Caldwell, Nova York

– Perdemos seu rastro. No meio do caminho nos deparamos com uma multidão de humanos, provavelmente era mais um desses shows beneficentes. Os redutores devem ter percebido nossa presença e se misturado às pessoas para se disfarçar. Estavam procurando alguma outra coisa e não estavam interessados em nós.

Thorment andava de um lado para o outro na frente dos irmãos no escritório de seu rei Wrath ouvindo o relatório de Phury, os nervos à flor da pele, como de costume ultimamente.

– Por hora temos que esquecer isso – disse Wrath de trás de sua mesa. – Vamos nos concentrar nos redutores que estão aqui, atacando o centro da cidade.

– Como assim? – Thor olhou-o friamente. – Temos que saber o que estão tramando. Por que cada vez mais deles vão para o norte? Simplesmente cansaram de nos caçar? Isso pode ser uma armadilha.

– Justamente. Isso pode ser uma armadilha. Eles podem estar querendo que nós vamos para lá para nos pegarem em uma armadilha. Vamos esquecer isso.

– Não posso permitir isso, temos que matá-los...

Wrath se levantou:

– Você não vai a lugar algum. Estou dizendo para esquecer isso por enquanto e matar os redutores que estão por aqui. E você não vai desobedecer.

Thor encarou o outro ferozmente por um tempo e então saiu enfurecido da sala.

Um longo e constrangido silêncio caiu sobre a sala.

– Você não acha que está pegando um pouco pesado Wrath? – perguntou Rhage finalmente. – Talvez deveria dar um desconto para ele, afinal os redutores acabaram com sua shellan, é normal que ele esteja...

– Sei de tudo isso, Rhage – cortou Wrath –, me dói o coração fazer isso com ele, mas não posso mais pegar leve. Thor está fora do controle e preciso mantê-lo por perto e sob meu comando antes que faça alguma besteira. Não podemos perder ele também.

Rhage assentiu.

– Está certo, meu senhor.

Aos poucos todos os irmãos saíram de seu escritório e Wrath pôs-se a pensar novamente sobre a situação em que se encontravam. Muito estranho. Realmente muito estranho. Nas últimas semanas os redutores pareciam concentrados em outra coisa além de caçar vampiros. Algo mais para o norte. Havia alguma coisa lá que eles queriam, mas o quê? Thor não era o único que queria respostas, na verdade Wrath se sentia mais curioso que o irmão. Nos mais de 300 anos de sua vida, nunca tinha visto os redutores se comportarem dessa maneira. Eles sempre estavam atrás dos vampiros, sempre queriam exterminar cada vampiro que vissem, foram criados para isso.

Mas agora pareciam que estavam fugindo dos irmãos. No momento Caldwell concentrava um bom numero de vampiros, tanto civis, como toda a irmandade, no entanto os assassinos iam para o norte e disfarçavam assim que um irmão se aproximasse. Agora estavam agindo mais durante o dia ou no fim da noite como se realmente quisessem se esconder dos vampiros.

E também matar de curiosidade os mesmos.

Mas como ele mesmo havia dito antes, precisavam deixar isso de lado um pouco. Já tinham ido em várias noites averiguar a parte norte da cidade, mas nada encontravam que pudesse ser um ponto de encontro dos redutores. Tudo parecia normal como sempre. E também não podiam se dar ao luxo de cair na deles, pois certamente era isso que eles queriam: que os irmãos os seguissem para um lugar frágil para os liquidarem. Era isso o que faziam não é? Passavam a vida bolando planos para acabar com a raça vampiresca e provavelmente este era só mais um de seus planos. Não precisavam se preocupar com isso. Não enquanto tudo continuasse bem.

– Wrath? – Beth colocou a cabeça para dentro da sala. – Está tudo bem? Não desceu para jantar com seus irmãos.

– Ah, eu estou bem, mas sem fome. Acho que não jantarei hoje.

Ela se dirigiu a Wrath sentando em seu colo e agarrando seu pescoço, ancarando-o.

– Thor andou brigando outra vez? Ele passou pela cozinha como um foguete indo direto para o porão.

– Ele não sai mais de lá não é? Está raivoso novamente. Quer ir atrás dos redutores no norte e tive que abusar da minha condição de rei para que ele me ouvisse. Bom, naturalmente ele não gostou.

– Tenho tanta pena dele – Beth baixou as mãos e deitou-se em seu ombro. – Não merece tudo o que está passando. Era uma pessoa tão boa. Wellsie era sua vida e de repente ela foi tirada dele levando junto seu filho que ainda nem havia nascido.

– Eu sei leelan. Só espero que ele um dia consiga superar isso.

– E pensar que aqueles assassinos vivem disso, sentem prazer em estragar vidas, famílias, amores. Isso é tão injusto. Até eu tenho vontade de ir atrás dos redutores só de pensar nisso.

– Ei, – Wrath segurou a cabeça de Beth com as mãos – isso é trabalho para nós, OK. Não se preocupe com isso. A Sociedade Redutora está cada vez mais fraca, não estamos muito longe de acabar com ela de vez. – Sorriu para ela e a beijou.

Só mesmo sua tão amada shellan podia acalmá-lo e fazê-lo esquecer todos os problemas. Se sentia mal por ter que xingar Thor e impedi-lo de sair por aí matando. Realmente não podia imaginar o que ele seria capaz de fazer se um dia lhe tirassem sua fêmea. Certamente ainda não teria a paciência que seu irmão estava tendo. Não mesmo.

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Estava quase escurecendo em Caldwell depois de mais um dia sem sol e muito chuvoso. Bella estava sentada no sofá da mansão dos Cullen junto com Edward, Rosalie e Esme olhando TV sem realmente prestar atenção ao que passava, quando Jacob chegou com Renesmee. Ela estava realmente linda como sempre e era impossível não ficar de queixo caído só de olhá-la. Seus cachos cor de bronze emolduravam seu rosto perfeito com bochechas rosadas e olhos cor chocolate e lhe caiam até a cintura. Custava a Bella pensar nela como sua filha, mesmo depois de tanto tempo. Ela era tão perfeita, uma combinação precisa entre ela e Edward.

Na verdade tinha apenas cinco anos e alguns meses, mas sua aparência era de uma adolescente de 16 anos e a mentalidade era praticamente adulta. Pelo modo como agia já se podia perceber que gostava de Jake, do modo como ele a cuidava desde bebê, e o considerava muito mais que um amigo. De certa forma, Bella sentia um pouco de ciúmes por vê-lo desse jeito. Jacob não cansava nunca de observá-la a toda hora. Não cansava de explicar certa coisa para ela quantas veses fosse preciso. Não cansava de fazer exatamente tudo o que ela pedia, por mais que seu desejo fosse quase impossível.

Lembrou-se de uma das vezes em que Nessie estava entediada e havia pedido para Bella e Edward fazerem uma excursão dando uma volta nos limites de Oregon correndo e caçar uns animais por aí. Claro que Edward não gostou da ideia, isso duraria alguns dias, mas Jacob não se importou. Deixava ela fazer o que quisesse com ele. Os dois voltaram quase 4 dias depois e, mesmo estando quase morrendo, Jacob ainda estava feliz por ter feito o que ela pediu.

– Odeio as férias, de verdade – disse Renesmee jogando-se no sofá –, não tem nada para fazer. Acho que Jake e eu já rodamos esta cidade inteira umas mil veses. Estou completamente entediada.

– Ah, Nessie, por favor. Tem muitas coisas legais na cidade – disse Jacob sentando-se também.

– Legais, sei. – ela resmungou. – Ela até teria algumas coisas divertidas se a gente fosse passear de noite. Sério, ninguém sai de dia, só nós.

Jacob e Edward ficaram apreensivos na mesma hora.

– Nessie já falamos sobre isso… – começou Edward.

– Ah, pura besteira. Só porque tenho 5 anos? Isso não quer dizer nada. Qualquer um me daria 17. Estou na idade de sair.

– Bom talvez quem sabe algum dia desses – disse Jacob, apreensivo.

– Sério? – Ela logo se animou, seu olhar indo de Jake para Edward e Bella.

– Não sei não. Alice está vendo coisas muito ruins sobre essa cidade, e se for verdade?

– Ah, pai fala serio! O que poderia acontecer? Sou uma meia vampira acompanhada de um lobisomem. – Edward não mudou a fisionomia. – Mãe! – Renesmee chamou a tenção de Bella. Ela sempre fazia isso diante dos gestos superprotetores de Jacob e Edward. E, de certo modo, Bella não podia culpá-la. Não era fácil ter um vampiro e um lobisomem cuidando cada passo ela dava. O problema era que até ela se sentia um pouco apreensiva. Talvez fosse porque não tiveram muito tempo para aproveitar a infância dela e ver a adolescência chegando. Afinal, ela tinha apenas 5 anos, deveria estar apenas entrando para a escola.

– Vamos ver – Ela disse por fim. – Se tiver alguma festa por aí que aparente ser bem boa e confiável.

Nessie lançou um sorrisinho vencedor para Edward e Jacob levantando e rodopiando até a cozinha.

– Ei, mas não vá pensar que vai ser tão fácil mocinha – Falou Jake. – Caldwell não é tão grande assim e é difícil encontrarmos algo bom. Alem do mais logo, logo as aulas começarão e você poderá entrar também, pois já não mudará tão rápido. Aí terá algo para fazer durante meio dia.

Todos ouviram Nessie resmungando baixo.

– Sério, vocês não deviam prendê-la desse jeito. Ela tem idade para isso…

– E aí vampires quais as novas? – Jacob interrompeu Rosalie, sem prestar-lhe menor atenção.

– Alice continua tendo visões dos tais caras pálidas vindo nos atacar e nós continuamos sem saber o que é isso – Esme respondeu.

Jake bufou:

– Pensei que tivesse pedido novidades – murmurou. – Onde estão os outros?

Edward olhou pela janela como se enxergasse algo além da floresta que escondia a casa.

– Carlisle está chegando do hospital e Emmett voltando estressado de outra caçada. Estão chegando juntos.

– E Alice e Jasper?

– Não sei para onde ela foi. Deve estar tentando aliviar a dor de cabeça. E, claro, Jasper foi atras. – Edward deu um sorrisinho.

Ficaram em silêncio por um momento, enquanto os outros dois chegavam.

– Ta, mas por que vocês simplesmente não vão atrás dessas criaturas que Alice vê? – argumentou Jacob.

– Ela não sabe exatamente de onde vêm, onde estão. Não sabe nem se realmente existem. E… – Edward franziu a testa – eu também não consigo identificá-los.

– Concordo com Jacob – disse Emmett. – Devíamos ir atrás. Alice podia se concentrar um pouco mais para localizar eles. Para termos pelo menos uma pista. É melhor do que ficar aqui se perguntando o que isso pode ser. Alem disso, talvez possa melhorar a dor de Alice se ela não tentar expulsar isso da sua mente.

– Ela não tenta expulsar, Emmett – disse Edward. – Só não sabe o que é e não tem uma visão clara, por isso sente dor.

– Ainda sim…

– Vamos fazer isso – interferiu Carlisle. – Assim que Alice chegar pedimos para ela se concentrar um pouco e amanhã começamos a rastrear para ver se conseguimos algo. É o único jeito. Continuar aqui sem respostas não vai levar a nada.

Todos concordaram com acenos de cabeça e então voltaram à sua rotina de sempre. Rosalie e Emmett foram lá para cima nos quartos; Nessie e Jake pegaram o tabuleiro de xadrez e Esme e Carlisle continuaram sentados no sofá falando sobre coisas banais. Nem sempre a eternidade é tão divertida, ainda mais nas férias. Bella não podia culpar Nessie de se sentir entediada. Até Bella cansava às vezes.

– O que podíamos fazer essa noite? – Perguntou agarrando o pescoço de Edward. – Nessie está me influenciando. – Ela sorriu sussurrando – Estou ficando entediada.

– Ah, é? – Edward sorriu beijando-a.

No momento em que Alice entrava na sala com Jasper logo atrás:

– Existem outros.