Sem Dizer Adeus escrita por PinkNeonFantasy


Capítulo 26
Capítulo 26




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195567/chapter/26

- Huh.. – Pedrinho vai até Julie e a puxa para seu quarto. – Deixa que eu cuido dela, pai..!

No quarto, Julie e Pedrinho ficaram em silêncio. Pedrinho não sabia como lidar com o que acontecia com sua irmã, e também não sabia o que falar. Ele dá um passo à frente, iria abraçar Julie, mas é surpreendido com ela o abraçando primeiro. Julie não queria dar trabalho para ninguém, então decidiu acabar logo com isso. Irá guardar a dor para si mesma, sem compartilhar ou incomodar outros.

- Eu já estou bem, Pedrinho. – Julie mente. As lágrimas que descem de seus olhos a entregam.

- Ju--

- Só prometa. – Julie segura o rosto de seu irmão com as duas mãos, fazendo-o olhar diretamente para ela. – Prometa que, se você não gostar mais de uma menina, você irá contá-la, e não apenas abandoná-la.. Promete pra mim..

- Mas... e se alguma coisa acontecer e eu não tiver como falar com ela?

- Do que que você tá falando..?

- Sei lá, você que começou!

Eles ficam quietos, um querendo entender outro. E então começam a rir.

- Que bobeira. – Julie ri.

- É mesmo. – Diz Pedrinho, também rindo. - .. Fica bem, Julie. – Ele pede, com um sorriso.

- Já estou, eu disse. - Ela mente com um sorriso.

Quando Pedrinho deixa o quarto, o sorriso de Julie falha, deixando refletir em sua afeição a triste situação em que seu coração estava. Ela vai tomar banho e trocar de roupa. Já vinham arrumando as malas com calma desde uns dias, só faltava guardar umas coisas, e estariam prontos para partir. Julie já havia se despedido de seus amigos na escola, e tinha cartas e fotos de cada um, os que fizeram sua estadia ser mais alegre até mesmo nesses últimos momentos tristes. E graças a Daniel que ela tinha esses amigos.

##

- REBECCA! – Tadeu corre até as grades. Ele e Rebecca se abraçam e se beijam ali mesmo, com as grades atrapalhando. Daniel só olhava de longe querendo entender. Tadeu segura o rosto de Rebecca, a fazia carinho apressadamente, como se tivesse reencontrado algo de muito valor. Ele estava com um olhar sem brilho, triste e sem vida. Que muda quanto mais ele acredita que está com Rebecca novamente. – ..Mas eles te pegaram?!

- Pensei que você sabia..

- Não, eu não sabia! – Tadeu diz, abrindo as grades que prendiam Rebecca, e então a dá um forte abraço de novo, sem as irritantes grades dessa vez. – Eu fiquei muito preocupado, Rebecca..

- Que bom .. – Rebecca deixa cair umas lágrimas. – Pensei que você não ia mais falar comigo porque fui presa.. Na verdade tentei não pensar que isso aconteceria..

- Nunca pense assim. Eu te quero pra sempre. – Tadeu diz. Eles iriam se beijar novamente, mas Daniel dá uma tossidinha para chamar a atenção.

- Ah o Daniel! – Rebecca puxa Tadeu até onde Daniel estava. - Er Tadeu, çê pode dar um jeito nisso, né? – Rebecca aponta para as grades.

- Daniel. – Tadeu oferece uma mão como cumprimento. – A Rebecca fala muito de você.

- Não posso dizer o mesmo. – Daniel diz, perguntando o que estava acontecendo para Rebecca através do olhar.

- Continuou com a humana, não é. – Tadeu diz, abrindo as grades.

- É Julie. E não me arrependo.

- Err bem, Daniel este é Tadeu. Eu moro com ele.. – Rebecca começa a explicar.

- E a razão de você nunca ter me contado detalhes mínimos como esse seria...

- Eu não queria que você se sentisse ameaçado. Ele trabalha pro Demétrius, né..

- Não ligo para o Demétrius, porque eu ligaria pra ele? – Daniel diz. Tadeu prefere não dar importância ao que ouviu.

-  Daniel..!  Rebecca reclama. - ... E mais.. eu não queria que você dissesse algo como “Aquele carinha te largou aqui né, Rebecca?”..

- ... É, eu iria dizer isso mesmo. – Daniel concorda. Rebecca só dá uma risadinha. O Daniel perturba bastante às vezes, mas sem ele seria ruim.

- Ficou a marca.. – Rebecca se refere ao rosto de Daniel que foi atingido por um laser. Ele delicadamente passa os dedos no rosto.

Rebecca olha em volta. É tão de repente sua liberdade que nem consegue acreditar.

- Estamos livres, enfim!! – Ela levanta os braços e comemora, mas logo para. - ... Né?

- De jeito nenhum vou te deixar nesse calabouço! – Tadeu abraça a Rebecca e a beija. – Nem vou deixar que se machuque. – Tadeu segura as mãos de Rebecca. - Nem longe de mim, nunca mais..

- Tenho mais o que fazer. – Daniel os deixa para trás.

- ..Espera! – Rebecca diz. – E se alguém ver a gente fuigindo?!

- Não tem ninguém lá fora. Aqui é abandonado. – Tadeu diz. – E novo, eu não conhecia esse lugar até me mandarem dar uma olhada nos prisioneiros.

- Jura? Então vamos sair daqui já! Não aguento mais. – Rebecca diz, e então se retiram rapidamente.

##

Em poucas horas, Julie estava dando adeus a seu apartamento. Para se dirigir até o carro era difícil, sentia suas pernas pesadas, como que fizessem pirraça para não ir embora, sem sucesso. Era hora de voltar para a vida original, um original diferente, faltando alguém que fazia toda a diferença.

O carro saia agora do estacionamento do prédio. Julie segurava, com suas mãos trêmulas, junto de seu coração a mil as baquetas de Félix e a corda do baixo de Martim. A paleta de guitarra já não estava mais com ela, estava com Daniel, quem ela procurava pela janela do carro, tentando uma última vez achar. Ela via lugares os quais a lembravam de Daniel, a praia onde ele a ajudou a conhecer mais amigos e a salvou, as ruas por onde Daniel a acompanhou, e também se lembra do quarto do apartamento que ficou para trás, onde Daniel se mostrou estar com Julie logo que ela chegou de mudança. Recordando momentos assim, Julie pode sentir que Daniel, mesmo sumido, sempre esteve com ela em mente. Ela sente uma conexão com ele, conexão que ela vinha ignorando, apenas desejando Daniel fisicamente por perto. Agora o que a restava era apenas estarem juntos em pensamentos.

Quanto mais se afastavam de onde Julie conhecia, mais ela sentia suas forças a deixando, até que ela já não pensa em mais nada, nem chora, nem treme, e praticamente nem se move o resto da viajem de volta.

Depois de umas horas, trânsito, pedágios, e cidades ficam para trás, até que chegam à cidade almejada. Estava tarde da noite.

 “Cheguei.” Julie manda uma mensagem para Bia ainda algumas ruas de distância.

Já a rua calma em que entram é rapidamente conhecida. A rua de Julie. Chegando em frente a casa, o carro para. Julie lentamente levanta o olhar para sua casa. Isso a dá um aperto no coração, juntamente sendo liberada ansiedade, que não adianta de nada, Julie não se move. Ela sente um grande peso em sua mente e coração. Ela reluta em enfrentar mais uma realidade sem Daniel, quem a completava.

- Juh!! – Bia aparece na janela do carro. Ela abre a porta.

Julie automaticamente se levanta. As amigas se dão um forte abraço.

- Que saudade!!! – Bia diz abafado, com o rosto no ombro de Julie.

Sem conseguir falar nada, sem conseguir reagir por si mesma, era como Julie estava. Logo ela sente o abraço de mais alguém, e de novo mais abraços. Era Martim e Félix, sem deixar Pedrinho de fora. Ficaram ali todos abraçados ao mesmo tempo. Julie sentia um leve alívio em seu coração, ela estava confortável, não mais se sentia totalmente sozinha. Do que ela tinha sido afastada, o que faltava estava se completando. Voltava um brilho a sua vida.

“Finalmente.” Julie pensa e então, conseguindo reagir, ela chora. Alegria, alívio e dor misturados em suas lágrimas que escorriam por suas bochechas, mas que logo eram secadas pelas roupas de seus amigos que a abraçavam.

- Todos juntos de novo. Não disse? – Félix generaliza, libertando Julie do abraço.

Com essas palavras, Julie sente ainda um vazio. Ela não consegue formular palavra alguma, só fica ali, sentindo esse vazio que a impedia de viver e aproveitar o que já tinha de bom. Novamente ela estava sendo egoísta, querendo apenas mais uma coisa para que ficasse completa, faltava mais alguém. Faltava seu coração junto do de Daniel.

- Meninos, ela precisa descansar.. – Bia diz, vendo o como sua amiga estava distante e vulnerável.

- Aqui. – Martim entrega para Bia umas roupas de cama para Julie ir para o quarto.

##

Daniel, Rebecca e Tadeu deixam o calabouço. Ele ficava debaixo de um lugar próximo ao centro da cidade. Não era longe, mas era abandonado, um lugar adequado para uma prisão de fantasmas. Depois de lá, foram em direção à casa de Rebecca. Chegando à rua dela, Rebecca para em seu caminho com uma expressão assustada, parecendo que viu um fantasma. Mas o que ela viu é bem o contrário.

- O que houve? – Daniel pergunta.

Tadeu não se impressiona com o estado de Rebecca, já está acostumado. Ele passa um braço em volta dos ombros de Rebecca.

- M..m..minha.. irmã.. – Rebecca se esforça em dizer.

Daniel olha ao longo da rua e vê um carro entrando na garagem da casa de Rebecca. Ele sorri.

“Guitarra.” Ele pensa.

- ... Vai lá falar com ela. – Daniel sugere.

- ... Tá loco?.. – Rebecca hesita em discordar, pois gostou um pouco da ideia.

Daniel continua seu caminho.

- Nada disso! – Rebecca briga, segurando Daniel pelo braço.

- Que foi agora?

- Você vai atrás dela, Daniel?!

- Não começa Rebecca.

- Que que tá acontecendo aqui..? – Tadeu estranha a mudança repentina de assunto deles. Com um pouco de ciúme.

- Ele vai atrás de uma humana para morrer de novo!!!

- Que história é essa...? – Tadeu pergunta.

- Olha, mesmo que eu “deixe de existir”, o máximo de tempo que eu puder passar com a Julie eu Vou Passar. Agora não posso perder tempo. – Daniel se solta seu braço.

- Você já é fantasma, como deixaria de existir mais ainda...? – Tadeu ri. - Pirou.

- Foi o que o Demétrius falou pra gente ..  – Rebecca diz triste. – E tem aquilo de humanos fazerem mal a fantasmas. Por causa de uma substância e tal ... Você não deve saber, se não teria me contado antes que era perigoso..

- ... Ah isso? – Tadeu se lembra. – Não acredito, o Demétrius insiste em enganar fantasmas desse jeito.

- Que? – Daniel para em seu caminho e olha por cima de seu ombro.

- O Demétrius tenta tirar a esperança dos fantasmas que quebram as regras com histórias assim, aí quando o fantasma cumpre sua pena e é solto, não ousa se envolver com os humanos mais.

- ... Demétrius..!! – Daniel fica furioso, mas logo lhe vem uma sensação de liberdade, e sua afeição de raiva é mudada para um grande sorriso.

Ele dá as costas e vai para o apartamento, não andando e sem esperanças, mas sim correndo alegre o mais rápido que consegue.

- Vamos também! – Rebecca sorridente, chama Tadeu.

Eles se dão as mãos e vão andando juntos.

- Julie!! – Daniel chega apressado ao apartamento, procurando em todos os cômodos. – Julie!! – Ele corre pelo apartamento todo, e então percebe que faltam alguns móveis, louças em cima da pia, roupas dentro do armário no quarto. – ... Julie?..

- Ela não está? – Rebecca pergunta, chegando com Tadeu.

Daniel fica parado, organizando os pensamentos para entender o porquê do apartamento estar todo vazio. Sua respiração ofegante vai passando, assim como ele vai chegando a uma conclusão.

- .. Ela foi embora. – Daniel diz.

- Que isso, tem certeza? – Rebecca pergunta.

- Só pode ser isso. A Julie se mudou de volta. – Daniel vai em direção à porta.

- Espera, aonde você vai?

- Tchau, Rebecca. Foi bom te ver de novo. – Daniel diz educado, e logo dá as costas.

- Espeera, homem!! E se ela não tiver ido de volta, mas se mudou de novo? – Rebecca pergunta, fazendo Daniel parar.

- .. Tem razão..  Mas eu indo pra lá vou saber onde ela está, pela amiga dela. – Daniel raciocina enquanto fala. – Eu não vou ficar sem a Julie. – Daniel diz em determinação. – Sabe, você pode ter sua irmã de volta. Já falou com uma humana, porque não fazer de novo? – Daniel diz, mal se importando em ter Tadeu por perto.

Rebecca olha para Tadeu. Ele não parecia estar irritado com Daniel incentivando Rebecca a ir contra as regras, e também não parecia gostar da ideia. Na verdade, Tadeu não gostava das regras, só tinha que segui-las. Mas nem fantasmas são perfeitos.

- Quem sabe um dia. – Tadeu diz sorrindo levemente, surpreendendo Rebecca.

- Sério, Tadeu?? – Rebecca pergunta, com os olhos brilhantes.

- Pela sua felicidade, tudo. – Ele a dá um selinho. Rebecca o abraça.

- E aí? – Daniel quer saber como terminaria antes de partir.

Rebecca só olha feliz para ele, mas não falava nada. Ela e Tadeu ainda têm um certo temor sobre quebrar as regras. Quando estivessem prontos iriam, o que não seria agora. Daniel entende isso.

- Como quiserem. E eu já vou indo. – Daniel se vai. Logo ele vê Rebecca e Tadeu andando a seu lado. – Sabem que não vão me impedir, né?

- Não, seu bobo! – Rebecca diz, alegre com a determinação de seu amigo.

- Por falar nisso, saiba que o Demétrius não deve ficar no seu pé por um bom tempo. – Tadeu diz. – Ele criou aquele calabouço justamente para esquecer-se de fantasmas que causam muito problema.

- Estamos livres dele desde que não cruzemos seu caminho! – Rebecca diz feliz.

- Ótimo! Eu até gosto de saber que sou um dos piores pra ele. – Daniel ri. – Algo mais? – Pergunta Daniel, vendo que eles ainda o acompanhavam.

 - Sim, você só conhece aqui quando era trinta anos atrás. Vamos te ajudar a encontrar um jeito de voltar!

##

Enquanto isso, Bia tinha levado Julie para o quarto dela. Arrumou rapidinho a cama e deixou Julie se deitar. Bia se senta ao lado de Julie e faz carinho em sua amiga.

- .. Fala alguma coisa.. – Julie tenta resistir à sua tristeza.

- ..Tem certeza?..

- Sim. Vai, conta as novidades boas.. – É o que Julie precisa.

- Bem .. eu conheci a tal Débora. – Bia olha para sua amiga para ver alguma reação diferente, mas Julie ainda parecia distante. - O Martim tem andado muito com ela..

E se ela roubar o garoto que você gosta..” Julie só consegue comparar as coisas em sua mente, presa num limbo de trauma emocional.

- E... – Bia continua, pensando em algo que pudesse chamar a atenção de sua amiga. – Eu e o Félix.. a gente tá namorando, amiga. – Bia diz, não contendo um grande sorriso. Ela olha para sua amiga. Nenhuma reação ainda.

Se Julie não falou nada e não demonstrou nada ao ouvir tal notícia, Bia vê que suas palavras seriam poucas para ajuda-la. Ela não fala mais, só fica ali, fazendo uma boa companhia a Julie. Bia sabe que sua amiga está assim porque ainda resta nela alguma esperança de ter seu amor de volta, e que ela teme deixar de lado essa esperança, ao mesmo tempo em que teme insistir nessa esperança e ela nunca vir a se cumprir. A noite estava começando a ficar bem fria, lá fora começava a cair uns chuviscos. Julie dorme, derrotada por seus pensamentos negativos.

Com um estrondoso trovão, Julie acorda assustada. Respirando pesado, ela olha em volta e vai se acalmando. Vê Bia deitada num colchonete ao lado de sua cama, vê que dormiu abraçada com as baquetas e ri ao ver a corda do baixo enrolada em seu pulso, prendendo sua circulação. Também pode ver que já é de manhã, uma manhã chuvosa e sem o brilho do sol. Ela se levanta da cama e vai até sua janela observar a rua e as casas envolta. A vizinhança com a qual estava acostumada desde sempre. Ela sente alguma coisa segurando seu calcanhar, olha pra baixo rapidamente.

- ..Búu? – Bia tentou assustar Julie, a qual começa a rir.

- Não dessa vez haha!

Bia se levanta. As amigas se abraçam e então começam a pular de alegria.

- É ótimo te ver de novo, Julie!! – Bia diz.

- É ótimo estar de volta!!! – Julie fala, realmente alegre.

Elas ficam conversando euforicamente por muitos minutos à janela do quarto, Julie se inteirando do que acontecia nas redondezas.

- Deve ter sido o pior mico da vida do Valtinho! – Bia ri.

- Mas Bia, ele já ser o próprio Valtinho é um mico, né. – Julie ri também.

- Verdade! Ai Julie, mas tenho que te contar uma parada séria! – Bia diz ficando séria, ou pelo menos tentando.

- O que? – Julie fica curiosa.

- Tem uma menina nova na sala, o nome dela é Amanda... – Bia faz mistério.

- E...?

- Ela disse que achou o Valtinho um fofo. – Bia diz, com a maior seriedade do mundo.

Seriedade que não durou muito. As duas caíram na gargalhada, faziam mais barulho do que os trovões da chuva.

##

Daniel corria na rua, no meio da chuva. Ele estava quase morrendo de novo de tanto cansaço, mas já estava muito próximo à casa de quem ele almejou ver há muitos e muitos dias. Próximo ou não, ele não mediu esforços de ir atrás de sua amada. Levasse o tempo que fosse levar, levou toda a noite, agora não era a chuva que o pararia.

Chegando a casa, ele entra com toda a pressa de seu coração para saber de Julie. Ele vai direto para a edícula.

- JULIE? – Daniel a chama, lá dentro. Assustando Félix e Martim.

- DANIEL!! – Os dois gritam em uníssono.

 Daniel dá uma rápida olhada em volta. Nada de Julie. Ele sai rapidamente da edícula e se dirige para o quarto dela.

- Cara, calma! – Martim diz. Ele e Félix seguem Daniel pela casa.

##

- Cooitada é cega! – Julie rolava de rir em sua cama e Bia ajoelhada no chão, mal se aguentando.

- Tadinha..! – Bia diz, se recuperando. Ela se levanta e começa a dobrar o colchonete e o cobertor em que dormiu.

- Ih não arruma não, Bia. – Julie se agacha ao lado de sua cama. – Deixa aqui assim, ó. – Julie empurra o colchonete junto com tudo para de baixo da cama. – Pronto. - Julie olha para sua amiga, a qual estava com o olhar preso em outro lugar. Julie logo vê em quem era. Vê quem mais estava em seu quarto.

Daniel acabara de atravessar a parede do quarto, logo apareceram Félix e Martim atrás dele. Mas Julie não conseguiu dar atenção a eles, nem prestou atenção quando Bia saiu do quarto, junto dos meninos, deixando só Julie e Daniel lá, a sós.

Eles se entreolharam por uns segundos.

- ... Daniel ... – Julie sussurrou.

Ele começou a dar uns curtos passos em direção a Julie. De vagar, para não assustá-la, mas mantendo sua iniciativa. Ele deseja ter Julie em seus braços e sentir novamente seus lábios macios nos dele. Julie vai lentamente ao encontro de Daniel. Ela almeja estar entre os braços de quem tanto amava, de quem tanto sente falta, mas repentinamente ela para. Daniel continua se aproximando, agora Julie se afastava dele. Daniel não entende e para. Julie mantinha uma expressão de medo.

- Julie..

- Não .. – Julie hesita.

Daniel a oferece uma mão. Julie o dá as costas devagar. Ele se aproxima dela e segura sua mão.

- Não! – Julie arranca sua mão da dele. Daniel se aproxima mais dela, encurralando-a à parede, e então a abraça pela cintura, procurando um jeito de acalmá-la. – Eu disse não, Dan--

Julie não ousa falar o nome de quem feriu tanto seu coração.

- .. Fala. – Daniel pede, olhando profundamente nos olhos de Julie em seus braços. Ela desvia olhar. Ele gentilmente a dá beijinhos pelo rosto, até que seus lábios encontram com os dela. Primeiramente Julie aceita o beijo, e então beija de volta. Ela faz carinho com suas delicadas mãos ao rosto de Daniel. Porém, antes que perdesse a mente beijando Daniel, Julie desvia o rosto novamente, corada e com o coração agitado. – Fala.. – Daniel sussurra, com a respiração ofegante, causando calafrios em Julie. Estivesse Julie dizendo com raiva ou feliz, ouvir seu nome sair da boca dela é um de seus maiores prazeres. É o que ele pede agora.

- ... Daniel.. - Julie se entrega. Ela abraça a Daniel, chora indefesamente.

Daniel segura Julie num apertado abraço. Enfim ele a tinha em seus braços. Ele não deseja mais nada além de estar com ela sempre, nem soltá-la ele quer. Quer proteger Julie sempre assim. Quão feliz ele está. Está aliviado, alegre, ansioso, com todas as emoções boas existentes estocadas em seu coração, as quais provinham de estar com Julie novamente. Ele deixa uma lágrima solitária descer por seu rosto nos sedosos cabelos de sua amada.

- Você machucou meu coração.. – Julie diz chorando, com o rosto ao ombro de Daniel, apertando mais o abraço que ela tanto precisa.

- Não foi minha intenção.. – Daniel diz, deslizando seus dedos pelos cabelos de Julie.

- Você me deixou, por que está aqui agora?? – Julie pergunta, mais implora uma resposta, olhando para Daniel.

- ... Eu fui preso.. – Daniel diz, fazendo o coração de Julie parar.

- ..Demétrius? – Ela sussurra, vendo uma marca de machucado no lado do rosto de Daniel. Ele assente dizendo que sim. Julie entende parte de porque ele sumiu. Agora ela se sentia culpada de tê-lo acusado de deixa-la por outra. Mas outra ainda estava em toda essa história. “Por que ele voltou se tinha a Rebecca?” Ela se perguntava. Lentamente Julie se afasta de Daniel. Ela se senta à cama. – Daniel.. Você iria.. chorar se eu fosse embora e.. te deixasse?

Invisível pra você ~

Por mais que eu me esforce~

É isso que eu pareço ser ~

Ele não entende plenamente a troca de assunto. Mas tem ideia de como a mente de Julie deve estar confusa.

- ... Não. – Ele responde, causando uma facada no coração de Julie, ela engole seco.

Julie olha pasma para Daniel.

E agora eu não sei mais ~

Se devo fugir ou tentar correr atrás ~

- ... Mas v..você quer ficar comigo pra sempre?

- Não, Julie.

Ela ouviu o bastante para se sentir verdadeiramente usada. Julie se levanta e vai em direção a saída do quarto, não deixaria Daniel vê-la chorar. Mas ele rapidamente a segura pelo braço.

Mas te vejo e vale a pena tentar ser mais que invisível pra você ~

- Eu não choraria se você fosse embora, eu seria um nada, pior do que morto. E eu não quero ficar com você para sempre, eu preciso ficar com você. – Daniel envolve Julie em seus braços. - .. E você, fica comigo??

Julie tem muitas formas de demostrar o que sente agora, nesse momento, felicidade. Ela poderia sair saltitando com um grande sorriso, poderia gritar pela janela coisas indecifráveis de tanta alegria, poderia chorar, agarrar Daniel para nunca mais soltar ou dividí-lo com alguém. Mas em vez disso tudo e muito mais, ela escolheu compartilhar o que sentia com ele, através de um beijo. Julie junta seus lábios com os de Daniel num doce e amoroso beijo.

Depois de uns segundos, Julie para de beijá-lo, então faz carinho no rosto de Daniel. Ela estava bem vermelha por ter sido a que deu iniciativa ao beijo. Ele ainda estava com os olhos fechados.

- Pode abrir os olhos. – Julie sussurra.

- Pera aí.. Não quero que esse sonho termine. – Daniel diz.

- É real, não se preocupa. – Ela ri um pouco.

- Então ..  esse beijo foi uma resposta?

- Sim! – Julie ri. Ela dá uns beijinhos nos olhos fechados de Daniel, e ele os abre para trocar olhares com a menina docemente inocente que tinha a sua frente.

 - Julie. – Daniel diz. – Eu te amo muito. – De coração, ele completa essa frase. – Faltava eu te falar isso..

Tímida, Julie vai até sua cama e se senta, deixando Daniel sentar-se a seu lado.

- .. Como você sabe que .. me ama? – Julie pergunta, olhando para baixo.

- ..Doeu bem aqui. – Daniel coloca a mão junto ao coração. - Quando eu fiquei longe do meu amor.. A Julie. – Ele diz, fazendo Julie rir por causa do jeito que ele falou.

- Sabe .. – Julie pega a mão de Daniel e passa envolta de seus ombros. – A Julie te ama muito também!

- Sério? É que eu pensei que ela poderia .. sei lá, enjoando de mim, de me ver todo dia.

- ... Eu que pensei que você tinha enjoado de mim e ido embora com a .. Rebecca.. – Julie diz triste.

- Impossível. Eu bebia água todos os dias e não enjoei ainda!

- Ah bobo! Água é essencial pra vida.

- E você é essencial pra mim...

 Julie fica sem reação e um sorriso bobo no rosto. Sorriso que Daniel não se cansa de ver. Ele faz questão de atrapalhar o sorriso dela a dando um selinho. Julie permanece bem quietinha, ela não consegue acreditar em como Daniel consegue ser mais fofo do que estava sendo antes.

- Você está bem? – Daniel pergunta, com um sorriso.

- Uhum .. – Julie responde. Ela estava levemente corada.

- Que bom. Vamos dar uma volta, sair desse quarto. – Ele sugere.

- Mas está chov--

Julie olha para fora, as nuvens espalhadas lindamente, com raios do sol as ultrapassando no céu que se limpava. O dia parecia estar ficando belo para eles dois.

- Vem. – Daniel se levanta e a oferece a mão. Julie a segura com prazer.

Na rua, eles andavam juntos. O mundo parecia renovado, e realmente era, só começava agora.

- Fala sério. – Daniel pragueja, não esperando que tudo já fosse estragado. Vinha Nicolas na direção deles.

- Oi, Julie!! – Nicolas abraça Julie. Ela só vê Daniel de braços cruzados atrás de Nicolas.

- O..oi Nicolas..! – Ela se esforça para parecer um pouco surpresa.

- Eu senti muito sua falta, que saudade!

- E eu nem mais lembrava que você existia .. – Julie balbucia o que passou por sua mente, olhando para Daniel logo atrás de Nicolas.

- O que? Eu não escutei..

- Huh nada! Nada.. hehe

- Idiota. – Daniel diz.

- Hm sim. – Nicolas acredita. Daniel coloca a mão no rosto, não tendo paciência com ele. – Bem, eu tenho que te falar, eu fiquei muito triste quando soube que não poderia mais te ver, Julie. Tenho que te falar porque..

- Oh pode dizer. – Julie não espera que seja algo de mais.

- É que eu .. te amo. – Nicolas diz, se aproximando de Julie.

Julie quase engasga com o próprio oxigênio. Daniel estava se segurando para não agarrar o pescoço de Nicolas. Julie puxa disfarçadamente Nicolas para seu lugar, agora ela estava entre os dois, impedindo Daniel de fazer uma besteira. E Julie segurava o riso ao ver como Daniel reagiu.

- Desculpa, Nicolas, eu vou ser sincera. – Julie começa.

- Dá um chute nesse pervertido. – Daniel diz.

- Eu só gosto de você como amigo. Nada mais.

- ... Posso ter alguma esperança? – Nicolas acaricia o roso de Julie.

- Você que sabe, só te digo mais uma coisa. – Julie tira educadamente a mão de Nicolas de seu rosto. – Eu tenho namorado. – Ela sorri naturalmente.

- Eu não sabia..

- Tá perdoado, agora você sabe. – Julie é direta.

- Valeu .. Bem, então a gente se vê na escola, eu só faltei hoje pra vim te ver cedo, pra ver como você tava.. – Nicolas se explica.

- Obrigada, estou bem. Tchau tchau. – Julie o dispensa.

- Tchau .. – Nicolas vai embora sem graça.

- Julie. – Daniel a chama atrás dela. Julie se vira, e é surpreendida por um beijo de surpresa.

- Hei, esse eu vi ... – Pedrinho passa do lado deles de bicicleta.

- Ele não vai ser um problema, Daniel. Você é quem eu precisava para completar meu coração. – Julie diz.

- Pode dizer o que quiser, eu vou ficar de olho nele. – Daniel diz, olhando para Nicolas indo embora já longe.

- Own fica sim. – Julie segura o rosto de Daniel e o beija. – Você é lindo com ciúme. – Ela sorri. Daniel fica com um sorrisinho torto um pouco sem graça.

Eles se dão as mãos de novo e continuam a passear.

- Mas.. e o Demétrius? E se ele aparecer e te machucar mais? – Julie pergunta.

- Ele acha que eu ainda estou preso. – Daniel diz, despreocupado.

- ... Aí ele vai descobrir e vai ficar com mais raiva e estresse ainda..

- Pior pra ele, vai ficar cheio de espinhas. – Daniel brinca com a situação. Julie para.

- Daniel, e se ele quiser fazer alguma coisa contra a gente...?? – Julie está preocupada.

- Apenas sorria. – Daniel diz.

- Sorrir? Simplesmente sorrir??

- Isso. Sorri agora pra você ver que melhora.

- Daniel, eu estou faland sér--

- Julie .. sorria. – Daniel a pede. Ele a abraça pela cintura, realmente causando-a um sorriso, tímido. – Melhorou, viu? Agora continua assim. – Daniel a beija.

- ... Não dá pra continuar sorrindo com você ..

- Huh? Com eu o que?.. – Daniel faz carinha de anjo. – Aqui? – Daniel passa delicadamente um dedo no lábio posterior de Julie. Ela fica bem vermelha.

- Uhum .. Mas deixa prá lá..

- Concordo.

Daniel volta a beijá-la com mais desejo do que nunca. Ela retribui, sem medo. Medo ou dúvidas que ela sabia que nunca mais precisaria ter, pois estavam juntos. Daniel mais tarde contou a Julie o que tinha acontecido para Rebecca a tratar daquele jeito, deixando Julie segura. Confiavam em se entregar um ao outro, e se perder na felicidade de um relacionamento com sentimentos lindos, que nunca acabariam, e que agora tinham certeza que nada os separaria, jamais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram, gostaram, gostaram?? *--* Eu amei de maaais!!!
Não imaginei que ficaria tão grande o.o
Ahh gente, sobre a tal Amanda que disse que o Valtinho é fofo, é eeeuu! Não que eu me chame Amanda, mas eu acho ele muito fofo!! XD
Amanda seria meu nome. Eu sou é Juliana ... Sim, eu acabei sendo aquela garota que traumatizou o Daniel e não deixou ele falar pra Julie que gostava dela. Não me matem X_x rsrs
Já tenho outra história em mente!!! :o Mas só posto quando tiver Toda digitadinha ^-^
Até mais outra história e reviews de outras histórias! Bejocas!! =D
~eternamente grata pelos comentários!~ *-*