As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 6
Eu, Harry e Quadribol




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Eu havia acabado de sair da aula de Feitiços, e estava tão entusiasmada em praticar o novo feitiço desilusório ensinado pelo professor Flitwick, que quase esqueci o almoço. Terminei disparando o feitiço em meu urso de pelúcia, que se camuflou com as mesmas listras vermelhas e douradas do meu cobertor de cama. Soberba por ter conseguido alcançar um bom desempenho no dever de casa, parti para o Salão Principal, onde um enorme e gracioso banquete de dar água na boca estava sendo servido. As quatro grandes mesas estavam repletas de alunos esfomeados e vorazes, ansiosos para encherem seus corpos com energia.

Passei por Harry, que estava em um canto do Salão com a garota oriental chamada Cho Chang. Tentei olhar com discrição, mas fora impossível: ambos estavam sussurrando e rindo baixinho, e pareciam muito mais que amigos. Harry mexia e enrolava os cabelos negros de Cho em seus dedos, e cochichava em seu ouvido. Ela ria envergonhada. Olhei melhor e agora os dois pareciam estar de mãos dadas, o que me irritou profundamente. Corri direto até a mesa da Grifinória e sentei na frente de Hermione e Ron. Este mastigava e engolia a comida que nem um javali, como sempre.

Lola: Vocês viram o Harry?

Ron: Não. (Boca cheia)

Lola: Ele estava com a Cho ou foi impressão minha?

Hermione: Com a Cho? Cho Chang?

Ron: NÃO! (Ele falou tão irritado que quase cuspiu frango em mim) Você pirou de vez! Harry está com a Gina, G-I-N-A.

Como sempre, o instinto de irmão protetor irrompia. Ele pegou da bandeja mais 5 batatas assadas, enquanto Hermione encarava a quantidade de comida no prato do garoto com um olhar de censura.

Lola: Calma. É que eu tive impressão de vê-los.

Hermione: Lola, Harry e Cho são apenas amigos.

Lola: Não me pareciam que estavam tendo uma conversa simplesmente “amigável”.

Servi-me de comida. O banquete estava realmente esplêndido e delicioso. Harry apareceu também para comer, e ninguém comentou nada.

Ron: Sabe... (Espalitando os dentes) Essa escola é um luxo em questão de banquetes. Quero dizer, lá em casa, nunca que teríamos tanta sobremesa e tanta comida.

Hermione: É por isso que você come tanto aqui? Pra hibernar?

Eu esbocei uma risada. O ruivo encarou Hermione com raiva. Quando estávamos prestes a acabar a sobremesa, Dumbledore chamou a atenção de todos. Como de costume, ele subiu à frente no tablado e postou a ponta da sua varinha em seu pescoço, para que todos os ouvissem.

Dumbledore: Alunos de Hogwarts... Sei que devem estar apreciando esse delicioso banquete feito por nossos cozinheiros, e sinto muito em interrompê-los, mas peço que prestem atenção, por obséquio. Hogwarts, como devem saber, é uma antiga instituição fundada por quatro incríveis bruxos. E tenho o prazer de dizer, que neste outono, estaremos fazendo mais de 1100 anos!

Uma onda de aplausos ecoou no Salão, até Dumbledore gesticular pedindo silêncio.

Dumbledore: Destarte, para comemorar e homenagear a instituição, o corpo de professores decidiu promover o Baile de Outono.

Muitos sussurros interrogativos e murmúrios foram ouvidos. Os estudantes entreolhavam-se curiosos e algumas garotas reprimiam risinhos de expectativas.

O diretor fez uma reverência para que a professora McGonagall se levantasse e tomasse o seu lugar, para que explicasse a todos.

McGonagall: No Baile de Outono, todos os estudantes deverão comparecer com trajes a rigor e deverão chegar acompanhados.

Os garotos lamuriaram. A professora distribuía com sua varinha os convites flutuantes para o baile, que voavam até cada aluno. Dentro dele, estavam escritas todas as instruções.

McGonagall: No entanto, a festa será dividida em duas partes. A OEH (Organização Estudantil de Hogwarts) sugeriu que os alunos pudessem aproveitar uma festa à fantasia! Haverá também o show de talentos tradicional do Baile de Outono. Os alunos estarão concorrendo ao Troféu HogwArts, portanto, inscrevam-se!

Outra onda gigante de aplausos e uivos percorreu o Salão. Desta vez, McGonagall sentou-se e Dumbledore voltou a ficar de pé para dar um aviso. Sua voz tinha um tom mais sombrio e calmo do que antes.

Dumbledore: Só quero lembrá-los de que Hogwarts não é uma escola totalmente explorada. Nem mesmo eu, nem mesmo uma única criatura que habita este lugar está isenta da incompleta sabedoria ou dos inexplorados segredos que Hogwarts resguarda. Portanto, nunca é demais adverti-los: se avistarem algo estranho, obscuro... Ou até mesmo tentador... Eu sugiro que não se aproximem.

O clima tornou-se taciturno, enfadonho. Os alunos entreolhavam-se mais uma vez curiosos, mas também amedrontados.

Dumbledore: Agora, podem continuar a comer!

O falatório voltou a ecoar instantaneamente.

Ron: Do que vocês acham que ele tava falando?

Ele falou, negligentemente. Hermione, por algum motivo, olhou ligeiramente para mim.

Neville: Ei, pessoal. Vocês não acham que a Lola devia se inscrever no show de talentos?

Harry: É mesmo! Ela canta tão bem.

Eu sorri, olhando para a comida, um sorriso que talvez tenha ido de ponta a ponta. Olhei para Harry e percebi que ele estava sorrindo também, enquanto me observava.

Ron: Além do mais, seria maneiro levar um troféu com um trocadilho daqueles!

Hermione: Você realmente devia se inscrever, Lola.

Lola: Ah, não sei... Não me sinto bem cantando em público.

Ron: Mas você cantou no Salão Comunal!

Neville: É, e todo mundo gostou. Duvido que não venham a gostar.

Fred e Jorge que estavam sentados um pouco mais adiante prestavam atenção na conversa.

Fred: Qual é! Nós temos vários truques incríveis pra você se apresentar no palco com glamour. Te ensinamos!

Lola: Sério?

Fred&Jorge: Sim! Só 1 galeão o minuto!

Revirei os olhos e voltei a dar uma garfada no bolo. Ouvi um barulho estranho de asas batendo, e olhei para o teto: um bando de corujas de todas as cores adentrou o castelo, carregando a correspondência do dia; cartas, encomendas, presentes, etc.

Harry: Não ta meio tarde pro correio, não?

As corujas repentinamente atiraram às mesas as correspondências para seus respectivos donos. Hermione recebera um pacote lacrado com uma cordinha, que continha dois livros, o qual ela desembalava.

Hermione: Ah! Não acredito! Os livros que eu pedi! (Ela retirou um livro do pacote) Fatos Inesquecíveis da Magia e (Ela retirou o outro) Enciclopédia dos Bruxos!

Ron: Quem em sã consciência pede livros de presente? (Ele olhou Harry, como se Hermione fosse um bicho esquisito)

A coruja estabanada de Ron, Pichitinho, pousou na mesa quase derrubando o copo de suco do dono. Ron desamarrou a pequena caixinha presa em suas garras e a abriu. Dentro, havia uma pequena pedra quadrada transparente. A pedra de repente mudou sua cor para verde.

Neville: Acho que você recebeu um lembrol!

Uma voz reconhecível e suave, parecida com uma voz de devaneios ou do inconsciente soou atrás de Neville.

Luna: Na verdade, é um yank. Ou, como muitos preferem dizer, um objeto mágico que identifica o humor do ambiente de acordo com o humor das pessoas. Minha mãe costumava colecionar esses... Verde significa calmo. (Ela sorriu)

Luna Lovegood era uma garota bem excêntrica. Seus longos cabelos loiros visivelmente mal cuidados caíam até a cintura e realçavam seus brincos de beterraba artesanalmente feitos. Usava uma gravata azul com prata, indicando ser da casa Corvinal. De fato, era da mesma série que Gina. Carregava uma revista chamada “O Pasquim” de cabeça para baixo, sobre a qual havia rumores de que o editor oficial era seu pai e que este não batia bem da cabeça. No entanto, Luna era uma pessoa realmente agradável e não parecia agir indiferentemente quanto aos olhares julgadores dos estudantes. Seus olhos eram acinzentados e anormalmente grandes.

Ron: Interessante...

Luna: Alguém quer Pasquim?

Alguns alunos se voluntariaram a pegar a revista, que por sinal era de graça. Hermione recusou, agradecendo.

Lola: Luna, o que são esses óculos que vem de brinde?

Luna: Ah! São para identificar zonzóbulos.

Ela sorriu inocentemente e saiu saltitando pelo salão, distribuindo “O Pasquim”. Eu, Ron, Harry e Hermione nos entreolhamos, nos perguntando o que poderiam ser zonzóbulos.

Harry: Se ela for distribuir pro pessoal da Sonserina... Coitada.

De repente, uma coruja bege atravessou o salão e pousou ao meu lado, atirando uma gigantesca vassoura embalada na mesa. Era Melly. Eu arregalei os olhos, assustada, assim como todos. Peguei um bilhete pendurado na vassoura.

Faça bom uso e aproveite.

P.S: Enviamos junto um medalhão que seu tataravô costumava usar como medalhão da sorte. Você pode usar como colar.

Sentimos sua falta, mãe e pai.

Abri a vassoura, e era espetacular! Era feita de uma madeira de ótima qualidade e sua palha era de um bege macio. Vi o lindo medalhão de prata ligado em uma corrente de sustentação. Nele, parecia haver uma rosa gravada. No entanto, os alunos a minha volta estavam concentrados especialmente na vassoura.

Todos: É UMA COMET!

Ron: Cara... (Ele passou a mão suavemente pela vassoura, acariciando-a, como os olhos brilhando) Essa vassoura é das boas!

Lola: Mas... Eu não vou jogar Quadribol!

Hermione: Claro que vai! Harry ia te ensinar a voar, não ia, Harry?

Ele sorriu.

Harry: Óbvio! A gente podia se encontrar no campo pra treinar.


Amanheceu, e era sábado. Eu e Mione estávamos em Hogsmeade, passeando pelas ruas e olhando vitrines, a procura do traje perfeito para usar no tal do baile. Nós não tínhamos a mínima idéia do que usar.

Hermione: Ah, como eu ODEIO esse negócio de par pro baile. Quero dizer, é constrangedor! ODEIO, ODEIO.

Lola: Eu também odeio, eu também...

Hermione: Eu particularmente acho que você deveria convidar o Harry.

Lola: QUÊ?

Hermione: Ah, qual é! Eu sei que você gosta dele. (Ela riu)

Lola: Que saco, Hermione! Eu já disse que isso não é verdade! E além do mais, ele provavelmente vai ir com a Gina. E eu sou uma garota, não convido garotos.

Hermione: Ué, nem sei se eles ainda estão juntos! E não vejo problema nenhum em garotas convidarem garotos. Harry é um pouco tímido pra isso, você devia tentar.

Lola: E você? Que morre de amores pelo Ron!

Hermione: O QUÊ? EU NÃO, QUE NOJO!

Lola: Cínica! Quando vocês brigam parece briga de marido e mulher!

Hermione: Exagerada...

Nós entramos em uma loja cheia de vestidos. Depois de provarmos vários, finalmente conseguimos nos decidir. Saímos com várias sacolas na mão, afinal também compramos adereços.

O dia estava bonito, o calor mais ameno, e folhas coloridas já começavam a surgir nas árvores em volta de Hogsmeade. No meio do caminho para Hogwarts, encontramos o idiota do Malfoy e seu clubinho. Os sonserinos caminhavam cheios de pose, como se fossem os maiorais. Era só o que me faltava... Malfoy estampava aquele seu sorriso desdenhoso e debochado de sempre. Eu tive vontade de dar meia voltar e sair dali, pois Malfoy tinha a incrível e insubstituível capacidade de transformar em qualquer lugar que fosse um inferno.

Pansy: E aí, Lolinha? Soube que ganhou uma vassoura... Pra trabalhar como faxineira aqui em Hogwarts.

Malfoy: É, Haunsen. É o que gente como você merece. Você finalmente achou seus amiguinhos, não é? Só podiam ser sangues-ruins imundos como você! (Ele encarou Hermione)

Hermione: CALA A SUA BOCA, SEU TRAVESTI OXIGENADO!

Malfoy ficou meio estagnado, como se ainda estivesse processando o xingamento. Olhei para Mione sem poder conter uma risada.

Sonserinos: UI UI UI!

Malfoy: Vejam só! A sangue-ruim acha que pode se meter com gente como nós... E você? Está rindo, é, Haunsen?

Eu fiquei séria no mesmo momento, encarando-o nos olhos.

Malfoy: Qual é a graça? Qual a gracinha de tudo isso?

Vislumbrei Crabbe e Goyle atrás da trupe, soltando risinhos debochados.

Malfoy: Aliás... Ouvi falar que você entregou o trabalho do nosso grupo pra McGonagall todo em SEU nome. Que falta de coleguismo é essa?

Os sonserinos riam mais e mais, sem parar. Hermione revirou os olhos, indignada, e no momento em que ia puxar o meu braço para sairmos dali...

Malfoy: FOGO!

Tudo o que senti foi um fedor podre insuportável de dar asco, e algo molhado e grudento tocar em meu corpo: eram bombas de bosta, um ataque massivo e um bombardeio daquele estrume nojento que foi no meu rosto, em meu cabelo e em minhas vestes. Eu mal pude acreditar naqueles sacanas! Ao olhar a mim mesma infestada de tanta merda, tive ânsias de vômito. Mione tentou me puxar dali, e conseqüentemente uma bomba de bosta a atingiu também. Os idiotas provavelmente haviam comprado na Zonko’s e logo que nos viram decidiram por o plano em prática. Nós duas corríamos por Hogsmeade até o portão de saída e ouvíamos as risadas não só daqueles sonserinos imbecis, mas também das pessoas na rua.

Dino: Lola, Dumbledore quer falar com você na sala dele!

Ele passara por nós, embaçado, pois minha visão estava sendo interferida por malditas lágrimas. Ao entrar no castelo, já não conseguia distinguir as pessoas que nos olhavam ou que exclamavam alguma coisa. Eu simplesmente queria sumir, desaparecer, para que ninguém visse o meu estado deplorável.

Hermione virou para a direção do quadro da Mulher Gorda e me perguntou se eu estava bem. Dei uma resposta rápida e corri o mais depressa possível, para que ela não percebesse o meu mal estar. Subi escadas e mais escadas, até passar pela seção restrita da biblioteca que estava toda trancada e chaveada. Portões negros e imponentes impediam a passagem junto de uma grande placa: NÃO ENTRE, PERIGO.

Finalmente cheguei até a torre de Dumbledore e subi na gárgula. Chegando ao pequeno “Hall de entrada”, vi que Harry recém saía de dentro da sala de Dumbledore e fechava a porta. De repente meu coração disparou. Ele sorriu.

Harry: Oi.

Lola: Oi.

Por um momento esqueci que estava toda suja de bosta.

Harry: O quê... Aconteceu?

Lola: Malfoy... Você tem algum feitiço pra secar água? Eu não quero que o diretor me veja chorando, ele vai perguntar e...

Harry: Tenho. Esse.

Ele se aproximou e secou minhas lágrimas gentilmente com os dedos, sorrindo. Eu sorri de volta e em seguida entrei na sala de Dumbledore.

Dumbledore: Receio que não será preciso perguntar, Srta. Haunsen. Desculpe-me pela falta de privacidade...

Eu o olhei desconcertada. Dumbledore apenas sorriu amigavelmente e pediu que eu sentasse.

Dumbledore: Queria convidá-la para se inscrever no show de talentos da escola. Para o baile. O que me diz?

Lola: Ah, eu...

Dumbledore: Ouvi falar que a sala da Grifinória encheu de alunos querendo ver a sua apresentação! Você poderia treinar com o professor de música.

Lola: Eu não sei, professor... Muita coisa pode dar errada e as pessoas podem odiar. (Apreensiva)

Dumbledore: Entendo... Entendo sua decisão, mas quero que pense a respeito. Eu mesmo sou um grande fã de música...

Ele parecia agora estar voltando no tempo, devaneando.

Lola: É?

Dumbledore: Sim. E acredite, a música é uma das artes que nos liberta do próprio casulo. E nos faz borboleta.

Eu fitei seus olhos penetrantes, pensativa. Ele sorria enigmaticamente.

Lola: Bom... Tudo bem, pode por meu nome na lista, mas se eu mudar de idéia, posso recorrer ao senhor?

Dumbledore: É claro. E caso eu não esteja presente, pode sempre recorrer à professora McGonagall.

Lola: Obrigada, professor. E a propósito... Será que não dava pra por o Malfoy em detenção?

Dumbledore: Receio que eu não seja o responsável por elas, com exceção de casos graves de quebra das regras ou de expulsão. Mas não se preocupe quanto a isso. Afinal, porque ensinamos Defesa Contra as Artes das Trevas?

Eu assenti e saí da sala, agradecendo ao diretor. Precisava tomar um bom banho, talvez dois ou três. Estava fedendo à merda.

Coloquei uma roupa confortável e peguei minha vassoura Comet. Saí para o exterior do castelo e caminhei com Harry ao meu lado, até o campo de Quadribol. Ele carregava uma maleta com o equipamento de Quadribol dentro dela, e sua vassoura. Parei para observá-lo por um momento. Era fofo demais o jeito que andava e que seus cabelos esvoaçavam. A relva esverdeada balançava com o vento. Virei-me para visualizar o castelo.

Lola: Hogwarts é perfeita, não é?

Harry: É... Nunca me arrependo de ter vindo pra cá.

Lola: Queria ter começado aqui desde o início, desde o primeiro ano. Eu lembro que minha família ficou tão orgulhosa de mim quando recebi a carta... Meus avós gritavam “Eu sabia que tinha mais uma bruxa na família!”. É claro que não tenho tanto talento como você, sou filha de trouxas e...

Harry: Isso não tem nada a ver! Sabia que minha mãe era filha de trouxas? E era uma aluna excepcionalmente brilhante. Meu pai era talentoso. Aliás, ele e Snape se odiavam.

Lola: Não brinca! (Eu ri) Por que será que você também odeia ele?

Harry: Pois é! Aliás, eu até desconfio de que o Snape gostava da minha mãe como... Bem, você sabe.

Lola: Sério? (Fiz uma cara de surpresa) Estranho...

Harry concordou, e colocou a pesada maleta no chão. Cansado, colocou a franja para trás deixando amostra sua cicatriz em forma de raio. Pensei que até cicatrizes na pele daquele garoto eram perfeitas!

Dentro da maleta, encontravam-se diversas bolas de Quadribol. Uma delas estava bem acorrentada à maleta, e fazia ruídos estranhos. Parecia ser feita literalmente de chumbo. Amedrontei-me ao perceber isso.

Harry: Bem, você pode ler as regras no livro "Quadribol Através dos Séculos" que eu vou te emprestar. Agora... O objetivo do jogo é fazer mais pontos. Os artilheiros devem usar a goles (Ele apontou para a bola) para fazer gol naqueles aros e cada gol equivale a 10 pontos no placar.

Eu assenti, escutando curiosa.

Harry: Há também o goleiro, e os batedores. Os batedores usam desses tacos para rebater os balaços (Ele apontou os balaços que se mexiam e que estavam acorrentados). São feitos de metal ou chumbo, e os batedores devem ter muita força pra rebatê-los longe. Eles o rebatem para que os balaços não firam os jogadores de seu time.

Então olhei para o pomo de ouro que Harry apontava.

Harry: O apanhador, ou seja, eu... Tenho que pegar o pomo antes que o apanhador do outro time o pegue. O pomo significa mais 150 pontos no placar, o que salva o jogo. Agora... Pegue a sua vassoura.

Nós nos sentamos em nossas próprias vassouras.

Harry: Você deve se sentar assim. A aceleração depende da inclinação do corpo e da força.

Eu o copiei, mas Harry, observando-me, notou algo de errado.

Harry: Não... Suas mãos estão muito para trás.

Ele estendeu o braço e arrastou minha mão um pouco mais para frente do cabo da vassoura, tocando-a e nossos olhares se encontraram. Senti meu rosto queimar por alguma razão. Harry desviou o olhar, agitado.

Harry: Agora dê um impulso com os pés, simplesmente pulando.

Ele o fez e logo estava voando. Eu, com medo, peguei impulso e consegui voar também. Estávamos parados no ar, a poucos metros do chão.

Harry: Muito bem! Agora vamos voar devagar.

Lola: Certo...

Nós aceleramos um pouco e começamos a voar ainda em uma altura baixa. Eu estava morrendo de medo de cair, meus pés e mãos tremiam. De súbito, me desequilibrei e quase caí para o lado. Gritei apavorada e agarrei as vestes de Harry, que quase foi puxado junto.

Harry: Calma, calma!

Ele me endireitou na vassoura enquanto eu ofegava e tentava me concentrar. Não tirei as mãos da camiseta de Harry, que por sinal cheirava muito bem. Eu olhava apavorada para o chão. Ele estendeu seu braço para que eu pudesse me segurar e me apoiar nele enquanto voava.

Harry: Ta com medo é? (Ele riu da minha cara apavorada)

Lola: Ei, cala a boca!

Eu quase caí novamente, mas ele me segurou com força.

Harry: Se concentra, Lola!

Meio difícil sendo ele meu professor, pensei.

Harry: Voar devagar sempre acaba sendo mais difícil. Venha, vamos acelerar!

Lola: Ah não, Harry!

Mas mal pude me queixar e ele já havia acelerado, e como eu estava morta de pavor, o acompanhei ainda agarrada em seu braço. Até que comecei a melhorar, estava indo bem. Comecei a sorrir, satisfeita comigo mesmo. Nós aceleramos um pouco mais e subimos até o alto. Eu podia ver o lago que circundava Hogwarts e as enormes montanhas. Era uma linda paisagem.

Lola: É tudo maravilhoso daqui de cima!

Eu o seguia, fazendo minhas primeiras curvas, já não precisava mais me segurar nele. Nós descemos e voamos a poucos centimetros acima do lago. Devagar, inclinei-me, tocando a água cristalina enquanto voava. Harry fez o mesmo ao meu lado e nossos olhos se encontraram novamente. Tive vontade de virar um avestruz e enfiar a cara na terra, ou melhor, na água. O que estava acontecendo comigo? Eu devia estar biruta!

Nós subimos ao alto de novo e Harry não parava de elogiar a minha habilidade.

Harry: To falando sério... Você com certeza têm potencial pra entrar no time.

Lola: Ah, sim, Cláudia! Eu e os sete anões.

Harry: É sério! Eu sou o capitão, qual é, eu sei das coisas.

Lola: Ui, sou bom, sou o manda-chuva, sei de tudo!

Ele apenas riu, revirando a cabeça, desacreditado.

Harry: Venha, você me segue e faz os mesmos movimentos que eu, ok?

Lola: Desafio aceito. (Expressão convencida)

Então voamos mais rápido, Harry ao meu lado, e eu o imitando. Eu sentia o vento bater em meu rosto, desfrutava daquele momento glorioso. Era uma inacreditável sensação de liberdade que eu sentia ao voar, diferente de muitas outras sensações. Senti um pingo de chuva molhar a minha testa e vi Gina na relva fazendo sinais para Harry. Logo em seguida, ela desapareceu para dentro do castelo.

Harry: Você acha que conseguimos acabar isso em uma hora?

Lola: Hm, é...

Percebi que a garota provavelmente estava chamando Harry para fazer alguma coisa. Irritada, senti como se estivesse sendo uma obrigação para Harry ter de me ensinar a voar. O que eu estava pensando todos aqueles dias? Harry Potter era como uma estrela de cinema. Era óbvio que diversas garotas davam em cima dele e ele poderia ter o quanto quisesse delas. Era óbvio que eu era apenas uma garotinha irritante gastando seu tempo na sua agenda lotada. Nada de importante. Eu fora mesmo estúpida de pensar outras coisas. Afinal, eu sabia que ia me decepcionar.

Lola: Você já jogou contra Cho Chang? Ela está no time da Corvinal, não é?

Harry: Sim, por quê?

Lola: Nada! Bem, eu vi você e ela no Salão Principal...

Harry: O quê?

Lola: Então eu fui falar com Ron e Hermione e eles...

Harry: O QUÊ? VOCÊ FALOU ISSO PRA HERMIONE E RON?

Lola: Sim, mas...

Harry: Você enlouqueceu? Quer jogar meus amigos contra mim, é isso?

Eu o olhei confusa e então ele percebeu o que acabara de falar.

Lola: Ah é, e por quê? Por acaso eles odeiam Cho Chang? Ou quem sabe é porque você está escondendo alguma coisa?

Harry: Você não tem NADA a ver com isso, Lola.

Lola: Tenho sim, Harry. Porque foi VOCÊ quem disse na frente do Espelho de Ojesed que nunca quis fama, popularidade e poder! Desculpe-me, mas galinhagem pra mim faz parte de todos esses adjetivos!

Harry: Galinhagem? Eu não sou galinha! Se ficar com duas pra você é ser galinha, então você deve ser uma encalhada, hein?

Lola: CALE A BOCA! ENTÃO VOCÊ TÁ FICANDO COM AS DUAS AO MESMO TEMPO SEM ELAS SABEREM? VOCÊ É UM MENTIROSO, TENHA VERGONHA NA CARA!

Harry: E COMO você sabe que elas não sabem? Você acha que a Cho liga? VOCÊ ACHA?

Lola: O que eu sei é que a Gina LIGARIA se ela soubesse.

Nós continuávamos voando muito rápido dessa vez, nossos cabelos e vestes ficando levemente molhados devido à chuva. Não conseguia deixar de pensar no quão fofo ele era, mas a raiva contagiava minhas veias. Ele fazia curvas muito bruscas, passando pelas arquibancadas e pelos postes, quase me fazendo bater nas coisas.

Lola: E sabe por quê? PORQUE EU VEJO NO OLHAR DELA OS SUPER CIÚMES QUE ELA TEM SÓ DE ME VER COM VOCÊ! IMAGINA SE SOUBESSE QUE ESTÁ COM A CHO!

Ele gargalhou ironicamente.

Harry: Ah, sim! E posso saber por que deu pra você tomar as dores da Gina? Por acaso vocês viraram amiguinhas?

Eu não soube o que falar, portanto ele continuou.

Harry: E agora você ta se achando né? A Gina não teria ciúmes de VOCÊ, porque NEM EM MIL ANOS eu ficaria com você, e ela sabe MUITO BEM DISSO!

Lola: AH, é esse tipo de coisa que você fala pra ela? HEIN HARRY POTTER? EU VOU TE DIZER UMA COISA, VOCÊ SEMPRE FOI UM POPULAR MESQUINHO MESMO, EU SEMPRE SOUBE! VOCÊ É UM IDIOTA, POTTER, QUE QUER FAMINHA SIM, QUER PEGAR TODAS, SIM! E VOCÊ AINDA MENTE SE FAZENDO DE VÍTIMA PRA MIM! EU FUI REALMENTE INGÊNUA DE ACREDITAR, NÃO FUI?

Harry: E VOCÊ, QUEM É VOCÊ PRA FALAR ISSO? VOCÊ É SÓ UMA NOVATA QUE SE METEU NA VIDA DOS OUTROS E ACHA QUE TEM MORAL PRA FALAR O QUE EU DEVO OU NÃO DEVO FAZER! SÓ QUE VOCÊ NÃO SABE NADA DA MINHA VIDA, E DESDE O COMEÇO EU TE ACHEI RIDÍCULA, SABIA QUE VOCÊ ERA SÓ MAIS UMA ESTÚPIDA TENTANDO METER O NARIZ NA VIDA DOS OUTROS! VOCÊ ME DÁ NOJO, LOLA HAUNSEN, NOJO!

Harry, raivoso, voando rápido assim como eu, fez um looping no ar com a sua vassoura. Eu, infelizmente, sem me dar conta do que estava fazendo, o imitei. Quando vi a cagada em que me metera, já era tarde demais: Caí no meio do looping e gritei apavorada, como uma condenada. Fechei os olhos, pois sabia que estava ferrada. Minha vassoura se descontrolou completamente e ia para um lado e para o outro, batendo nas árvores e nos arbustos. Senti os galhos rasgarem a minha pele enquanto os baques e curvas da vassoura me deixavam tonta. Finalmente, ela bateu bruscamente em um tronco de árvore enorme, me arremessando para frente tão fortemente que derrapei no chão lamacento virando de cabeça para baixo, e então caí com a cara no chão.

Eu não conseguia sentir meu corpo. Só sentia ardências e uma dor interminável. Eu sabia que tinha quebrado algum osso. Estava tonta, sentia vertigens. Ouvi um barulho de vassoura perto dali. Harry havia pousado ao meu lado e virou meu corpo para cima. Ele parecia pasmo, aterrorizado.

Harry: Me desculpe, eu não devia ter feito aquilo sem ter te ensinado primeiro, me desculpe!

Ah, droga. Por quê? Por que Hermione tinha de estar certa? Eu a odiava por isso! Eu me odiava! Olhando para aqueles olhos azuis claros tão perfeitos, ternos e profundos, eu percebi: Eu estava completamente e desesperadamente apaixonada por Harry Potter.

Eu o agarrei pela blusa brutamente para perto de mim e falei com raiva:

Lola: EU TE ODEIO.

E tudo escureceu.



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