A grande noite do Baile de Outono chegou. Eu estava um tanto nervosa, mas ao mesmo tempo entusiasmada. Aquela seria a minha primeira festa em Hogwarts! Já se conseguia ouvir o som da orquestra tocando violinos, enquanto os convidados chegavam. Devia ser algo realmente formal, pensei, à medida que escrevia uma carta dentro do dormitório feminino.

         Eu molhei a ponta da pena com tinta e comecei a escrever. Não conseguia pensar em nada decente. Queridos pais... Estou prestes a participar do Baile de Outono agora mesmo. Não. Queridos, pais... Como vai a família? Não, já perguntei isso na carta anterior. Quer saber? Melhor deixar isso pra depois, minhas mãos estavam tremendo.

         Vesti um roupão branco para não amassar o vestido. Onde estaria Hermione? Olhei para minhas rosas no canto da cabeceira. Tão lindas... Tão cheirosas... Toquei-as e cheirei-as mais uma vez. Infestavam minha cama com aquela fragrância deliciosa. Hm... Fechei os olhos, sorrindo.

Luna: O que está fazendo?

Lola: AH! (Me levantei) Que susto! Nada, só escrevendo uma carta... Ei! Como conseguiu entrar aqui? INTRUSA!

         Ela chiou, pedindo silêncio.

Luna: Bem, digamos que todo o corvinal tem seus segredos.

Lola: Segredos? Sei... Aposto que o esperto do Neville deixou cair o bloquinho onde ele anota as senhas por aí.

         Luna Lovegood estava realmente bonita. De um jeito singular, é claro. Usava um vestido um pouco estranho; rosado, com laços gigantescos colados em todo ele. De fato, parecia uma boneca de porcelana, e sua longa cabeleira loira parecia decente pela primeira vez na vida.

Luna: Vamos? Todos já estão lá fora!

         Eu sorri. Mal podia esperar. Encontramos Hermione na frente do quadro da Mulher Gorda. Ela usava um vestido azul escuro que realçava sua maquiagem. Havia alisado o cabelo e feito um coque. Ouvimos uma estranha gritaria ali perto.

Malfoy: Isso mesmo, Potter! Você é o PERDEDOR. Eu já ganhei. Sonserina é a MELHOR casa em todos os sentidos, e você poderia estar nela, mas se recusou. O problema é SEU.

Harry: É mesmo, Malfoy? Vamos ver que casa é a melhor, então. Veremos se todos preferem os sangues-puros TANTO assim.

Malfoy: HAHA! VOCÊ VERÁ, POTTER! E TENHO DITO!

         Os dois discutindo, que novidade. Draco se retirou com Pansy Parkinson ao seu lado, deixando Harry com seus amigos ali. O vestido da garota devia ter custado uma babilônia, pois até do andar de cima conseguíamos ver o brilho ofuscante dos diamantes enfeitando-o. Harry já estava com Gina em seus braços, e Ron estava acompanhado de Courtney.

         Nós descemos a escadaria, e logo que a fizemos, nossos pares foram direto ao nosso encontro e beijaram nossas mãos cordialmente. O par de Luna era Simas Finnigan. Simas? Uau, por essa eu não esperava. Então ela havia dado a poção para ele? Para a infelicidade de todos, o par de Hermione era Córmaco McLaggen. Um garoto realmente popular, mas extremamente exibido e desagradável.

         Eu usava o amuleto da sorte de meu avô, que combinava com o meu vestido. Havia prendido meu cabelo para o lado, mostrando os cachos em suas pontas.

Logan: Você está simplesmente incrível. Nunca vi tamanha beleza em minha vida.

Lola: Ah, Logan, que exagero. E você é um cavalheiro. (Sorri)

         De um jeito galanteador, ele enganchou-me pelo braço e levou-me até o Salão Principal. A decoração estava magnífica! A iluminação tinha um tom vermelho de outono, e havia MUITAS árvores que faziam fila na esquerda e na direita do salão, exibindo seus galhos com folhas coloridas que chegavam até o teto, se curvavam em nodos e se enroscavam com os ramos das árvores do outro canto. Acabavam parecendo formar, portanto, um caminho dentro de uma floresta. O teto mágico mostrava as estrelas e a lua no céu, e as diversas gárgulas que existiam na parede do salão foram substituídas por estátuas de dragões que soltavam fogo e faíscas de tempos em tempos.

         A orquestra começou a tocar uma valsa.

Logan: Concede-me a honra, madame? (Ele ofereceu sua mão)

Lola: É claro, cavalheiro.

         Nós sorrimos e começamos a dançar calmamente na pista, ao lado de vários outros alunos e até mesmo professores. A melodia era suave. Vislumbrei Harry olhando para mim e logo em seguida puxando Gina para a pista, e eles também começaram a dançar. Gina parecia querer ficar com o garoto naquele momento, mas ele continuava sério, estático. Seu olhar encontrou o meu. Desviei.

         Quando a valsa acabou, nós fomos nos sentar em uma das mesas. Era feita inteiramente de vidro colorido, e provindo do chão, um fino tronco de árvore perfurava-a no centro e perpassava por ela, ostentando pinhas e algumas flores em seus galhos.

Logan: Você dança muito bem!

Lola: Você acha? Eu não pisei no seu pé?

Logan: Haha, não.

Lola: Sério? Em nenhum momento?

         Ele negou com a cabeça. Eu sorri, serelepe. Hermione, Córmaco, Harry e Gina se juntaram a nós.

Hermione: Até que não foi tão constrangedor.

Córmaco: Como poderia ser se eu sou o melhor dançarino daqui? Você tem sorte, garota! (Ele olhou sedutor)

Hermione: Ah, Córmaco!

Logan: Potter. Aproveitando a festa?

Harry: Nem imagina. Não é?

Gina: Total! (Ela girou nos braços de Harry) Vou pegar uma bebida.

Lola: Sabe, Log... Você é o melhor par que eu poderia ter! (Ele pegou minha mão e começou a brincar com ela) Aliás, o que tava fazendo na mesa da Grifinória, aquele dia?

Logan: Ah, sabe que eu não lembro muito bem daquele dia? Por alguma razão, algo me diz que eu estava lá só pra te fisgar.

         Eu e Hermione trocamos um olhar risonho. Ainda bem que tive a sorte de, mesmo depois do efeito da poção passar, Logan ainda se interessar por mim.

Logan: Bem, vou pegar uma bebida pra nós.

Córmaco: Eu também!

         Todos se levantaram da mesa.

Logan: Você está absolutamente perfeita, madame. Não me troque por esse panaca de quatro olhos aí. (Ele piscou pra mim, saindo)

Lola: Nem morta!

         Harry colocou as mãos no bolso.

Harry: "Sabe, Log, você é o melhor par que eu poderia ter!" (Ele debochou de minha voz) Eca, vocês dois juntos me dão náuseas.

Lola: Ciúmes, Potter?

Harry: Eu? Haha, eu tenho a Gina.

Lola: Só ela né?

         Ele ignorou o comentário irônico. Hermione se aproximou de nós sondando o ambiente, talvez verificando se Córmaco ou Ron ouvissem algo.

Hermione: Cara, esse Córmaco... Que saco! Ele se acha MUITO, se acha o gostosão, o garanhão e acha que eu o quero. E agora ele ta vindo... Ai! Tchau, vou lá me esconder.

         Ela saiu de fininho e se enfiou no meio de um aglomerado de adolescentes. Harry suspirou e olhou nos meus olhos.

Harry: Eu só queria dizer que você está deslumbrante. Deve ser... A mais bonita do baile.

Lola: Obrigada. E você está... Baixinho.

Harry: Quê?

Lola: Eu to mais alta que você! Isso é tão legal. Baixinho! (Eu ri, caçoando)

Harry: Olha quem fala! Você também é baixinha. Só ta mais alta porque ta de salto.

Lola: Não to não.

Harry: Ta sim. Vai me fazer levantar o seu vestido pra provar?

Lola: Uh, ta bom. Baixinho de quatro olhos!

Harry: Ai, Merlim...

         Agilmente tirei os óculos meia-lua do rosto de Harry e o mesmo franziu os olhos instantaneamente, sem conseguir enxergar nada. Que cegueta.

Harry: Lola, me devolve! Eu não consigo enxergar nada!

Lola: Sério? Você tem quantos graus?

Harry: Alguns, talvez vários... Agora me devolve!

         Ele fez uma tentativa e estendeu a mão para pegar os óculos, mas eu desviei facilmente e Harry nem percebeu. Coloquei-os no meu rosto. Ele realmente devia ter um grau alto, pois forçava minha vista, que ainda por cima ficara toda deformada.

Lola: Nossa! Você é um cegueta mesmo! Como eu fico? (Eu sorri)

Harry: Como vou saber se não consigo te enxergar? Ta tudo embaçado, porra!

Lola: Droga. Preciso de um espelho. Onde será que tem um aqui?

         Saí andando pelo Salão, puxando Harry pela manga. Até que me debati com Luna. Ela me disse que deveria haver algum espelho nos camarins atrás do palco. É claro! Entrando lá, nos debatemos com o maior espelho, e paramos na frente deste. Tudo o que vi foram os óculos arredondados, mas em questão de um segundo, os reflexos mudaram completamente.

Harry: E aí? Como é que ta?

    Eu alcancei os óculos para Harry e ele os colocou. Quando olhou para o espelho, mudou sua expressão. Estava perplexo. Era o Espelho de Ojesed. O que o espelho faria em um camarim? Ao redor havia estantes com maquiagens, cabides onde os mais belos trajes estavam pendurados, vestiários, microfones, equipamentos, maletas nas quais estavam aderidas os números do competidor correspondente.

Harry: O que... O que esse espelho ta fazendo aqui?

Lola: Não faço idéia.

Harry: Será que é? Quer dizer... Você vê o mesmo que via antes?

Lola: Sim... Quer dizer, mais ou menos.

Harry: Mais ou menos?

Lola: É que... Tudo ta igual, só tem uma coisa a mais.

Harry: Ah. Bem, eu vejo o mesmo. Agora, porque o Espelho de Ojesed está aqui?

    Eu fitava o espelho curiosamente. Havia mesmo uma coisa a mais naquela imagem que dias atrás eu observara. Havia algo que eu não tinha visto antes... Ou que não estava lá antes.

Lola: Talvez Dumbledore quisesse decorar o baile com esse espelho. Ele é tão bonito.

Harry: É. Mas não faria sentido trancar a seção restrita e depois trazê-lo para cá.

Lola: Bem... Eu não sei. Só sei que eu gosto tanto de olhar... (Eu sorria enquanto o dizia)

Harry: O que você vê... A mais?

Lola: Ah, não vou contar, Harry.

Harry: Fala! Prometo não falar pra ninguém.

Lola: Não é isso. É que... É pessoal.

Harry: É impossível? Como o que eu vejo?

         Ele fitou o espelho de um jeito melancólico, seus olhos repletos de desesperança.

Lola: Não, não como o que você vê. Mas não vai acontecer.

Harry: Então vamos fazer um trato. Se um dia se realizar... Você me conta?

Lola: Hm... Ta, eu conto.

         Harry segurou a minha mão para sairmos daquele lugar. Eu estremeci por dentro, mas aquela sensação só durou um segundo, pois um flash luminoso cegou os meus olhos. Assustados, recuamos para trás.

Rita Skeeter: OH! Que lindos! Harry Potter namorando uma ninguém, quem diria?

         Uma mulher loira de batom vermelho, trajes excessivamente extravagantes e seus assistentes que carregavam máquinas fotográficas profissionais entraram no lugar. Do lado de fora, vi que Gina estivera nos espreitando.

Harry: Não estamos namorando. Somos amigos.

    Nós tentamos sair, mas Skeeter bloqueou nossa passagem. Repetia palavras para sua pena mágica escrever em um bloquinho de pergaminho.

Skeeter: Ah, Harry Potter, 15 anos, um lufano de primeira categoria...

Harry: Grifinório!

Skeeter: É perseguido por uma fã descontrolada e obcecada por ele, desesperada para conseguir seu amor e seus votos! Uma ninguém que idolatra o menino que sobreviveu...

         A pena de repetição rápida não parava de escrever as palavras de Rita.

Lola: EI! Pare de escrever mentiras! Eu não idolatro ele!

Skeeter: Porém Harry já está comprometido com Gina Weasley, oh pobre fã iludida!

Lola: Ninguém vai ler essa sua matéria mentirosa e escrota!

Dumbledore: Com licença? Srta. Skeeter e Srta. Weasley, preciso falar a sós com Harry e Lola.

Skeeter: Precisamente. (Sorriso falso)

         A mulher e a garota saíram, e o diretor entrou depressa no camarim, fechando as portas e trancando-as.

Dumbledore: Quantas vezes vocês já viram esse espelho além desta, Sr. Potter e Srta. Haunsen?

Lola: Essa é a segunda vez, senhor.

Dumbledore: E a primeira vez vocês o viram dentro da seção restrita, suponho?

Harry: Sim, senhor.

         Ele disse em um tom constrangido, afinal, a seção restrita era supostamente restrita. Dumbledore assentiu, pensativo. Caminhava de um lado para o outro, remexendo na longa barba branca. De súbito, parou na nossa frente e fitou-nos.

Dumbledore: Agora preciso que me escutem atentamente. Vocês não devem procurar ou averiguar pelo espelho de Ojesed em nenhuma circunstância, sem exceção. Por mais ávidos que estejam de contemplá-lo, não devem fazê-lo, não devem condescender.

Harry: Mas, senhor, se o senhor está se referindo à loucura insana e...

Dumbledore: Não estou apenas me referindo aos delírios psicológicos a que esse espelho pode levar, Harry. Eu e o professor Snape tentamos destruí-lo incontáveis vezes, mas parece que o espelho possui um poder desconhecido e indefinido para nós.

         Nós nos entreolhamos, e encontrei uma sombra de dúvida no olhar de Harry.

Dumbledore: Pode parecer majestoso, mas o espelho é, de todas as formas, perigoso e isso é incontroverso. Entenderam bem?

         Nós assentimos.

Dumbledore: Agora, quero que me dêem as suas palavras de que não irão procurar por ele; e que, se o acharem me comunicarão imediatamente.

Lola&Harry: Dou a minha palavra.

         O diretor sorriu.

Dumbledore: Podem voltar a aproveitar as festividades!

         Nós voltamos ao salão. Dumbledore tinha um jeito bastante peculiar, especialmente quando se tratava da sua mudança de humor. Talvez eu devesse confiar no diretor e não questionar, mas havia algo estranho naquela história.

Snape: Eu não confiaria no Potter se fosse o senhor. Ainda mais ele sendo dono de uma personalidade intrometida e impertinente que não sabe não enfiar o seu nariz onde não é chamado.

Dumbledore: No entanto, Severo, receio que a minha maior preocupação não seja o Sr. Potter.

Fui ao encontro da galera, que estava perto do palco do baile. Várias pessoas estavam em pé ali, já que o show iria começar daqui a pouco. Ron e Courtney estavam rindo e se divertindo em um canto, tomando um pouco de drink acerejado, sem álcool, é claro.

Hermione: Que nojo do Córmaco!

Luna: Hm, parece que você conseguiu a façanha de arranjar um garoto pior que o ruivinho ali.

         Logan se dirigiu até mim.

Logan: Onde você se meteu?

Lola: Desculpa, o professor Dumbledore queria falar comigo e acabou demorando.

Ele me deu o drink, nós fizemos um brinde e tomamos.

Logan: Então, vai concorrer no show né? Meus amigos disseram que você canta muito bem...

Lola: Sério? Mas, os sonserinos me odeiam e...

Logan: Nem todos são como Malfoy e seus amigos, Lola. Acredite, meus amigos simpatizam com você. Você deve ser a pessoa mais talentosa daqui.

Lola: Ah, Log! Você é tão gentil...

Ron: AH, MANO! ELA É PERFEITA! É LINDA, FOFA, E RI DE TUDO O QUE EU FALO! Eu to saindo com a garota mais popular da Corvinal, mano! (Ele chegou patusco, embasbacado, se achando)

Hermione: Ninguém quer saber das suas paixonites infantis, Ronald.

Ron: Paixonites infantis? E você que ta com o Córmaco? Corta essa...

Lino Jordan: ATENÇÃO, ALUNOS DE HOGWARTS! O SHOW DE TALENTOS... ESTÁ PRESTES A COMEÇAR! POR FAVOR, INSCRITOS, COMPARECER AOS SEUS DEVIDOS CAMARINS!

Logan: Vai lá, Lola. Boa sorte. (Ele me abraçou)

Hermione: DETONA COM ELES!

Ron: ISSO AÍ!

Eu sorri para eles. Olhei para Harry, ele estava em outro mundo. Tanto faz, como se eu me importasse. Antes de entrar no meu camarim, ouvi outra discussão.

Harry: ... De merda! Falso e manipulador como seu amiguinho Malfoy.

Logan: Sabe, Potter... Você é mesmo pretensioso. Acha mesmo que ela iria querer algo com você?

Ah, esse é dos meus! VAI LOGAN! Fala na cara! Então eu me arrumei, coloquei um novo vestido, que por sinal não era longo como o outro, e sim curto. Da cintura para baixo ele se abria junto com algumas camadas de tecido transparente. Eu estava mais dark, digamos. Era confortável, ainda mais com meu All Star. Esperei as primeiras competidoras se apresentarem. Era finalmente a minha vez. Competidor número 6.

         Lino Jordan estava no palco e me anunciava. Uma sensação desagradável demais atingiu meu corpo e senti que ia vomitar, talvez cair. Eu queria desistir. Olhei para trás em pânico, dei meia volta. Jorge, que estava ao meu lado, me impediu de sair dali, e me empurrou para entrar no palco. Ele e Fred se responsabilizavam pelos efeitos de palcos.

         Tentei não olhar para a multidão. Meus nervos estavam a flor da pele, e agradeci por ter tido o bom senso de não ter pedido para os gêmeos colocarem holofotes no começo da música em mim, pois meu rosto devia estar vermelho. De fato, eu estava suando frio! Senti o microfone tremer em minhas mãos, engoli em seco. Eu não podia fazer isso, minha voz não ia sair! Minha garganta estava seca e eu estava paralisada! Tentei falar as primeiras palavras que introduziriam a música, mas não consegui; invés disso, gaguejei. Crispei os lábios, desesperada. Ouvi um pouco de murmúrio pela multidão, provavelmente se perguntando se eu ia amarelar ou não. Respirei fundo. Pensei em minha família e em meus amigos. Fechei os olhos. Lembrei a mim mesma: Pense em um lugar perfeito. Hogwarts era perfeita.

         Música: Liberty Walk

         Conforme a música se desenrolava, percebi que Dumbledore tinha razão: a música nos libertava do nosso casulo e tornava-nos borboleta. Fred e Jorge estavam fazendo um ótimo trabalho, pois fumaça mágica infestava o palco, e purpurina caía sobre a platéia. É claro que conforme as regras do show de talentos, os efeitos não podiam ser extravagantes, pois o que importava era o talento da pessoa em si. Eu já conseguia ouvir as palmas da multidão acompanhando o ritmo, e até mesmo alguns cantando junto. Apesar de ser uma música que EU escrevera e; portanto, não ser nada conhecida. Era indescritível ver dezenas de garotas glamorosas e garotos charmosos dançando e arrastando seus vestidos e capas no chão. Meus cabelos estavam soltos e esvoaçavam junto com o vestido, com a ventania que Fred provocou.

         Por fim, terminei a apresentação com alguns fogos de artifícios que formaram as palavras “HOGWARTS, MAIS DE 1100 ANOS” no ar. Recebi muitos aplausos entusiasmados e gritos animados. Já me sentia livre. Fora um show em tanto.

Saí do palco, dando espaço ao novo competidor. Logo estava ao lado de meus amigos, junto da platéia. Mione e Ron foram os primeiros a correr ao meu encontro e a me abraçar.

Lola: E aí? Como eu fui?

Hermione: PERFEITA!

Ron: Parabéns, você estava ótima! Essa música é contagiante, cara... LIBERTY, LIBERTY, LI-LI, LIBERTY!

Lola: Hahaha!

Luna: Excepcionalmente brilhante. Gostei do figurino, apesar de comum.

         Ela me olhou, sonhadora.

Lola: Bom, sei lá, acho que errei a letra uma hora...

Logan: Posso assegurar que ninguém percebeu.

Logan chegou repentinamente e me abraçou forte, me parabenizando.

Logan: Você ta INCRÍVEL! Sério, você canta muito bem, mano!

Lola: Obrigada. Mas eu duvido que eu ganhe, de qualquer forma. Tem muita gente competindo também...

Logan: Ah, você tem muitas chances! Além disso, você ganha como melhor figurino (Ele me olhou de cima a baixo)

Harry: Você tava... Ótima, Lola. (Ele sorriu enviesado) Você provavelmente vai fazer muito sucesso.

Lola: Ah, bom... Não é minha intenção fazer sucesso, digamos, mas muito obrigada.

Ele sorriu para mim. No mesmo instante uma música começou. Nós olhamos para o palco e lá estava Gina Weasley. Sentada em uma cadeira com um figurino um pouco vulgar demais. Ela usava um vestido vermelho MUITO curto, grudado e decotado, acompanhando meia arrastão. Não parecia ela. Começou a cantar e dançar na cadeira sedutoramente. Harry voltou-se para o palco, não tirava os olhos dela, como se a despisse com o olhar, faminto. Ron fechara a cara e decidiu sair dali com Courtney nos seus braços.

         Por alguma razão os ciúmes não saíam de dentro do meu peito. Mas por quê? No fim das contas eu odiava Harry, por ser um galinha, um metido, procurador de garotas e de fama. Ótimo, eu entendia que ele não tinha família e por isso talvez carecesse de atenção, mas... Isso não mudaria o fato de eu ainda achá-lo um merda. Decidi conversar com Logan e esquecer o testa de raio.

Logan: Sabe que o Potter me disse para ficar longe de você...

Lola: Sério?

Logan: Sim. Pra ser mais exato, falou para eu não TOCAR em você.

Lola: Ele falou mesmo? Nossa... (Eu olhei para Harry) Não liga pra ele...

Logan: Eu não ligo. Você sabe né. Ele fica falando mal dos sonserinos, dizendo que nos achamos superiores, que somos má fé, fica discutindo com o Malfoy... Os dois disputam fama, garotas...

Lola: Disputam garotas também, é? Essa é nova.

Logan: Sim. Ora, os dois discutem e disputam pelas mesmas coisas. Se os dois fazem isso é porque Harry é tão má fé quanto Malfoy. São iguais, só que um é da Grifinória e o outro da Sonserina.

Lola: É, nunca tinha pensado nisso.

Fiquei pensativa por alguns segundos. Harry se achava assim como Malfoy... Será que Log tinha razão? Ele percebeu minha pausa para pensar e continuou o assunto.

Logan: Mas não vamos nos incomodar com isso. Enfim, achei sua voz uma coisa única!

Lola: Bom, eu gosto bastante de cantar. Mas e você, o que gosta de fazer?

Logan: Eu? Ah, sei lá... Pode parecer estranho, mas... Eu gosto de cozinhar.

Lola: Sério?! Que legal! Você cozinha bem?

Logan: Acho que sim. Não é normal homem gostar dessas coisas, mas...

Lola: Ah, nada a ver! Tanto que a maioria dos chefes de cozinha na Europa são homens. Ah, uma vez eu fui a um restaurante Francês que hm!

Logan: É, a cozinha francesa é muito boa. Aliás, você sabe que eu sou francês né?

Lola: (Arregalei os olhos) SÉRIO?

         Ele era um sonho de consumo! Fofo, gentil, francês... O que mais?

Logan: Sim! Nasci lá. Mas não sei falar francês, sou um francês fajuto.

Lola: Nossa, você se mudou pra cá com quantos anos?

Logan: Acho que uns quatro anos, por aí.

Lola: Ah, ta explicado. Você não deve se lembrar de muita coisa.

Logan: É. Às vezes eu viajo pra lá com minha família, mas só sei algumas coisas. E você também não é daqui, não é?

Lola: Nasci na Austrália e me mudei agora a pouco. Como você sabe?

Logan: Pelo seu sotaque... Que, aliás, é muito sexy.

Lola: Sabe que... Eu tenho queda por franceses?

Logan sorriu com astúcia e se aproximou de mim, seus lábios quase encostados nos meus.

Logan: É mesmo? Então... Faça bom uso.