Annabeth tinha que ter estragado aquele momento. Eu estou curiosa! Nunca deixe uma filha de Atena curiosa! Ela passou o dia todo comigo, e quando estava quase na hora do sol se por, ela saiu. Eu me levantei com um pouco de esforço e comecei a dar voltas pelo quarto.

O que você está fazendo? Nico riu, escorado no batente da porta.

Andando. Sentei na minha cama. Mexendo essa maldita perna.

Quer dar uma volta? Ele ofereceu, sentando ao meu lado.

Claro. Tirei uma mecha de cabelo do rosto. Mas preciso de 5 minutos.

Vai em frente. Ele sorriu e se deitou folgadamente, colocando os braços atrás da cabeça.

Sorri pra ele e beijei a sua bochecha, deixando-o vermelho. Rápida como um raio, corri até o closet, pegando uma roupa qualquer. Na mesma velocidade eu me tranquei no banheiro.

Conforme a água caia sobre mim, resquícios de icor e terra deixavam o meu corpo. Ela também limpou os meus pensamentos, e quando eu saí, tinha um sorriso de orelha a orelha no rosto. Olhei para o meu rosto no espelho, e acertei o cabelo. Com um estalo de dedos ele estava seco e arrumado.

Achei que tivesse morrido la dentro. Nico brincou.

Calado, vamos logo. Bronqueei.

Sim senhora! Ele ficou em posição de sentido e bateu continência.

Vai se ferrar, di Angelo. Grunhi e saí pela porta.

Ele correu atrás de mim e pegou a minha mão.

Ei, desculpa. Era impossível dizer não para o seu rostinho fofo.

Certo... Franzi o cenho. Pra onde vamos?

Pra um lugar que você adora. Um sorriso maligno aflorou nos seus lábios. Feche os olhos.

Por algum motivo do além, eu fechei, mas logo me arrependi. O chão sumiu debaixo dos meus pés, e mãos me seguraram pelas coxas, me deixando vermelha. Meus braços foram atirados ao redor do pescoço dele, que começou a correr.

Me põe no chão! Gritei.

Você não pode forçar muito a perna. Ele disse triunfante.

Bufei. Por que ele tinha que ter razão? Encostei minha cabeça entre as suas omoplatas e deixei que ele me levasse pra onde quer que fosse.

Chegamos... Disse ele me colocando no chão.

Abri os olhos e encontrei o píer sobre o mar. Um pôr-do-sol maravilhoso coroava a cena.

Lindo... Murmurei e me sentei sobre a madeira.

Nico se sentou ao meu lado, e eu apoiei a cabeça no seu ombro. Ele passou o braço ao redor dos meus e eu me aconcheguei mais.

Um suspiro involuntario saiu dos meus lábios, e eu não precise me virar para ver que Nico estava sorrindo.

Sabe... - Ele se virou pra mim e fitou os meus olhos. - Er... Eu tenho que te dizer uma coisa...

Sou toda ouvidos... - Sorri.

Ele deu um sorriso nervoso e pegou as minhas mãos.

Como eu não quero que mais ninguém interrompa, eu vou ser rapido e objetivo. - Ele deu uma risadinha nervosa e começou a falar. - Eu gosto de você, sempre gostei. Eu acho o Will um idiota e babaca, mas aturava aquele cara porque você estava feliz. Se quiser me dar um fora agora pode fazer isso que eu nem ligo.

Ele parou de falar e ficou me observando.

Meu cérebro trabalhava em câmera lenta. A única coisa que eu ouvi foi "Eu gosto de você, sempre gostei." Meus lábios entreabriram e eu refleti que eu também gostava dele. Ao meu modo. Era estranhamente inocente, mas eu gostava dele.

V-Você gosta mesmo de mim? - Gaguejei. - A ponto de me ouvir falar sobre outro cara o da todo?

Ele assentiu trêmulo.

Eu não te mereço, Nico. - Sussurrei.

Eu imaginei que ele diria qualquer coisa, mas ao invés disso ele se aproximou e beijou de leve os meus labios. Ele se aproximou novamente, mas me beijou com mais força.

Foi quando eu saí do transe. Minhas mãos voaram inconscientemente para os seus cabelos negros, enquanto as dele se fixavam na minha cintura. Em alguns segundos eu estava no seu colo, agarrada ao seu pescoço. Era diferente beijar Nico. Não era urgente e cheio de malicia como beijar Will. Era uma coisa mais inocente, calma, com sentimento. Sem contar no sabor doce e refrescante de menta dos seus labios.

Onde aprendeu beijar tão bem, di Angelo? - Perguntei arfante e arrumando os cabelos quando nos soltamos.

Pergunto o mesmo. - Ele sorriu.

O que... O que foi isso? - Recuperei a minha consciência.

O primeiro passo para a maior loucura da minha vida. - Nico murmurou e me entregou uma caixinha. Ele pigarreou antes de começar. - Ash, você quer namorar comigo?

Dentro da caixinha de veludo preto não havia o anel clichê, mas sim uma corrente e um pingente de prata em forma de caveira. Os olhos eram de safiras, combinando perfeitamente.

E não hesitei. Assenti e o beijei novamente.

Garota, você ainda vai me matar. - Ele sorriu e me deu um selinho. - Deixe-me colocar em você.

Eu me virei, e ele fechou a delicada corrente ao redor do meu pescoço.

Então, minha namorada, o que vamos fazer agora? - Ele sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atras da orelha.

Hum... Eu aposto que você não consegue me pegar. - Sorri maleficamente e empurrei ele pra dentro d'água.

Ele afundou, e quando reapareceu na superficie seus longos cabelos negros estavam colados no rosto ele estava cuspindo água.

Te vejo no chalé. - Disse docemente, mandei um beijo e saí correndo.