Sam abriu os olhos lentamente, estava muito fraco. Ouvia a voz do irmão dizer alguma coisa, mas entendê-las era impossível.

                - Sammy, isso aí cara. Sabia que era capaz. Em breve você estará novinho em folha. – Dean sentiu a mão de Sam apertar a sua. Sam queria dizer alguma coisa. Dean olhou para Castiel ambos sabiam que o moreno havia visto a face do assassino.

                - D..ean. – os olhos no moreno estavam muito abertos, era o medo estampado neles, seu olhar encontrava com os de Dean e Castiel.

                - Calma mano. Você está muito fraco. Não se preocupe, não acontecerá nada com nenhum de nós, eu prometo. Agora descanse, por favor.

                Sam ainda tentou expulsar de seus lábios o nome do assassino, mas estava sem forças e entregou-se novamente a escuridão que o alcançava tão fortemente. Dean ouviu os apitos acelerarem e depois entrarem em um ritmo normal. Sabia que seu irmão estava tentando delatar o causador de todas essas chacinas. Mas Sam estava muito debilitado. Teria que recuperar suas forças para voltar a falar.

                - Cass. Meu irmão viu o assassino, ele quer nos alertar. Temo pela segurança dele, ficarei vigiando o hospital. Eu não poderei sair daqui, vou ligar para o Bobby. – Dean levantou-se procurando o celular no bolso de sua calça e logo em seguida ligando para o velho caçador.

                - Alô, sou eu Bobby.

                - O que houve Dean? – Bobby sabia que algo não estava certo no tom de voz do garoto.

                - É o Sam. Ele está no hospital e preciso de sua ajuda para protegê-lo. Te conto tudo quando chegar aqui. – Dean deu o endereço ao caçador e desligou. Suspirou aliviado em poder contar com a ajuda de seu segundo pai, sim porque Bobby representava muito para ele.

                - Ele está a caminho Castiel. – Dean olhou o semblante de seu amigo. Sentiu toda a dor e amargura que ele carregava. –Hey, Cass. Tudo vai dar certo, ok? – o loiro o olhou com um sorriso de estímulo.

                - Obrigado Dean. – Castiel sentou-se na cadeira. Sentiu um peso enorme em seus ombros, estava cansado. Ele nunca imaginou que se sentiria tão derrotado.

                - Cass, nós o pegaremos. Eu prometo. – Dean aproximou-se do irmão, colocou sua mão na testa dele, estava morna e sem febre.

                - Eu sei Dean. Mas estou com receio de sua segurança, ele é rápido e veloz. E ainda tem o poder de neutralizar os meus poderes! Como isso é possível? – Castiel levantou seu olhar para os de Dean, como se o loiro pudesse responder.

                - Mantenha a calma. Sou um caçador experiente, e nós dois vamos acabar com isso. Mas preciso de você sóbrio e concentrado. Ou nós dois morreremos.

                - Sabe Dean, às vezes nós temos a sorte de recebermos um alerta, e esse deveria ser o meu. – Castiel continuou de cabeça baixa.

                - O que você quer dizer com isso Castiel. – a voz de Dean agora estava firme e ameaçadora. – Quer desistir e entregar-se? Ser um maldito anjo covarde? Isso não salvará a quem ama, eles morrerão com você. É isso que você deseja Castiel? Responda?

                Castiel assentiu com a cabeça negativamente, permaneceu sentado olhando o chão. Estava perdido em uma escuridão sem fim. Sentia-se culpado, não tinha como não sentir-se desta forma. Todos á quem mais admirava estavam sendo mortos, se não chegasse a tempo Sam também estaria morto. Lembrou dos olhos assustados de Sam quando o pegou ainda caindo ao chão, era como se ele quisesse dizer alguma coisa e não podia. Só poderia ser o nome do infeliz que estava causando todo este sofrimento. Castiel não percebeu as horas passarem, olhou ao redor e Dean cochilava na cadeira. Castiel levantou-se, pegou um cobertor que estava em sua cadeira e cobriu seu amigo. Esse resmungou alguma coisa, mas não abriu os olhos. O anjo ficara a noite toda ao lado dos Winchester’s, estava pronto para protegê-los e entregar a sua vida se necessário fosse. As palavras duras de Dean haviam mexido com ele, lutaria até o fim.

                Bobby chegara até o local, depois de se manter a par de toda a maluca história que Dean explicava. O velho caçador observou que o loiro estava em seu limite, estava cansado e aparentava não ter comido nada nessas últimas 48 horas.

                - Filho, vá para o hotel. Tome um banho e um bom café. Precisamos de você inteiro e pronto para a batalha se continuar desta maneira até o vento te derrubará. – Bobby dizia indo de encontro a cama de Sam que continuava desacordado.

                - Exagerado como sempre, Bobby. Mas preciso de um banho e um bom café eu confesso. Por favor cuidem do Sam até eu voltar.

                - Pode deixar filho. Eu o protegerei com minha vida. – disse o caçador com o olhar fixo em Dean. – E você Castiel proteja o Dean.

                Castiel afirmou positivamente com a cabeça, Dean iria rebater que não precisava de babá, mas seu amigo era quem precisava dele, então resolveu calar-se.

                Bobby puxou a cadeira para sentar-se próximo ao seu amigo. Mas antes o quarto do hospital estava cheio de símbolos contra anjos e demônios. Quem entrasse talvez não percebesse, Bobby havia feito tudo com muito cuidado, depois pediria desculpas ao Castiel já que ele também era um anjo e não poderia mais entrar, pelo menos por enquanto. Ele analisou o movimento dos olhos abaixo da pálpebra de Sam, talvez estivesse tendo um pesadelo elas estavam em constante movimento. O velho caçador tocou a mão do rapaz e como por encanto ele viu o semblante de Sam tranqüilizar-se. Bobby suspirou aqueles garotos eram sua vida, ele os amava incondicionalmente, sentia-se responsável pela segurança de ambos. O tempo passava rápido demais aos seus olhos já cansados de tantas conquistas e derrotas e em toda sua vida de caçador as únicas coisas que valeram à pena foram a de ter conhecido essas crianças. Bobby passou a mão em seu rosto molhado pelas lágrimas, estava ficando velho e bobo, pensou consigo mesmo. Foi neste instante que um par de olhos estavam fixos nos dele.

                - Sam, meu garoto. Como está se sentindo?- Bobby sorria ainda com as lágrimas escorrendo pela sua barba.

                - Bo..bby! Dean...em perigo...- a voz de Sam era murmúrios.

                - Não se preocupe filho. Ele foi até o hotel e Castiel está com ele. Ambos cuidaram um do outro. – Bobby ouviu a respiração de Sam acelerar, o jovem caçador murmurava muito baixo e Bobby teve que aproximar-se para entender as palavras entrecortadas.

                A fisionomia de Bobby transformou-se de imediato ao descobrir a verdade, a revelação que Sam acabara de fazer estourou como uma bomba em seu colo. Tirou o boné surrado e passou os dedos em seus poucos cabelos.

                - Filho da mãe! – Bobby encarou Sam que ainda o olhava agora um pouco mais serenamente.