A cidade era fantástica. Depois de quase um mês no local, Raven sentia que poderia encontrar um vampiro em cada esquina. Era sombria, tranqüila e misteriosa no mesmo nível e perfeita para a morada dos “seres da noite”.

De acordo com suas pesquisas, existiam vários “tipos” de vampiros. Ou raças, como ela preferia dizer. Os que podiam sair à luz do dia; os que não podiam. Os que temiam alho e crucifixos, outros que não podiam ver certos tipos de ervas. Uns que conseguem ficar até “à vontade” perto de humanos, já outros que não podiam nem se aproximar. Cada site, livro e fonte diziam algo diferente e completavam a história de outro, mas o que realmente era verdade e quais raças faziam o quê era um mistério para ela. Um mistério que parecia pronto para ser descoberto.

Mystic Falls tinha, com certeza, um segredo. A cidade contava com uma História muito rica de lendas e mitos sobre “demônios da noite” que desde o tempo de sua fundação já assombravam o lugar. Raven estava adorando, é claro, e seu único medo era não encontrar nenhum vampiro cara a cara.

Ela olhou novamente o principal bar da cidade, o Mystic Grill. Era lá onde a maioria das pessoas se encontrava sempre. Resolveu entrar de novo e ficar à espreita. Já tinha observado algumas pessoas com comportamento estranho, mas nada que pudesse significar "vampirismo". A não ser, talvez, dois homens que vinham ali às vezes. Pareciam ser irmãos e muitas vezes discutiam. Eram altos, um de olhos azuis outro de olhos castanhos e tinham alguma coisa estranha. Pareciam se mover diferente dos outros, com mais leveza, e estavam sempre atentos a tudo, como se escutassem a quilômetros e um deles – o de olhos azuis – parecia estar sempre tentando segurar o outro. Ocasionalmente estavam na companhia de uma mulher de cabelos castanhos e compridos com rosto de anjo. Mas apesar de tudo pareciam poder se relacionar bem com todos. Ou pelo menos conversavam com quem viesse falar com eles sem nenhum medo ou, quem sabe, agonia por estar perto de sangue humano.

Realmente Raven tinha que chegar neles uma hora dessas. Poderia dizer que estava na cidade há pouco tempo e queria saber mais sobre o local por conta de uma pesquisa que estava fazendo – o que não seria completa mentira. Mas justamente hoje que estava criando coragem, nenhum dos dois lindos esquisitos estavam lá.

Ela sentou-se em uma mesa mais para o canto, notando como quase todas as pessoas esticavam o pescoço para olhá-la. Devia ser a atração principal na pequena cidade nas últimas semanas: a garota vestida de preto da cabeça aos pés que ficava sempre observando tudo e todos. Bom, ela não ligava para isso. Já estava mais que acostumada com os olhares enviesados que sempre lhe mandavam. Quando era mais nova e se vestia como uma completa gótica assumida os olhares eram muito piores. Agora pelo menos não estava mais tão desagradável aos olhares de todos: abandonara os coturnos, o batom preto e os demais assessórios góticos que já não faziam mais tanto o seu estilo. A fase “adolescente problemática” havia passado – em parte.

Abriu seu netbook, conectou os fones de ouvido e voltou a sua infinita procura na rede por vampiros enquanto pedia uma água à garçonete. O tempo estava passando. Pelo menos até o final da semana tinha que encontrar alguma coisa nova ou… bem, não sabia o que, mas simplesmente tinha que achar algo novo. Definitivamente.

_______________________________________

– Aaah Jake, graças a Deus! – Alice sentou-se ao lado de Jacob esfregando a testa enquanto Emmett e Rosalie desciam as escadas. Todos olhavam atentamente para ela. – Bom, gente é o seguinte: Jasper e eu havíamos sentado num barzinho por aí e eu decidi me concentrar mais nas imagens que estava recebendo, e eu vi. Num futuro não muito distante. Coisas ruins estão para acontecer. Essa parte não entendi muito bem, mas sei que não é coisa boa. Uma força maligna está por trás disso, ela vai usar todos os recursos disponíveis – inclusive aquelas criaturas sem alma que eu andava vendo – para acabar com os vampiros. Mas isso ainda não é o mais interessante. Uma garota (parece meio gótica) dedicou sua vida inteira a pesquisar sobre vampiros. Sabe realmente tudo. Não sei como, mas ela conseguiu algumas informações impressionantes até sobre nós. E mais, por conta da sua obsessão por vampiros, agora ela está disposta a encontrá-los custe o que custar.

– Espera, espera aí – interrompeu Rosalie. – Você fica falando como se fossem “eles” os vampiros. Eles quem? Não deveria ser: ela está disposta a nos encontrar?

– É, nos encontrar também, seria o certo. – Os únicos sons na sala inteira eram os corações de Nessie e Jake batendo acelerados e suas respirações baixas. – Existem outros. Isso não é o que minha visão diz, mas o que a garota acredita e o que meu pressentimento está dizendo. Precisamos ir atrás da garota urgentemente para descobrir o que ela sabe e entender também quem ou o que é esse mal e esses guerreiros que vejo.

Ela encarou cada um dos presentes na sala parando por fim em Edward. Bella o sentia tenso sob ela, prestando extrema atenção aos pensamentos e visões de Alice. Mas como poderiam existir outros vampiros? Quer dizer, eles eram assim como as histórias assustadoras que os humanos conheciam há tanto tempo? Com direito a estacas de madeira, convite para entrarem na casa e morte no sol? Como isso poderia ser real se os vampiros eram os que estavam na sala neste momento? Ora, Bella havia visto muitos outros vampiros em sua vida, e todos eram como os Cullen. Nem o sol, nem estacas, nem alho, nem ervas os afetavam. Como poderia haver outros que fossem afetados por isso?

Todos na sala pareciam se fazer as mesmas perguntas silenciosamente, principalmente Jacob que olhava de um para o outro com cara de abobado, totalmente confuso.

– Bom pelo menos agora temos um objetivo pela frente – Emmett cortou o silêncio.

– Alice tem certeza do que está falando? – perguntou Jacob lentamente. – Não está imaginando isso tudo?

Alice olhou para ele como se fosse matá-lo.

– Você acha mesmo que eu iria imaginar uma coisa dessas? Estou dizendo que é real, pergunte pro Edward, e temos que tomar uma providência, temos que saber com que estamos lidando.

– Você tem ideia de onde está essa garota? – perguntou Carlisle. – Se queremos resolver alguma coisa temos que primeiro falar com ela.

– Não sei muito bem… – Alice levantou-se começando a caminhar de um lado para o outro – tenho que me concentrar mais.

– Bem, então tente descobrir – disse Jasper pegando seus ombros, reconfortando-a.

Ela encostou a cabeça em seus ombros e ficou em silencio por um momento. Edward afastou Bella de seu colo e levantou-se enquanto Alice levantava a cabeça e o encarava profundamente. Edward começou a falar rápido, relatando cada imagem que via na cabeça de Alice:

– Um grupo enorme de vários tipos de pessoas reunidos; os lobos de La Push estão junto; há um círculo formado por um guerreiro, um lobo, um de nós, uma mulher morena, a humana das visões de Alice e dois homens de cabelos escuros. Estão reunidos em volta de alguns objetos espalhados pelo chão e há outro homem com a cabeça e as mãos levantadas proferindo palavras estranhas, numa espécie de ritual. – Edward balançou um pouco a cabeça e desviou os olhos de Alice olhando os outros. – Mystic Falls, Virgínia.