medo escrita por murilo


Capítulo 2
chama


Notas iniciais do capítulo

Pois é, agora a Anne começa a descobrir coisas a seu próprio respeito... Aproveitem rs
E desculpem pelo tamanho (já que esse capítulo é menor que o outro).



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— Filha? Anne? — A mão nervosa de Jane balançava Anne de modo agressivo na esperança da menina acordar. Já haviam se passado bons trinta minutos desde o desmaio da garota e todos — Joana e Jane — estavam preocupados. — Ai meu Deus! Filha, acorda! — Algumas lágrimas brotavam de seus olhos que estavam cinzentos de medo.

— Anne! O que aconteceu? Responde! — Joana gritava histericamente, de forma boba, na esperança de que, assim, Anne a ouvisse, o que, de fato, não acontece.

Um dedo, depois dois, e depois a mão inteira. Assim Anne foi acordando seu corpo aos poucos. Seus olhos se abriram e o Sol penetrou-os de forma ardente. Ela não queria levantar, se pudesse, ficaria ali pelo resto de vida. Suas pernas fracas estavam mais fracas que o normal. Enfim, ela levantou a cabeça, fazendo sua mãe e sua amiga se aliviarem.

— Ah graças a Deus você está bem, Anne! — Sua mãe a abraçou de forma desconfortável.

Anne sentiu, não era algo verdadeiro. Começou a tentar desfazer-se dos nós que seus braços haviam formado.

— O que aconteceu?

Todo mundo sabia que não era uma preocupação completamente verdadeira que Jane aparentava, talvez realmente fosse, mas não parecia.

— E-eu não sei... — Sua mente ainda estava muito conturbada para pensar em uma resposta decente porque, na verdade, nem ela mesma sabia o que havia acontecido. — Acho que só estou um pouco fraca.

— Anne! — Os olhos de Joana brilhavam de uma forma tão verdadeira, mostrando o quão aliviada ela estava no momento, por saber que sua amiga estava bem. Ela, praticamente, se atirou em cima de Anne e a enrolou completamente em um abraço aconchegado, que fez ambas sorrirem. — Eu estava quase morrendo de medo que tivesse acontecido algo sério com você!

— Não, tá tudo bem, eu acho que só preciso comer um pouco e descansar. – Anne sorriu forçada e olhou fixamente para a mãe, esperando o convite para o almoço.

— Ah sim, o almoço está... — Um nervosismo aparente tomou conta de todo o corpo de Jane de forma rápida, seu rosto começou a ficar vermelho e conseguia-se perceber as batidas fortes que seu coração dava, pelo sangue passando em suas veias do pulso. — Queimado! Eu não desliguei o fogão, meu Deus! — E saiu correndo de forma desengonçada para a cozinha, antes que causasse um incêndio que percorreria por toda a casa queimando todos os móveis que tão demorados foram para se comprar com o pouco dinheiro que tinham. Ela cambaleou ao chegar ao arco que separava a cozinha da sala, olhou atentamente para as garotas e tornou a olhar novamente para o fogão. Assustou-se.

— Q-quem desligou o fogão? — O medo tomava conta de suas pernas, logo tomava conta de todos no local, ou seja, as garotas. — Eu tenho certeza que eu não desliguei. — O desconforto tomava conta do local. Talvez pensassem que ela fosse louca, ou que só estivesse fazendo teatro em um momento não muito adequado, mas não, ela não havia desligado o fogão, ninguém havia, mas sim, ele estava desligado.

Anne se assustou de uma forma como nunca antes. Como sua mãe não havia visto? Lá estava ele, quem havia desligado o fogão, bem ao lado do fogão. Ela sempre soube que sua mãe não enxergava bem, mas não a esse ponto.

— Ora, mãe, foi o papai! Veja, ele está ao lado do fogão. — Anne sorriu de forma desengonçada e apontou para o fogão, de forma normal, como se nada estivesse acontecendo. Jane e Joana cambalearam assustadas, se fixaram no local apontado. Nada havia lá.

— Filha... Seu pai morreu, não faça piadinhas sobre isso! — Jane fez uma cara tristemente decepcionada e, em seus olhos, podia-se ver um flashback passando, todos aqueles momentos bons que os três haviam vivido juntos, nada retornaria, nunca. Uma lágrima surgiu em seu olho, mas foi secada antes de escorrer por seu rosto. — Você está vendo coisas?

— An, o que está acontecendo com você? — Anne olhou fixamente para sua amiga, com cara de quem não havia entendido nada. Ela havia visto seu pai, ele estava ali na cozinha.

Estava. Ela tinha completa certeza.

— Mas, mãe, o papai estava ali na cozinha, como ele pode ter... — Ela se lembrou: o acidente, as fotos, o corpo, a tristeza, a depressão. Tudo de ruim que havia acontecido por causa do maldito bêbado, com o carro em alta velocidade vindo à contramão. — Não pode ser!

As lágrimas brotaram de seus olhos e escorreram por sua bochecha, morrendo em seus lábios avermelhados, contrastando com sua pele branca como neve. Seu impulso automático foi abraçar sua amiga, mais próxima que sua mãe. Logo ela havia se acalmado, então, olhou para o fogão.

Ele não estava mais ali.

A chama do fogão,

acesa.



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Notas finais do capítulo

Então é isso aí, afinal, a Anne é uma médium? Descubram daqui a algum tempo haha.



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