Loki não conseguia imaginar porque Lucy o repudiava tanto. Estava claro que ele gostava dela. Mas e ela, gostava dele?

O quarto de Loki no mundo espiritual era muito bonito. Colorido com as cores dourado e laranja, o quarto era todo decorado com imagens de leões. Não havia uma cama, já que ele era um espírito estelar e não dormia, mas havia estantes e armários, abarrotados de livros e roupas – embora as roupas dele fossem todas iguais. Ele estava sentado no sofá que tinha no canto, com a janela atrás. Através dela podiam-se ver espíritos transitando, além de pequenos estabelecimentos.

O espírito estelar de leão não estava lutando ou treinando. Estava se lamentando porque não sabia se sua amada o amava. E aquilo estava deixando-o cada vez mais preocupado e perturbado. Estava também cada vez mais difícil se aproximar de Lucy, pois ela era uma humana. Ele era imortal. Ela iria envelhecer e ficar enrugada, mas ele ficaria jovem e forte. Ele desejou imensamente ser um humano.

Além da incerteza, a única coisa que o impedia de se declarar para Lucy era que ele próprio se impunha barreiras. Aquilo estava os afastando, deixando Loki cada vez mais destruído. Estava incondicionalmente e perdidamente apaixonado por ela, desde quando ela entrou para a Fairy Tail. Tentava disfarçar aquilo, e tinha sido bem sucedido. Não podia se apaixonar por uma mortal. Iria esperar até que desaparecesse. Mas quando Lucy tentou mandá-lo de volta ao mundo espiritual, ele não agüentou. Era quase insuportável vê-la quase morrendo por ele. E esse era o único raio de esperança dele, a única evidência que ele tinha que Lucy gostava dele. Mas era apenas um talvez.

Ele não estaria ali se não fosse por ela. Já teria desaparecido. E aquilo fortalecia o amor que ele sentia por ela... algo que ele nunca sentiu em tantos anos. Aquele amor era o tipo que permitia você a fazer loucuras pela amada, algo incomum. Algo mágico. E o maior desejo do espírito era tê-la para si, só para amá-la. Sentia falta do aroma dela, do seu olhar de ternura, do seu companheirismo. Lucy era simplesmente a pessoa mais importante para ele.

Ele se pegou chorando. Tinha quase esquecido que podia chorar, pois quase não tinha motivos para tal. Mas doía toda aquela incerteza, toda aquela dúvida. A dor tomava conta dele, não uma dor física. Uma dor mental, espiritual, amorosa. Seus olhos derramavam aquelas lágrimas de dor, e quando uma escorregou até sua boca, o sabor parecia mais amargo do que salgado.

Seus pensamentos foram interrompidos quando uma fumaça rosa surgiu no meio do quarto. Áries surgiu, indo até Loki e sentando-se no sofá, ao seu lado. Parecia preocupada, e também parecia já estar ciente de tudo. Ela pôs a mão direita no cabelo do rapaz, acariciando-o levemente.

_Leo, não fique assim. – ela disse como se estivesse em transe. – Eu sei que é um sentimento estranho, que você nunca sentiu antes. Mas você precisa ser valente, como um leão.

Aquela metáfora pareceu ridícula para Loki.

_Lucy é um doce de pessoa, você escolheu bem a quem amar. – mais uma vez, Loki achou o que Áries dizia ridículo. – Se você não fazer alguma coisa, talvez possa até perdê-la.

_Obrigado, Áries. – ele secou o rosto com as costas da mão, pegando a outra mão de Áries com ternura. – Você tem me ajudado muito.

Ela sorriu. Queria muito encorajar Loki a enfrentar as circunstâncias. Parece que tinha usado as palavras certas. Perder Lucy era algo que Loki nunca deixaria acontecer.

_Bem, tenho que ir. – ela disse, desapontada. – Fique bem.

Ele acenou positivamente com a cabeça. Áries sorriu e se desfez em fumaça rosa. Loki se levantou e limpou o rosto com as mãos. Mesmo que fracassasse, queria ter a satisfação de ter tentado. Foi até o armário e pegou o terno mais reluzente que encontrou. Colocou-o no corpo, pegou seus óculos escuros em cima da estante e o encaixou nos olhos. A ansiedade tomou conta do corpo dele.

Não era normal ele se sentir assim. Uma sensação estranha o preencheu na boca do estômago, como se algo estivesse roçando ali e o embrulhando. Aquela sensação concerteza era nova. Loki percebeu que se não se declarasse para Lucy iria morrer – não literalmente, já que era imortal. Mas sentiu que aquilo já estava indo longe demais. Teria que contar, senão iria passar a eternidade sofrendo.

Ele verificou o hálito e o próprio aroma. Não estavam ruins. Ele sorriu consigo mesmo. Não acreditava no que estava fazendo por uma garota. Seus olhos se fecharam e um brilho invadiu a sala, e assim ele abriu o próprio portão, aparecendo um círculo mágico dourado abaixo de si. A luz piscou e ele sumiu, deixando o local sozinho.

Assim que ele apareceu na sala da casa de Lucy, ele sorriu.