O Juiz E A Serviçal escrita por judy harrison


Capítulo 14
Testemunho final 2


Notas iniciais do capítulo

Johnson conta enfim como Andy foi morto. E Keller é novamente pressoinado a absolver Ramona.



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Thompson continuou.

_ Ramona deixou que você falasse com Novella?

_ Sim, mas eu queria... possuí-la, e fiquei escondido até elas chegarem da igreja. Eu pensei que pudesse depois deixa-la e ir embora, sem me comprometer. Mas Ramona disse que Novella não sairia do quarto se o bebê estivesse com ela. Então eu sugeri que ela desse um sonífero a Novella dentro do chá, e depois ela daria um jeito de fazer o bebê dormir. – enquanto ele falava não se ouvia um sussurro sequer.

_ Qual era sua intenção, senhor Johnson?

Ele respondeu envergonhado.

_ Eu queria... possuí-la a força. Depois iria embora. Novella jamais saberia. – ele parou um pouco, se lembrava de quão tolo foi. – Mas quando Novella adormeceu o bebê caiu no chão e começou a chorar. Ramona o pegou, disse que era para eu terminar logo e ir embora...

_ Por que Ramona tinha interesse nisso? – era uma pergunta que todos se faziam.

_ Disse muitas vezes que sua juventude a irritava, que queria ter um homem, mas todos que se aproximavam dela eram para perguntar sobre Novella, sempre sobre ela.

_ O que houve quando ela pegou o bebê.

Johnson se apavorou um pouco.

_ Ele não parava de chorar e ela estava gritando para eu acabar logo com aquilo! Eu não tive coragem! Então ela... ela apertou a boca do menino com força, para ele ficar quieto e me mandava prosseguir! – nesse momento ele estava chorando – Eu fechei a porta, para não ver aquela cena, e esperei pra que ela pensasse que eu toquei em Novella. Mas então... Ramona começou a gritar que o bebê tinha morrido...

_É mentira! É mentira! – Ramona gritou se levantando e caindo em pranto. Os meirinhos a seguraram.

_ O que houve depois, senhor Johnson?

Ele suspirou forte para terminar.

_ Eu sai depressa e peguei o bebê, ele não tinha mais pulso. Eu o coloquei no tapete e abri suas roupas, ia fazer uma massagem no peito dele, mas já era tarde... – novamente ele passou a chorar – Ela estava apavorada e me pediu para me livrar dele... E eu não sabia o que fazer. Daí eu o embrulhei no cobertor e deixei lá, na beira da rua...

Johnson estava com náuseas e desnorteado. Thompson declarou ainda algo para a corte.

_ Novella havia me contado que na noite anterior àquela, quando banhava seu irmão, ele escorregou da bacia, e para ele não cair ela o segurou com firmeza pelo braço, o que causou os hematomas. Mas não havia forma de alguém saber dos hematomas. A não ser que tirassem suas roupas. Johnson o fez, e ele mesmo se entregou. – olhou para Romer que se rendeu a sua verdade. – Esse foi o detalhe que me levou a verdade dos fatos. Obrigado, Meritíssimo.

Houve um silêncio assustador naquele momento, e só se ouvia a voz baixa de Ramona rezando.

_ Haverá um recesso de vinte minutos. – disse o juiz. Ele saiu e foi para seu gabinete.

Ramona não se atrevia a olhar para os lados. Se sentia tão envergonhada que soltou seu longos cabelos e os colocou sobre o rosto.

Thompson foi até a cela de Novella. Ela não ouviu nada do que foi dito, mas Thompson achou por bem lhe contar em poucas palavras. Ela chorou muito por saber que viveu toda sua vida sob o teto de uma mulher tão perversa.

_ Mesmo assim, - ela lamentou – acho que serei condenada.

_ O que está dizendo? Não há mais apelação, Novella! O caso está encerrado!

_ Keller tem que me condenar, ou perderá seu cargo de juiz!

Thompson pediu explicações e ela lhe falou sobre a visita dos padres a Keller. E ele ficou chocado com a insensatez dos religiosos de Fraterna.

_ Não posso acreditar...

_ Acha que ele vai obedecer?

_ Eu o conheço bem, Novella. Mas não a esse ponto. Sinceramente eu não sei. Ser juiz é sua vida...

Keller também não sabia. Olhava para sua palavra na parede que parecia tão deturpada agora.

Novamente seus pensamentos foram interrompidos por um oficial que lhe trazia uma carta escrita pelo bispo que dizia: “ Meritíssimo Juiz Keller, sabemos de vossa compaixão pelas crianças de Fraterna. Mas queremos que reflita em seus benefícios se fizer exatamente o que já lhe foi proposto. Fraterna precisa de Vossa Excelência, e que faça justiça. Caso contrário, a cidade pode surtar em desacordo, o que não queremos, já que esse resultado o exumaria de seu precioso ofício. Sabes o quão ingrata é a população.”

_ Se eu pudesse, o faria engolir essas palavras... literalmente! – disse para si mesmo.

Mas as pressões não haviam terminado. Antes de voltar para o tribunal, ele foi surpreendido pelo padre da cidade que estava em frente a porta.

_ Como ousa invadir meu gabinete?

_ Eu não entrei, Meritíssimo, só vim para lembra-lo de que aquele médico tem problemas psicológicos e que deve desconsiderar seu depoimento.

_ Quem lhe ortogou o direito de advogar? – estava furioso – Ele foi cúmplice num assassinato!

_ Uma criança bastarda, sem nome...

_ Que tipo de deus vocês adoram? – disse enojado.

_ Ramona é mais importante para Fraterna do que aquela serviçal. E nosso Deus é o único que pode julgar de fato.

_ Saia da minha frente , seu cretino! – ele avançou contra o padre que se afastou.

_ Lembre-se de que o povo pede justiça!

O padre saiu e Keller estava decidido a fazer o que foi criado para fazer. E pensou em quantos conselhos seu pai lhe deu a respeito da imparcialidade.

_ Não vou decepcioná-lo, papai! A cidade de Fraterna terá o que merece!


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