O Cara Da Porta Ao Lado escrita por EstherBSS


Capítulo 9
Capítulo 9 - Sakura


Notas iniciais do capítulo

Amei os meus reviews.



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Capítulo 9


Sakura


Na manhã de domingo, eu estava um pouco nervosa. Iria representar a noiva do Sasuke para a família dele e isso era importante. Passei pelo espelho mais uma vez balançando meu cabelo curto e apreciando a minha nova eu. Tomei o cuidado de me arrumar direito. Até tinha pedido ajuda da Ino. Olhei o vestido que ela me dera. Eu tinha me surpreendido. Era um vestido simples, mas lindo. Ele ia até um pouco acima dos joelhos e não tinha mangas. Era marfim e tinha pequenas florzinhas rosadas desenhadas. Tinha uma aparência primaveril incrível. Ele também prendia atrás do pescoço e deixava a parte superior das costas à mostra.

Usei o meu melhor perfume e me maquiei com as cores que Ino falara. Coloquei o anel que Sasuke me dera e calcei uma sapatilha confortável. Quando terminei, quase não acreditei na minha aparência. Também usava um brinco com uma flor pequenina folheada a ouro e uma bolsa marfim no mesmo tom do vestido. A campainha tocou e eu peguei tudo me preparando para encontrar com Sasuke.

Quando abri a porta, nós nos encaramos mutuamente. Ele estava lindo. Usava uma camisa azul escuro de botões abertos um pouco na altura do peito e com as mangas dobradas até um pouco abaixo do cotovelo. Usava uma calça branca que parecia ser de marca e um sapato com aparência de caro. Tinha até feito a barba. Eu nunca tinha reparado como ele era realmente bonito até aquele momento. Fiz força para não suspirar. Sasuke era o homem mais perfeito que eu já vira. Não pude reparar se ele tinha gostado da minha aparência porque eu não tinha parado de babar sobre a dele.

Nós nos cumprimentamos e ele fez brincadeiras para tentar me acalmar dizendo que eu iria gostar de almoçar com a família dele. Entramos no carro e ele disse:

    - É só ignorar Itachi completamente. Ele é um idiota, mas não fará nada na frente dos nossos pais. Ele gosta de posar de Filho Perfeito.

Não sei se era porque eu estava muito nervosa, mas não conseguia puxar o cinto. Sasuke se ofereceu para me ajudar e quando ele se aproximou, eu não resisti. Aproximei meu nariz do pescoço dele e inspirei.

    - Nossa Sasuke. – eu ofeguei.

    - O que foi? – ele perguntou.

    - Com licença. – Seguei o pescoço dele e aproveitei aquele cheiro maravilhoso mais um pouco – Você abusa do direito de ser cheiroso.

Ouvi Sasuke rir e senti os dedos dele traçarem uma linha no meu pescoço.

    - Eu não sou o único cheiroso aqui. Gostei do seu perfume. – ouvi a provocação na sua voz e deixei que ele voltasse para o volante depois de prender meu cinto. Durante o percurso, fiquei pensando em como um perfume podia fazer uma mulher ter idéias tão impróprias.

A casa dos pais do Sasuke... Quero dizer, a mansão dos pais do Sasuke ficava fora do centro, na parte chique e afastada da cidade. Tentei não parecer abobalhada com toda aquela ostentação. Só havia um outro carro na garagem e eu vi Sasuke comentar que Itachi não tinha chegado. Eu quase podia afirmar que ele parecia mais feliz com isso. Não tocamos a campainha e Sasuke abriu a porta com a chave. Preparei o meu melhor sorriso e o primeiro que encontramos foi o mordomo. A pergunta “quem tem mordomo hoje em dia” passou pela minha cabeça, mas preferi não compartilhá-la em voz alta. O velhinho parecia muito gentil e até mesmo feliz quando me viu. Ele pegou a minha bolsa e disse a Sasuke algo sobre “o jardim”.

Sasuke me puxou pela mão e cruzamos salas dignas de uma realeza, na minha visão, até cruzarmos portas imensas de vidro que davam para uma varanda com assoalho de madeira. Caminhamos nela, com Sasuke segurando a minha mão, até que eu pude avistar um grupo de pessoas sentadas em bancos no meio da grama.

    - Que bom que vocês chegaram cedo! – minha sogra, que eu descobrira se chamar Mikoto, levantou e abraçou Sasuke. Só fiquei um pouco surpresa quando ela me abraçou com igual felicidade – Minha menina! Veja só como você é linda! Olhe, Fugaku! Ela não é linda?

    - Encantadora. – meu sogro pegou minha mão e levou aos lábios. Parecia um cumprimento do século passado e eu corei um pouco sem graça – Agora entendo como conseguiu fisgar o cabeça-dura do meu filho.

Vi Sasuke cumprimentar outras pessoas e esperei minha vez de ser apresentada. “Minha sogra” me explicou que as pessoas da família moravam longe e que a maioria não viria infelizmente. Pelo o que eu pude perceber, ela ficou feliz ao conseguir trazer o tio do Sasuke, Madara, e um primo distante chamado Obito. Também tinha uma mulher mais velha chamada Nora que era uma tia de algum grau que eu esqueci tão logo me disseram.

Madara tinha um ar distante e reservado que me assustou um pouco. Ele falou ainda sobre a grande honra de entrar para a nobre família Uchiha o que me intimidou bem mais. Obito era completamente o oposto do tio de Sasuke. Falava muito e me dava piscadelas impróprias. Vi Sasuke olhar feio para ele uma ou duas vezes. Nora tinha mais idade e aquela impetuosidade que os anos davam a algumas pessoas. Ela me virou e me deu um tapa no bumbum, terminando a sua avaliação dizendo:

    - Boa escolha, Sasuke. Essa aqui deve agüentar toda a sua energia debaixo do lençol e conseguir te dar filhos fortes.

Felizmente, eu não fui a única a ficar chocada com a declaração. Sasuke me afastou suavemente dizendo que iria me mostrar o resto da casa. Enquanto saíamos, ouvi meus sogros brigando com a velha e escutei as risadas de Obito. Assim que sumimos da vista de todos, Sasuke me virou de frente para ele e me segurou pelos ombros.

    - Desculpa, Sakura. Eu devia ter previsto que ela falaria algo assim. Tia Nora é um pouco...indiscreta.

    - Não precisa se preocupar. Eu...entendo perfeitamente bem. – disse tentando ignorar a beleza suprema do homem que me encarava. Ele sorriu parecendo aliviado e me levou por um tour pela casa.

Foi divertido ouvir as histórias dele. Sasuke me mostrou a casinha na árvore, o lugar onde ele sempre se escondia perto da cerca e ninguém achava, a piscina onde ele quase se afogou, o jardim de inverno que ele imaginava ser uma floresta tropical cheia de perigos, a cozinha onde ele vinha roubar biscoito, etc... Foi divertido ouvi-lo falar da casa com tanto carinho. Até parecia que ele tinha voltado a ser criança, pois ele exibia um sorriso lindo e puro de menino.

O último lugar que ele me mostrou foi a biblioteca. Fiquei encantada com a quantidade enorme de livros. Avistei uma edição de colecionador de Morro dos Ventos Uivantes. Subi na escada para alcançar o livro. Ouvi Sasuke dar uma risadinha e olhei para baixo para vê-lo tentando espiar debaixo do meu vestido.

    - Eu acho que você devia subir mais uns dois ou três degraus para alcançar o livro. – ele falou com um sorriso de canto e eu senti meu rosto esquentar. Desisti do livro e desci da escada bem na hora em que o mordomo engraçadinho veio nos chamar para almoçar.

A mesa tinha sido posta do lado de fora debaixo de uma grande árvore. Apesar do sol, ali estava sombra e com uma temperatura gostosa e fresca. Vi Itachi de longe acompanhado de duas mulheres incrivelmente lindas. Alguém falou algo e eles olharam para nós. Eu estava de braços dados e por isso senti a tensão de Sasuke no momento em que ele viu o grupo.

    - Eu não sabia disso, Sakura. Desculpe. – ele falou e eu não entendi direito.

Quando nos aproximamos, ouvi Fugaku me apresentar aos recém chegados e reparei que Mikoto me olhava de um jeito estranho como se temesse minha reação. Itachi me cumprimentou mais gentil do que da outra vez e eu vi o olhar dele buscar o meu anel. Uma das mulheres me foi apresentada como Yoko, noiva de Itachi e, portanto, minha concunhada. O problema foi com a outra mulher ruiva. Ela me deu uma olhada de cima a baixo e deu uma pequena risadinha. Itachi a apresentou como Karin e fez questão de dizer que ela tinha sido namorada do Sasuke. Entendi tudo. Entendi muito bem o que ele estava tentando fazer. Sorri educadamente e estendi a mão para a mulher. Ela me cumprimentou com uma falsa cortesia muito mais evidente do que a do meu cunhado.

A mesa tinha doze lugares sendo que as duas cabeceiras foram reservadas para os irmãos Fugaku e Madara. Ladeando o pai de Sasuke estava Mikoto do lado direito e Sasuke do lado esquerdo. Caminhei para sentar ao lado do meu “noivo”, mas Karin correu e assumiu o lugar. Fiquei sem saber o que fazer e olhei para Sasuke em busca de orientação. Pude sentir que todos ficaram sem graça com exceção de Itachi e da ruiva que eu já começava a odiar.

    - Sakura, sente-se ao meu lado, por favor. – Itachi pediu e eu estranhei o pedido. Além de ser estranho ele querer ficar perto de mim, desse modo, ele manteria a noiva dele longe. Não consegui uma desculpa adequada e me sentei onde ele queria.

A mesa ficou organizada da seguinte maneira em sentido horário: Fugaku em uma das cabeceiras, Sasuke, Karin, Nora, Yoko, Madara na outra cabeceira, um lugar vago, Obito, eu, Itachi e Mikoto

Só não me senti pior porque Nora parecia sofrer com os lugares muito mais do que eu. Sabia que iria ser provocada durante todo o almoço. Começamos a comer e eu podia ver Karin se jogando, literalmente, sobre Sasuke. Mikoto e Fugaku tentavam incluir todos em uma mesma conversa quando eu ouvi a voz grossa e autoritária de Madara.

    - Vocês dois vão concorrer na corrida desse ano? – ele disse apontando para Sasuke e Itachi.

    - Ainda não pensei nisso, tio. O trabalho está bastante puxado. – Itachi respondeu. Era impressão minha ou ele sempre tinha esse tom de dever como se representasse um papel?

    - E você, Sasuke? Essa é uma boa oportunidade de impressionar a sua noiva. – Madara falou e eu olhei dele para Sasuke percebendo que o meu “noivo” me encarava de um jeito estranho.

    - Não se Sakura poderá viajar conosco na época da corrida. – Sasuke falou.

    - Sério? – Mikoto falou e ela parecia mesmo sentida com isso – Você iria adorar a fazenda, Sakura.

    - Imagino que lá deve ser lindo! – eu disse e fui interrompida por uma risada de Karin.

    - Ah, você iria adorar. Eu amei quando Sasuke me levou pela primeira vez. – ela disse e riu. Vi Sasuke a olhar sério antes de dizer.

    - Eu nunca te levei lá, Karin. – ela ficou sem graça e disse algo sobre ter se confundido.

    - É uma pena mesmo. Seria bom a família conhecer a noiva do nosso Sasuke. – Madara voltou a falar, ignorando completamente Karin – Já estávamos achando que ele seria solteiro o resto da vida.

Eu ia ficar quieta, mas percebei que todos esperavam uma resposta minha.

    - Bom, eu acho que ele não tinha achado a pessoa certa. – disse e ouvi meus sogros concordarem. Evitei olhar para Sasuke. Reparei que Itachi me olhava intensamente. Ele disse:

    - E você acha que é a mulher certa?
   
    - Não seja grosseiro, Itakun. – minha sogra falou, mas aquela pergunta merecia uma resposta.

    - E por que eu não seria? – perguntei com o queixo erguido.

    - Você deve ter muita certeza do amor do meu irmãozinho para falar assim. – Itachi falou e bebeu um gole da cerveja.

    - Ela tem motivos para isso mesmo. – Sasuke falou em minha defesa – E eu ficaria feliz se você parasse de tentar constranger a minha noiva.

    - Não quero constranger ninguém. – ele disse – Só achei estranho que você aparecesse com uma noiva de uma hora para a outra.

    - E o que tem demais nisso? – A tia Nora falou – Quando você encontra alguém que gosta, tem que segurá-lo com todas as forças o mais rápido possível.

    - E o Sasuke é mesmo tão incrível, né? – Karin falou deitando a cabeça no ombro do MEU NOIVO. Estreitei os olhos para ela e o vi tentar se desvencilhar.

    - Vocês sabiam que Sakura é médica? – minha sogra falou.

    - Estudante de medicina. – eu e Sasuke falamos ao mesmo tempo. Todos na mesa me deram uma segunda olhada.

    - É uma carreira difícil. – Yoko falou simpática e eu sorri para ela.

    - Mas a Sakura tem muito talento. Ela cuida dos doentes com carinho. – Sasuke falou e piscou para mim.

    - Está em que período, Sakura? – Itachi me perguntou.

    - Sexto. – respondi.

    - Em qual faculdade? – ele continuou. E eu me irritei com aquilo.
   
    - Na UFE (Universidade da Fanfic da Esther). Quer o número da minha matrícula também? – perguntei e inclinei a cabeça. Ouvi Sasuke rir e minha sogra perguntou o que estávamos achando do almoço.

    - Então, onde vocês se conheceram? – Karin perguntou.

    - Eu moro do lado do apartamento do Sasuke. – respondi inocente sem prever o próximo comentário.

    - Sério! Que estranho! Nunca tinha reparado muito em você quando eu ia lá. E você mora mesmo do lado? Espero não ter atrapalhado você dormir nas vezes que eu fui visitá-lo. – ela disse e riu.

    - Karin! – ouvi Sasuke falar algo zangado com ela, minha sogra ofegou, Tia Nora ergueu uma sobrancelha e Yoko pareceu sem graça. Tentei pensar em algo melhor para dizer. Algo veio a minha mente.

    - Agora sou eu que não consigo me lembrar. Deve ter sido há muito tempo mesmo.

Ouvi tia Nora soltar uma gargalhada e até Madara parecia levemente divertido. Olhei para Sasuke e vi que ele tinha um brilho nos olhos. Até meu sogro parecia conter o sorriso e ele não parecia do tipo que sorria facilmente. Quase no fim da refeição, Madara se virou para mim e falou:

    - Tem certeza que não poderá viajar conosco? Será daqui a duas semanas. Temos que aproveitar a quantidade exagerada de feriados que há nesse país. – ele sorriu tentando ser simpático, mas o resultado foi meio assustador.

    - Eu...tenho que estudar. – Falei como desculpa. Estava claro que Sasuke não queria que eu fosse.

    - Você leva os livros e estuda lá. – Tia Nora falou e se virou para Sasuke – Menino, ela olhou para você antes de responder. Está parecendo que você não quer levá-la.

Prendi a respiração quando ela terminou e senti Itachi olhar para mim. Ouvi meu noivo falar que não era nada disso e que ele ficaria muito feliz que eu fosse lá.

    - Mas eu tenho mesmo que estudar. – tentei dizer.

    - Use a semana para descansar um pouco também, querida. – minha sogra falou.

    - Isso mesmo. Assim eu consigo convencer o Sasuke a correr e a gente pode ganhar o prêmio desse ano. – Madara falou parecendo satisfeito. Diante disso tudo, não tive como negar e comecei a me perguntar até quando essa farsa duraria. 


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