Lucy se derrubou na cama. Estava completamente esgotada, quase morta de cansaço. Aquela última missão havia pedido demais dela, e foi até cômico quando saiu correndo atrás de Natsu, culpando-o por ter que atravessar o reino em busca de um estúpido livro. Depois de entregá-lo ao contratante, ela, Natsu, Gray, Erza, Happy, Wendy e Charlie voltaram para Magnolia. Todos, menos Lucy, resolveram voltar para a guilda. Ela precisava de um tempo para refletir.

E era nessas horas – ou melhor, principalmente nessas horas – que Loki lhe aparecia na cabeça. Ela se lembrava de quando Loki era um membro da Fairy Tail, se passando por um humano. Lembrava-se do quanto ele era mulherengo, mas também era muito corajoso. Ajudou a guilda a vencer a Phantom Lord. E aquilo a encantava de alguma maneira, e nem mesmo ela sabia, naquelas épocas, que estava perdidamente e descontroladamente apaixonada por ele.

Ela queria contar para ele. Mas sentia-se envergonhada, ridícula, impedida. Seus olhos ficaram úmidos e começaram a derramar lágrimas em cima da roupa de cama. Meninas choravam, na maioria das vezes, por que o amado não as percebia. Mas, no caso de Lucy, ela só era impedida por si mesma. E aquilo estava a matando. Ela não queria mais Loki. Aquilo já havia passado de querer. Ela necessitava de Loki, do abraço dele, do cheiro, do olhar, do carinho, de tudo que ele podia oferecer para ela.

Ela suspirou. Não podia mais pôr barreiras bloqueando si mesma. Mas algo a preocupava intensamente. Loki era imortal. Ela iria ficar velha, enrugada, e ele ainda seria jovem e forte. Ela desejou imensamente ser um espírito estelar. Lucy sabia que aquilo era impossível. E também não poderia deixar seus amigos, principalmente Natsu. Natsu e Lucy estavam muito próximos ultimamente, eram melhores amigos. O dragon slayer deixava-a calma, alegre e satisfeita.

Ela passou a mão pelos olhos marejados, limpando o rosto. Seu estado era deprimente, chegava perto do ridículo. Uma garota que tem tudo para ser feliz, mas se impede de ter a coisa que ela mais quer. Patético. Ela odiou a si mesma naquela hora. Mas não podia fazer nada, apenas tomar coragem e posteriormente tomar atitudes.

Estava ficando tarde. Ela foi para o banheiro, tomar um banho, e quando voltou para o quarto trocou de roupa, colocando seu pijama. Foi para a cama dormir. Ela fez uma prece silenciosa, desejando que finalmente conseguisse tomá-lo para si.

[...]

_Oe, Lucy!

Ela acordou com um pulo, revirando os olhos pela sala e fixando-os em Natsu e Happy, que estavam ao seu lado. Estavam sorridentes, arrumados com as roupas de sempre. Por impulso, ela deu um soco nos dois, que assustados, recuaram.

_Eu já disse para não me assustarem assim! – ela gritou. – Ora ora!

Natsu sorriu. Aquele era quase o cotidiano dos três. Happy repetiu o movimento. Lucy os olhou com raiva, mas o sentimento logo se esvaiu de seus olhos. Surpreendendo os dois, e até a si mesma, envolveu-os com seus braços, apertando-os até demais.

_L-Lucy... não consigo respirar... – Happy resmungou.

_Desculpem-me. – Lucy os soltou. Ela estava muito sentimental naqueles dias.

Mas ela nunca havia realmente demonstrado o quão importante eram aqueles dois para ela. Natsu pareceu entender apenas olhando-a nos olhos. Ele abriu um sorriso ainda maior, olhando-a com uma estranha ternura.

_Eu achei uma missão bem excitante! – Natsu disse, animado. – Você quer vir?

_Aye! – Happy também parecia animado.

_Na verdade não, pessoal. Tenho outros planos. – Lucy os olhou com tristeza. Eles corresponderam ao olhar, mas logo se viraram.

_Certo, Lucy, nos vemos depois! – Natsu acenou, se despedindo.

Depois de ouvir a porta fechar, Lucy se levantou, indo até o banheiro. Fez suas necessidades e tomou mais um banho, lavando os cabelos. Ela estava muito ansiosa. Tinha decidido falar com Loki aquele dia, e não iria mais enrolar. Ela saiu do box, enrolada em duas toalhas, e foi até o armário. Estranhamente, todas as suas roupas não eram bonitas o suficiente. Ela agarrou qualquer coisa e vestiu, decidindo que iria comprar roupas antes. Passou perfume e arrumou o cabelo, demorando quase uma hora para fazê-lo.

Ela saiu da casa, trancando-a atrás de si e correndo apressada até a loja de roupas, vendo Magnolia amanhecer como em qualquer outra manhã. Não tardou a chegar à loja e entrou. Era um local grande cheio de vitrines e cabides. O caixa ficava ao lado da entrada, e os vestiários ficavam no fundo. Uma mulher uniformizada se aproximou, pronta para recepcionar Lucy.

_Posso ajudá-la?

_Ah, não precisa. – Lucy respondeu. – Eu não estou procurando nada em especial.

A atendente sorriu e foi recepcionar outro cliente. Lucy rodou os olhos pela loja, procurando algo que a fascinasse. Foi quando suas orbes se fixaram no fabuloso vestido azul no canto da loja. Ela não estava mais agüentando de tanta ansiedade. Pegou o vestido e foi prová-lo no vestuário. Dava certinho. Ela não o retirou e saiu apressada, quase se esquecendo de pagá-lo e correndo para casa, pegando a chave no bolso e destrancando a porta.

Ela abriu vagarosamente, procurando o interruptor. Assim que o acionou, uma luz a atordoou. Não, não era a luz do lustre.