medo escrita por murilo


Capítulo 4
00h50min


Notas iniciais do capítulo

É, nesse a coisa começa a ficar tensa hehe. Espero que gostem!



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Afinal, Joana morava numa casa bem bonita interiormente — coisa que Anne nunca havia visto por proibição da mãe de sua amiga. Ela nunca gostou da menina, ninguém nunca soube o porquê —. Dava certo medo, também: o local era cheio de imagens religiosas, cruzes, santos, marias, joãos.

Anne sempre teve certo problema com imagens religiosas, nunca descobriu de onde o adquiriu. Suas mãos suavam frio, parecia estar dentro de um filme de terror, daqueles mais assustadores em sua opinião: que envolviam religião, ou seja, Deus, Jesus, demônios, espíritos e exorcismos.

De repente se tocou que estava sendo insensível: ficara o tempo todo olhando aos arredores da casa, demonstrando certo medo, ou melhor, certo pavor. Ela parou e se focou em apenas uma imagem, uma cruz. Seus olhos assustados não acreditavam no que estavam vendo: a cruz estava virada de cabeça para baixo. Algo tão satânico, numa casa tão religiosa.

Ela tornou a olhar a tal cruz com certo pavor, mas ela estava normal. Ela tremeu espontaneamente.

— Linda casa, né? — ironizou Joana.

Na verdade, nenhuma das duas estava confortável ali, nem mesmo a garota que morava ali com as imagens desde que nascera.

— É... — Anne com seu sorrisinho falso que enganava ninguém, sequer sua mãe. — Muito...!

Ela tornou a analisar a casa, cada cantinho. E tornou a focar-se apenas numa imagem: a da Virgem Maria. Ela se sentiu atraída por aquela imagem, algo nela era especial. Um pavor alto gritou dentro de sua alma quando ela viu os olhos da imagem se tornarem ferozes: vermelhos de como uma besta prestes a atacar. Eles a fitaram, olhos de demônios. Adentraram seu corpo, tornando-o mole.

Anne se sentiu caindo num abismo profundo. Tentou achar a mão de sua amiga, mas não havia nada ali a não ser os olhos famintos da Virgem Maria por sua alma. Ela se sentia perdendo os sentidos, como se algo a estivesse consumindo todo seu corpo: algo maligno, terrível.

Agora era só ela e as imagens. Sua amiga havia sumido, ela estava cercada de demônios em imagens de santos. Suas pernas fracas se dobraram, ela caiu.

Piscou. E lá estava ela, na mesma sala, ao lado de sua amiga, fitando a Virgem Maria, tão pura como sempre fora adjetivada na Bíblia, talvez não fosse tanto.

Ela se viu numa imagem de um santo qualquer, protegida por um vidro que refletia seu rosto tão vermelho quanto um pimentão e tão assustada quanto... Bom, na verdade, não encontrou nada que se pudesse classificar tão assustado quanto a menina no momento.

Piscou. E lá estava ela, na mesma sala, ao lado de sua amiga, fitando a Virgem Maria, tão pura como sempre fora adjetivada na Bíblia.

— Ann, tá tudo bem com você? Tá agindo estranho. — Falou a sempre preocupada Joana. Talvez não fosse tão preocupada com todos, mas com Anne sim.

— Talvez eu só esteja cansada de... hoje. — Uma risadinha fraca saiu de seus lábios, nada muito animado para Joana — Já está um pouco tarde. Vamos nos deitar? A gente conversa mais no quarto, amiga.

O relógio marcava 23h00min. Na verdade, Anne conseguia aguentar muito mais, mas aquele dia, em especial, estava tão cansativo. Também, ela só queria que o dia amanhecesse, para que pudesse sair dali o mais rápido possível.

— Claro amiga. — Um sorriso de verdade surgiu no rosto de Joana, que segurava uma mochilinha que Anne trouxera com roupas, escova de dente, etc.

Subiram a escada que rangia tão alvo quanto um gato irritante miando quão alto conseguia. Era uma casa pequena, mas tinha dois andares por ter sido construída em um terreno pouco mais que a casa.

Chegaram ao quarto de Joana. Pelo menos lá, para o alívio de Anne, não havia quase nada ligado à religião, apenas um escapulário velho e enferrujado largado no canto de uma estante. Elas se organizaram na pequena cama que, apesar de pequena, era de casal.

Anne pegou sua escova num bolso ao lado de sua mochila e foi ao banheiro escovar os dentes. Escovou, escovou, e cuspiu, escovou mais um pouco e cuspiu. Levantou a cabeça. O terror passou por trás dela, uma criatura, um demônio. Ela colocou água na boca o mais rápido que pode, cuspiu e saiu correndo feito um furacão do banheiro. Seu coração disparado.

Joana virou-se e viu sua amiga chorando desesperadamente. Ela não compreendeu nada.

— Anne, o que foi? — Não pode mais falar nada, sua amiga veio correndo e a abraçou muito forte. Joana retribuiu.

Anne não quis mais tocar no assunto. Na verdade, ela não quis mais tocar em nenhum assunto. As duas dormiram cedo para uma “festa do pijama”: pouco mais de meia-noite. Anne dormiu com uma lágrima no rosto.

Joana acordou por pouco tempo, eram exatamente 00h50min. Não desejara tem acordado. Levantou-se para ir ao banheiro e, ao passar pelo quarto de sua mãe, notou que ela ainda não havia voltado. Nem se preocupou muito, afinal era uma festa — de igreja, mas era.

Pouco antes de chegar ao banheiro, a garota começou a ter visões horripilantes de cruzes caindo, sangue jorrando. Coisas que não lhe agradaram nada, ela, por sua vez, resolveu ignorar sua bexiga e ir dormir. Passou por algo aterrorizante ao passar pelo quarto de sua mãe, algo parecido com um... demônio. Ela correu o mais rápido que pode. Minutos depois de se deitar aterrorizada, acabou dormindo tremendo de frio, mas, principalmente, de medo.

Anne acordou algumas horas depois, 04h27min. Limpou a lágrima que ainda se encontrava molhada. Estranhou. Mas estava exausta e não tinha tempo de se preocupar com isso, nem tempo nem cabeça. Olhou para o lado, Joana estava fitando-a, com os olhos vermelhos de uma fera. Seu corpo começou a tremer e uma lágrima ameaçou cair. Ela piscou, estava tudo normal. Joana dormia profundamente.

Mas não acabava ali. Ela ouviu passos, subindo a escada, que rangia alto, mas agora tinha um som diferente. O som da dor, do terror, da morte. Ela paralisou, podia ser um bandido, mas no fundo ela sabia que não era.

Ela tentou dormir, se beliscar, nada aconteceu. Os passos ficavam mais altos e mais horríveis. Os passos estavam de seu lado. Ela começou a chorar, soluçar, feito bebê.

Ouviu-se ao vento que vinha de quem-sabe-onde “É só o começo.”.

E tudo ficou escuro, como a morte.



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Notas finais do capítulo

É isso :3 posto mais daqui há algum tempo hehe



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