So In Love escrita por Mandy-Jam


Capítulo 7
Atitude


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um!



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O Chalé 5 emanava uma energia vermelha e quente, pois dentro dele estava o Deus da guerra, sentado em uma cama e rasgando uma gravata borboleta com os dentes. Ninguém ousara se aproximar do lugar, nem mesmo os seus filhos.

- Eu vou matar ele. Isso vai por um fim nessa baboseira. E depois eu mato o Gael. Ou dou uma surra naquele moleque para ele aprender como se fala com o pai. – Pensava Ares com ódio amargo, enquanto mordia mais tecido e o rasgava.

Ele notou que a porta se abrira. Seus olhos fuzilaram a porta de madeira, e um rosnado escapou de sua boca.

- Queeeem é?! – Rosnou com ódio.

- É a Raaaaay! – Cantarolou a filha de Apolo em resposta, pensando que Ares tinha respondido do mesmo modo alegre. A flecha de Eros possuía efeitos estranhos demais... – A Rayssa! Rayssa Oliveira! Cadê você, seu fofo? Está trocando de roupa? Eu vou entrar mesmo assim!

Ares encheu o pulmão de ar na tentativa de acalmar-se. O Chalé era repleto de armas, o que estava sendo uma grande tentação para ele. Uma mira certeira, um tiro certeiro, uma facada certeira... E tchau-tchau Ray!

- Eu posso fazer isso. Claro que eu posso fazer isso. Aí eu arranco a pele dela fora e penduro na parede do meu templo como troféu. Apolo não precisa saber. Eu digo que foi uma mortal qualquer que tinha me irritado. Aí, magicamente, ela saí em uma missão e nunca mais volta. – Pensou ele fitando-a entrar no lugar e fechar a porta atrás de si.

- Você ainda está parado, seu bobo? – Perguntou ela com um grande sorriso – Ah! Já sei! Posso ajudar você a escolher uma roupa!

- Sim. Uma missão muuuito longa e árdua. Nunca mais volta. Até ele tentar achar a garota no mundo inferior... Tsc! Vai levar um bom tempo. – Pensou ele abrindo um sorriso maligno – E caso ele tente realmente procurar... Ah, depois eu resolvo com ele.

Ray entrou dando pulinhos alegres, e parou quando notou que Ares nem mesmo se moveu. Ela deu um risinho e sentou do lado dele na cama. Ares manteve seus olhos fixos na porta, e respirou fundo para não estrangulá-la.

- Já entendi tudo. Não precisa dizer nada. – Disse Ray olhando para ele.

- Não preciso? – Perguntou ele sorrindo malignamente, imaginando ela saindo correndo e implorando por sua vida aos prantos.

- Não. Claro que não. – Confirmou ela em um tom um tanto preocupado.

- Ótimo. – Confirmou ele.

- Só... Tem que ser rápido. – Disse Ray. Ele abriu um sorriso ainda maior, e assentiu ainda olhando para a porta.

- Então está de acordo? Não está com medo? – Perguntou ele ainda sem olhá-la – Porque eu não tenho medo nenhum.

- Está tudo bem mesmo. – Suspirou Ray – Não estou com medo. Na verdade, agora eu entendo. Com o Chalé vazia seria mais fácil para você. Ninguém iria ver nada, e não teria que dar explicações.

- Ah, que bom que entende tão bem. Os fios loiros não tiraram toda sua inteligência. – Comentou ele assentindo feliz. Ray assentiu e o fitou.

- No que está pensando? No que está pesando nesse exato momento? – Perguntou ela.

- Em qual jeito vai ser melhor. – Respondeu Ares ainda mais maligno – Para ser rápido, mas sem barulho. E sem vestígios.

- Acho que pode ser aqui mesmo. Ou podemos ir para o banheiro. – Comentou Ray tentando ajudar na escolha – Por mim não faz muita diferença mesmo.

Ares encolheu os ombros, e continuou a pensar.

- Então me deixe ver qual é o melhor modo para fazer isso... – Murmurou ele para si mesmo.  Ray esperou pacientemente, mas depois acabou perdendo a paciência. Estava ansiosa demais.

- Vamos só agir. – Pediu ela – Por favor. Quanto mais eu espero, mais nervosa eu fico. Vamos logo.

- Tudo bem. – Confirmou Ares virando-se pronto para estrangulá-la. Sem vestígios, sem barulho, e sem testemunhas. Perfeito! E se ela não tinha medo de morrer, não teria nenhum sentimento de culpa depois. Nem um pinguinho.

Mas Ray estava pensando um pouco diferente, pois assim que Ares virou, ela foi para cima dele com os lábios prontos para beijá-lo. Ele arregalou os olhos, segurou o rosto dela com a mão e empurrou-o para trás.

- O que?! – Exclamou ele sem entender – É para você ficar parada!

- Nossa, você é bem malandrinho, hein? – Comentou Ray dando risinhos. O cérebro de Ares analisou rapidamente a última conversa, e notou o duplo sentido existente nas frases. Só que ele não queria acreditar que ela não estava falando sobre morrer.

- Espera... Você estava falando sobre o que? – Perguntou confuso.

- Sobre nós ficarmos. – Respondeu ela calmamente.

- Defina “ficarmos”. – Exigiu ele, pensando em coisas ainda piores.

- Até que para um Deus que saí com mortais e tudo mais, você é bem desatualizado, hein? – Riu ela – Ficarmos. A gente se beija, e... Talvez algumas mãos bobas. Mas nada impróprio demais, porque papai não deixa eu fazer esse tipo de coisas.

Ares afundou o rosto nas mãos, extremamente desapontado. Ele respirou fundo, e negou com a cabeça, pensando em como aquilo tudo estava acontecendo. Parecia um pesadelo que não acabava nunca.

- Por quê? – Perguntou ele – Por quê? Porque eu?!

- Porque eu gosto logo de você? – Perguntou Ray.

- É, imbecil! Ou você acha que eu estou te perguntando por que eu sou o Deus da guerra?! – Respondeu ele em seu modo grosso.

- Porque... Eu gosto de você. – Respondeu ela sorrindo.

- Porque eu, sua anta! Você nunca me viu na sua vidinha medíocre, nunca falou comigo, e sem contar que eu sou o pai de muitos dos seus amiguinhos! – Exclamou ele.

- Eu sei disso. Mas eu não ligo. – Disse Ray sorrindo.

- Por que você não liga?! Era para ligar sim! – Exclamou.

- Eu não ligo porque eu gosto de você! – Respondeu ela.

- Por que?! – Perguntou novamente, um tanto mais irritado.

- Porque eu gosto de você. Realmente gosto de você. – Ares mordeu o punho. Ray estava agindo do mesmo modo que Apolo agia e que ele odiava. Era feliz, e ficava repetindo as coisas como se elas fossem fazer mais sentido se ditas várias vezes.

- Escuta aqui... Eu vou perguntar mais uma vez. Se você me vier com essa mesma resposta de novo, que quebro todos os seus dentes, entendeu? – Perguntou bem devagar. Ray assentiu devagar também, e sorriu para ele – Por quê?

As palavras saíram da boca de Ares calmamente, o que não era normal para ele. O Deus da guerra aguardou, e Ray sorriu sem mostrar os dentes.

Ela quis abrir a boca para responder, porque a resposta parecia extremamente óbvia. Era porque ela gostava dele. Mas ela já dissera aquilo, e ele não entendera. E nem queria ouvir novamente.

Ela tentou imaginar uma outra razão, ou algo que pudesse explicar melhor porque gostava dele, mas não achava nada em sua mente. Ela tentou lembrar de alguma vez no passado que tivesse tido uma queda por Ares, que puxaria toda essa paixão para o momento onde estavam.

Mas não pensou em nada.

Ela lembrava de alguns garotos, e do que sentiu por eles. Lembrou que fora desapontada algumas vezes, incorrespondida, e até correspondeu o sentimento algumas vezes, mas não dera certo. No entanto, nenhuma imagem de Ares passava em sua mente.

Não lembrava dele. Não lembrava de pensar sobre ele. Quando tentava associá-lo á algo no Chalé 5, lembrava de Gael. Lembrava do fora que ganhara, e da tristeza. Lembrava da emoção de observá-lo lutar.

Mas logo o rosto de Gael foi substituído pelo de Ares, como se sua mente estivesse bloqueando a imagem do semideus. Ray suspirou apaixonada e esquecida novamente, e olhou para Ares.

- Porque você é perfeito... – Suspirou ela.

- Porque você é perfeito...! – Imitou Ares com uma voz de enjoo – Idiota! Eu não gosto de garotinhas fresquinhas que nem você. De gente super apaixonada e enjoativa. Detesto esse tipo de gente com todas as fibras do meu ser, agora responde! Quantas vezes mais você vai querer que eu pise nos seus malditos sentimentos para você dar o fora da minha frente?!

Ray piscou os olhos.

- Quer dizer... Que você não gosta de mim? – Perguntou com uma voz miada.

- Não! – Berrou ele, e explosões aconteceram do lado de fora – Mas você é um gênio mesmo, não é?! Passei o dia inteiro falando isso para você, mas é burra demais para entender. Ninguém quer ficar do lado de gente ridícula como você. Agora vai brincar com seus ursinhos polares gigantes, vai ouvir músicas daquelas bandinhas adolescentes ridículas, e deixe á mim e á todo o universo masculino em paz!

Os olhos de Ray se encheram de lágrimas. Doía dez vezes mais do que qualquer fora que ela já levara.

- Mas...! Mas...! Quer dizer que nós... Não vamos ter um encontro? – Perguntou chorando um pouco.

- Oh! – Exclamou ele fingindo estar chocado – Deixa eu pensar... Er... Não!

Ares mostrou os dois dedos do meio para ela e Ray começou a chorar ainda mais. Ela se levantou e saiu correndo para a porta, o que deu um alívio para o Deus da guerra. Ele sabia que tinha sido um cara extremamente cruel e detestável, mas também sabia que, se não agisse daquele jeito, nunca teria paz novamente.

Entretanto... As coisas não ficariam fáceis para Ares.

Assim que Ray abriu a porta, Eros aproveitou para atirar uma flecha. Ele acertou a barriga de Ray com a flecha da raiva, esperando que só aquilo bastasse.

A filha de Apolo sentiu uma pequena agulhada, curvou-se um pouco e foi tomada por muita raiva. Ela trincou os dentes de tão forte que o sentimento estava dentro dela, e virou-se violentamente.

Seus olhos fixaram em Ares, e bufou. Ela bateu a porta atrás de si andando em direção ao Deus. Ares franziu o cenho.

- O que foi? Quer que eu repita para o seu cérebro entender, besta? – Perguntou ele. Ray apontou para ele, sem mais nenhum lágrima no rosto.

- Cala a boca e escuta! – Berrou ela. Ares arregalou os olhos surpreso, pois nunca esperara uma filha de Apolo agir daquela forma – Você pode ter motivos o suficiente para achar que eu sou chata e melosa, mas nunca na sua vidinha miserável venha falar isso para mim. Não sou uma garota qualquer para você jogar suas verdade na minha cara! Acha que eu sou irritante?! Acha que eu sou romântica demais?! Isso é porque você é incapaz de sentir algo bom por alguém!

- Como é que é...?! – Ele foi interrompido com um empurrão. Ares caiu sentado na cama.

- Já disse cala a boca! – Berrou Ray – Onde eu estava? Ah, sim. Você acha que pode sair por aí tratando garotas desse jeito?! Gritando com elas e as ofendendo?! Você é um grande cretino frio e sem coração, e se eu tivesse a sua altura e a sua massa muscular ia sentir um prazer inesgotável te enchendo de porrada!

Os olhos de Ares se arregalaram ao ouvir aquele palavrão, e Ray assentiu.

- Sim, eu xinguei! Eu falei porrada! E quer saber o que mais eu sei fazer?! – Ela mostrou os dois dedos do meio – Mostraria os dos pés também se conseguisse, mas como não consigo, imagine mais dois dedos desses em pés para você!

Ele ia dizer algo, mas Ray o impediu.

- O que mais você acha?! Que eu não luto bem?! Que eu não tenho habilidades?! Que eu sou gorda?! – Exclamou ela com ódio profundo ao pronunciar a palavra – O que você tem contra pessoas gordas, Ares?!

- Nada...! – Ele tentou se defender, mas levou um tapa na cara. Ele ficou com raiva e confuso – Você nem mesmo é gorda!

- Ah, é?! Que bom! – Exclamou ela com raiva – E o que mais?! Acha que tem algo de errado em gostar de ursos polares?! Você odeia ursos polares?! Saiba que eles estão morrendo, e que idiotas que nem você não fazem nada para ajudar!

A discussão começou de um modo racional, mas naquele momento, Ares notava que as coisas estavam completamente bizarras.

- De onde você tirou ursos polares?! – Exclamou ele.

- De onde eu quiser tirar ursos polares! – Berrou Ray – Dos armários, das estantes, dos polos terrestres, e até mesmo da minha bunda! Ou da bunda do Gael! Ou da sua bunda! Ou da bunda de qualquer um!

Ele franziu o cenho, e tentou pensar em algo para falar, mas foi interrompido novamente.

- E quer saber de uma coisa?! Eu não me arrumei para ir ao encontro sem razão! Você vai me levar para um encontro! -  Exclamou ela.

- Não, eu não vou. – Disse ele.

- Vai sim! – Berrou Ray.

- Não! – Exclamou ele.

- Me leva á um encontro agora! – Ray berrou aquilo tão alto e por um tempo tão prolongado, que Ares pulou da cama e olhou para ela.

- Está bem! Eu levo! Cala a boca agora!- Berrou ele ainda mais alto.


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Notas finais do capítulo

Essa foi linda, né? Adorei essa cena de briga!
Espero que tenham gostado, e que mandem reviews/recomendações!
Beijos e até o próximo.