10- Sete Pecados Capitais

Levantei ainda sem me situar por quanto tempo eu apaguei. Olhei para Jake, e não gostei nada de seu rosto frio e assustado. Será que minha vida com ele poderia piorar? Pelo visto sim. Droga de mania de prever coisas ruins.

- Jamie, eu tenho que ir. – ele me acordara pra dizer apenas isso?

- Aonde vai? Ainda me deve explicações sabia?

- Eu tenho que ir por algum tempo. – ele me olhou por um tempo e eu entendi o que ele queria dizer.

- Como assim? Você vai pra onde? Vai voltar logo não é mesmo? – comecei a levantar da cama e falar com tom alterado.

- Não Jamie, não é assim eu... – ele fez outra pausa.

E então meu mundo caiu mais uma vez, seu olhar desviado para outro canto de meu quarto suscitou minha terrível ideia de que nunca mais o veria. Olhei para ele chocada com o turbilhão de coisas que se passavam em minha cabeça. Foi como um flashback, todos os nossos momentos de alegria, seu jeito louco que me fascinava, tudo iria acabar.

- Você vai embora. – falei em sussurro, olhando, sem ver, para o chão.

Ele não se moveu um centímetro de onde estava. Apenas imóvel como se não tivesse muito o que fazer a minha afirmação.

- Vou seguir meu clã fielmente. – falou sem olhar pra mim.

- Mas Jake a algumas semanas você odiava o que fazia, não pode deixar que eu acabe com sua vida. Não valho tudo isso.

- Essa foi uma decisão minha, Jamie, não cabe a você se culpar, poupe seu julgamento premeditado. – ele falou irritado, quase gritando, a ofensa das palavras e o tom da verdade fizeram meu coração apertar de tanta dor.

- Parece que você não se importa mais comigo. Eu sei que tenho sido incompreensiva, mas não me deixe Jake. – implorei. Ele se virou para que eu não enxergasse mais seu rosto perfeito.

- Eu sinto muito. – fechei os olhos e vi que aquela frase me magoava mais do que confortava.

E quando abri, ele já não estava mais ali, apenas um bilhete em cima da cama. Relutei em pegar o mesmo. Não sabia se tinha forças pra me mover. Sentei na cama ao lado do pedaço de papel que não me era estranho. Quando o abri, vi que era o mesmo bilhete que Jake me escrevera e que encontrara dentro do meu exemplar de Crepúsculo no aeroporto.

Larguei o papel e desci as escadas rapidamente. Rompi pela porta da frente e saí correndo pelas ruas até a casa do senhor Andrew. No caminho tive a impressão de ser seguida, mas ignorei. Chegando a velha mansão parei no portão e respirei fundo. Comecei a pensar se tinha sido uma boa ideia.

- Não vai entrar? – as aparições repentinas de Mika não me assustavam mais. Só pensei que fosse outra pessoa.

- Mika, o senhor Andrew está?

- Não, ele foi a um... uma reunião.

- Hum. – murmurei desapontada, o torpor relutava em se apossar de mim quando minhas tentativas falhavam.

- Vem comigo Jamie, quero te mostrar algo. – não era boa ideia andar com alguém como Mika aquela hora da noite, mas nada mais me importava, então o segui.

Seguimos pelo jardim da mansão até uma parede cheia de musgos. Olhei e não vi passagem nenhuma, só alguns símbolos que me lembravam, brasões de famílias medievais.

Vi Mika pegar seu colar e por ele direcionado a um dos símbolos, e uma luz forte tomar conta do ambiente. Quando o clarão cessou e abri meus olhos, vi estávamos em uma sala que mais parecia um palácio do Vaticano.

- Essa é a sala dos 7 poderes. – Mika estava em meu flanco e eu nem percebera.

- Porque me trouxe aqui? E o que são esses 7 poderes? – cada vez mais me dava conta do vasto mundo que havia entre a vida e a morte.

- Vim te mostrar suas opções. – nos olhamos e realmente eu não tinha entendido o que ele queria dizer. – Os 7 poderes são indicados nas figuras das 7 portas que você vê. – haviam 7 portas enormes em um corredor que se estendia até uma última porta que por sinal era a maior e mais reluzente de todas.

- Cada porta é titulada com os 7 pecados capitais. Os principais motivos que levam a morte de muitas pessoas de almas condenadas ao inferno. Os humanos nunca levam em consideração os 7 pecados. Mas são eles que pesam na balança na hora do fim de suas vidas medíocres e vazias. – ele falava como se tivesse raiva da raça humana.

Olhei para o corredor e fiquei pensando no que Mika estava pensando.

- Jake seguiu o clã de ceifeiros do norte Jamie. Ele vai ter de estar em uma dessas salas que que ele voltou a coletar almas que qualquer feitio. Não importa se é boa ou ruim. Ele não vai mais voltar. – enquanto Mika falava civilizadamente comigo, me perguntei se aquela criatura seria bipolar.

Olhei aquelas portas e o medo tomou conta de mim, minha fraqueza se manifestou e minha vontade de sair dali se tornou foco.

- Preciso ir. – ele me olhou confuso.

- Como assim? Você não quer encontrar Jake? – me intrigava como Mika me ajudava, algo não me deixava confiar completamente nele, ainda.

- É tenho que ir. – falei com mais firmeza.

- Bom então, vamos. – enquanto andava pelas ruas escuras vi que não me lembrava muito de como cheguei tão rápido a mansão. Mais uma vez me senti observada. Olhando para os lados continuei a andar, aumentando o ritmo da passada. Chegando em frente a minha casa, uma voz rouca e distorcida em chamou.

- Jamie querida, você está bem? – A senhora Stewart me olhava preocupada, do outro lado da rua.

-Sim eu estou bem. – dei um sorriso amarelo pra disfarçar.

- Querida não quer entrar e me fazer companhia? Está frio aí fora. – pensei que não seria boa ideia ficar sozinha em casa, eu me perderia em pensamentos sobre Jake. Então não seria má ideia fazer companhia a uma velha senhora.

Entrei em sua casa e parece que não havia mais ninguém além dela. Era uma casa simples, móveis antigos e tintura rosa salmão.

- Vou pegar algo pra você comer filha. – assenti, algo me deixou desconfortável. Levantei e comecei a olhar os quadros simples e sem vida.

- Shiiii, não diz nada apenas me acompanha. – uma mão fria e uma voz familiar me segurou e tapou minha boca, para que não gritasse.

Quando saímos, o empurrei imediatamente.

- Está louco? Porque fez isso? – Mika havia tirado a noite pra me perseguir isto estava claro.

- Agente tem que sair daqui agora. – ele falava em sussurros, que perigo havia ali que Mika estava a insinuar?