Você me consegue um queijo quente com um café?).

– Of couse, my dear. (Claro minha querida).

Continuamos a conversar, sobre meu passado, o dele dentre outras coisas até que a garçonete trás os pedidos.

– Here. (Aqui).

– Thank you. (Obrigada).

Comecei a comer.

– Não vai pedir nada?

– Já tinha comido no colégio.

– Então por que veio?

– Porque eu estava sem fazer nada, mas se não quer minha companhia...

– Não é isso. Eu sou uma pessoa curiosa. – Ele riu.

– Percebe-se.

Terminei de comer.

– Vamos? – Eu falei.

– O que acha de darmos uma volta pela praça.

– Pode ser – Sorri.

Paguei e fomos andando. Chegamos à praça, aquela mesma praça em que eu chorei. Nós sentamos na grama.

– Acho que eu já falei bastante sobre mim, me conte agora sobre você.

– Que tal um jogo de perguntas e respostas? Você me faz cinco perguntas e eu respondo depois trocamos tá?

– Pode ser. Você é brasileiro ou francês?

– Brasileiro, carioca. Eu já te contei isso. Na primeira vez que nos vimos.

– Esqueci – Fiz careta – Segunda pergunta: Você está apaixonado ou se apaixonou?

– Paixão por artes conta?

– Nenhuma menina?

– Já me apaixonei sim por uma francesa, mas ela só ligava pra aparência e eu sofri com isso, mas é passado.

– Você é um artista?

– Sim. Eu pinto.

– Um dia eu vou conhecer suas artes? – Perguntei curiosa.

– Hoje à noite, quando você vier ao meu quarto para as aulas de francês.

– Ótimo! – Ia fazer outra pergunta e ele colocou os dedos em meus lábios.

– Já fez cinco perguntas. Agora é minha vez.

– Tô ferrada! – Ele sorriu, seu sorriso era muito bonito.

– E você? Já se apaixonou?

– Sim, mas amei em silêncio. Eu tinha uma aparência pior que essa na época. E ele era o mais popular do colégio.

– Hm, o que mais gosta de fazer?

– Escrever.

– O que você escreve?

– Um pouco de tudo...

– Já escreveu algum livro?

– Estou terminando.

– Quando você terminar poderei ler?

Quando eu ia responder a Mikaila chegou com o seu grupo.

– Oi Murilo. Oi Marina.

– Oi Mikaila – Respondi.

– Oi Mika.

– Foi dela que você falou? Ela parece ser legal – Uma menina falou. Ela era linda!

– Cala a boca Nick – Ela nos olhou – Podemos ficar com vocês?

– Claro – O Murilo respondeu.

– Marina e Murilo esses são os meus amigos, Nicolle Bonnet – Ela apontou pra menina que falou anteriormente – o Guilherme Leroy vocês já conhecem – Ele sorriu – Alexia Blanc – Ela apontou para uma menina com um estilo meio gótico – e o Luis Morin – Aponto pro menino que estava com o braço envolto da Alexia.

– Murilo Mendes – O Murilo falou.

– Marina Martinis – Falei timidamente.

– Nós sambemos quem você é, a Mikaila não para de falar sobre você.

– Calada Nick – A Mikaila falou nervosa.

– Nervosa com o que Mikaila? Você não pediu nada – A Alexia falou.

– Alex, vem cá – A Mikaila a chamou para um canto.

– Iai? Você é do Brasil né? – A Nicolle virou-se para mim. Ela tinha um sotaque francês.

– Sim, do Rio.

– Eu sempre tive vontade de ir, mas meus pais não deixam.

– Você é da família Bonnet? Uma das mais ricas de Paris?

– Isso mesmo, somos parisienses, mas eu bem que não queria ser...

– E por que não?

– Tipo, não é que eu não goste da minha origem é que eu não sou lá muito fã da minha família. Eles só ligam para aparência – Ela olhou pro Guilherme.

As meninas voltaram. A Alexia deitou-se no colo do Luis, o Guilherme passou a mão pela cintura da Nicolle e a Mikaila bem próximo ao Murilo.



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