O Juiz E A Serviçal escrita por judy harrison
Notas iniciais do capítulo
Keller subiu a bancada disposto a absolver Novella, mesmo que os jurados votassem por sua condenação. Mas por intervenção do Bispo, a sessão foi adiada, levando o Juiz ao estresse emocional.
Keller voltou ao tribunal. Sentia seu corpo trêmulo, estava tenso como nunca antes. Não era só por estar loucamente apaixonado pela acusada, e certo de sua inocência. A pressão com que lidava era grande. Ele sabia que se Novella fosse declarada inocente pelos jurados, o bispo poderia intervir.
Mas não contava com um fato que agravaria ainda mais sua agonia. Ao pedir o veredito aos jurados, a resposta foi perturbadora.
_ Ainda não decidimos, Meritíssimo. Precisamos saber se o depoimento daquele médico é verídico. – disse o porta-voz.
Ele queria ordenar que acabassem logo com aquilo, e livrassem logo Novella da pena de morte. Mas tinha que se conter, pois aquele era um detalhe que lhe havia escapado devido ao seu envolvimento pessoal.
_ De quanto tempo precisam?
_ Mais um dia. Temos que ter certeza de que ele não é uma pessoa desequilibrada, ou que Novella não participou do ato.
Impaciente, Keller concedeu o tempo a eles, e anunciou:
_ Os advogados aproximem-se.
Thompson o encarou com indagação. Não devia ter mais nenhum dia, a decisão tinha que ser tomada.
_ Os senhores tem mais uma chance para provar quem é o culpado pela morte de Andy Cal.
_ Mas, Meritíssimo, o médico confessou! – disse Thompson inconformado.
_ Ele confessou, mas pode responder pelo seu próprio crime, não o de Ramona. Providenciem provas para amanhã.
_ Meritíssimo, eu estou abandonando o caso. – disse Romer.
_ Mas... não pode! – Thompson disse impulsivamente. Romer era um advogado fraco e inexperiente e sua defesa contestável.
_ É claro que ele pode! – disse Keller recebendo do amigo um olhar de decepção – Apenas justifique sua decisão, senhor Romer.
_ Em minha opinião Ramona é culpada. E eu não sei mais o que fazer para livrá-la desse crime.
Visivelmente irritado, Thompson quase o segurou pela torga.
_ Não seja covarde, Romer! Não faça isso comigo!
Mas Romer riu.
_ Não se julga o melhor da região? Vamos ver se com o Bispo você brinca! Pois é com um advogado dele que você vai lutar.
Thompson ficou chocado, não diferente de Keller.
Mas o Juiz tinha que prosseguir, e disse aos presentes:
_ Esta corte está concedendo à senhora Ramona o direito de defesa das acusações feitas pelo senhor doutor Johnson. Por essa razão o veredito foi adiado para amanhã. A sessão terá início no mesmo horário.
Enquanto Keller saia da bancada, Thompson o observava, queria correr atrás dele e fazê-lo mudar aquela decisão. Mas não havia nada que fazer.
No seu gabinete, Keller esmurrava a mesa, estava fora de si e rosnava com ódio. Sabia que o bispo interveio entre os jurados, Novella não teria a menor chance.
Precisava desabafar ou enlouqueceria. E foi à casa de Mira.
Thompson deu a notícia a Novella.
_ Acho que serei condenada, mas não me importo. Diga a ele que acabe com isso!
_ Novella, isso não pode ser.
Brevemente Thompson explicou a ela o que aconteceria se ela fosse condenada. Em desespero ela o abraçou.
_ Não! Keller não vai deixar! Ele prometeu me proteger!
A situação parecia irreversível, pois não havia mais nada que pudesse reforçar a inocência dela.
Thompson achou melhor não deixar Novella sozinha e ordenou que ela fosse solta, alegando que o juiz permitiu que ela fosse fazer um exame médico.
_ Vou deixar você com Mira.
Novella estava calada, pois seu mundo parecia estar desabando sobre sua cabeça. Ela pensava em Keller e não o culpava, pois sabia que ele estava sendo pressionado a absolver Ramona.
Pretendia não vê-lo mais, para que ele fizesse o que o bispo desejava.
Mas para sua surpresa, ao entrar na casa de Mira, Keller foi a primeira pessoa que viu.
_Keller! – ela não se conteve e correu para os braços dele e o apertou ao seu corpo como se nunca mais quisesse deixa-lo – Eu vou morrer, Keller, mas não deixe que tirem você do seu trono! – ela disse em prantos.
Sem conseguir dizer uma palavra, Keller estava desnorteado. Sua voz calada pela tristeza e revolta, estava presa na garganta. Mas seus olhos molhados falavam por si.
Mira se aproximou.
_ Novella, venha comigo. Keller e Thompson precisam conversar.
Elas foram para a cozinha e os deixaram lá.
Thompson tentou falar.
_ Eu não sabia que o encontraria aqui. – Keller ainda olhava para o chão, estava calado – Não vai me repreender, dizer que abusei da amizade que tenho com o juiz para tirar minha cliente da cela?
Ele o encarou, estava abatido.
_ O Juiz a quem se refere está à beira da loucura, e se condena por ter se envolvido nesse julgamento... Ele não tem mais autoridade para julgar.
Thompson conhecia as leis. E uma delas rezava que quando um juiz era parente ou muito íntimo de um réu, não podia presidir o julgamento.
_ Não pode deixar esse caso, Keller! – ele disse com a voz cheia de medo - Nunca fez isso antes, nunca deixou um caso pela metade!
Ele se riu, triste.
_ Eu nem mesmo me dei conta de que aquela mulher não se defendeu das acusações feitas contra ela! Não vou conseguir ir até o fim, vou cometer um erro, e então estará tudo perdido.
_ Fala de sua carreira? E Novella? Vai abandoná-la?
_ É você o defensor dela, Tom!
_ Keller... Ninguém nessa Terra terá compaixão de Novella! Eu não tenho mais nada para defende-la! – ambos estavam tensos.
_ Talvez, se eu não estiver envolvido possa ajuda-la de alguma forma.
_ Vai testemunhar a seu favor?
Eles sorriram um pouco.
_ Não brinque, Tom.
Então, Thompson teve uma ideia imediatamente.
_ Brincar... É isso! - abriu um sorriso animado.
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Olá, para quem acompanha essa fic, primeiramente obrigada, e em segundo lugar quero avisar novamente que a trama se passa em um lugar onde suas próprias leis foram redigidas, nada a ver com a constituição do Brasil ou qualquer outro país. Obrigada pela leitura.