O Juiz E A Serviçal escrita por judy harrison


Capítulo 15
Intervenção


Notas iniciais do capítulo

Keller subiu a bancada disposto a absolver Novella, mesmo que os jurados votassem por sua condenação. Mas por intervenção do Bispo, a sessão foi adiada, levando o Juiz ao estresse emocional.



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Keller voltou ao tribunal. Sentia seu corpo trêmulo, estava tenso como nunca antes. Não era só por estar loucamente apaixonado pela acusada, e certo de sua inocência. A pressão com que lidava era grande. Ele sabia que se Novella fosse declarada inocente pelos jurados, o bispo poderia intervir.

Mas não contava com um fato que agravaria ainda mais sua agonia. Ao pedir o veredito aos jurados, a resposta foi perturbadora.

_ Ainda não decidimos, Meritíssimo. Precisamos saber se o depoimento daquele médico é verídico. – disse o porta-voz.

Ele queria ordenar que acabassem logo com aquilo, e livrassem logo Novella da pena de morte. Mas tinha que se conter, pois aquele era um detalhe que lhe havia escapado devido ao seu envolvimento pessoal.

_ De quanto tempo precisam?

_ Mais um dia. Temos que ter certeza de que ele não é uma pessoa desequilibrada, ou que Novella não participou do ato.

Impaciente, Keller concedeu o tempo a eles, e anunciou:

_ Os advogados aproximem-se.

Thompson o encarou com indagação. Não devia ter mais nenhum dia, a decisão tinha que ser tomada.

_ Os senhores tem mais uma chance para provar quem é o culpado pela morte de Andy Cal.

_ Mas, Meritíssimo, o médico confessou! – disse Thompson inconformado.

_ Ele confessou, mas pode responder pelo seu próprio crime, não o de Ramona. Providenciem provas para amanhã.

_ Meritíssimo, eu estou abandonando o caso. – disse Romer.

_ Mas... não pode! – Thompson disse impulsivamente. Romer era um advogado fraco e inexperiente e sua defesa contestável.

_ É claro que ele pode! – disse Keller recebendo do amigo um olhar de decepção – Apenas justifique sua decisão, senhor Romer.

_ Em minha opinião Ramona é culpada. E eu não sei mais o que fazer para livrá-la desse crime.

Visivelmente irritado, Thompson quase o segurou pela torga.

_ Não seja covarde, Romer! Não faça isso comigo!

Mas Romer riu.

_ Não se julga o melhor da região? Vamos ver se com o Bispo você brinca! Pois é com um advogado dele que você vai lutar.

Thompson ficou chocado, não diferente de Keller.

Mas o Juiz tinha que prosseguir, e disse aos presentes:

_ Esta corte está concedendo à senhora Ramona o direito de defesa das acusações feitas pelo senhor doutor Johnson. Por essa razão o veredito foi adiado para amanhã. A sessão terá início no mesmo horário.

Enquanto Keller saia da bancada, Thompson o observava, queria correr atrás dele e fazê-lo mudar aquela decisão. Mas não havia nada que fazer.

No seu gabinete, Keller esmurrava a mesa, estava fora de si e rosnava com ódio. Sabia que o bispo interveio entre os jurados, Novella não teria a menor chance.

Precisava desabafar ou enlouqueceria. E foi à casa de Mira.

Thompson deu a notícia a Novella.

_ Acho que serei condenada, mas não me importo. Diga a ele que acabe com isso!

_ Novella, isso não pode ser.

Brevemente Thompson explicou a ela o que aconteceria se ela fosse condenada. Em desespero ela o abraçou.

_ Não! Keller não vai deixar! Ele prometeu me proteger!

A situação parecia irreversível, pois não havia mais nada que pudesse reforçar a inocência dela.

Thompson achou melhor não deixar Novella sozinha e ordenou que ela fosse solta, alegando que o juiz permitiu que ela fosse fazer um exame médico.

_ Vou deixar você com Mira.

Novella estava calada, pois seu mundo parecia estar desabando sobre sua cabeça. Ela pensava em Keller e não o culpava, pois sabia que ele estava sendo pressionado a absolver Ramona.

Pretendia não vê-lo mais, para que ele fizesse o que o bispo desejava.

Mas para sua surpresa, ao entrar na casa de Mira, Keller foi a primeira pessoa que viu.

_Keller! – ela não se conteve e correu para os braços dele e o apertou ao seu corpo como se nunca mais quisesse deixa-lo – Eu vou morrer, Keller, mas não deixe que tirem você do seu trono! – ela disse em prantos.

Sem conseguir dizer uma palavra, Keller estava desnorteado. Sua voz calada pela tristeza e revolta, estava presa na garganta. Mas seus olhos molhados falavam por si.

Mira se aproximou.

_ Novella, venha comigo. Keller e Thompson precisam conversar.

Elas foram para a cozinha e os deixaram lá.

Thompson tentou falar.

_ Eu não sabia que o encontraria aqui. – Keller ainda olhava para o chão, estava calado – Não vai me repreender, dizer que abusei da amizade que tenho com o juiz para tirar minha cliente da cela?

Ele o encarou, estava abatido.

_ O Juiz a quem se refere está à beira da loucura, e se condena por ter se envolvido nesse julgamento... Ele não tem mais autoridade para julgar.

Thompson conhecia as leis. E uma delas rezava que quando um juiz era parente ou muito íntimo de um réu, não podia presidir o julgamento.

_ Não pode deixar esse caso, Keller! – ele disse com a voz cheia de medo -  Nunca fez isso antes, nunca deixou um caso pela metade!

Ele se riu, triste.

_ Eu nem mesmo me dei conta de que aquela mulher não se defendeu das acusações feitas contra ela! Não vou conseguir ir até o fim, vou cometer um erro, e então estará tudo perdido.

_ Fala de sua carreira? E Novella? Vai abandoná-la?

_ É você o defensor dela, Tom!

_ Keller... Ninguém nessa Terra terá compaixão de Novella! Eu não tenho mais nada para defende-la! – ambos estavam tensos.

_ Talvez, se eu não estiver envolvido possa ajuda-la de alguma forma.

_ Vai testemunhar a seu favor?

Eles sorriram um pouco.

_ Não brinque, Tom.

Então, Thompson teve uma ideia imediatamente.

_ Brincar... É isso! - abriu um sorriso animado.


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Notas finais do capítulo

Olá, para quem acompanha essa fic, primeiramente obrigada, e em segundo lugar quero avisar novamente que a trama se passa em um lugar onde suas próprias leis foram redigidas, nada a ver com a constituição do Brasil ou qualquer outro país. Obrigada pela leitura.



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