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Mally pov On

Estava deitada recuperando-me, isso era bom por receber toda atenção e carinho, minha mãe tinha ido me buscar na escola e fiquei ali no quarto o resto da manhã. Escutei passos na escada, achei que era ela novamente. Me assustei quando virei e dei de cara com Phillipe me observando na porta do quarto, levei a mão no coração, o susto tinha sido grande.

– Está melhor? Adentrou no quarto.

– Quem deixou você invadir minha casa? – Quis fazer a desinteressada.

– Sua mãe. – Fez um sinal com a mão que eu não entendi. – Ela mandou eu vir até aqui. Mally é a última vez que eu venho até você, se você não quiser mais nada comigo eu vou entender, mas seja sincera. – Veio até mim despejando um beijinho em minha testa.

Droga. Eu queria resistir, mas estava impossível. Ele assim tão perto, aquele cheiro que me hipnotizava, aquela pele macia, aqueles lábios, aqueles carinhos que me faziam estremecer. Me lembrei do dia do central park que me fez rir em pensamento. Não, para, eu tenho que resistir. Tentei pensar em todos os seus defeitos, mas não conseguia, minha vontade era me jogar em seus braços.

– Não vai falar nada? Se você não quiser me ver nunca mais eu vou entender o seu lado, tira o meu exemplo, o seu e o do Louis aquele dia na inauguração, foi uma confusão por nada, o Louis pegando nós dois e o amigo do seu pai pagando eu e o Louis e pensando tudo errado... – Não pude deixar de notar seu riso contido, o que me contagiou lembrando da história toda. – Eu só preciso da sua resposta Mally. – Disse sentando ao meu lado. – Você acredita em mim?

Meu Deus, o que eu fazia? Era agora ou nunca. Ele estava certo, aquilo não foi proposital, as circunstâncias tinham revelado isso, a própria índole daquela Jane entregava isso. Mas não era só isso, lembrei das atitudes dele ultimamente, não estavam me agradando... Isso me fez jorrar uma enchente de palavras:

– Phillipe eu já sei, já entendi que não foi sua intenção, mas ainda tem mais, você está agindo estranho, se metendo com os caras que sempre criticou, sendo arrogante só porque sua mãe está ganhando mais, fazendo besteira por aí, deixou de se preocupar com coisas importantes, sendo irresponsável, de um cara assim é óbvio que eu poderia esperar um traição e não só isso... Não dá. – Falei rápido e forte.

Essas palavras saíram de uma maneira difícil, é difícil falar isso para alguém que se ama.

– Mally, eu tenho consciência disso. – Abaixou o olhar.

– Não. – Gritei. – Não, não tem. – Sussurrei quando lembrei que minha mãe estava lá em baixo.

– Você não foi a única que me falou isso, minha mãe, o Ryan, todos já me alertaram, eu sei que agi de forma diferente, mas eu acho que cumprimentar os amigos do Louis e trocar algumas palavras de vez em quando não é nada, eu só não posso me envolver com as besteiras. Eu percebi isso no dia da festa. – Explicou-se.

– Eu não ligo de você conversar com eles, mas quando você está com eles você age diferente. Você sempre quis isso não é?

– Não minto, sempre invejei o estilo de vida do seu irmão ou o Ryan ou qualquer um deles, mas eu percebi que não é isso que eu quero, primeiro que eu não tenho tudo que esses caras tem, eu não nasci rico e nem sou e isso tudo é muito chato. Aprendi da pior forma. – Suspirou. – E você Mally o que me diz do dia que estava agarrada com o Ryan?

– Phillipe. – Dei um tapa nas suas costas. – Eu estava mal, precisava de um apoio e ele sempre me ajudou e apesar de tudo eu confio nele. – Me arrependi de ter falado isso, vai que ele interprete de outra forma.

– E não confia em mim? – Seus olhos que me fitavam eram inseguros.

– Não é isso. – Falei sentida. - É claro que eu confio, mas olha a situação em que eu estava.

–E eu que fui taxado injustamente? Agüentar você, o Louis, minha mãe, todos falando que eu estava errado quando na verdade tudo foi um mal entendido... – Ele estava convicto tentando se defender.

– Já percebeu que a gente está discutindo a relação? – Falei em meio a risos.

– Discutindo a relação? – Riu também. - Se a gente está fazendo isso significa que a gente ainda está junto? – Phillipe me olhou ansioso pela resposta.

– Eu ainda te quero. – Sussurrei.

Vi um sorriso abrindo em seus lábios. Aproximou-se me dando um abraço afetuoso e se sentando novamente ao meu lado.

– Sem ciúmes e sem mal entendidos a partir de agora, certo? – Phillipe falou passando suas pernas sobre as minhas e sentando-se na minha frente.

– Certo. - Sorri.

Ele se inclinou mais sobre mim juntando nossos lábios, o que resultou num beijo desesperado, num beijo de dois apaixonados que estavam brigados sem ceder a dias, todo aquele amor entalado na garganta se resumia a esse beijo, toda aquela vontade, aquele sentimento indefinido. Paramos para respirar. Era bom tê-lo de volta, isso me deixava bem. Me virei para o lado quando avisto a minha mãe parada na porta fitando-nos.

Não podia ser, o que ela iria pensar? Ele estava na minha cama inclinado sobre mim. Por que as coisas sempre dão errado para mim? Por que a porta estava aberta? Porra. Eu e miha sorte com mal entendidos e portas abertas.

Fiquei imóvel até que Phillipe ainda ofegante pelo beijo levou o olhar até ela.

– Ah, desculpa senhora Roberta. - Começou tentar se explicar. - Desculpa eu não tinha a intenção de... – Disse se levantando e se ajeitando. - Não é isso que a senhora está pensando...eu não viria até a sua casa para... seria um falta de respeito se eu...quer dizer não me entenda mal eu não faria isso assim...quer dizer...ahn, eu não sei o que dizer. - Suspirou. - Complicou-nos ainda mais, poderia ter ficado quieto.

– Quando vocês vão me falar que estão namorando? Agora não dá para negar. – Riu afetuosamente.

Eu e Phillipe nos entreolhamos surpresos, esperavamos uma bronca.

– Tchau Mally, tchau Roberta, estou atrasado. – Eu tenho mesmo que ir. - Phillipe saiu do quarto todo desconsertado sem antes bater o pé na quina da porta e sair duro de lá. Minha mãe acompanhava todos seus movimentos com o olhar.

Saiu me deixando sozinha enquanto ela ainda ria. Tinha medo do motivo do riso. Será um riso induzido que introduz uma bronca?

– Vocês são tão fofos. – Foi a única coisa que ouvi.

– Que? – Falei sem entender.

– Mally me conta o que aconteceu aqui e porque você ficou quase dois dias sem comer, não me diga que quer ficar mais magra só pra impressionar o menino, esses problemas alimentares são sérios.- Seu interesse parecia de cumplicidade. Consegui enrolá-la o dia todo mas agora não dava mais.

– É que eu estava sem fome, estava deprimida e acabei deixando de comer por raiva. – Soltei pensando nas próximas perguntas.

– Raiva? – Meneou a cabeça me pedindo para continua.

– É porque eu, o Phillipe, o Louis, o Ryan, estávamos todos brigados e aquilo estava me matando por dentro, não sabia mais o que fazer, mas agora está tudo certo.

– Mally eu sei que às vezes a vida e as pessoas são complicadas mas não é motivo para parar de comer nem descontar em outras coisas, é difícil, mas tem que aprender a ser forte, e eu sei que você é, você sempre foi.

– Não vai acontecer mais, precisei disso para perceber a burrada que eu fiz, não vou cometer o mesmo erro duas vezes.

– Espero que você realmente tenha aprendido isso porque no sábado a gente vai fazer a festa surpresa do seu pai e vai ter bastante comida boa, e eu convidei todo mundo, a Margaret com o Phillipe, a família do Ryan, espero que esteja tudo bem entre vocês todos.

– Eu acho que está. – Dei um abraço nela. - Mãe só quero que você saiba que não era o que você pensou, eu e o Phillipe, bem a gente, hum, aquilo foi só um beijo. - Não aguentaria deixar as coisas sem explicação.

– Eu sei.

– Sabe? - Olhei com cara de dúvida.

– Digamos que eu estava na porta a algum tempo. - Riu.

Fiquei espantada, será que ela tinha ouvido nossa conversa? Com certeza. Droga, não era para isso acontecer.

– E outra Mally eu acho que posso confiar em você. Não posso? Você vai ser responsável não vai?

Estava embasbacada. O que ela quis dizer com isso?

– Confiar em mim? - Olhei a sem entender, ou fingindo não entender.

– É, eu sempre confiei em você, você sempre tão responsável, nunca me deu problems sérios. Posso continuar confiando não é? O Phillipe também, não o conheço bem mas gosto dele, fora que ele além de bonito é um fofo né Mally, você viu ele tentando se explicar que coisa mais graciosa? É mesmo dificil de resistir.

Ri, dando-lhe em seguida um abraço. Era bom ter o seu apoio, só faltava a reação do meu pai sobre o Phillipe quando soubesse...