Sem Dizer Adeus escrita por PinkNeonFantasy


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Eu não me perdi
E mesmo assim você me abandonou
Você quis partir
E agora estou sozinha
Adeus, adeus ... Adeus, meu grande amor.
~
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De manhã, Julie sente alguém a fazendo um carinho de leve em sua cabeça. Ela olha para ver quem era. Não poderia ser outra pessoa que ela mais queria ver.

- Daniel... – Julie diz, sorridente. Ela se levanta e Daniel senta a seu lado. Ele segura uma mão de Julie. Os dois não dizem nada, apenas ficam admirando um ao outro, alegres. Quando Julie se dá conta, não tem ninguém à frente dela.

Com o mesmo sorriso, Julie continua olhando para o nada, e mesmo sorrindo, seus olhos se enchem de lágrimas de tristeza, que escorrem pelo seu rosto.

- Que saco, por que eu acordei assim? – Julie já não sorri mais e seca as lágrimas com suas mãos. Ela olha seu quarto de um lado para o outro. – Foi só um sonho... - Um dos muitos sonhos que ela teve com Daniel esta noite.

Antes que Julie se levantasse da cama, ela se assusta com seu celular tocando. Era o despertador, ela acordara antes que ele a despertasse. Julie o desliga e vai se arrumar. Era dia de escola.

No colégio, Julie aturava as aulas sem nem perceber que estava ali. Voando por seus pensamentos, ela olhava pra um ponto fixo na sala de aula, com o rosto apoiado em suas mãos.

- Julie, tá acordada? – Anne pergunta, percebendo o estado aéreo de sua amiga. – Juliee.

- ..Oi? – Julie responde.

- Você está meio.. lenta hoje, o que houve?

- Nem foi nada..

- Hm.. sei. – Anne não acredita. – Mas fica tranquila, isso acontece com todo mundo, vai passar.

... Todo mundo não tem um fantasma que sumiu e ainda não apareceu.” Julie pensa. - É sim.. – Ela responde. “Espero que passe logo... Onde será que ele está?”.

##

“Será que é possível perder a visão nesse lugar? Saco.....” Pensa Daniel, deitado no chão em total escuro da prisão subterrânea, e com um braço em cima dos olhos fechados, para só parecer que está tampando alguma luz. De olhos abertos, ele poderia perder a calma.

- ... N..não precisamos respirar, mas tá .. tão escuro que me dá falta de ar.. – Rebecca diz, com a voz fraca.

Eles não ficavam sozinhos. Algumas vezes apareciam alguns fantasmas que trabalhavam para Demétrius. Eles apenas inspecionavam, vigiavam os prisioneiros e iam embora, apagando as luzes também. A luz que eles ligavam já era um alívio, que durava poucos segundos.

Daniel não finge ser forte, ele realmente é. Porém Demétrius não é bobo, ele sabe o que faz. Mas Daniel não iria admitir que sente tanto a tortura quanto Rebecca, ou qualquer outro.

- .. Tá parecendo o Félix dizendo isso. – Ele diz. “O que eu faço agora, como eu saio daqui? Esse lugar me irrita profundamente! ... Mas não vou me desgastar ficando irritado, é isso que o Demétrius quer. Aquele mentiroso, acha que me engana. Humanos fazerem mal a fantasmas?! Impossível!” Daniel pensa. “... Será? ... Não, sem chance. A Julie só faz bem pra mim.”. – Daniel morde seu lábio inferior, tentando controlar a ansiedade. “Tenho que dar um jeito de voltar para ela.”.

##

A vontade de um ver um ao outro é muita, e muitas também são as horas que se passam sem estarem juntos, e nem um sabendo como está o outro. Horas que se passam aumentam a agonia que Daniel está passando em seu castigo e a preocupação de Julie. Tantas horas que chegam a formarem dias.

No último dia de aula da semana, sexta-feira, Julie já não conseguia esconder uma expressão de espanto de seu rosto. Ela ia para o colégio apenas mecanicamente, não tinha condições de só ficar em casa pensando em Daniel e sofrendo com seu coração sentindo um vazio. E na escola, ela não tinha condições de prestar atenção nas aulas.

- Julie, olha aqui, você está parecendo uma zumbi por aí. Alguma coisa está acontecendo. Me conta!! – Anne está quase perdendo a paciência.

- ... Ele se foi... – Julie diz baixinho. Não formulou direito sua frase, parecia até uma pergunta.

- ... Quem morreu..?? – Anne pergunta triste e preocupada, fazendo com que Julie a olhasse com confusão.

Se for o Daniel, faz mais de 30 anos ... Mas não é isso.” Julie pensa. – Não, eu .. só estava pensando em uma coisa. E eu nem sei porque tô assim. – Julie tenta fingir que está bem. – Deve ser sono.

- ... Tá... Vamu tomar uma água...

- ..Não quero água.

- Você está pálida, Julie. Vamos tomar uma água sim. – Anne arrasta Julie.

##

- Está tudo perdido. – Rebecca diz.

- Não fala isso, Rebecca.  – Daniel diz.

- Mesmo que você tenha esperanças de sair daqui, o que vai fazer, voltar para a Julie?! Você ouviu o Demétrius e sabe o que aconteceu contigo, isso é furada para fantasmas!

- Rebecca..--

- Daniel, tira ela da sua cabeça, você não quer mais problemas! – Rebecca começa a falar mais alto.

- E meu coração, o que faço com ele? O que faço com meu amor pela Julie?! Me diz! – Daniel perde a calma.

- Prefere reprimir esse amor e continuar “vivo” ou ir pra ela e deixar de ser até fantasma?!! – Rebecca grita. Daniel fica sem resposta.

Tortura....” Daniel se senta, forçando seus olhos com as mãos, tentando nem perceber uma vontade que deu de chorar. Ele quer a Julie, mas ficar com ela parece não ser possível.

##

Em seu quarto, Julie ficava em sua cama. Ela não sabia fazer mais nada do resto de seu dia, a não ser pensar em Daniel.

Ela por muito tempo já segurou uma certa ideia não querendo sofrer mais, mas agora só essa ideia que fazia sentido para Daniel não ter voltado depois de dias, sem avisar, e para Rebecca também não ter aparecido mais.

- Será que o Daniel me deixou para ficar com a... – Julie segura as lágrimas que sempre insistem em chegar ao pensar nisso. – Eles se cansaram de mim .... O Daniel me largou para ficar com ... a Rebecca!! – Julie cai na cama, com lágrimas escapando sem controle de seus olhos, tremidos tomam conta de seu corpo. Ela se encolhe. – Ele me deixou sozinha..!

Amargurada pela solidão, Julie não acredita em mais nada, não tem consciência de nada. Sua força não estava com ela, só Daniel a fortaleceria, a alegraria, porém ela também não tinha Daniel.

- Eu preciso de você Daniel, você me esqueceu... – Julie pranteava tanto que não conseguia respirar direito. Suas esperanças de pelo menos poder ver a Daniel outra vez a deixavam rapidamente, se esgotavam, iam embora junto das lágrimas que continuavam saindo sem fim de seus olhos.

- Mas eu não sei ainda, filho. As coisas estão ficando difíceis. Acho que vou ter que vender a casa. – O pai de Julie fala da sala. Julie pode ouvir, porém está muito cabisbaixa para poder dar maior atenção a qualquer coisa agora.

- Ah não, pai. Eu preciso do Patrick, ninguém aqui quer ser minha cobaia. – Pedrinho conversa com seu pai.

- E você só quer voltar pra Campinas pra ver se suas invenções dão certo?

- É!

- Assim não tem condições, filhão. Não dá.

- Ah..

- Olha, é o seguinte. Lembra que eu disse que talvez a gente voltasse, né?

- Por isso que eu tô pedindo, pai, eu lembro.

- Eu vou para o trabalho agora. Vou ver como está a situação. Se der, eu aviso a você ainda hoje.

- Valeu!!

##

- ... AHHH!

- O que foi agora, Rebecca? – Daniel pergunta, sentados de olhos fechados. Ele tinha conseguido relaxar, mas nunca dura muito.

- Tem uma ... linha .. uma luz verde, azul .. ahh sei lá. Tem alguma coisa aqui!!!

- Hein? – Daniel abre os olhos. Ele pode ver o mesmo que Rebecca falava. Ela como um lazer cor verde neon, parece ser de parede a parede, horizontalmente. Mas ainda não se refletia a luz nas paredes e chão, apenas brilhava por si só. E pior que estava em lento movimento. – Mas que raios é isso..??

- Você tá vendo também?!

- Tô .. – Daniel se levanta e chega perto do lazer, que ficava a altura um pouco abaixo de sua cintura. Ele chega um dedo perto do lazer, mais perto .. mais ... – Ai droga!!

- O que?!

- ...Queimei meu dedo. Essa luz, lazer sei lá, isso queima! Cuidado..

- Ai que coisa ...  – Rebecca está horrorizada.

- ... Cara.. – Daniel fala. - .. Eu estava sentado com os olhos fechados .. Se você não tivesse me avisado, isso ia queimar meu pescoço. – Daniel diz, um pouco assustado, tirando um suspiro de susto de Rebecca também.

##

A noite tinha chegado. Julie estava em seu quarto ainda, sem ânimo para fazer nada. Nem chorando estava mais.

“.. Se eu pudesse falar com você .. pelo menos por cinco minutos .. Isso me daria um dia inteiro de alegria...” Ela pensava. Ela já não tinha o que chorar, foram todas suas lágrimas embora, além de não ter bebido água o dia inteiro. Estava desidratada.

- O que?? – Pedrinho grita, tirando Julie de seus pensamentos. – SHOWWWW! – Agora Pedrinho parecia pular pela sala. – Julie, posso entrar?! – Pergunta ele batendo incessantemente e irritantemente na porta.

- ... Pode, só não ascende a lu--. - Antes que Julie terminasse, Pedrinho ascende as luzes. – Ah Pedrinho! – Julie tampa os olhos.

- Oops. – Pedrinho apaga de volta. – Foi mal ... JULIE.

- Que é, garoto?!

- O papai ligou, ele resolveu, ELE RESOLVEU! – Pedrinho dizia energicamente.

- Resolveu o que??

- A GENTE VAI VOLTAR!!

Julie fica pasma. Reação totalmente diferente de que teria dias atrás, quando tinha Daniel.

- V..voltar..?

- PRA CAMPINAS!!!

Pedrinho fica comemorando sozinho, nem nota muito que Julie estava quieta. Muitos motivos ela tinha para comemorar também, ela iria voltar para quem ela tinha deixado para trás repentinamente. Repentinamente ela teve que se mudar de estado. Repentinamente também Daniel, sua alegria por todo esse tempo, tinha desaparecido. Logo um medo bate em Julie. Ela ainda precisava rever Daniel. De qualquer jeito que fosse Julie queria que ele voltasse, desse um oi, a assustasse, a irritasse. Poderia demorar dias, semanas. Mas agora ela se assusta com a possibilidade de não ter tempo para esperar por ele.

- QUANDO A GENTE VAI?!


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