(Bella’s POV)

    Edward estacionou o carro em frente a um dos restaurantes mais caros da cidade. Fui ali algumas vezes, como quando papai se aposentou. Era um restaurante muito mais pomposo que o comum. Uma água custava uns dez dólares. Puro desperdício.

    -Edward, você quer comer aqui mesmo? O Traccio’s está aberto hoje. Eu adoro comer lá. –Arrumo meu vestido longo preto.

    -Você não gosta daqui? –Edward coloca as mãos em minhas costas para me guiar. Parece preocupado.

    -Não! Eu adoro esse lugar, só acho desnecessário comer aqui hoje. Podemos deixar para uma data importante, como um aniversário, celebração de Natal... Não precisa ser hoje.

    -Precisa sim. –Ele entrega as chaves ao manobrista.

    -Por quê? O que é que hoje tem de especial? –Não me lembro de nada tão valioso assim para que gastemos uns setecentos dólares. Olha para mim! Brigando com o Edward como se fôssemos um casal de velhos casados tentando economizar para a aposentadoria.

    -Tirando o fato de você sobreviver ao acidente, estarmos completando duas semanas juntos e ser a primeira vez que eu te levo para sair? Não consigo pensar em mais nada. Venha. Temos reservas.

    Chegamos na recepção e indicaram nosso lugar. Na varanda do segundo andar. O Edward realmente quer impressionar.

    Fizemos nossos pedidos e comemos normalmente. Edward me contou algumas coisas engraçadas da faculdade dele, e eu compartilhei alguns momentos vergonhosos, como quando minha amiga estava com um cara no quarto e eu saí do banho quase nua e dei um escândalo. Edward não riu dessa, mas riu de quando eu inundei a lavanderia. Homem é uma coisa engraçada.

    -Bella, vamos? –Edward acabou de pagar as contas e eu me levantei.

    Saímos do restaurante e fomos ao carro. Em algum ponto do caminho, percebi que não estávamos indo para casa.

    -Edward? Quer passar em algum outro lugar antes de ir para casa?

    -Quero, meu amor. Será rápido. –As mãos dele apertaram o volante. Eu sabia bem o que era isso. Mentira.

    Edward estava mentindo para mim (muito mal, ainda por cima). Por quê? Por que ele faria algo assim depois de eu achar que nossa relação estava indo bem? Eu sei o porquê. Ele quer terminar. Edward decidiu que não quer me namorar e agora quer simplismente terminar comigo. Claro. Por que mais ele gastaria tanto dinheiro em uma noite?

    Ele quer que nós tenhamos um “bom rompimento”. Ele vai ver o bom rompimento que eu vou dar na fuça dele! Se ele acha que eu vou aceitar isso ele está enganado. Ele vai ouvir umas poucas e boas. Aquele metido a galã... Que é realmente um galã. Por que ele quer acabar comigo? Eu não sou boa o suficiente? Sou muito controladora? Ele já sabia disso desde sempre! Eu não mudei meu perfil desde os meu sete anos! Aposto que tem alguma coisa a ver com aquela puta da Tânia. Quem ela acha que é para dar em cima de homem comprometido? Bom, logo ele não vai ser mais comprometido.

    É claro que Edward sentiria saudade da vida de solteiro em algum ponto. Ele tinha tudo o que queria sendo um homem livre. Para que disperdiçar isso?

    Sinto água na minha boca e percebo que estou chorando. Não aguento segurar um soluço e choro audivelmente. Edward para o carro.

    -Chegamos. O que houve Bella? –Edward passa as mãos no meu cabelo. Cínico. Falso. Abro a porta do carro e saio em uma direção qualquer. Encontro uma toalha de piquenique com champanhe. Champanhe! O safado ainda compra chamapanhe! Uma bebida para comemorar. Qual seria o brinde? “A um bom término de relação, Bella!”?

    Ando na direção da bebida e pego a garrafa nas mãos.

    -Escuta aqui senhor: Se o rapazinho acha que vai terminar comigo fácil e ainda se dar bem está muito enganado. Eu vou te odiar até o último dia da minha vida, Edward. Ou até o final da sua, porque quem está mais perto do caixão aqui é você. Só me responde uma coisa: Por quê? Por que terminar comigo?

    A garrafa passa a pesar uma tonelada e eu a deixo cair. A grama verde recém cortada amortece a queda. Meus joelhos dobram e meus dedos vão ao meu rosto, borrando a porcaria de uma maquiagem que eu levei uma hora para fazer ficar perfeita.

    Sinto as mãos de Edward em minha cintura e queixo. Ele me força a olhá-lo. O safado ainda exige que eu o olhe me dispensar? Tento me virar para o lado, sem sucesso.

    -Bella, me olha. –Ele demanda.

    Se é assim que ele quer, tudo bem. Eu posso ser superior e fingir ter um restinho de dignidade. Encaro-o com a visão embaçada pelo choro.

    -Como pode pensar em uma coisa dessas? Eu te amo, Bella. Achei que já tivesse feito minha opinião clara. Eu te amo. Sempre amei e sempre vou amar. Por que não acredita em mim?

    -Me amar nunca fez sentido para você. Nem para mim fazia. Como você pode gostar de...

    A boca de Edward prende minha fala. Ele beija meus lábios quase com selvageria, com uma raiva evidente. Edward puxa meu corpo para o seu e encosta cada fibra de mim a cada fibra dele.

    -Bella, te amar é a única coisa que eu sei fazer. Parece que nem isso eu sei, aparentemente.

    Mesmo com um término evidente, eu decidi consolá-lo. Não era justo ele se sentir assim.

    -Você é um ótimo médico, filho, irmão, amante... Não se sinta assim. Se você não queria namorar, era só me dizer. Eu não quero te forçar a nada. –Viro o rosto, mas Edward me beija novamente. Agora sinto paixão.

    -Bella, eu não quero terminar. Quero te pedir em casamento.

    Minha mente parou de funcionar. Eu levei alguns minutos para assimilar o que ele disse. Casar? Comigo?

    -Meu amor... –Ele continuou. –Eu era louco por você desde quando éramos crianças, nunca te esqueci, me reapaixonei por você cada vez mais nessas semanas, me encantei com a pessoa que você se transformou, adorei cada toque que tivemos e quase morri quando te vi no Hospital, a beira da morte. Eu percebi que não posso viver em um mundo sem você, Bella. Não posso suportar te perder, ficar longe de você. Você é uma droga para mim Bella. E eu estou viciado demais para te largar. Casa comigo e eu prometo tentar te fazer a mulher mais feliz do mundo a cada dia. Casa comigo e eu prometo te amar mais do que já amei qualquer pessoa, porque eu sempre fiz isso. Isabella Marie Swan, você aceitaria ser minha esposa?

    Eu já não via mais nada pelo choro. Só me joguei para cima dele e abracei-o. Então percebi que ele estava com uma aliança linda de diamantes e safiras. Safiras. Eu adoro essas pedras. E me lembro de ter falado isso uma vez, anos atrás. E Edward se lembrou.

    -Eu te amo Edward. - Sussurro em seu ouvido. -E sim. Mil vezes sim!

    Edward colocou a aliança em meu dedo e esqueceu do champanhe e do local em que estávamos, me amando ali mesmo.

    “Porque quem ama nunca sabe o que ama
              Nem sabe porque ama, nem o que é amar
              Amar é a eterna inocência,
              É a única inocência, não pensar...” –Fernando Pessoa.