6 – Por enquanto

- Não tenha medo Jamie, não vou te machucar, só preciso ter uma conversa com você. – ele me tocava no rosto como se me conhecesse a séculos.

Eu não conseguia falar e muito menos mover um dedo, parecia que eu estava congelada, eu tentara me mover, mas não conseguia.

- Sei o que está pensando. – ele começou a andar sorrateiramente pela sala, com um sorriso ameaçador e irritante no rosto divino. – Mas não se preocupe, você não pode se mover porque eu não permito, é um tipo de mágica sabe, parece piegas, mas é assim que se pode definir. – sorria como se estivesse conversando com um amigo um assunto a toa.

- Jake não contou sobre nós não é? – ele parece que via em meu olhar de pavor todas as respostas a suas perguntas que nada faziam sentido pra mim.

- Bom então sou obrigado a lhe contar minha querida Jamie. – ele falava como se fosse de outra época, muito distante.

- Me chamo Mika, faço parte do clã de ceifeiros que seu querido Jake abandonou, e por sinal, por sua causa. – ele olhou pra mim dessa vez sem sorrir, possuía um olhar de ameaça e raiva ao mesmo tempo, parecia estar com os dentes cerrados.

-Tenho um alerta a fazer a você. Se quer que sua família não tenha maiores danos deve deixar Jake voltar ao nosso clã imediatamente.

Meu coração se contraio com o peso das palavras, minha família e Jake eram o que mais tinha de importante em minha vida agora. Como eu poderia deixar ambos ao mesmo tempo? Era demais pra mim deixar Jake e mais ainda a minha família.

Do lado de fora só havia silêncio ao menos aos meus ouvidos humanos. Me preguntei se os 3 seres estranhos estavam a distrair Jake enquanto eu estava diante da figura sombria a minha frente. Ele vestia a capa preta mas estava com o rosto descoberto e parecia vestir uma roupa moderna por baixo.

Ouvi a porta se abrir brutalmente e senti o toque gelado em meus braços, e minha aflição passou em um segundo quando reconheci o toque. Jake me colocou a suas costas e se pôs de forma protetora entre mim e Mika.

- Não vai ser preciso avisos prévios Mika, já me acertei com Omar, Susie e Java.

Eles se encararam por um bom tempo. E eu, já livre do efeito paralisia de Mika fiquei parada para não chamar atenção. Eles pareciam estar conversando mentalmente, isso me deixou preocupada. De repente Mika sorrio para mim sobre o ombro de Jake e saiu sem dizer uma palavra.

Jake se virou para mim, e viu que eu estava assustada demais para falar. Colocou meu rosto em suas mão, olhou em meus olhos e falou.

- Não vamos nos preocupar agora com isso, eles queriam te assustar, mas eu resolvi tudo, polo menos por enquanto.

- Como assim resolveu tudo? Como... como você acha que estou? Eu não entendi nada que aconteceu aqui Jake, eu to... – tinha conseguido finalmente falar, mas estava tão nervosa que tive de me interromper.

- Ei calma, calma meu amor. Escuta eu não vou deixar que nada aconteça a você. Enquanto eu puder vou proteger você e sua família.

Falando daquele jeito fui obrigada a me acalmar e respirei fundo, parecia até difícil respirar, parecia que não fazia isso a horas.

Estando tudo mal resolvido pra mim, sem saber o que Mika queria dizer com a ameaça realmente, o que Jake falara com seu antigo clã eu não conseguia mais pensar em nada. Ele já não me olhava mais nos olhos, parecia esconder algo que até em seu olhar lhe entregaria. Fiquei indiferente a ele que nem uma adolescente mimada que não recebe mesada dos pais.

Sai sem olhar pra ele, sentei na pequena escada da varanda e comecei a chorar. Não queria que me visse assim, mas ele já estava ao meu lado antes mesmo da primeira lágrima chegar ao fim de minha face.

- Oh Jamie, me perdoe mas não posso lhe contar nada por enquanto, tudo que posso lhe dizer é que vai ficar tudo bem. - olhei para ele e vi que ele falava meia verdade, poderia mesmo ficar “tudo” bem? Mas de uma coisa eu tinha certeza, ele me escondia algo e implicava em perde-lo meu coração sentia isso.

- Sei que me esconde algo, se não que me falar tudo bem, mas quero que saiba que seja o que for, eu não vou desistir nem de você, nem da minha família. – falei entre dentes em um tom ameaçador, tentando intimida-lo.

Ele me olhou e me deu um sorriso amarelo, e em abraçou. Não havia lugar no mundo que me fazia sentir melhor do que ali, em seus braços. A noite caía e não me importava em voltar pra casa, eu não queria me separar dele nem um momento, o medo de ele desaparecer era imenso. Então resolvi ligar pra casa e dizer que ia dormir na casa de uma amiga da escola.

- Alô. – a voz da minha mãe era de preocupação.

-Mãe sou eu. – falei tentando parecer tranquila.

-Oh Jamie onde está minha filha? Seu pai e eu ligamos pra escola e disseram que você já havia vindo pra casa. – como assim? Se eu nem havia ido a escola? O que Jake fizera para que pensassem que fui a escola?

- Ah mãe eu estou bem é que, fiquei sem crédito pra avisar que tinha ido estudar na casa de uma amiga da escola. – será que estava sendo convincente?

- Tudo bem filha confio em você. Mas então que horas você volta pra casa? – ela já parecia mais tranquila.

- Bom mãe, era isso que ia falar. Eu vou dormir aqui na casa dela, mas não se preocupe amanhã depois da escola vou direto pra casa. – houve alguns longos segundos de silêncio.

- Tudo bem então, como disse confio em você, esteja em casa amanhã e iremos conversar. – as ultimas palavra confirmaram o que eu já sabia, sou uma péssima mentirosa.

Desliguei o telefone depois de uma despedida melosa de minha mãe e fui sentar com Jake na varanda. O entardecer era ainda mais lindo naquele lugar, me fez até esquecer um pouco as coisas. Respirei fundo e resolvi deixar aquele assunto esquecido, por enquanto, afinal para mim e minha suspeita, cada minuto com Jake era crucial de agora em diante.

- E então você ainda não me mostrou seu quarto sabia? – ele deu um sorriso de lado matador e me olhou de forma sensual levantando a sobrancelha e o que eu mais gostava, mordendo os lábios.

- Você ainda quer? – que pergunta estúpida.

Levantei pegando em sua mão e o levando para dentro da cabana. A noite era silenciosa e fria. Ele me pegou nos braços, como um casal chegando no quarto em que irá passar a lua de mel e me soltou quando entramos no quarto. Era simples, uma cama king size com lençóis salmão, paredes verde oliva, piso de madeira encerada e um baú velho que me chamou atenção por um instante, mas que ignorei, por enquanto.

Me virei pra ele depois de olhar cada canto do quarto, e o puxei para mim. Comecei a beijar seu pescoço e morder sua orelha. Não sei o que acontecia comigo naquela hora, mas estava com um desejo incontrolável de ter Jake pra mim.

-Hum, o que você fez com a minha namorada? – ele não perdia o humor nem nessas horas.

Senti que ele estava gostando, e então fiz outras coisas que não fiz na noite passada e que ficamos. Ele me empurrou para a parede e me escanchou em seus quadris. Nossa respiração era só o que se ouvia, cada peça de roupa era tirada rapidamente. Até que chegamos a cama, no meio de nosso ato de amor Jake me falou algo que nunca ouvira com tanta verdade.

- Eu te amo. – parei e o fitei absorta.

- Eu também te amo. – falei sorrindo e com uma felicidade imensa ao escutar o que me disse.

E continuamos nossa cena de amor em um lugar livre de todo o mal e que para mim mais parecia o paraíso.