Humano escrita por Lady Baginski


Capítulo 3
Seattle


Notas iniciais do capítulo

Importante: Faz tempo que li os livros da série, não li o livro anexo sobre Bree Tanner, e não assisti os filmes, então tem muitas coisas que vão partir da minha mente, já que eu no momento estou tendo outras leituras inabandonáveis. Talvez se eu precisar reler algo então eu demore a postar, mas avisarei de tal ocorrência.
Algo a se observar também é que o enredo está pra lá de perto do livro Eclipse, mas isso eu tento escarecer depois no texto se possível.



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Passaram uma noite em Seattle pensando no que iriam fazer na nova cidade. Nesse meio tempo o velho Johannes conseguiu uma boa casa pra eles. A palavra certa para aquela velha e nostálgica residência em uma cidadezinha no fim do mundo seria "provinciano".

Era evidente que Leo estava detestando a ideia de ter que abrir mão de uma festa de formatura normal em Nova York ou um show lotado de pessoas pra despedir-se da escola pra ter que cursar um último ano de forma tediosa com um monte de gente estranha e no fim das contas ter uma celebração idiota e que seria deprimente como o tempo da cidade.

Naquela manhã antes de irem a Forks, pararam em uma confeitaria para um desjejum minimamente decente. Qualquer coisa que não fosse cozinhada por Johannes era melhor que arriscar a sorte. A única coisa em que ele era efetivamente bom eram sobremesas, e isso demandaria um tempo que eles não tinham.

A vantagem de se envolver no meio de um lugar como aquele, cheio de história, velhas fofocando, aposentados jogando carteado, jovens reclamando de algo fútil e senhoras de família comentando acontecimentos "bárbaros" enquanto esperavam suas encomendas da confeitaria era que evidentemente, apesar de as pessoas normais não terem noção do que estavam falando, elas certamente estavam prestando um excelente serviço de informação a eles.

Uma menina de cabelos escuros de provavelmente uns 15 ou 16 anos chamou a atenção de Leo. Ela era simples e até mesmo inocente. Parecia uma viajante, provavelmente algum tipo de intercambista de outro lugar ou uma azarada que tinha algum familiar por ali. Ela era realmente linda, simplesmente por parecer completamente sincera em cada atitude sua ao falar, olhar para a mulher com quem conversava e dar atenção ao que se passava ao seu redor. Ela entendia o significado da humanidade, talvez... Era o que gostaria de pensar Leo.

Ela parecia ter notado o repentino olhar fixo dele nas suas atitudes e se atrapalhara com o seu café. Era estranho pra ele pensar que alguma garota daquele tipo, ou de qualquer outro, fosse se interessar por um cara mau humorado como ele, com seus dezessete anos e não tão monstruoso quanto os ícones de beleza do cultismo feminino aos músculos, independentemente de serem músculos artificiais. Diferentemente desses caras, por ser bem mais leve que eles também, Leo era relativamente rápido nas suas reações, tinha uma força compatível com a sua estrutura, e não dava mostras de que teria um corpo gigantesco e desengonçado como muitos dos halterofilistas mais fanáticos que conhecia, seria o limite do que um músculo humano com exercícios relativamente normais poderia ter, nada mais que isso.

Se sentiu um tanto embaraçado pelo modo como de repente o seu olhar se cruzou com o da menina de cabelos pretos, e à visão dela havia somente alguém que parecia um estudante normal, e certamente ele não era o cara que seria o capitão do time de futebol ou de qualquer outra coisa esportiva que demandasse brutalidade, de olhos cinzento-esverdeados, lembrando uma água marinha, e um tanto frios, e cabelos castanhos não tão obedientes assim presos à nuca, que se estendiam até próximo dos seus cotovelos.

Leo percebeu por um momento que não tinha escutado nada do que o seu velho falava, e virou-se para Johannes com cara de desentendido. Pode ainda escutar atrás de si a mulher e a menina falando mais baixo alguma coisa e alguns risos, enquanto sentia um cutucão do velho pedindo por atenção de uma forma nada convencional.

- Ai... Leo resmungou quando sentiu o tapa na testa e via o velho olhando-o com cara de quem tinha encontrado a arca do tesouro.

- O que é mais importante aqui - começou ele reclamando - escutar seu velho pai ou ficar olhando as beldades do local?

- Francamente, me sinto muito mais feliz olhando pra meninas bonitas que pra um velho enrugado... Disse escutando que ela tinha rido disso. Então ela estava prestando atenção, isso era no mínimo curioso.

- Bom, não vou dizer que quando eu era jovem não concordava com isso, mas ouça a voz da sabedoria...

- Aham... Concordava Leo entediado e tentando ver de novo a menina pelo canto dos olhos.

- É sério, eu não vou ter um telefone quando for pro inferno pra que você possa me fazer perguntas quando precisar, Leo... Disse o velho rindo um pouco.
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Depois de alguns minutos escutando o velho reclamar que teria que achar um mecânico pra revisar o jipe, viu-se por alguns minutos livre dos resmungos dele quando o velho saiu para acender um cigarro. Seu cérebro agradecia por isso, ou logo explodiria com a quantidade de coisas que ele falava.

Chamou uma das atendentes para pedir por mais uma xícara de café.

- Moça... Por favor, me traga mais um café. - disse ele vendo-a anotar o pedido na ficha da sua mesa - e... Fez um sinal para que a menina se aproximasse mais.

A menina ajeitou seu avental e olhou curiosa para o pedido que ele tinha feito, mas achou no mínimo engraçado, levando para dentro da cozinha as anotações e preparando a xícara de café.

- Ei, Abigail... Disse ela chamando a velha atendente que tinha buscado o doce que foi pedido.

- O que houve, menina? Disse a velha curiosa com a cara da sua colega, uma boa menina, estava aprendendo rápido a ser atenciosa com os clientes.

- Vou levar o café para aquele moço, pode colocar isso junto com esse confeito para a menina da mesa 5? Disse ela alcançando à outra o guardanapo.

A velha abriu e deu uma risada ao ver que não estava em branco. Era curioso que alguém nesse tempo se desse ao trabalho de tais gentilezas com uma menina.

Ele percebeu que o seu velho o observava, e provavelmente o velho deu esta deixa a ele pra ver o que ele tentaria fazer. Johannes ria com a atitude tomada quando via o café dele chegando, e a surpresa na outra mesa onde estava aquela mulher e a menina, quando a velha garçonete lhe entregava um pedido que não tinha sido pedido por elas.

Leo percebeu que a conversa parecia agitada na mesa da menina que observava depois de ela ter se deparado com a sua anotação no guardanapo.
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Depois disso estava escutando um motor barulhento e as risadas do velho no jipe. Leo se sentiu extremamente aliviado quando desceu daquela geringonça e percebeu que conseguiram fazer toda a viagem sem ter que empurrar aquela coisa.

Desfazer uma mudança geralmente era cansativo pras pessoas, no caso dele, a quantidade de quinquilharias que teriam que colocar no lugar depois era menos preocupante que o estado do jipe. Então enquanto ele tentava colocar as coisas no seu armário, falhando miseravelmente em conseguir fazer as pilhas ficarem dentro do armário quando ele o abrisse novamente, até o ponto em que desistiu de tentar organizar aquilo, o seu velho aparentemente já tinha conseguido bons amigos na vizinhança.

Depois de um almoço deprimente, se bem que menos pior que arriscar alguma coisa que ele mesmo tentasse fazer com a pouca vontade que tinha no momento de ser mestre cuca, seguiu o velho para o que ele dizia ser "um bom mecânico" indicado por um dos vizinhos. leo sempre duvidava muito dessas indicações de vizinhos novos, sempre era uma encrenca das boas.

- Ei, velho... Tem certeza que o jipe aguenta até chegarmos nesse lugar aí? Perguntou Leo escutando mais engrenagens com algum barulho que não parecia muito normal.

- Aguenta sim, estamos quase chegando...

- Quem é que te indicou pra vir ao fim do mundo?

- Um policial, gente boa, da quarta casa da rua, Charles... Charlie, uma coisa assim...

- Que seja. Leo não tinha o costume de confiar assim em bons vizinhos, e cidades pequenas geralmente não eram amáveis com estranhos, e menos aidna policiais seriam gente boa com caçadores de recompensas.
Eles pararam o carro e desembarcaram, sentindo o sol do início da tarde sobre suas cabeças, e Johannes foi falar com um velho índio que descansava sentado à sombra.

- Olá, senhor...

- Billy, pode me chamar de Billy... O que procura aqui, viajante? O velho perguntou percebendo imediatamente que não éramos da cidade. Para Leo, uma pessoa que entendia demais das pessoas, ou era velha ou tinha algo a esconder. No caso do índio, provavelmente a primeira opção era a mais acertada.

- Bem, nos mudamos para Forks nessa semana, e um vizinho me informou que aqui eu poderia encontrar quem soubesse consertar o meu jipe velho...

- Vizinho?

- Sim, sim, um policial, boa gente... Charlie.

- Ah sim... Boas pescarias com o Charlie, vai gostar muito de conhecê-lo mais... Começou o velho enumerando as qualidades do seu conhecido, e a cabeça torrada de sol de Leo lhe dizia que essa seria uma longa tarde.

Algum tempo depois, Billy chamou o seu neto para dar uma olhada no jipe. Leo pensou que era bem desproporcional que um cara mais novo que ele, provavelmente, segundo tudo que tinha ouvido do velho Billy, tivesse um tamanho tão grande. Mesmo assim o índio realmente parecia familiarizado com motores e problemas neles, e o conserto não foi complicado. Leo não precisou se preocupar muito em ajudar, exceto a alcançar peças ou coisa assim, o que lhe rendeu as mãos engraxadas, mas algumas risadas também.

- Então, porque vieram pra Forks? Perguntou Jacob enquanto terminava de ajustar um parafuso.

- Meu velho é caçador de recompensas, tem várias boas boladas em Seattle, mas já que não tinha nenhuma escola que aceitasse a minha transferência por lá viemos pra Forks, é perto e tranquila. Comentou Leo pensando em como poderia ser tranquilo demais pro seu gosto do que tinha visto até o momento.

Depois de conversarem mais um pouco, no que Leo aproveitou para perguntar como se comportavam as pessoas de Forks, pra tentar evitar alguma bola fora na escola desconhecida, Johannes chegou perto deles, depois de alguma negociação com o velho Billy.

- Jacob, seu avô disse que tem uma motocicleta que poderia negociar pra nós... Começou ele e Leo levantou a sombrancelha pensando no que estava planejando o velho.

- Sim, tenho uma sem uso que já reformei, está quase tão boa quanto a minha, mas não sei se iria mesmo querer um modelo obsoleto como aquele. Dizia ele enquanto os levava até o galpão onde estavam duas motocicletas escoradas. Realmente, as duas pareciam geringonças assustadoras para Leo, era o tipo de coisa que parecia que desmontaria a qualquer momento, na visão dele em comparação ao que poderiam ter conseguido perto de Nova York.

- Bom, se me garante como o seu velho que ela está funcionando, será ótimo pra que Leo vá pra escola. Dizia Johannes olhando a motocicleta ao canto.

- Ei... - Começou Leo um tanto irritado em um resmungo - Não vá decidindo as coisas por mim...

- Ora, na sua idade eu queria tanto uma motocicleta... Começou o velho com reminiscências.

- É, e ainda parece que é só você que quer mesmo...

- Não gosta de motocicletas? Perguntou Jacob, ele parecia gostar delas, pelo que Leo observou no modo como ele olhava para as máquinas ali.

- Bom, digamos que... Não tem nem um pedaço de lata entre a minha cabeça e o asfalto, o que não parece muito inteligente pra quem pretende continuar vivo. Disse ele pensando no seu cérebro virando patê.

- Pelo menos aproveite mais a vida antes de morrer, então... Disse Johannes fechando o negócio e ignorando os protestos de Leo.

Leo percebeu uma coisa que o intrigou quando apertou a mão do velho Billy, viu Johannes cumprimentá-lo e prometer participar de uma pescaria com o seu vizinho Charles e ele, e ao se despedir de Jacob. Aquele pirralho supercrescido não era muito normal... Como alguém normal poderia estar com quase 45º de temperatura nas mãos, pelo menos, e mesmo assim não estar tendo uma convulsão pela febre ou em estado de choque ou delírio? Isso era uma coisa que ele não entendia. Mas já tinha se deparado com monstros de tipos o suficiente pra saber que aquilo não era algo que teria uma explicação científica aceitável.
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Não que Leo não soubesse andar de motocicleta, ele poderia dirigir qualquer coisa que se atravessasse na sua frente, assim como o seu velho, desde quando a sua família se metia em confusões a coisa era assim, mas realmente, pensar que uma motocicleta era bem menos segura que um carro era uma coisa lógica. Ele tinha a vantagem da versatilidade e rapidez, mas mesmo assim, pro seu estilo, perdia boa parte do que era importante, como um porta-malas... Onde ele colocaria um corpo? Brincadeiras à parte da sua mente, realmente, se algum dia precisasse esconder um corpo teria um grande problema.

Ficou pensando no que seria exatamente aquele cara, que apesar de parecer uma pessoa agradável, era estranho, mas somente comentou isso com o velho Johannes no almoço di dia seguinte.

- Velho...

- O que?

- Aquele cara, o mecânico...

- O que tem o Jacob?

- Você percebeu que ele não é muito "normal", não é?

- Sim, desde o princípio.

- E...

- Vamos deixar tudo como está por enquanto, acho que podemos nos surpreender ainda se formos precipitados nesse lugar... Disse o velho pensativo. Era raro o velho ser cauteloso, geralmente quando ele percebia algo desse tipo, seria algo do tipo "atira e depois pergunta", isso é, se depois de atirar adiantasse perguntar alguma coisa.

- Tudo bem... Disse Leo se armando do mais básico possível e preparando-se para sair.

- Onde vai, Leo? Perguntou o velho vendo que o garoto se ajeitava mais que o normal, que era nada, geralmente.

- Naquela confeitaria de Seattle. Ver uma garota e se tiver chance, pegar a próxima recompensa pra nós.

Claro, uma das armas não era daquelas da Claudia, mas uma pistola normal. Recompensas eram necessárias para manterem um padrão de vida razoável. E a essas alturas, Johannes confiava o suficiente no garoto pra saber que fosse um procurado qualquer ou um ser das trevas, ele voltaria vivo pra casa. Apesar das reclamações de Cláudia, a mira dele era melhor que a do velho.

O velho viu o garoto subir na motocicleta e ir. Provavelmente isso era frustrante pra Leo, o velho sabia que o garoto não gostava muito de depender de armamento de emergência, era mais adepto de coisas maiores e mais destrutivas.

Provavelmente o menino faria um bom trabalho achando algum procurado, como sempre, nas escolhas de Leo, classificado como "procura-se: vivo ou morto", afinal, era complicado manter alguns tipinhos vivos por muito tempo.
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Leo seguia a estrada para Seattle sem desacelerar. Tinha a real sensação de que realmente o velho tinha acertado e aquele lugar era mais movimentado que aparentava. Deram de cara com algo estranho no primeiro dia, quem garantia que Seattle e mesmo Forks não fossem lugar de vacas gordas pra eles.

Parou a moto na frente da confeitaria e entrou. Olhou para os lados, e por um momento pensou que era idiota pensar que a menina realmente apareceria, mas ela estava ali.

Sentiu-se bem de poder rir e conversar normalmente com Bree, ela era uma menina amável, mas logo iria embora dali, era somente uma visitante temporária, o cerne da sua família não estava em Seattle.

Se metade das mulheres do mundo tivessem a sensibilidade que ela tinha para compreender as pessoas e o mundo, certamente viver nesse inferno de humanidade seria muito menos desagradável. Leo a levou até a casa onde ela estava hospedada, e ela parecia se divertir com a droga da motocicleta que ele achava tão insegura.

Era bom ter uma motocicleta por um motivo simples, apesar de a conclusão parecer deveras fútil. Meninas tem medo de motoristas barbeiros, de velocidade ou de curvas acentuadas, tanto faz qual das opções seja, mas quando estão em uma motocicleta não tem outra opção se não se segurarem a eles.

Agora, depois desse breve escurecer, teria alguma chance de fazer outra coisa nessa cidade, e se tivesse sorte, o que achava que seria difícil já que não tinha pesquisado muitos detalhes, nessa semana ainda teria uma boa recompensa ao seu dispor. Era ótimo o fato de que o seu velho não cobrava nenhum tipo de porcentagem ou custo pelo uso da estrutura que tinham. Se continuasse assim, logo ele teria uma boa reserva bancária, afinal, cada vez pegava casos com recompensas mais satisfatórias, só tinha que pensar em gastar menos com festas e garotas.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de recomendar a quem desejar, a seguinte música, de um anime que mucho me gusta =D A melodia é tocante, ainda mais se conseguir entender o sentimentalismo da letra.
http://letras.terra.com.br/kanon-wakeshima/1357120/traducao.html
Espero que gostem.



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