Humano escrita por Lady Baginski


Capítulo 4
Cullen




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Não encontrou nada de interessante naquela noite de Seattle além de baderneiros e bêbados, alguns tipos meio mal encarados em uma parte mais cavernosa da cidade, como poderia definir, e algumas festas pouco movimentadas. Aparentemente uma quinta-feira não era um bom dia para festas ali. Talvez essa fosse mais uma deprimente cidade de interior que somente tinha diversão e vida noturna nas sextas e sábados, e ainda assim deixando a desejar. Deprimente, mas era uma possibilidade bem real.

Perdeu a sexta inteira remexendo no motor da motocicleta.

– O que está fazendo, Leo? Perguntou o velho vendo a quantidade de peças e a bagunça criada num canto da garagem.

– Melhorando um pouco esse motor.

– Onde aprendeu a fazer isso? Perguntou o velho curioso com o recente interesse de Leo pela odiada motocicleta.

– Internet, tem projetos e manuais de fabricantes que incluem todo o funcionamento dessa coisa. No fim não passa de um motor, poderia ser uma máquina de lavar, é a mesma coisa.

– Não é a mesma coisa... Começou o velho.

– Ah, lá vou saber eu, nunca precisei fazer uma ligação direta em uma máquina de lavar, geralmente carros é que tem essa possibilidade.

– Que seja... Disse Johannes deixando de lado o assunto. O garoto era meio autodidata, e se alguma coisa desse errado, poderiam contar com o garoto que Charlie tinha indicado pra ajudá-los, por preços módicos.

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Sentiu-se bem mais seguro de lidar com aquela moto depois de ter melhorado um pouco o sistema, apesar de não ser um especialista, pelo menos ele tinha certeza de que tinha apertado todos os parafusos. Mas em compensação àquela agilidade que teria com aquilo, teria que se adaptar melhor a outras coisas.

Estava novamente em Seattle, tinha visto Bree no início da tarde, e não comentou o fato de que ficaria rondando a cidade. Tinha dois bons candidatos à procura "vivos ou mortos", apesar de ele preferir a segunda opção, era menos barulhenta depois. Escutar vagabundos de toda sorte chingando por causa de sua prisão era sempre chato.

Andou por algumas partes não muito saudáveis da cidade, e por outras muito mais agradáveis. Não era muito longe de onde Bree estava hospedada, mas viu algo estranho num beco. Sua motocicleta entraria ali com facilidade, mas manobrar a saída seria problemático. Desligou-a e deixou de canto. Tentou ver o que estava acontecendo ali, parecia somente uma briga de algum tipo de gangue de rua.

– Ei, o que está fazendo aqui? Perguntou um deles percebendo a aproximação semi-silenciosa de Leo.

– Nada, realmente... Disse com as mãos preparadas pra um saque rápido e a possibilidade de precisar atirar. Tinha encontrado um bom prêmio ali, mas não poderia se complicar com os outros três.

– Não brinque... Realmente aqueles idiotas iriam querer arranjar confusão, e se aproximavam. O que parecia mais audaz era o que ele precisava, os outros eram irrelevantes, um renderia alguma coisa, os outros dois, nem tinham um preço pelas suas cabeças. Lixo... Foi o que pensou Leo por fim dando de ombros.

Não era a coisa mais confiante a se fazer, sabendo o quão ruim ele era em Le Parkour, mas pelo menos Leo sabia que não iria se esborrachar, essa era a confiança que precisava, no básico.

Realmente, foi bom que tivesse dado certo, porque os mais covardes estavam se afastando ao ver que de um momento a outro ele estava do lado oposto ao que tinham visto-o antes.

Realmente, o som do tiro foi mais que suficiente para que os outros corressem, hesitando um pouco ainda um dos que ele pensou não valer nada. Tinha que admitir, não sair correndo depois de ver a cabeça de um cara explodir era um ato de coragem, ou de imbecilidade, porque depois o cara recobrou o juízo e correu.

Poucas pessoas compram briga com o cara que está armado, ainda mais quando sabem que ele realmente está disposto a atirar.
Pegou o telefone e discou. Tinha que fazer a entrega, mas não poderia deixar o cara irreconhecível arrastando-o amarrado à motocicleta.

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Desistiu da possibilidade de conzinhar alguma coisa qualquer quando viu a bagunça que seu velho tinha feito naquele dia com o resultado da sua pescaria. Johannes nunca foi muito bom pra lidar com qualquer bicho comestível.

Acendeu o fogo e colocou água para esquentar. Iria passar mais uma noite com um Cup Noodles no estômago. Era melhor que comer peixe, provavelmente teria que ver isso no almoço do dia seguinte.

– E então? Como foi o dia com a sua menina nova? Perguntou o velho enquanto Leo comia.

– Divertido. - disse ele parando para mastigar - Provavelmente teremos uns trocados na conta essa semana, consegui uma entrega hoje.

– Qual foi?

– Aquele de 5 mil dólares, não era lá grande coisa, mas já que deu a chance, já é algo.

– Melhor que a encomenda. Ligou pra Cláudia essa semana já?

– Ela é chata... Resmungou Leo pensando em como poderia aquela mulher ser irmã da sua mãe, afinal, se a sua mãe fosse tão irritante assim certamente o velho não teria aguentado muito tempo.

Se bem que, pensando pelo lado positivo, ele não teve mesmo, afinal uns quatro anos depois de Leo nascer a sua mãe foi dessa pra melhor, ou pior, dependendo do ponto de vista. Parou por um instante pra olhar pro cruxifixo liso e prateado no seu pescoço. Era uma lembrança irônica que ganhou, um grande pingente que não servia pra muita coisa no caso dele, provavelmente ele iria parar no inferno mesmo, se é que já não estava nele.

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Uma semana tediosa que terminou, na semana seguinte visitou Bree duas vezes, e teve que comprar coisas idiotas pra seu novo ano letivo. Tirou uma tarde para algo que fazia algum tempo que não fazia. Desperdiçar balas em um treino no quintal dos fundos.

Ao som dos primeiros três tiros certeiros no alvo fixado na parede, já havia uma quantidade enorme de pessoas aglomeradas ali, e Johannes simplesmente apareceu de roupão como se nada tivesse acontecido tentando acalmar os vizinhos. Não que adiantasse muito aquele monte de desculpas idiotas do velho. Enfiou a cabeça pela parede lateral da casa vendo Charlie, um outro velho da casa ao lado, na janela da casa à frente uma idosa fechava as cortinas assustada, e junto a Charlie havia uma meninina provavelmente da idade de Leo, e um outro garoto mais alto, um tanto pálido, como se tivesse algum tipo de doença.

– Está tudo bem, Johannes? Perguntava Charlie preocupado, enquanto os outros resmungavam sobre o que tinha acontecido.

Leo enfiou-se pra fora de seu esconderijo onde espiava seu velho falhar em tentar ser amigável e idiota como sempre. Percebeu que o garoto que estava com aquela menina com cara de bobinha apaixonada o olhou desconfiado.

– O que aconteceu? Que barulheira é essa? Perguntava Leo com uma pistola na mão como se isso fosse normal.

– Ei, Leo, quantas vezes eu já disse pra não apontar a arma pra algo que não queira acertar? Disse o velho olhando para Leo e vendo ele mostrar que a arma estava travada.

– Nós que perguntamos, que barulho foi esse? Reclamou o outro velho tendo a aprovação do garoto pálido.

– Tiros, ora, que barulho mais poderia haver se eu estou com uma arma na mão? Perguntou Leo achando idiota a pergunta.

– Leo, bem que as vezes você poderia ser menos direto... Resmungou Johannes.

– Essa é uma atividade um tanto incomum. Comentou o garoto que estava de mãos dadas à menina para Leo.

– Nem tanto, quem vive de caçar recompensas tem que fazer isso se não quiser dar um tiro no próprio pé. Resmondeu Leo, e Edward ficou por um momento confuso, afinal, como diabos poderia aquele garoto dizer literalmente o que pensava. Realmente, era uma piada isso, mas o cara não tinha papas na língua mesmo.

– Qual o seu nome? Perguntou Bella um tanto contrariada com a forma direta do garoto, ele era estranho, seu pai tinha comentado sobre os vizinhos, mas não sabia que teria gente tão esquisita na sua rua, e depois de tantos problemas, não queria dar de cara com mais do que já tinha pra pensar.

– Pode me chamar de Leo. E quem é você? Perguntou ele olhando para a menina, ela parecia inocente demais, isso era estranho. Viu que o garoto ao lado dela o olhou de um jeito estranho quando ele perguntou a ela quem era.

– Bella, filha do Charlie... Respondeu ela num fio olhando para o pai que discutia alguma coisa com Johannes.

– Ah... E ele é o seu noivo? Perguntou Leo seguindo a lógica mais razoável para aquelas mãozinhas dadas e a cara de boba apaixonada que ela tinha. Parecia aquele tipo de romance que ele realmente não acreditava que existia.

Leo viu ela se contorcer um pouco quando ele falou a palavra "noivo", não parecia a ele, pelo menos naquele ínfimo instante, que ela fosse mais tão apaixonada quanto antes, se hesitava em aceitar o relacionamento com aquele cara mesmo que quase imperceptivelmente.

– Isso mesmo, Edward Cullen. Respondeu ele oferecendo a mão em cortesia num cumprimento para Leo. Edward não tinha gostado nem um pouco do termo que Leo teve mentalmente acerca do relacionamento deles. Era estranho um humano que fizesse uma análise tão profunda das pessoas tão rápido.

Ele não conseguia ver direito o que se passava na mente de Leo, havia a imagem de uma menina que simplesmente enevoava outros pensamentos, realmente, isso era frustrante. Fora que os pensamentos que Leo tinha eram literais e imediatistas, ele não era o tipo de pessoa que remoía pensamentos ou raciocinava outras coisas naquele momento, mas percebeu uma coisa quando se apertaram as mãos.

Leo percebeu uma coisa quando tocou a mão dele, imediatamente, num estalo "monstro", foi o que viu na mente de Leo. Como aquele cara sabia disso? Mas os pensamentos dele estavam de novo voltados para os velhos que reclamavam do barulho dos tiros e rodeando sobre como o velho Johannes era idiota pra resolver um assunto simples como acalmar vizinhos.

Leo percebeu então que Bella olhava para o cruxifixo dele, uma reação interessante. Se perguntou por um momento o motivo de as pessoas darem tanto valor a ícones como aquele. Involuntariamente pegou a joia e pensou na religiosidade que ele não tinha, era irônico que outras pessoas pensassem coisas tão inversas sobre ele só por causa de um símbolo. Percebeu que ela ficou embaraçada quando ele viu que ela olhava para o seu cruxifixo.

– É religiosa? Perguntou ele olhando novamente para Bella e sentindo o olhar perfurante do cara ao lado dela.

– Não... Ahm... Ela não era, ele concluiu, ela mal deveria saber rezar um Pai Nosso.

– Não faça uma imagem muito bonita de mim, eu sou ateu. Isso foi um presente da minha velha... Disse Leo deixando-os, e sentindo os dentes do outro rangendo. Foi ajudar o seu velho a acalmar os vizinhos que discutiam o incômodo que seria aquilo na vizinhança.

Edward se sentia estranho vendo a mente daquele cara em especial. Ele tinha uma boa percepção de comportamento das pessoas, concluia as coisas rápido e com lógica acima do que ele esperava de um cara normal, tinha criado um tumulto num domingo pelo barulho de tiros, e podia ver na memória do menino o estado do alvo, ele era certeiro, cada tiro que deu acertou. Ele não era o tipo de pessoa que se daria um tiro no pé. Além disso, ele deu uma atenção estranha a Bella, mas mesmo assim não poderia tirar conclusões sobre o que ele queria, tinham várias coisas circulando a mente dele naquele momento, como se livrar de velhos barulhetos, literalmente, e o pensamento de que ele, Edward, não era normal. Como ele poderia ter percebido isso assim? Só pela temperatura?

Outro pensamento que o irritou, mas que era risível, era o de que, Leo percebeu que ele estava irritado e trincara os dentes, algo que era difícil de perceber à distância se não estivesse atento, mas ele percebeu, e o seu pensamento era simples. Esse idiota só me falta ficar com ciúmes por causa daquela menina ali, comprar incomodação de graça quando o maior problema ali não seria eu ter interesse na filha do Charlie, mas talvez... A confiabilidade desse tipo de relacionamento, afinal, ciúmes existem onde a confiança é um fio de fragilidade.

O pensamento de Leo fazia sentido, mas era irritante que ele suspeitasse da estabilidade dos sentimentos entre ele e Bella.

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Leo surpreendeu-se na semana seguinte ao ver que Bella e a comitiva Cullen seriam seus colegas. Seu pensamento imediato ao ver aquelas pessoas foi simples. Eles não eram uma família, havia vários traços de genética mendeliana diferentes, todos eram de famílias diferentes. Seu pensamento abrandou-se quando constatou que eles eram filhos adotivos do casal Cullen, adotados pelo médico da cidade. Ah, se o médico da cidade também fosse um monstro, então estaria muito bem arranjado, foi o seu pensamento imediato. Realmente, o velho tinha razão, deveriam ser bem mais cautelosos se quisessem sobreviver no meio de tantas coisas.

Dispensou uma loira sem sal que tentou puxar assunto, pensando em quando poderia novamente ir a Seattle. Suas aulas eram tediosas e aquela escola dava arrepios. Fora que era chato ter alguma loira idiota pedindo carona na sua motocicleta. Não era lá o tipo de pessoa que gostava de meninas de iniciativa, elas eram fúteis e chatas na maior parte dos casos.

Era bem mais divertido quando ele tinha uma batalha psicológica com alguma menina para poder estar com ela, tinha mais graça.

Teve um trabalho escolar para fazer com um garoto chato que não apareceu e com uma das meninas Cullen. Detestava sorteios, sempre acabava em um grupo de inúteis, e que tipo idiota de trabalho com maquetes era aquilo no último ano do ensino médio. No fim das contas estava na sua casa esperando ainda que os dois idiotas do seu trio aparecessem pra fazer o trabalho e se livrar logo disso.

– O que está esperando, Leo? Perguntou o velho desmontando uma pistola e limpando-a.

– Ah, os meus colegas pra fazer a droga de uma maquete pra essa semana. Duvido muito que apareçam, grupos sorteados geralmente significam que eu vou trabalhar e dar nota pros outros... Resmungou Leo olhando para os pedaços de isopor e tintas que estavam preparados sobre a mesa da sala.

Leo escutou a campainha berrando. Quem era doente o suficiente pra tocar a campainha quando ele estava do lado da porta. Seus ouvidos tiniram por um instante e ele foi abrir a porta.

– Olá... Disse Alice com uma expressão animada. Como é que aquela mulher conseguia se animar com um trabalho besta como aquele?

– Oi... Disse ele fazendo sinal pra que ela entrasse e olhando ao redor esperando que houvesse mais um idiota pra ajudá-los.

– Ah... Acho que o Mike não vai poder vir hoje... Disse ela vendo que Leo procurava pelo outro idiota.

– Minha teoria não estava completamente errada - resmungou Leo fechando a porta e se aproximando da mesa onde havia o material - Geralmente grupos sorteados significam que alguém vai ganhar nota nas minhas costas... Disse ele desanimado ajeitando a sua parte do material.

Em meio à conversa deles, rindo até de algumas babaquices escolares, ele pensava no porque de um monstro se misturar ao meio da sociedade? Era até mesmo triste pensar que esses seres não deveriam existir. De repente, via que ela parecia estar focando o nada, e deu uma sacudida nela, vendo que ela voltava ao normal.

– Ei, Alice, está se sentindo bem? Perguntou inocentemente. Claro que essa educação toda vinda de uma porta como ele era pedir demais, mas era o que poderia fazer pra compensar o fato de tê-la sacudido. Ela era gelada como o outro. Sua teoria estava certa, todos eles, não tinham algum tipo de doença, eles eram monstros.

– Sim, claro. Disse ela com um sorriso amarelo.

– Sei... Quer um pouco de água? Perguntou ele sabendo que era muito provável que ela recusasse, como realmente ela fez, afirmando que estava bem.

Logo se distraíram novamente terminando a porcaria da maquete.

– Acho que não é uma boa ideia deixar isso aqui comigo... Resmungou ele vendo como era muito plausível que ele destruísse aquele delicado trabalho com uma viagem de motocicleta até a escola. Alice parecia ter adivinhado aquilo que ele pensou.

– É bem possível que nosso trabalho seja destruído pela viagem... Ela disse.

– Bom, não que eu não tenha dito ao velho que uma motocicleta era uma péssima ideia... Disse Leo com uma cara um tanto mal humorada.

Alice brincou de quiromante olhando as linhas da mão de Leo.

– Oh... Vejo um grande amor na sua vida... Disse ela com uma voz afetada.

– Claro... Todas as quiromantes e ciganas vêem a mesma coisa... Disse ele rindo da implausibilidade disso e terminando com a brincadeira. Não gostava da ideia de ter que ser cordial com um monstro como ela, por mais que ela fosse gentil, sabia que nem sempre eles seriam assim.

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O tempo passava de forma lenta e certamente tediosa. Pensou em como gostaria de exibir a sua namorada no baile da escola, mas Bree não estaria mais na cidade naquela época. Bom, teria que se acostumar com um pseudo-relacionamento por e-mail e sms, até o momento em que isso não daria mais certo e simplesmente terminaria. Era similar a quando ele tinha que viajar com o seu velho. Nunca pôde dar um voto de confiança para uma menina antes por causa desses probleminhas que tinham.

Ele já tinha percebido como a casa do Charlie era rodeada de presenças estranhas e suas estatísticas diziam que teriam que fazer uma matança muito sistemática ou reunir aquele tanto de monstros e explodí-los se quisessem sair com vida daquele lugar. O problema era, aquela humana idiota que andava com os Cullen, a preferidinha daquele tal de Edward. Não seria fácil desgrudá-los, mas era algo necessário se não quisesse humanos inocentes envolvidos. Apesar de que, com a proximidade que Bella tinha com aquela família, era plausível admitir que talvez ela soubesse de tudo sobre aqueles monstros, ou que estivesse enfeitiçada, o que seria uma grande problema, porque tornava à teoria de não envolver humanos inocentes em uma ação de limpeza. O velho já tinha percebido isso antes, mas eles não precisavam conversar pra saber o que era mais apropriado na situação iminente.

– Velho... Chamou ele um dia enquanto não conseguia prestar atenção à televisão.

– O que foi, Leo?

– Percebeu algo estranho na última vez que foi a Seattle?

– Acho que sim... O que o incomoda?

– A quantidade daqueles monstros, parece que mais hostis do que os de Forks, e parece que estão se multiplicando. Eu acertei três da última vez que estive por lá.

– É, isso é um problema. Criaturas pacíficas não trazem tanta incomodação... Resmungava o velho. Será que estava sendo enfeitiçado por aquelas coisas?

– Pacífico ou não, é um problema quando deixar de sê-lo. E ninguém garante que não são essas criaturas pacíficas a que nos referimos que estão fazendo aquele rebuliço todo em Seattle.

– Isso é um problema pra se resolver com o tempo.

Nisso o velho tinha razão, só o tempo diria o que eles pretendiam com a filha do Charlie, e só o tempo diria quem e porque estava criando aqueles monstros em Seattle. Porém, isso não afastava de Leo a preocupação com Bree, pelo menos tinha a tranquilidade de que logo ela iria voltar para Washington.

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Estava procurando por Bree, ela não estava no local em que se encontrariam. Circulou a quadra a marcha lenta, e viu que teria um problema mais urgente pra resolver. Dois daqueles monstros. Nada poderia fazer além de pensar mentalmente que se existisse purgatório, aqueles monstros deveriam cair nele, e atirar.

O primeiro se foi, instantaneamente. Realmente, aquela munição da Claudia que parecia nem mesmo matar um cachorro era útil. Uma pequena explosão que retirava qualquer sombra de vestígio, bem mais útil que a ideia medieval de fazer uma fogueira.

O segundo vinha em sua direção, atirou, quase um erro, mas conseguiu se livrar de ser agarrado, provavelmente um agarrão de um bicho daqueles e ele teria virado patê. Tinha se distraído, ouviu um tilintar, viu um pequeno movimento na rua escura. Ainda de arma em punho fez uma coisa idiota que geralmente não se faz, não nesse tipo de situação...

– Quem está aí? Realmente, atirar e depois perguntar era muito mais seguro pro seu couro, mas percebeu que dessa vez a sua intuição estava certa. Deu um suspiro de alívio ao ver Bree, poderia ter desintegrado completamente a existência dela se tivesse atirado antes de perguntar.

– Tudo bem? Perguntou se aproximando e guardando a arma. Ajudou-a a se levantar e percebeu que ela tremia, isso seria medo?
Como sempre, os humanos que temem o desconhecido. Era normal que reagisse em choque mesmo com ele à sua frente. Deu-lhe um tapa para que voltasse a si e não gritasse mais.

– Acalme-se! - disse imperiosamente, logo voltando a um tom mais humano - Está tudo bem agora, calma... Disse levando-a para uma parte mais iluminada da rua perto de onde tinha largado a motocicleta.
Apesar de chorar um pouco ela tinha se acalmado. ele olhou bem para ela, tentando ver se tinha sido ferida.

– Se machucou? Perguntou ele vendo que ela não conseguia falar ainda, mas já conseguia pelo menos lhe fazer um sinal de que estava tudo bem.

Não perguntou mais nada, simplesmente a colocou na motocicleta e dirigiu para a sua casa. Não deixaria ela em algum lugar que não conhecia o sistema de segurança adequado a essas ameaças logo depois de uma ocorrência como aquela.

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– Então temos visitas hoje... Começava Johannes feliz quando viu a silhueta da menina entrando com Leo na casa.

– Sem festejos, velho... Resmungou Leo sentando-se ao lado de Bree num dos sofás da sala. Johannes entendeu imediatamente que tinha acontecido alguma coisa, e foi até ali sentando-se em uma das poltronas.

– O que aconteceu, Leo?

– O de sempre, só que dessa vez...

– Só que dessa vez estavam recrutando... Ah, isso passa a ser cada vez mais estranho. Resmungou o velho pensativo coçando o cavanhaque.

– Leo - Bree se manifestou finalmente - o que se passa? O que aconteceu com aqueles homens?

– Completamente exterminados. - ele disse seriamente e depois tentou ser brando, sem muito sucesso - Não eram homens comuns, eram monstros.

– Mocinha, se importa de me responder algumas coisas? Perguntou o velho.

– Ei, velho, não force a barra hoje... Resmungou Leo de seu lugar sentindo que Bree ainda estava assustada e se abraçava a ele tremendo um pouco.

– Eu sei, eu sei... Mas realmente é importante, temos que saber o que aconteceu...

– Bree, pode contar pra nós o que aconteceu antes de eu te achar?

– Eu estava virando a quadra para nos encontrarmos, alguns minutos antes, e eles me puxaram, e não se moveram um mílímetro mesmo que eu tenha usado toda a minha força. Conversavam normalmente, diziam que estavam conseguindo mais uma para "Ela", seja lá quem fosse essa mulher... E Depois...

– Depois eu atirei neles e eles explodiram...

– Leo, não a interrompa. Reclamou Johannes.

– Mas é só isso, não havia nada que identificasse essas pessoas, exceto que suas mãos eram frias e eles eram muito fortes. Não disseram mais nada... Disse ela defendendo Leo.

Depois de Johannes fazer algumas piadas sem graça, de explicarem a Bree que além de caçar recompensas legalmente, tinham essa outra atividade paralelamente, da forma mais fácil de explicar "caçar monstros", sem entrar em muitos detalhes porque seria bem problemático se ela entrasse em pânico ou contasse isso pra mais alguém, foram finalmente descansar.

Leo não a deixaria sair do seu lado, e ela parecia muito satisfeita com isso, afinal, era aterrorizante pensar em dormir sozinha depois daquela situação toda.

O pensamento de Leo e Johannes era o mesmo. Eles tinham comprado briga com uma coisa um tanto grande. Aquilo provavelmente era a preparação de uma guerra. Seattle e seja quem fosse a monstruosidade que estava criando aqueles seres, e algum outro oponente, que se poderia pressupor, a família Cullen e os outros estranhos que tinham conhecido nesse meio tempo, daquela tribo Quileute. Parecia improvável, mas era o mais lógico, para que se equiparasse em número de combatentes lado a lado, em uma estatística razoável. Tinham duas opções, se envolverem correndo o risco de morrer no processo ou deixar que os conflitantes se aniquilassem mutuamente. A opção mais plausível e humanamente lógica pra quem quer manter o pescoço a salvo era a segunda, apesar de o espírito aventureiro dizer a Leo que essa opção poderia ser problemática.


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