Capitulo 36

   Deitei na cama tentando aproveitar os poucos segundos que eu sabia que teria em paz antes que alguém me viesse perturbar. O tempo no Largo Grimmauld passou rápido, e agora já é dia 24 de dezembro, véspera de Natal.

                Fechei os olhos e lembrei-me do susto que todos levaram quando chegaram aqui e me viram no sofá.

                Flashback on

                Era pouco depois do almoço e eu estava deitada na sala lendo um livro quando a
porta de entrada se abriu permitindo a chegada dos Weasley, de Harry, Lupin, – eu ainda estava chateada com ele – Lilá, Luna e Neville. Minerva veio falar com eles, e eu apenas continuei lendo em silencio, esperando que alguém notasse minha presença. Os primeiros a me verem foram Fred e George. Eles estavam bolando algo novo para a loja e disseram:

                - Olá Mione!

                Então eles continuaram a conversar. Segundos depois acho que eles perceberam o que haviam dito, pois gritaram.

                - MIONE!

                Depois do grito todos olharam para nós e perceberam que eu estava ali.

                Flashback off

                Desde daquele dia a casa tem estado cheia. O Sr. Weasley decidiu que Gina não iria mais para Hogwarts por causa da proximidade dela com Harry, e Lilá também ficaria aqui por causa de Ron, mas Luna e Neville voltariam para Hogwarts depois do feriado.

                  Nos primeiros dias, Harry e Ron tentavam descobrir onde eu estava e o que eu estava fazendo, mas depois de um tempo eles perceberam que não adiantaria insistir. Quase ninguém desconfiava da minha gravidez, acho que apenas Molly deve suspeitar que
eu não estou normal, pois as vezes ela vem me perguntar se eu estou bem, e ela é a única que repara nos enjoos que tenho as vezes por causa do cheiro da comida. Fora isso está tudo certo.

                Ron e Lilá voltaram a namorar, e ninguém consegue separa-los por mais de alguns segundos. Eu vi Harry e Gina se beijarem algumas vezes, mas ambos negam que
estão juntos.

                - Entra! – digo seca quando ouço batidas na porta. Não se tem mais privacidade
nessa casa?

                - A mamãe pediu para avisar que é para nos arrumarmos – disse Gina se jogando na cama dela. Lilá fez o mesmo.

                - Ok. Posso tomar banho primeiro?

                - Fique a vontade. – disse Lilá com os olhos fechados.

                Abri o armário onde nossas coisas estavam e tirei a roupa que usaria, levando-a
junto à varinha para o banheiro. Tomei um banho rápido, recoloquei o feitiço ilusório na minha barriga e vesti minha roupa antes de voltar para o quarto e calçar uma sapatilha. Era estranho estar me arrumando para uma festa de Natal quando eu havia participado de outra a mais ou menos cinco meses atrás.

                - Você está linda Mione! – disse Gina enquanto separava a roupa que usaria.

                - Concordo – disse Lilá saindo do banheiro com um vestido rosa – mas acho que
deveria colocar um salto, ficaria muito melhor.

                - Estou bem assim – não é que eu não goste de usar salto, mas não arriscaria usar um e cair da escada. Terminei de prender um coque frouxo e me olhei no espelho. Até que não estava tão ruim (http://www.polyvore.com/christmas/set?id=65080610). Fiz uma maquiagem leve e esperei que Gina e Lilá terminassem de se arrumar.

                - Onde está a Luna? – perguntei só então sentindo sua falta.

                - Ela disse que ia ajudar a Tonks, para que aqui não ficasse muito cheio.

                Assim que as duas terminaram de se arrumar, descemos para a sala, onde todos os membros da Ordem estavam. A Sra. Weasley e Monstro fizeram a ceia que cheirava maravilhosamente bem. Logo que vi Harry, eu me separei das meninas e fui atrás dele, puxando-o para um canto mais tranquilo onde pudéssemos conversar em paz.

                - O que aconteceu Mione?

                - Nada, é que eu não tive tempo de comprar o presente de Natal de ninguém, mas eu descobri uma coisa quando eu estava fora que talvez você goste de saber.

                - Você sabe que não precisa se preocupar com presentes, o que importa é que
estamos todos vivos.

                - Sim, mas você vai me deixar contar ou não? Tem haver com a sua capa de
invisibilidade.

                - Ok.

                - Lembra o livro que Dumbledore deixou para mim no testamento? Nesse livro tem varias histórias... – contei então a história dos três irmão e o que Charlus havia me contado no passado sobre os Peverell e os Potter, as relíquias da morte e sobre a capa passar de pai para filho.

                - Co-como você descobriu?

                - Por favor, Harry, eu já disse que não falarei nada sobre a minha missão, apenas achei que você gostaria de saber da onde a capa veio.

                Ficamos em silencio por um tempo, até que Harry gritou:

                - Servolo Gaunt!

                - Desculpa? – perguntei sem entender.

                - Servolo Gaunt! O avô de Você-Sabe-Quem! Na Penseira! Com Dumbledore! Servolo Gaunt disse que descendia dos Peverell!  - na hora em que Harry disse isso me lembrei de Charlus dizendo da primeira vez que fomos a Hogsmead “Cadmo, o segundo irmão deu origem a família Gaunt, mas não se tem noticias tanto da família quanto da pedra” e naquela hora eu me lembrei de Tom, que apesar de só ter o sobrenome Riddle, não deixava de ser um Gaunt. Harry estava certo. – O anel, o anel que virou uma Horcrux, Servolo Gaunt disse que tinha o brasão dos Peverell nele! Eu o vi sacudindo o anel na cara do funcionário do Ministério, quase o enfiou no nariz do homem.

                - O brasão dos Peverell?  - perguntei, eu precisava ter certeza. Se Harry estivesse certo, o anel era uma das Horcrux e também era a segunda relíquia, e isso explicaria o motivo de Alvo ter usado o anel mesmo sabendo que tipo de magia se encontrava nele. Inconscientemente levei a mão ao pescoço onde o medalhão de Slytherin repousava invisível.

                - Sim... Se aquele anel tivesse sido legado através dos séculos, Servolo talvez nem conhecesse realmente seu valor. Não havia livros naquela casa e, pode crer, ele não era do tipo que lê contos de fada para os filhos... Era uma pedra que havia no anel, não era? E se fosse à pedra da ressurreição?

                O que ele dizia fazia sentido. Com certeza a pedra foi transformada em anel, e
passada de geração em geração, assim como a capa.

                - Onde você acha que o anel está agora? O que Dumbledore teria feito com ele
depois que o rachou?

                - Dumbledore estava com a minha capa, na noite em que meus pais morreram! – ele disse ao invés de responder minha pergunta. – É isso! Ele queria examina-la, porque
achava que fosse a terceira relíquia! – agora Harry estava começando a embaralhar minha mente. – O pomo! É isso que tem dentro do Pomo de Ouro que Dumbledore me deixou! Depois de destruir a Horcrux ele guardou a pedra dentro do pomo! Obrigada Mione! Você não poderia ter me dado um presente melhor. – ele disse e saiu atrás de Ron, deixando-me com cara de boba.

                Eu estava feliz por Harry, mas também estava preocupada. Eu sabia o que ele estava pensando, ele achava que podia combater as Horcrux com as Relíquias da Morte,
mas o que Harry não entendia era que, mesmo que ele achasse a varinha e a pedra estivesse realmente dentro do pomo, isso não adiantaria em nada para matar Tom, já que enquanto ele tivesse as Horcrux intactas, sua alma continuaria viva.

                Deixei esse assunto de lado e fui até onde Gina, Luna e Lilá estavam. Todos os
presentes estavam aproveitando aquele dia para esquecer todos os problemas. Por uma noite não existia guerra, Tom Riddle, ou melhor, Lorde Voldemort, Comensais da Morte, nem nada disso.

                -

                -

                -  

                 Apesar de no dia seguinte estarmos todos cansados, a Sra. Weasley não deixou que ninguém ficasse parado. Passamos o dia arrumando a casa, sem magia é claro.

                Os dias seguintes voaram, e logo chegou o ultimo dia do ano. Para a festa de ano novo, estaria apenas a família Weasley e os amigos mais próximos, o que significava que a casa estaria mais vazia, e que não teríamos tanto trabalho para arrumar tudo no dia seguinte.

                Quando começou a escurecer, eu e as meninas fomos para o quarto que dividíamos para nos arrumarmos. Depois de mais ou menos duas horas nós quatro estávamos prontas. (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=65083264&.locale=pt-br).

                Comemoramos a virada de ano tranquilamente, e quando o sino deu as doze badaladas, nos juntamos nas janelas para ver os fogos trouxas que coloriam o céu.

                Neste momento foi impossível não lembrar-me do meu ultimo Ano Novo, quando vi os fogos ao lado de Tom, e passei a noite em seus braços. Assim que essas lembranças me tomaram, corri para meu quarto, tranquei a porta e desatei a chorar. Eu não queria saber o que os outros pensariam no dia seguinte, apenas queria não lembrar-me do meu tempo no passado.