Sem Dizer Adeus escrita por PinkNeonFantasy


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Quando você voltar
Tranque o portão
Feche as janelas
Apague a luz... E saiba que te amo.



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- QUANDO A GENTE VAI?!

- ESSE É O ESPÍRITO, UHULL!! – Pedrinho achou que Julie gritara de alegria. Ele sai pela casa comemorando.

- EU PERGUNTEI SÉRIO, MULEQUE!! – Julie está desesperada, ela corre atrás de Pedrinho. – Cadê o papai?!

- Ele tá aqui, no telef--

- Me dá aqui. – Julie pega o telefone. – Pai, quando que a gente vai? Amanhã?!

- Poderia ser. – O pai de Julie responde.

- O que..? Nãão!!! – Julie sente como que seu coração fosse sair pela garganta.

- Pois é, a gente pode ir a qualquer hora. Mas iremos só quando você e seu irmão acabarem esse bimestre na escola.

- ... Tá ... Tchau ... – Julie sente uma onda de alívio, e ao mesmo tempo sobrevém a ela uma forte ansiedade. Desligando o telefone, ela vai andando até a porta da saída.

- Onde çê vai? – Pedrinho pergunta.

- Vou .. procurar alguém.

- Quem?? Um garoto ..? Mas e o Daniel?

- Pedrinho, tchau.

- Olha só a hora, o papai vai brigar com você.

Pedrinho tem razão, Julie reconhece isso. Ela vai para seu quarto. Andando de um lado para o outro, ela pensava “Eu tenho que achar o Daniel... Ai eu tô com medo, e se ele não quiser me ver mais... E ele sabe-- .. Pera aí.” Julie para por um segundo. “Ele sabe como voltar pra Campinas! ... “  Ela pega seu celular e liga para Bia.

- Oii, amigaaa! – Bia atende alegre.

- Oi, Biaa. Por favor, me diz que o Daniel está aí...! – Julie quase implora.

- ..Pirou, Julie?

- ...Bia .. Eu vou poder voltar pra aí. – Julie não consegue organizar o que fala.

- .. JURA?

- .. Sim ...  É alguma coisa sobre a empresa que meu pai trabalha ter crescido, aí tem trabalhadores suficientes.. Aí a gente pode voltar..

- Amiga que ÓTIMOO!!

- É, bom né? ..

- ... Ah Você não parece estar feliz!! O que houve ..?

- .. Bia .. O Daniel me deixou..

- ...Como é?

- Ele sumiu, Bia! Não sei onde ele está! ... Mas sei com quem ele deve estar.

- Ai Julie, a gente aqui não tá sabendo de nada dele, ele não veio pra cá não .. Tem certeza que não é só uma daquelas ‘voltas por aí’ que ele dá?

- Não é isso, Bia, já fazem muitos dias .. Eu briguei com ele e com a Rebecca .. Acho que eles se cansaram de mim e se mandaram, amiga.. Sou desprezível.

- Não é não! E não pode ser isso, o Daniel não faria isso, Julie! – Bia discorda.

- Mas fez. – Julie diz, tirando as palavras de sua amiga. – O pior é que eu não consigo me conformar, Bia. Eu quero ele comigo, estou me sentindo sozinha..

- Ah Julie, não por muito tempo.. Quando você volta?

- Quando terminar esse bimestre.

- Hm .. Ainda tem quase um mês pra esperar pelo Daniel.

- Você acha?

- Aham! – Bia diz, dando esperanças a sua amiga. – Ele é um grosso e tudo mais, mas ele não faria isso com você, escuta o que eu digo.

- Vou procurar por ele.. – Julie pensa alto.

- Sabe onde ele possa estar?

- Não ... – Julie admite triste. – Bia, eu tô cansada, vou dormir..

- Tá. Não fica triste não, ele vai aparecer. O Daniel sabe que se ele bobear vai sofrer nas minhas mãos. Ninguém mexe com a minha amiga.

- Tá bom, amiga. – Julie ri um pouco. - Obrigada. Tchau..

- Tchau, beijos.

Julie se joga na cama. Essa situação sugava suas forças, ela conseguiu dormir logo, e dormir muito.

O fim de semana se passou cinza e entediante, o céu nublado não ajudou nada. O tempo frio só fazia Julie sentir mais solidão, no sofá da sala assistindo tv. Isso não passou despercebido por seu irmão. Pedrinho se senta ao lado de Julie.

Isso é maldade. Daí você chora pela pessoa, e ela sorri com outra.” Julie pensava, mal prestando atenção ao que passava na televisão, com um vazio no peito que aumentava a cada dia sem Daniel. “Quero você de volta...”.

Pedrinho, sem falar nada, só observava sua irmã, sabendo que alguma coisa estava muito errada. Ele se lembra de como dias atrás Julie ficava com os olhos brilhantes quando estava ao lado de Daniel. Ele também lembra que, quando estava de costas ou não estava vendo, Daniel beijava Julie de surpresa. Sabe bem disso porque, quando se virava, Julie estava corada olhando para Daniel. Teve também uma vez que Pedrinho estava jogando videogame e uma cena romântica dos dois pombinhos podia ser vista pela tela da televisão por causa do reflexo. Isso o fez perder no jogo.

- Juh, ele vai aparecer, eu sei disso. – Pedrinho assegura, e então abraça sua irmã.

O sorriso autêntico que Julie está agora é o primeiro depois de muito tempo.

Se todos estão dizendo que essa situação vai passar, Julie não seria a única contra, não é vantagem, nem para seu coração. Ela substitui sua tristeza por determinação.

Na segunda-feira de manhã, Julie estava se arrumando para ir à escola. Depois ela pretendia ir procurar por Daniel. Na rua, ela se dirigia para o ponto de ônibus, quando ia diminuindo o ritmo de seus passos, até parar.

- Quer saber, eu vou procurar o Daniel agora mesmo! – Julie diz para si mesma.

Ela corre até o prédio, deixa sua mochila num canto e vai de volta para a rua.

Mas ele não deve nem querer me ver mais...” Julie pensava, olhando em volta na rua, com dúvida por onde começar. Para novamente sentir a determinação, ela tenta ser um pouco agressiva. “Problema dele, ele me deve explicações pra esse sumiço.” Junto com o pensamento de poder reencontrar Daniel, ela abre um sorriso esperto, típico de sua determinação quando envolvida com tal fantasma. Meio sem destino certo, ela ia procurando por ruas aleatórias adentro da cidade.

Praças, praia, ruas calmas, movimentadas, lojas. Julie procurava incessantemente. Passava-se a semana sem ir à escola, sem comer nem descansar muito. Estava decidida a encontrar Daniel, por isso não dava muita atenção a outras coisas. Ela procuraria pelos prédios também, porém não tinha permissão de entrar neles.

Eu nem sei onde é a casa da Rebecca... Deve ser esse o motivo de ela nunca ter me falado, levar o Daniel pra lá e ficar livre de mim.” Pensa Julie dobrando uma esquina, e então ela dá de cara com seus amigos. Eles estavam de uniforme, voltavam do colégio.

- Julie! – O grupo diz, em uníssono.

- Huh oi gente! – Julie responde.

- O que houve? Você não tem ido à escola, e nem aparecido online..! – Anne pergunta.

- Eu estou ocupada esses dias. – Julie diz.

- Você está perdendo as matérias das provas.. Está tudo bem, Julie? – Outra amiga dela pergunta.

- Claro, tudo sim, Larissa. – Julie responde automaticamente. Na verdade ela não tem parado para pensar se estava tudo dando certo, apenas seguia sua determinação. – É que eu estou .. procurando uma pessoa, é importante.

- Ah sim... Eh Julie, você emagreceu, desde a última vez que eu te vi, você não estava comendo direito. – Anne diz, todos percebem o mesmo. – Você precisa comer direito antes de procurar por alguém! Gente, vamos comer um hambúrguer?

- Ah gente, é que eu .. – Julie tenta sair dessa para continuar em seu caminho.

- Julie, não vai demorar nada. Vem com a gente. – Leonardo diz, para convencê-la. Julie vê que é a única resistindo.

- Tá, eu vou. – Julie diz, dando um sorrisinho tímido.

- Mc Lanche Feliz, aí vamos nós! – Um menino do grupo diz.

- Desiste, não vem com Littlest Pet Shop mais, que eu sei que você gosta. – Larissa diz, todo mundo ri.

A caminho do Mc., os jovens iam conversando e rindo, mas Julie ficava por fora de toda a conversa.

- Juh, você parece preocupada com alguma coisa já faz um tempo.. – Anne diz, o grupo continua conversando à parte. – Se você dividir, vai ficar mais leve .. diz o que é pra mim..

Julie não podia dizer que um fantasma tinha levado seu coração, porém não era só isso que a tirava o sossego. Ela corria correndo contra o tempo.

- Anne, eu vou me mudar.. – Julie diz.

- Você vai embora?!

- Sim..

- Ahh.. – Anne se compadece. - .. Você vai de volta para a cidade anterior, né? A que tem sua melhor amiga??

- Isso. Vou voltar pra Campinas.

- Ah então isso é ótimo, Julie. Que bom, vocês vão ficar pertinho de novo! – Anne diz sorridente, passando alegria para Julie, a qual sorri.

- Obrigada, Anne. Você falando assim realmente me ajuda. – Julie diz sincera.

- Quando você vai?

- No final desse bimestre.

- Temos umas semanas pela frente. Então vamos aproveitar!

- Vamos sim! – Julie aceita deixar mais tristezas para trás.

Enquanto Julie se esforçava em se manter alegre e decidida, em outro lugar não importava o esforço que fizesse, teria que lidar com suas ansiedades longe da luz e por tempo não definido.

##

- Mas eu nunca vi um eclipse não, eu sempre estava distraída na hora que tinha..

- Nem eu.. Eu acho que o Sol aparece escuro, ou algo assim.. – Daniel e Rebecca conversavam, num tom fraco e cansado. Mesmo que fantasmas não necessitam de comer ou dormir, com as esperanças cortadas, não se vê muita utilidade nesses privilégios.

- A gente só fala de coisa escura..

- Por que será?

Daniel tem estado cínico e arrogante, Rebecca sabe que é porque ele está irritado, então ela deixa passar. Ela continua conversando com ele sempre que pode, sabendo que receberia respostas esnobes algumas vezes, porém é melhor do que deixar na mente o fato de que ficará ali por um tempo que nem se pode calcular. Ao menos não estava com medo de que tivesse algum bicho na escuridão, ou algum buraco, pois dava uma olhada em volta quando vinha algum funcionário de Demétrius com a luz acesa. De qualquer jeito, o lugar era calmamente agonizante e atormentador. Só se conseguia ver piorar da situação, agora teriam de se manter atentos, se não seriam torturados fisicamente também.

- Rebecca, eu vou me afastar daqui, esse laser já está perto de mim. – Daniel diz.

- Aqui também. E pra piorar.. – Rebecca não completa sua fala.

- O que?

- .. Quando eu passei por baixo dele pra ir para o outro lado, longe dele .. Apareceu outro.

- Com você também?! – Daniel pergunta, assustado.

- Aconteceu aí?!

- É, aconteceu .. faz umas horas. Eu não queria te preocupar então não falei.

- Comigo o mesmo..

- Eu acho que os lasers estão se aproximando mais rápido desde que eu fui pra longe do primeiro..

- Eu percebi isso também, Daniel..

- Eu vou sair desse lado, não quero uma orelha queimada. – Daniel tenta descontrair a situação, passa por baixo do laser e se afasta. – Ai droga!!!

- O que houve?? – Rebecca se assusta, se afastando do laser também.

- Apareceu outro.. Quase encostando no meu pescoço!

- AHH

- O que?!! – Daniel pergunta. Ele só houve Rebecca tentando reprimir o choro. Ele fica preocupado. – Apareceu outro aí também?.. – Ele pergunta calmamente.

- ..Uhum.. – Ela responde.

- Maldita prisão..

- ...Queimei o braço. – Rebecca diz baixinho.

- Haha cheirinho de peixe frito. Tão se divertindo aqui, pessoal? – Um funcionário abre a porta de repente, assustando Rebecca e Daniel. Ele acende a luz, machucando os olhos dos mesmos.

- O canalha do Demétrius não tem vergonha de machucar uma garota, não?! – Daniel pergunta em revolta.

- Demétrius? Ele nem está aqui, e nem lembra de vocês! Não pode culpar a ele. – O fantasma ri.

- Não dá uma de imbecil. – Daniel diz, respira fundo para se acalmar.

- Já que eu estou atrapalhando a festinha de vocês.

O fantasma fecha a porta. Por um momento, a visão de Daniel se firma com o lugar claro. Ele percebe que com as luzes acesas, os lasers são desativados. Alívio de poucos segundos. As luzes se apagam, deixando reaparecer os mesmos lasers, e o fantasma se vai. Daniel e Rebecca ficariam mais horas abandonados, no escuro que não trazia paz.

##

Passavam-se os dias, cada vez mais perto a época de prova ficava. Julie continuou procurando por Daniel, porém perdia suas esperanças ao término de cada dia.

- Ótimo, semana que vem tem provas! – Anne diz. Ela e Julie voltavam da escola. – Não entendo mas, eu gosto de época de prova. Acho eu é porque a gente sai cedo! Haha.

Época de provas sempre foi um caos para Julie. Agora, mais do que nunca.

- Está contra mim agora? – Julie pergunta sem se dar conta.

- ... Huh?

- .. Nada, desculpa. Só fiquei distraída. – Julie reage estranho. Para ela, chegar o dia em que teria que ir embora, é como se chegasse o dia da sua morte.

- Tá bem. – Anne ri. – Chegamos, Julie. Bye!

- Tchau.. – Julie acena com um sorriso fraco. “Qual seria meu último pedido? Já que estou prestes a perder a vida..” Ela se pergunta.  “... Um abraço do Daniel...”. Cabisbaixa ela vai para seu prédio.

Até que chegasse o dia da primeira prova, não demorou muito.

- Mas eu não estudei!! – Julie diz, desesperada.

- Maas eu te avisei, como você esqueceu? – Anne pergunta, elas entravam pelo portão da escola.

- Eu só .. esqueci..

- Vem, vamos dar uma olhada na matéria então! – Outra amiga de Julie sugere.

- Vamos lá! – Anne diz. – Ainda bem que tivemos mais trabalhos, poucas matérias terão provas!

- É.. – Julie concorda, mas na verdade ela nem se lembrava dos trabalhos que tinha feito. “Não ver o Daniel dá uns resultados muito ruins!” Ela pensa. Um único pensamento em Daniel podia fazê-la refletir nele o dia inteiro, se desconcentrando de tudo. Difícil era ela acordar sem ter ele na mente. Difícil e impossível.

##

- Ainda está doendo, Rebecca? – Daniel pergunta.

- Não.. mas acho que ficou a marca.. – Ela responde.

A conversa estava parada entre eles, o silêncio prevalecia. E um sentimento depressivo também. Agora, nem socegados, de olhos fechados ou deitados poderiam ficar. Os lasers tomavam conta do lugar por se moverem muito mais rápido do que antes. Uns estavam verticais, outros horizontais, dificultando para ficar longe deles também.

- Rebecca, vou lá para trás.. – Daniel se levanta. De novo ele tem que se contorcer para não encostar nos lasers. Dessa vez ele não conseguiu sair ileso, apareceu mais um laser bem a sua frente. – AI DROGA!

- O que?!!!

- CARA, eu queimei o rosto!! – Ele se agacha no chão, com as mãos no rosto. A parte em que se queimou foi perto dos olhos, fazendo com que lacrimejasse por causa da sensibilidade do local.

- Não.. – Rebecca fica mais triste.

Um funcionário fantasma acende as luzes.

Se eu tiver o Demétrius na minha frente, eu estraçalho com o que ele chama de forma fantasma.” Daniel pensa. Já acostumado com aparições repentinas de funcionários ali, ele não liga para esse que apareceu agora. Diferente de Rebecca.

Quando os olhos de Rebecca se acostumam com o clareado, ela vê o fantasma que entrou. Ele revistava o local, não tinha visto Rebecca, ela se encontrava no fundo da prisão. Porém, mesmo que o fantasma estivesse de costas para ela, Rebecca viu exatamente quem era.

- TADEU?!!

##

- É ISSO AÍ, eu tirei 10 em todas as matérias, pai!

Julie chega ao apartamento e vê Pedrinho comemorar.

- Muito bem, filho. – O pai de Julie diz, e então vê sua filha chegando.

- Como sempre, claro. – Pedrinho se gaba. – Oi, Julie!

- Oi.. – Ela fala baixo.

- Oi, filha. Já tem suas notas também?

Julie olha para baixo. Ela pisca, uma lágrima cai.

- Tenho sim.

O bimestre acabou. O tempo que ela tinha para encontrar Daniel acabou.


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