Rachel passou o fim de semana todo trancada no quarto, não queria ver Finn e nem se explicar sobre a caixa.

Kurt já havia batido em sua porta várias vezes, mas Rachel nunca o respondeu e nem se quer demonstrou estar ali, mas claro que ela estava.

Rachel já não se alimentava mais. Ela preferiu ficar  sem comer e sem mostrar sua presença do que ter que se explicar.

Ela estava amargurada, nervosa e apreensiva. Não queria de jeito nenhum voltar no seu passado, muito menos que Finn o presenciasse.

Logo agora que ela estava reconstruindo sua vida, logo agora que ela achara alguém que realmente a amava. Ela não queria que Finn soubesse a pessoa horrível que Rachel Berry era e ela sabia que não pararia apenas na caixa, de onde ela veio, viriam muitas outras. Viriam as caixas piores, as revelando outras coisas de que ela nada se orgulhava.

Rachel odiava ter sido aquela pessoa, odiava ter magoado pessoas no meio do seu caminho e não queria magoar mais alguns, não queria magoar Finn, mas já parecia tarde demais. Ela já havia magoado.

Rachel conseguia entender. Ela não era mais aquela pessoa, não mesmo, mas se fosse com ela, ela pensaria duas vezes em se relacionar com alguém como Rachel.

Rachel continuava no escuro, já não chorava mais pois não havia mais o que chorar, todas as suas lágrimas já haviam sido liberadas no fim de semana.

Rachel sentiu seu celular vibrar.

“Rachel, estou na sua porta, sei que você está triste e fingi que não está no quarto, mas abra a porta ou eu a derrubo. S.”

Rachel sorriu, Santana era louca, mas Rachel gostava dela.

Rachel abriu a porta e tudo que viu foi uma Santana entrando desesperada e brava.

“Rachel que diabos está fazendo? Você não pode ficar aqui e fingir que nada aconteceu e que você não existe. Porr*, eu não sei o que aconteceu por que nem sou tão chegada, mas você ficar trancada aqui fingindo que nada existe, isso eu não aceito. E PERA, ESPERA AI. VOCÊ ESTÁ COMENDO?” Rachel negou com a cabeça. “ VOCÊ ESTÁ RETARDADA? VOCÊ TEM QUE COMER, RACHEL.”

“Ta bom Santana, juro que vou comer. Mas por que exatamente está aqui?”

“Vim desabafar. MAS AI EU TE ENCONTRO ASSIM, AI NÃO, NÃO POSSO DEIXAR VOCÊ ASSIM. VAI TOMAR UM BANHO PORQUE VOCÊ ESTÁ HORRÍVEL DEMAIS. MEUS OLHOS ATÉ ARDEM DE TE VER NESSA FEIURA.”

Rachel foi pegando roupas e já ia entrando no banheiro.

“E DEPOIS IREMOS SAIR PRA COMER PORQUE PRECISO DA SUA AJUDA. AGORA VAI LOGO SUA VAGABUNDA DEPRESSIVA."

Rachel tinha que admitir que Santana era muito engraçada, a latina sabia ser encantadora.

Rachel e Santana foram até uma lanchonete daquelas estilo anos 90.

Rachel se alimentou como Santana havia mandado, mas o clima tinha ficado tenso, Rachel abaixou a cabeça e Santana percebeu a certa tristeza naquele gesto.

“Ei Hobbit.”

Rachel achou fofo a forma como Santana tinha a chamado, era carinhoso. Íntimo demais, mas fofo.

“Oi Satanás.”

Santana riu e Rachel a acompanhou, fora espontâneo, mas ainda assim engraçado.

“Sei que está cheia de problemas, mas preciso de uma amiga e meus problemas são mais idiotas. Seria bom pra você se distrair com problemas mínimos tal como os meus.”

Rachel assentiu, a proposta parecia insana, mas ela sabia que com problemas de uma suposta amiga, ela se distrairia.

“Lembra do menino que eu disse? Então, acho que ele te jogou slushie. Não me olhe assim Berry, ele é malvado, mas é tão sexy que até perco o meu sotaque latino. Fala sério, ele é um gato Berry!”

“Realmente, ele é bonito. Mas qual o problema Satã? “

“Acho que ele é gay.”

“Opa. Mas você também se rotulava uma.”

“O que posso fazer?”

“Pega ele de surpresa. Prensa ele e faz ele ficar com vontade. Você com certeza descobrirá a sexualidade dele.”

As duas riram a noite toda.

Santana parecia chata, talvez até rude, mas não era. Santana era doce e protetora, até demais. Com Santana, Rachel sentia uma ligação, podia sentir o quanto Santana era única. Rachel via Santana como ninguém nunca havia visto antes. Talvez elas poderiam ser amigas. Na verdade já haviam se tornado amigas, sem mesmo perceberem. As duas tinham uma ligação e naquela noite criaram o laço.

Rachel tinha se despedido de Santana, estava quase entrando na casa, mas decidira se sentar na escadinha. Tinha se esquecido de todo o problema enquanto estava com Santana, mas agora teria de enfrentar Finn, teria que enfrentar a dor do passado.

“Precisamos conversar.”

Rachel nem tinha notado a presença de Finn, só tomou a consciência, quando ele se sentou ao seu lado.

“O que foi?”

“Chegou outra caixa.”

Rachel não queria mais isso, não queria a continuidade do sofrimento. Não queria se lembrar e sofrer com as memórias que a assombrava.

“Aonde está?”

Finn não respondeu, somente se levantou e foi pra dentro. Ele ter feito isso, não foi um bom sinal. Rachel estava com medo, com medo do que aconteceria, não queria aquilo de novo em sua vida.

Rachel se levantou e foi em busca de Finn, que se encontrava sentado no sofá. Ela se sentou ao seu lado no sofá, abraçou suas pernas e afundou seu rosto nessas.

Finn podia ouvir Rachel chorar baixinho, ele não queria vê-la assim.

“Eu joguei a outra caixa no lixo, eu não abri. Não quis ver.”

“Por quê?”

Rachel levantou a cabeça e Finn pode ver seu rosto vermelho e inchado, as lágrimas dominavam seu rosto e sua boca inchada chamava Finn, mas ele não poderia.

“Por que se isso não te deixa bem, não quero isso entre nós.”