Finn continuava com suas tonteiras. Comia pouco e quando ia tentar se exercitar, seu corpo simplesmente falhava. Já não sabia o que fazer, pois se continuasse assim logo perderia seu emprego, que era a única coisa que ele tinha naquele momento.

Rachel fingia não notar a presença de Finn pela casa. Na escola quando se viam, Rachel o tratava com tamanha cordialidade e formalidade, que Finn as vezes a considerava uma aluna normal. Mas ele sabia que ela não era. Era sua pequenininha passando despercebida, era sua boneca que tentava fugir de seus olhares.

Finn estava passando por uma crise de insônia, não conseguira uma boa noite de sono há dias, então as vezes na calada da noite ele simplesmente subia as escadas lentamente, tentando fazer o máximo de silêncio possível, ia em direção ao quarto que ele conhecia de trás para frente, já que fora ele quem decorara. Ele abria a porta e ficava observando aquela coisinha pequena e encolhida na cama, as vezes jogada e esparramada pela cama. Vê-la daquela forma tão vulnerável fazia com que Finn se perdesse nos seus sentimentos. As vezes, ele se aproximava um pouco mais do que o normal, dava um pequeno beijo em sua testa e a cobria. Claro que ela não sonhava com isso, pois se pensasse que ele fazia isso, com certeza trancaria sua porta antes de dormir e Finn não queria perder a única chance de ter o corpo de sua pequena perto do dele novamente.

Ele precisava evoluir, precisava parar de ser tão dependente daquela garota. Meu Deus, como podia ele sentir tanto afeto por uma adolescente? Como ele pode ter esse sentimento de proteção com ela? As vezes ele só queria poder pegá-la, guardá-la em uma caixinha e a levar pra casa e depois colocar na estante. Ele poderia dizer que ela era seu troféu, isso soaria um tanto quanto ridículo, mas ela era a coisa que ele mais tinha orgulho no mundo e ele tinha vontade de gritar isso pro mundo. Queria poder gritar o quanto ele se sente mal por deixa-la nesse momento e o quanto ele sente por ter magoado uma garota como Rachel.

Finn nunca deu real valor para os momentos que passou com Rachel. Grande idiota. Ele não tinha mais contato físico com ela, eles ao menos não trocavam uma palavra. Eram dias difíceis para Finn, ele nunca se sentiu em relação assim à ninguém. Ele estava tão vulnerável que se sentia uma moça e Finn Hudson nunca foi assim. No colegial ele chegou a namorar Quinn, mas era tudo tão idiota e tolo, ele nem sentia nada por ela. Em certos momentos sentia nojo só de lembrar que ele namorara aquela ogra. Quinn sempre foi linda, mas nunca chegou a ser como Rachel, não tinha assuntos interessantes, pois só sabia falar de coisas fúteis e Finn não a suportava de boca aberta. Ele ficou com ela apenas para sobreviver ao inferno do colegial.

Rachel era tudo que ele sempre sonhara. Linda, inteligente, antenada, culta. Mulher de verdade. Finn no fundo sabe que não devia ter a julgado somente pelo o que viu. Ela estava se sentia surpresa, Finn pôde ver isso em seu olhar assim que ele mostrou o pacotinho. No momento ele não conseguiu pensar em nada além de que ela tinha voltado para esse meio das drogas, mas ela parecia tão feliz e contente perto de Finn. Ela parecia tão feliz consigo mesma, não parecia querer voltar para esse mundo.

Ele se sentia inútil, sujo e um completo idiota por ter deixado sua pequena nesse momento tão tenso e importante. Tudo que queria era entrar qualquer dia no quarto e se enfiar por debaixo das cobertas junto dela, fazê-la aninhar-se em seu peito. Não precisaria dizer mais nada, apenas suas respirações quentes e afobadas já seriam o bastante para suprir a saudade que ele sentia. Mas, como um bom Hudson, ele era orgulhoso e não daria o braço a torcer, apesar de tudo que seu coração dizer seja para ele fazer isto.

Rachel teria de se virar. Sem ele. Sem o apoio e carinho dele. Finn não é garoto pra namorar uma drogada. Mas ele sabia que ela não era isso. Mas que diabos ele está fazendo consigo mesmo?

Estava deitado em sua cama, ainda com os olhos fechados, mas já podia ver a luminosidade entrando pelas frestas da janela e isso o irritava muito. Pensava em tudo isso e em como ele era idiota por deixar sua pequena fugir assim de seus dedos e de seus braços.

Finn resolveu que iria ao quarto de sua pequena, a acordaria com mil beijos e abraços, pediria desculpas por ter sido tolo e diria à ela que ele estava ali para ajudar ela com os seus problemas com as drogas. Pois ele a amava. Sim, ele realmente a amava e agora tinha certeza disso. Rachel era a mulher com quem gostaria de passar o resto de sua vida.

Ele tomou a iniciativa, mas ao tentar levantar-se sentiu um certo peso sobre si. Ao abrir os olhos viu uma cachoeira de cabelos escuros sobre seu peito. Sorriu satisfeito, pois já havia feito o trabalho de conversar com Rachel.

Finn tratou logo de puxá-la mais para si e resolveu voltar a dormir.

Logo foi acordado com beijos na nuca.

“Ei, acorde!”

Finn conhecia a voz de sua pequena. E aquele voz? Não era dela.