Um Pardal Que Tinha Medo De Voar... escrita por Sweet Mia


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Desculpem minhas queridas leitoras...Sei que algumas de vocês pensaram que eu abandonei a fic. Mas não simplesmente andei muito pouco inspirada para postar...Nem eu própria sabia bem como ia ficar este capítulo, ficou mas curtinho do que eu queria, mas espero que gostem...Mil obrigadas a todas por me incentivarem a não abandonar a fic, especialmente à minha querida JotaBe, (nem sei o que seria de mim sem você, sua fofa) e a GreenEyes que postou um review lindo e que me inspirou para escrever este capítulo hoje. Por isso vou dedicá-lo a ela. :)



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" O que se passa Nora? Sei que não estás bem...Sei que não me conheces mas podes confiar em mim. Conta-me, por favor...." A declaração de Lucas pairava no ar. Queria tanto que isso fosse fácil, que a minha voz simplesmente saísse, que eu pegasse no lápis e conseguisse escrever e lhe pudesse contar o que se passava e que ele me salvasse como se a vida fosse um livro...Mas não era simples, eu não podia simplesmente contar-lhe tudo. Ele ia achar que eu mereço o meu castigo, que a culpa era minha, ia deixar de me falar, ia....As dores interromperam o meu fio de pensamento.

–Nora...Calma, passarinho. Não te quero magoar, disse que não ia pressionar-te. Está tudo bem...Respira.

Tento fazer o que ele pede e respirar com calma mas é difícil. Estou demasiado nervosa e ao mesmo tempo surpreendida.Como é gentil a maneira como olha para mim, apesar de nervoso e preocupado parece que ele está a tentar que eu não me sinta muito mal. Sem querer comecei novamente a chorar, não queria acreditar que ele queria genuinamente cuidar de mim parecia simplesmente demasiado bom para ser verdade...Estava a assustá-lo então fiz um esforço para combater o medo e encostar-me mais a ele. Era agradável, ele cheirava bem e o braço dele que amparava as minhas costas fazia-me sentir tão...segura. Mas também muito culpada.. não queria que ele ficasse tão nervoso por minha causa...Ele recomeçou a acariciar-me os cabelos, sabia tão bem.

–Fiz uma pergunta complicada demais, não foi?

Acenei que sim e corei, envergonhada.

–Conta-me, pelo menos, porque é que estás a chorar...Não te quero assustar nem magoar mais. Não te queria pressionar. Ficas tão nervosa...

Então enchi-me de coragem, peguei no lápis e comecei a escrever. Ele aguardou pacientemente até eu acabar o seguinte texto:

"É só que...Nunca ninguém cuidou assim de mim. Nunca ninguém foi tão bondoso como tu estás a ser e me ofereceu comida nem medicamentos quando eu me sinto mal...Não estou acostumada a que olhem para mim e se apercebam que eu tenho dores...Muito menos que me ajudem. E assusta-me porque eu sobrevivo por ser invisível..."

Sem aviso, um ataque de tosse atinge-me...Parece que os meus pulmões querem saltar para fora do meu peito e doí tanto...E a minha cabeça parece que vai explodir ,apesar do remédio que ele me deu...

Ele olha para mim, parece ainda mais preocupado do que antes e comovido, os seus olhos castanho-chocolate estão ainda mais brilhantes como se ele estivesse a segurar as lágrimas. Reparo que a bibliotecária também está a olhar para nós, e que também parece preocupada mas não vem ver o que se passa. É como se Lucas lhe estivesse a dizer para não se aproximar...Sabe-se lá como, ele percebe a confusão nos meus olhos e explica:

– Ela chama-se Irene. É a minha irmã mais velha e está a estudar Medicina. Ela está preocupada contigo mas não te preocupes, eu sei que tens medo dela e como não te quero ainda mais nervosa ela não se vai aproximar. E também não nos vai denunciar por estarmos a faltar às aulas. - Fez-me um sorriso doce- Tem calma. Tu és forte mas estás tão fraca...Nem sei como aguentas viver assim, negligenciada, maltratada, sem ninguém que cuide de ti. Quem me dera conseguir que relaxasses e me deixasses cuidar de ti. Queria levar-te para casa e obrigar-te a ficar de cama até respirares normalmente e livrares os teus pulmões dessa tosse aflitiva e que essa febre baixasse. Gostava que percebesses que o normal é precisamente o contrário daquilo que me contas. O normal é que cuidem de nós quando estamos doentes, o normal é não passar fome e ser espancados ao menor erro. Pelo menos, deveria ser... E sei que não percebes porquê mas quero ajudar-te desde o instante em que te vi e percebi que estavas a sofrer...

"Como é que sabes? Que..."- corei, não conseguia sequer obrigar-me a escrever a palavra, não conseguia evocá-la nem ao que ela fazia na biblioteca. Não no meu santuário, de onde "ela" estava completamente banida.

– Que... te batem?

Acenei afirmativamente.

–Segui-te até casa um dia. Vi a sova que ela te deu. Percebi que ela não te deixava comer...Vi como estavas triste, doente e sozinha no mundo. E quando te vi chorar, prometi a mim mesmo que te iria salvar de tudo isso...Porque me partia o coração ver-te sofrer assim e perceber que ninguém fazia nada para proteger alguém tão belo e tão frágil...

Olhei para ele espantada...Ele fizera uma promessa para me salvar quando ainda mal me conhecia? Ele achava que eu era bonita? Mas eu não merecia a promessa que ele fizera...

"Nunca pensaste que ninguém me ajudava porque eu não merecia isso? Eu mereço todo o sofrimento..."

Ele olhou para mim, surpreendido, talvez mesmo chocado...

–O que é que fizeste assim de tão errado? Nada merece aquilo por que passas, nada que possas ter feito merece a tortura diária em que vives...

E o meu segredo, aquilo que nunca contei a ninguém, saiu-me, escrevi-o  antes de um ataque de tosse me submergir...

 "Eu nasci...E para isso...matei a minha mãe."

–Acalma-te... - a sua voz doce fez-me olhar para ele surpreendida - Essa tosse não soa nada bem. O que aconteceu...não foi culpa tua, não tens de sofrer por isso.

E, delicadamente, abraçou-me. Os seus braços fortes apertaram ao de leve as minhas costelas partidas e a dor foi de tal forma insuportável, que pensei que os meus pulmões iriam rebentar, e só me lembro de ver tudo a girar. Antes de ficar tudo escuro e de eu perder os sentidos...



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Notas finais do capítulo

Eu sei que demorei séculos para postar mas visto que eu não morri...reviews?