As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 9
O Baile de Outono - Parte 2




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Antes que nossos lábios se tocassem, uma cadeira ambulante voou em nossa direção, obrigando-nos a separar-nos.

Neville: CUIDADO!

Eu e Logan nos jogamos para trás, um para o lado e o outro, para o outro lado. A cadeira vinha deitada, com os pés na nossa direção. Parecia que era viva e que tinha a intenção de nos decapitar. Eu levei um susto. Limpando suas vestes, um pouco assustado, ajudou-me a levantar.

Lola: Droga, Neville!

Neville: Ei, eu juro que não fui eu! Sei que sou desastrado com feitiços, mas nem estou com a minha varinha...

Ajeitei meu vestido e meu cabelo, desconfiada. Olhei para Harry, ele estava recebendo Gina em seus braços. Os dois se beijaram e ele dizia palavras bonitas para ela e a elogiava. Dizia que ela ia ganhar com certeza, que era melhor que todos. A ruiva parecia ouvir tudo o que sempre quis. Ela olhou de esguelha para mim, fitando-me rapidamente. Observava qual seria minha reação, talvez? Foda-se. Gina precisava provar para as pessoas que ela era boa o suficiente e que era desejada por Harry. Porque ela tinha dúvidas quanto a isso. Senti uma pontada de ciúmes no coração.

Hermione: Sabe de uma coisa? Eu não entendo. Estou aqui com o Córmaco, vim ao baile com ele. Ele é um dos mais populares do nosso ano. E ainda sim, nem sinal de um ciúme ou uma preocupação do Ron. Nem sequer quis olhar pra mim.

Lola: Ah, mas isso é óbvio, né Hermione? O Ron já sacou que você odeia Córmaco e que prefere beijar um rato a beijar ele. Ron vê você fugindo dele, se escondendo, vê que você tem nojo. Você devia deixar o Córmaco se aproximar de você.

Hermione: NÃO! Sério, ele é nojento! A auto-estima dele já é alta o suficiente. Se eu der mole Córmaco vai achar que sou uma fã querendo comer ele!

Lola: Ah, Mione, você tem que tentar.

Hermione revirou os olhos e suspirou. Isso significava que ela ia mesmo tentar. Pobre garota...

Lino: ATENÇÃO, ALUNOS! OS RESULTADOS DO SHOW DE TALENTOS SERÃO ANUNCIADOS QUANDO OS JUÍZES SE DECIDIREM! ENQUANTO ISSO... TODOS PARA O SALÃO DA FESTA A FANTASIA!

         Todos urraram entusiasmados e a maioria dos estudantes se dirigiu aos vestiários ou banheiros para trocar de roupa. Eu e os outros competidores deveríamos comparecer com a mesma roupa da apresentação, apesar disso. Nada de fantasia. Olhando em torno, as pessoas entravam no salão da festa à fantasia disfarçados com as mais bizarras roupas. Alguns até mesmo se vestiam de Trouxas! Meninas apareciam com asas de fada, cabelos prateados de veela ou com chifres de unicórnio. Garotos usavam capas de dementadores, alguns se fantasiavam de Hinkypunks (criaturas do folclore escocês parecidas com um saci), outros de lobisomens e outros das mais diversas e criativas fantasias que se possa imaginar.

         Entrando no salão, percebi que a decoração era bastante parecida, apesar de ser bem mais escuro e menor que o Salão Principal, afinal os professores não participariam da festa. Um tapete macio se estendia por todo o chão, simulando um tapete de folhas de outono tão perfeitamente, que ao pisar nele, era possível ouvir estalidos. As árvores encontravam-se ali, mas não havia lustres luxuosos e nem estátuas, e sim sofás estofados, pufes gigantes feitos de gelatina e uma pista animada com luzes coloridas. Além disso, o mais importante: um tubo gigante feito de um fogo mágico amarelado e avermelhado deparava-se no fundo da sala, e dentro dele as pessoas davam voltas e curvas, escorregando até o andar embaixo: uma outra sala cheia de almofadas e outras coisas. Agora, o teto inteiro do lugar não imitava apenas o céu, mas o espaço sideral. Podíamos ver as galáxias, as estrelas e os cometas tão brilhantes, os planetas e a lua.

         A OEH se esforçou, pensei. Havia comida e dessa vez, drinks alcoólicos de banana, maçã, grama e pasta de dente. Caso algum adulto entrasse no salão, os drinks seriam desativados e automaticamente transformados em sucos. Uma genialidade só!

         Ao cruzar com os adolescentes, eu já ria de suas fantasias. Parvati e Padma estavam vestidas de sereianas e carregavam tritões. Neville, logo que entrou, me cumprimentou, vestido de duende, com orelhas pontudas. Já Fred e Jorge arrasaram na fantasia: eram Leprechauns, os duendes verdes Irlandeses. Eles pulavam e dançavam com os dois pés exatamente como os duendes, atirando moedas de ouro (falsas, é claro) por todos os lados. Ron estava fantasiado de vampiro. Sim, VAMPIRO. Hermione não conseguia tirar os olhos dele, pois Ronald Weasley estava sexy uma vez na vida! Tinha dentes pontudos falsos e sangue escorria pelo canto da boca, além do gel no cabelo. Courtney, ao seu lado, era uma... Fada. Que original.

Já Harry usava uma fantasia de pirata. Tinha uma roupa bem típica, um tapa-olho preto e uma perna de pau falsa. Gina e ele mal chegaram e já começaram a se beijar. Ela continuava vestida com aquele vestido mega curto, parecia uma biscate. Mione usava uma fantasia muito fofa de anjo, com asas brancas. E Log estava vestido de Zeus, um deus da mitologia grega. Que ele era um deus grego, ele era...

Gina: Hm, Harry, seu hálito é tão bom...

Harry: O seu tem gosto de morango...

Gina: Deve ser o batom. Você acha que eu vou ganhar?

Harry: Óbvio, Gina, para de se preocupar com isso. Hm, e além do mais você... É a mais sedutora e sexy de Hogwarts.

Sim, eles falavam essas coisas nojentas enquanto se beijavam. O jeito que aquela garota se enroscava nele era vulgar demais. ECA. De repente comecei a ter vontade de chorar, de vomitar, de defecar e de mofar, de me trancar em um quarto escuro, assim como no meu sonho. Vontade de socar alguém, de me socar, de cortar meus pulsos e de defenestrar Harry, talvez de me defenestrar ou então de chutar tudo, ou quem sabe de gritar. Tinha vontade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. O que eu estava pensando? O testa de raio havia deixado bem claro que tinha nojo de mim, o que realmente havia me magoado. De fato, ele achava que eu era uma qualquer, ou uma ninguém que se metera na vida dele e de seus amigos. Era certo que pensava que eu nunca chegaria aos pés do grande Harry Potter, ou aos pés de Gina, de Cho ou de qualquer outra garota com sua maldita beleza. A diferença entre eu e Gina era evidente: ela era uma garota determinada, que fazia as coisas acontecerem e que ainda retinha um poder sedutor.

         Acho que Logan percebeu meu estado deplorável e foi até mim. Eu sentei em um pufe, tentando acalmar meu cérebro tragicamente agitado.

Log: Lola, você não parece muito bem...

Lola: Eu to ótima, Logan. Ótima, não se preocupe.

Eu olhei para o chão, tentando disfarçar. Comecei a ficar tonta.

Log: Não ta não! Olha, eu vou te trazer alguma coisa.

 Ele saiu, se metendo no meio daquela gente. A música era alta, todos estavam dançando. Continuei a olhar para os lados. Hermione e Córmaco se pegando? Meu Merlim... Tentei achar Ron, mas não o via em lugar algum. Provavelmente teria ficado puto. Olhei para o outro lado, Harry e Gina juntos ficavam cada vez piores, só faltavam se retirarem até o banheiro. Franzi o rosto ao tentar prender minha ânsia de vômito. Logan voltou.

Log: Tome bastante. Você vai ver que vai ficar melhor.

Ele me entregou um copo com drink. Álcool ia me deixar melhor? Fiquei olhando para o copo, pensava se eu devia tomar mesmo. AH, QUE SE DANE! NÃO IA PERDER ESSA PORCARIA DE FESTA POR CAUSA DOS MEUS PIRIPAQUES! Tomei em poucos goles a bebida, me limpando com a mão.

Log: Como se sente?

Lola: Bem... Bem, bem melhor. (Eu sorri)

Ele acariciou meu ombro e disse que precisava ir ao banheiro. Entrementes, eu me levantei. Queria falar com Luna ou com Ron, qualquer um. Passei por Gina e Harry.

Gina: E aí, Lola? Curtindo a festa?

Eles não paravam de se beijar, que cara de pau! Ainda na minha frente.

Lola: Arrumem um quarto.

 Olhei para Ron, ele também estava de agarração, e com a Courtney. Os dois pareciam competir com... Hermione e Córmaco? Bizarro. Será possível que não tenha alguém neste mundo que não esteja se agarrando? Olhei para os lados e encontrei Luna. Luna!

Lola: E aí?

Luna: Oi! Já experimentou essa torta? É muito boa!

Na camada exterior da torta, estava gravado em chantilly as seguintes palavras: “Hogwarts”. Eu me servi de um pouco.

Lola: E então, você está fantasiada de quê?

Luna: Ah! Sou um Eliopata.

Lola: Hein?

Luna: Um Eliopata. Você sabe, Eliopatas são espíritos de fogo que vagam pelos caminhos. Percebeu que os Weasley estão vestidos de gnomos? Se você deixar um gnomo te morder, pode adquirir toda a sabedoria dele.

         Eu paralisei meu garfo com torta dentro da boca. Ouvi uma risada engasgada atrás de mim; era Ernesto Mcmillan, que provavelmente ouvira Luna falar aquilo. Ela o ignorou. Eu, pelo menos, não fazia a mínima idéia do que Luna estava falando, mas de qualquer forma, continuei o assunto.

Lola: Hm, essa torta é boa. Aliás, você e o Simas ainda não...?

Luna: Oi? Ah não, não! Eu não tenho pressa para essas coisas (Ela sorriu) Ao contrário da maioria. Simas deve estar conversando com os amigos.

Lola: Ele te deixou aí?

Luna: Não, ele me convidou pra conversar. Mas eu queria comer.

Eu sorri. Luna era tão inocente e feliz... Ás vezes eu pensava que o mundo realmente precisava de pessoas como ela. Hermione apareceu de súbito, com uma cara não muito positiva.

Hermione: Cara, que nojo beijar o Córmaco! Nojo, nojo, ele praticamente cospe saliva dentro da minha boca!

Lola: Eca!

Hermione: Preciso tomar alguma coisa pra tirar esse gosto de ovo podre.

Ela fez uma cara nauseada e tomou um drink. Ron apareceu logo do lado de Luna e se dirigiu a esta.

Ron: Você não acha que pessoas contraditórias irritam? Quero dizer, uma pessoa beijar uma pessoa que odeia é realmente repugnante.

Hermione: Para a sua informação, Ronald, eu odiava o Córmaco, mas não mais. Córmaco se importa comigo, gosta de mim do jeito que eu sou e me aceita. Além disso, ele não é orgulhoso. Ele gosta de mim e é isso o que importa, preciso de alguém assim.

Ela sorriu sarcasticamente. Era certo que os dois se amavam, mas a verdade é que os dois eram orgulhosos demais para admitirem alguma coisa.

Harry chegou cumprimentando Ron com os punhos.

Harry: E AÍ, PEGADOR!

         Revirei os olhos.

Luna: Lola, você quer ir ao tobogã de fogo mágico? Eu queria tanto ver como é!

Lola: Claro, vamos!

Ouvi a voz de Gina vinda de longe. Ela chamava carinhosamente por Harry. Este suspirou, e quando Gina o tocou nos ombros, massageando-os, Harry tentou sorrir. Parecia entediado.

Gina: Harryzinho, você não quer voltar lá pro canto? (Ela sussurrou nos seus ouvidos) Eu queria te mostrar uma coisinha!

Gina estava totalmente bêbada.

Harry: Gina, minha garota... Porque você não me mostra depois? Quando você ganhar o prêmio, podemos comemorar e aí você me mostra. (Ele piscou)

Gina: Hm, gostei da idéia, safadinho!

Ela lhe deu um selinho e foi cambaleando para a pista de dança. Quase vomitei. Então Luna e eu caminhamos em direção ao tobogã. Nós entramos na fila e para a minha surpresa, Harry se colocou depressa atrás de nós.

Lola: O que ta fazendo aqui?

Harry: Ué, também quero andar no tobogã de fogo mágico.

         Ergui a sobrancelha com desprezo. Em seguida senti dois braços me enroscando por trás. Era Logan.

Logan: E aí, Lola? Depois que você andar nisso vamos dançar?

Lola: Óbvio! (Eu virei meu rosto para ele)

Logan: Ok. Já te disse o quão bonita você está?

Lola: Um milhão de vezes...

         Ele me olhou amavelmente. No mesmo momento se curvou para trás abruptamente e afagou a mão na barriga. Soltou um gemido de dor e vomitou na hora. Por sorte, Luna me puxara para trás, ou ele teria derramado em meu vestido. O garoto se ajoelhou no chão, passando mal.

Lola: Pelas barbas de Merlim, você tem que ir pra ala hospitalar! Está tudo bem? (Eu afaguei suas costas)

Luna: Logan! Lola, deixa, eu levo ele pra lá.

Lola: Mas...

Luna: Deixa comigo, Lola.

         Mal pude impedi-la. A loira saiu arrastando Logan nos ombros para o outro lado, e eu perdi-os de vista, em conseqüência da quantidade grande de adolescentes dentro do recinto.

Lola: Logan! Ei, esperem!

Harry me puxou para frente, pois a fila andara. Era nossa vez. Ele foi primeiro e eu depois. Escorregamos naquele tobogã enorme. Era fogo mágico para todos os lados, fluindo em cima e embaixo de nós. O tobogã produzia enormes voltas e curvas para todas as direções que não acabavam mais, quase revelando loopings. O fogo mágico escorregadio fazia com que deslizássemos muito rápido, provocando cada vez mais adrenalina. Era fabuloso, como se fosse uma atração de um parque de diversão bruxo! Eu tocava nas chamas sem me queimar, meus dedos perpassando e sentindo a incrível textura daquilo. Gritava e ria sem parar, minha voz e a de Harry ecoando em urros de diversão.

O garoto caiu em uma almofada, e eu acabei trombando nele.

Lola: Ai, desculpa!

Harry: Não foi nada.

Ele se colocou de pé e me ajudou a levantar. A sala era como o salão normal, só que menor. Tinha música também e muitas pessoas dançando. Porém o teto parecia mais baixo, fazendo com que a ilusão de estarmos no universo fosse melhor e mais real. Era tudo muito incrível e bonito. Nós sentamos em um sofá e eu fiquei olhando para cima deslumbrada.

Harry: Isso é lindo, não é? As galáxias, as estrelas brilhantes... Parece que estamos dentro disso.

Eu olhei para o lado, para não ter que encarar Harry. Estava com raiva, e ele provavelmente percebeu.

Harry: Lola... Eu preciso te falar uma coisa.

Lola: O quê? Falar o quê? Já não falou tudo o que tinha que falar? Você já não está satisfeito o suficiente se agarrando para tudo quanto é lado com a Gina e exibindo-a pra todo mundo?

         Fitei o chão. Meu olhar possuía um toque de melancolia. Eu estava farta de tudo aquilo.

Harry: Tudo bem, eu sei, você deve estar pensando que estou querendo me aproveitar de você agora, mas não é nada disso. Acredite. Sei que me acha um canalha.

Lola: Você é igual a todos os outros garotos.

         Talvez tivesse tocado na ferida dele, pois senti um clima de tensão bem forte. Ficamos em silêncio, contemplando as galáxias que se mexiam minusculamente. Harry tirou o tapa-olho e jogou-o no chão, desmotivado.

Harry: Me desculpe. Ás vezes não tenho controle sobre o que eu faço. Você está certa, eu simplesmente quero chamar a atenção das pessoas, e às vezes isso é algo incontrolável. Mas você não sabe o quão mal eu me sinto ao ver que magôo você. Não só agora, mas durante a nossa briga do Quadribol. Acho que me senti tão culpado que nem tive coragem de pedir desculpas decentes, mas estou pedindo agora. Eu nunca tive nojo de você. Eu nunca achei você uma garota qualquer, nem nunca a desprezei. Tudo aquilo saiu da boca pra fora, estou sendo honesto. Eu estava irritado, foi o que aconteceu. Na verdade, você sempre despertou certa curiosidade em mim.

         Eu o olhei, um pouco sem saber o que falar.

Lola: Bem, eu admito que provoquei você aquela hora, e foi errado chamar você de galinha.

Harry: Mas você me acha um...

Lola: Galinha? Não. Exagerei. Pegar duas garotas... Nossa, isso não chega nem perto de ser galinha. Ser galinha é pegar 10 em uma festa só. Isso é ser galinha.

Harry: Talvez o fato de eu sentir nada mais que atração por Gina, me faça “traí-la”. Nós não estamos namorando nem nada sério, mas eu sei que ela quer. Ela solta indiretas quanto a isso. Tecnicamente eu não estou traindo, mas de qualquer forma, não sei por que faço isso.

Lola: Talvez você sinta muita falta dos seus pais.

Harry: O que isso tem a ver?

         Eu apenas sorri, observando seu semblante anuviado e tristonho. Ele se moveu e tirou de dentro do bolso uma rosa vermelha, como àquelas as que ele tinha me enviado de presente.

Harry: Está vendo essa rosa? Sabe onde eu as arranjo? Não é em nenhuma floricultura. Esse tipo de rosa é perpétuo e singular. O único lugar onde podem ser colhidas é em um jardim de rosas aqui em Hogwarts, que tem entrada proibida a qualquer um, a não ser o diretor. Veja como é mágica.

         Ele aproximou a rosa de meu rosto e eu pude sentir seu perfume exalando por tudo. Suspirei-a, como se estivesse apaixonada. Harry, desta vez, tirou outra coisa de seu bolso. A capa da invisibilidade. Contemplei-a, intrigada. O garoto se levantou e ofereceu sua mão. A música que tocava era calma e suave.

Harry: Me da à honra?

Lola: Eu... Você sabe que ainda estou muito chateada.

         Eu o olhei, desapontada. Harry se ajoelhou, e no mesmo instante me abraçou. Fechei os olhos, sentindo a firmeza de seu abraço, como se agora estivesse transferindo meus sentimentos ruins para ele através daquele contato, como forma de punição. E retribuí com a mesma força, respirando fundo. Ele sussurrou.

Harry: Eu realmente sinto muito.

         Eu assenti. Levantei-me e estendi a mão, aceitando o seu pedido. Assim que o fiz, Harry nos cobriu com a capa da invisibilidade. Eu coloquei meus braços em volta de seu pescoço, e ele segurou minha cintura. Nós dançávamos lentamente conforme a melodia.

Harry: Aquele dia quando brigamos... Quando você falou que Gina tinha ciúmes de nós... Você estava certa. Ela tem muito ciúmes de você.

Lola: Sério?

Harry: Sim. E era mentira quando eu falei que disse pra Gina que eu não ficaria com você nem em milhões de anos...

         Eu sorri, encabulada. Senti minhas bochechas corarem. Eu sabia que estava caindo no fundo do lago, escorregando devagar... Mas não havia nada que eu pudesse fazer. Harry pegou a pequena rosa e colocou-a horizontalmente na minha boca, o que me lembrava o tango argentino. Nós continuávamos a dançar, sem parar de olhar nos olhos um do outro. Eu ergui meu rosto para frente e devolvi a rosa delicadamente para a boca de Harry, que a abocanhou pela ponta do cabo. Tudo o que conseguia ouvir era a música e nossas respirações levemente pesadas.

Lola: Harry... Sabe quando estávamos hoje em frente ao Espelho de Ojesed e eu prometi que contaria quando a nova imagem que eu via se realizasse? Está se realizando.

         Harry tirou a rosa de sua boca com a mão e depositou-a no meu cabelo, atrás da orelha. Ele acariciou meu rosto cautelosamente e fechando os olhos lentamente, me beijou. Senti meu coração disparar de repente, e uma paixão contagiante surgiu dentro de mim, intensificada. Seus lábios eram macios e quentes e tinham uma sintonia perfeita junto com os meus. Aquele momento era nosso e apenas nosso. A rosa em meus cabelos continuava a libertar o seu cheiro encantador e tive a impressão de sentir ligeiramente suas pétalas se abrindo. Harry me abraçava gentilmente pela cintura, me beijando delicadamente, enquanto eu acariciava sua nuca. Senti ele se arrepiar, até nossos beijos se tornarem mais fortes e intensos, e nossas respirações profundas e ofegantes.

         Eu sentei no sofá e Harry se debruçou por cima de mim, sem parar de me beijar. Estávamos invisíveis sob aquela capa mágica. Ninguém poderia nos achar, nos ver, ou estragar aquele momento único. Estávamos ali a sós. Apenas nós dois, flutuando no universo, junto das estrelas e das constelações, sentindo algo especial como se fossemos um cometa queimando em chamas incandescentes. O espaço sideral estava a nosso favor; e os planetas, alinhados. Tínhamos algo belo e perfeito. E pela primeira vez na vida eu me senti feliz em ser invisível.

         Até que alguns minutos depois alguém sentara ao nosso lado. Era Malfoy, Draco Malfoy. Ele estava acompanhado de uma garota. Os dois se afagavam e diziam coisas sensuais um para o outro, mas nada iria tirar minha atenção de Harry. Continuamos ali. Enquanto Harry beijava suavemente meu pescoço, de olhos fechados, eu sentia meus órgãos quererem saltar pela minha garganta desesperadamente. No entanto, Malfoy começou a agarrar a garota e os dois começaram a se agarrar. Como eles não nos viam, começaram a ocupar quase todo o sofá. Harry e eu nos esquivamos mais para o lado, com medo. Malfoy chegou a encostar-se ao braço de Harry. Ele parou e olhou ao redor, desconfiado. No mesmo momento, eu e Harry saímos do sofá e no segundo seguinte, Malfoy decidira se deitar em todo ele. Que sorte!

         Havia muita gente naquele lugar, então tínhamos de desviar das pessoas. Alguns esbarraram em nós e olhavam para o lado, confusos. Então, Hermione passava pelo local e acabou esbarrando em mim, fazendo com que meu braço escapasse da capa. Eu o recolhi rápido, e ela arregalou os olhos, mas não disse nada. Harry e eu saímos correndo escadaria acima com pressa.

Pansy: EI! TEM ALGUÉM INVISÍVEL AQUI!

         Malfoy olhou-a, consternado. De repente, tudo fazia sentido para ele. Soltou um sorriso desdenhoso e, sondando a sala, sacou a varinha.

Draco: Potter... Eu sei que está aqui, Potter.

         Para o nosso infortúnio, o feitiço do loiro nos atingiu antes que conseguíssemos subir toda a escadaria. A capa caiu e nos revelou. Olhamos para trás, com a melhor cara de desprezo e raiva possível, enquanto Malfoy nos encarava satisfeitíssimo.

Draco: Ora, vejam só! Potter e Haunsen!

Pansy: O que está fazendo, Potter? Traindo sua namoradinha Weasley?

Draco: E eu achando que era pior que você... Acho que me enganei.

Harry: Não me faça rir, Malfoy.

Draco: De fato... Estamos empatados, não estamos? (Ele subia as escadas em nossa direção tranquilamente) Com Haunsen na sua lista você tem ao todo dez garotas.

Lola: O quê? (Olhei intrigada para Harry)

Harry: Lola, não liga pra esse imbecil.

Lola: Você estava disputando garotas? Com Malfoy? Logan me disse que vocês faziam isso... Eu deveria ter acreditado e não ter caído nessa...

Harry: Você não fazia parte!

         Draco já estava no mesmo degrau que nós, na nossa altura. Nos encarava superiormente.

Draco: Sei, Potter. Vai dizer que no resultado final você não a colocaria na lista? No entanto, a festa não acabou. Ainda posso desempatar. (Ele me encurrala) Sabe, eu nunca pensei em trocar saliva com uma sangue-ruim. Especialmente por ser contaminador e repugnante, mas acho que eu poderia ganhar um Bônus +3 pela minha coragem.

         Ele riu, dissimulado, e antes que eu pudesse reagir de alguma forma, me imobilizou com força e me beijou do jeito mais forçado possível. Eu me aterrorizei com a imagem de Draco Malfoy inclinando seu cabeção para me beijar. Que nojo! Foi a coisa mais nojenta e repulsiva que já senti em toda a minha vida! Que nojo daquele traste com bafo de cachaça, quem ele pensava que era? Um miserável troglodita que me fez ter ânsias de vômito. Tentei empurrá-lo o máximo possível, tentei afastá-lo com minhas mãos, dando-lhe chutes, esquivando-me, esperneando, mas o maldito era muito forte! Finalmente quando ele parou, falei.

Lola: ME LARGA!

         Harry deu um soco na cara do sonserino, quebrando-lhe o nariz e fazendo-o sangrar na mesma hora. Os dois caíram escadaria abaixo rolando, um socando e chutando o outro. Eu fiquei paralisada, devido à perplexidade que atingiu meu corpo. Cuspi no chão e limpei a boca, enojada. Os dois garotos sacaram a varinha e se levantaram, descabelados e desajeitados.

Harry: Estupefaça!

Draco: Protego! (Ele apontou para mim) Diffindo!

         O feitiço pegou de raspão em meu corpo, acertando meu vestido e rasgando um pedaço da parte de baixo. Gritei, assustada. Estava desarmada, sem varinha. O filho da puta provavelmente me atacou só pra provocar o Harry.

Harry: SEU CANALHA! NÃO TOQUE NELA! PETRIFICUS TOTALUS!

         Malfoy desviou habilidosamente. Em seu rosto estava estampado um sorriso de vitória.

Draco: Eu ganhei, eu sou o vencedor, Santo-Potter!

         Quando menos esperávamos, vislumbramos um vulto de cabelos avermelhados atrás de uma coluna da sala. Era Gina. A garota havia chegado e estava espreitando. Haviam lágrimas em seu rosto, de raiva.

Draco: Engula essa, Potter. Somos iguais. Só que você escolheu o lado errado. Você finge ser o herói quando não é. E então, Potter? Acho que agora eu estou ganhando. Estou com 11 garotas na lista, você com 10.

Gina: Você ficou com ela? Você ficou mais 9 barangas, além dessa aí? TODO ESSE TEMPO VOCÊ ESTAVA ME TRAINDO?

Harry: GINA, PELA ÚLTIMA VEZ! NÓS NÃO ESTAMOS NAMORANDO! EU NÃO SOU O SEU NAMORADO, PORTANTO ISSO NÃO É TRAIR! NÃO TEMOS NADA SÉRIO!

Gina: Pra mim tínhamos...

Ela olhou-o desolada e saiu triste da sala, levando as mãos ao rosto. Eu também saí.

Lino Jordan: ATENÇÃO, TODOS! Estou cansado de falar isso... TEREMOS AGORA OS RESULTADOS FINAIS DO SHOW DE TALENTOS! COMO SABEM, OS PRÊMIOS SÃO PARA PRIMEIRO E SEGUNDO LUGAR!

         Todos estavam em frente ao palco do Salão maior, o de homenagem, esperando pelos juízes que subiam no palco recebendo aplausos. Eu estava tonta, enjoada e nervosa. Eu não queria ganhar, pois não queria ter de subir no palco, já que não tinha as mínimas condições de encarar o público e falar alguma coisa. Meu vestido estava meio rasgado na parte de baixo, então eu precisava ficar segurando-o o tempo todo. Eu simplesmente queria ir embora. De repente meu mundo havia desabado.

Lino: Aqui está a carta com o resultado. Vejamos. E o prêmio HogwArts de segundo lugar vai para... Zacarias Smith!

         Todos aplaudiram com entusiasmo. O garoto recebeu a estatueta de duas colunas e a ergueu para o alto, sorrindo. Desceu do palco logo em seguida, e Lino se aprontava para ler a segunda carta.

Lino: E agora o momento final. O momento mais importante. E o prêmio de primeiro lugar HogwArts vai para... Atenção, tambores... LOLA HAUNSEN! SÓ PODIA SER GRIFINÓRIA!

McGonagall: Jordan!

Lino: Quer dizer... Só podia ser essa aplicada estudante!

         Eu não conseguia raciocinar. Eu ia vomitar, agora sim. Eu havia ganhado? Justo agora, justo nesse momento? Olhei para Hermione, com a esperança de que ela percebesse o meu estado e me acudisse. Inútil. Continuava segurando meu vestido, olhando para os lados, atordoada. Estava sentindo muito calor, muito mal-estar.

Lino: Lola Haunsen? Lola?

         Acho que devia estar ficando pálida, pois Hermione finalmente percebeu minhas condições. Ela caminhou pressurosa até a lateral do palco e sussurrou algo para Lino, retirando o prêmio de três colunas douradas de sua mão, e me entregando.

Hagrid: Deixe-me ajudar, Lola. Você não quer que eu guarde este prêmio na sala de prêmios de Hogwarts? Assim nenhum aluno conseguirá fazer travessuras ou sacanagens com ele.

         Eu apenas balancei a cabeça, concordando. Alguns de meus amigos me abraçaram, congratulando-me. Não consegui identificar quem era quem. Tudo o que consegui ver foi um Harry multiplicado por dois. Em seguida, cobras nojentas infestavam o chão, a minha frente, rastejando. Tudo se movia muito lentamente, e os sons que eu ouvia eram graves e indistintos. Uma colméia de borboletas mutantes se transformava em uma bola de fogo que espirrava para todos os lados. Segui reto até o salão de festa à fantasia, tentando achar alguém. Hermione foi arrastada por dois palhaços com cara maníaca para dentro, e perdi-a de vista. Várias pessoas dançavam de modo vulgar ao redor da professora de DCAT. A biscate da Ana Bolena... Vestindo um vestido prateado super curto... Era como se todos os garotos estivessem sendo hipnotizados por ela e por sua dança mágica, envolvendo-se junto. Como se estivessem enfeitiçados. Eles formavam uma roda em forma de símbolo da paz, iluminada. Senti dores de cabeça muito fortes, ânsia, tontura, tudo ao mesmo tempo. Então, tudo ficou preto.


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