As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 14
As Rosas de Hogwarts




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De súbito, o sonserino de cabelos castanhos e de sorriso enviesado desaparecera da minha frente. As vestes dele deparavam-se cortadas em algumas regiões, e através do corte saía o sangue que se espalhava rapidamente pelo chão. O garoto se contorcia de tanta dor, enquanto Harry parecia estar petrificado. Por um momento achei que ele estava mesmo. Mas era apenas seu olhar abismado e perplexo.

Senti meus músculos estremecerem. Meu punho fechou-se, enterrando as unhas na pele. Apertei e arranhei meus dentes. Estava a ponto de explodir e de chorar. Um ruído estranho saiu de minha boca involuntariamente; um tipo de gemido de raiva e de dor alheia. Quando encontrei o olhar de Harry, meus olhos pegaram fogo.

Lola: Você... feriu... ELE! FERIU ELE! E SE ELE MORRER? ASSASSINO! ALGUÉM AJUDE! POR FAVOR! SOCORRO, SOCORRO! ALUNO FERIDO!

Eu tentava gritar por socorro e logo as portas das salas de aula se abriram. Vários professores seguidos de uma multidão de alunos aglomeraram-se em volta de Logan. Eu estava agachada perto dele, gritando de perplexidade.

A professora McGonagall se aproximou.

McGonagall: Que diabos... (Ela atropelou os alunos) O QUÊ?! PELAS BARBAS DE MERLIM!

A professora se agachou também, tocando os ferimentos de Logan. Ela parecia nervosa.

McGonagall: Bolena, chame Madame Pomfrey agora! Precisamos que esse menino vá para a ala hospitalar IMEDIATAMENTE!

Snape: Seria prudente chamar o professor Dumbledore.

Snape apareceu rodopiando em sua longa capa preta, seu rosto vigoroso como sempre. Bolena e Flitwick assentiram e saíram em disparada pelo castelo. Eu ainda jazia no chão, perto de Logan. McGonagall arrebatou-me pelos ombros, forçando-me a sair dali. Logo em seguida, Madame Pomfrey chegara com uma maca na qual depositaram Logan, que a este ponto já estava desmaiado.

Snape: MUITA impertinência sua, Potter, tentar expelir esse feitiço contra seu simplório colega, que nada de mau lhe fez... 50 pontos a menos para Grifinória e detenção na minha sala durante a semana inteira.

Estava certa de que Snape bateria em Harry com um chicote se o tivesse, mas ele teve de se adiantar às pressas até a maca e começou a repetir feitiços de cura que aparentemente estancavam pelo menos um pouco o sangue.

McGonagall: Não se preocupem, professor Snape e Madame Pomfrey cuidarão do garoto e tenho certeza de que nada de grave acontecerá.

Ela gritou para o público bisbilhoteiro, rigidamente.

McGonagall: VOLTEM PARA A AULA AGORA!

E o bando de jovens foi se dispersando. Até que vi a silhueta de um homem alto e barbudo por perto, mas algo mais forte me puxara para longe dali.

Lola: AI!

Era Harry. Ele ainda parecia pasmo consigo mesmo, mas me segurava pelos braços com tanta brutalidade que me machucou. Eu me debati tentando acertar a cara dele. Entrementes, ele me arrastava para outro lugar.

Lola: ME...SOLTA...SEU...ORDINÁRIO!

Consegui me soltar. Estávamos já bem longe.

Lola: SEU MISERÁVEL, ORDINÁRIO, FALSO DESPREZÍVEL!

Sentia ainda minhas veias queimarem de tanta raiva, minha face provavelmente estava vermelha.

Lola: IDIOTA, PLAYBOYZINHO DE MERDA...

Harry: CALE A BOCA! (Ele tentou me segurar, mas me esquivei)

Lola: NÃO ME MANDE CALAR A BOCA.

Harry: Desculpe! Mas eu juro que não tive a intenção de fazer aquele feitiço e ferí-lo daque...

Lola: OH, SIM! (Falei irônica) REALMENTE, A SUA VARINHA E BOCA CRIARAM VIDA PRÓPRIA! VOCÊ ACHA QUE ACREDITO EM SUAS LOROTAS? DEPOIS DE TUDO O QUE FEZ, HARRY POTTER?

Harry: Lorotas, que lorotas?! E PARE de gritar. NÃO É lorota.

Lola: É SIM! ASSIM COMO DISSE QUE VOCÊ FEZ O FEITIÇO BOMBARDA, ASSIM COMO ME MOSTROU AQUELA MEMÓRIA FAJUTA!

Harry: Lola, EU fiz o feitiço Bombarda, Logan estava mentindo! Ele é LOUCO, é um filho da mãe, esqueceu? E eu JURO que aquele feitiço escapou da minha boca, foi a raiva eu acho... Não pensei direito, eu...

Lola: VOCÊ É RIDÍCULO, É UM ASSASSINO! MAIS UMA VEZ CONSEGUIU APARECER! CONSEGUIU O QUE QUERÍA?

Eu saquei a varinha do meu bolso e a apontei para Harry, forçando-a contra o seu cavanhaque.

Lola: Eu te mato, Harry Potter. Eu te mato...

Harry: Sei que você não vai me matar (Disse displicente)

Lola: Se Logan estiver morto... Você também estará.

E tentei dizer aquelas palavras com o máximo de ameaça possível. Harry pagaria CARO pelo que fez. Muito caro. E eu continuava a forçar a minha varinha contra ele.

Harry: O que é, vai me matar furando meu pescoço? (Ele se desvencilhou) Vai se vingar do seu queridinho?

Lola: Estou cansada de você caçoando de mim! DIFFINDO!

Um jorro de luz branca saiu de minha varinha e quase acertou o peito de Harry, pegando de fininho nele e rasgando a manga das vestes.

Harry: TÁ MALUCA? PIROU? OLHA AQUI, EU TENTEI FAZER ISSO DE UM JEITO GENTIL. MAS JÁ QUE VOCÊ INSISTE EM SER TEIMOSA...

Ele pegou uma chave de ouro enfeitada com diamantes. Era grande e pesada e se encaixava na fechadura de uma pequena porta de madeira que estava na parede perto da gárgula que levava os bruxos à sala do Dumbledore.

Lola: Um armário de vassouras? Essa é sua arma secreta? (Eu ri, debochada)

Harry: Já disse, eu não VOU lutar com você.

Lola: Está com medo? (Ele fez um barulho gutural de desprezo) Olhe, bem, Potter. Você realmente deve se achar pelo fato de que vários bruxos o elogiaram por seu talento, mas só porque isso aconteceu, não significa que não existam bruxos tão bons ou mais brilhantes que você!

A portinha se abriu, revelando um armário mal iluminado que continha vassouras velhas, esfregões e produtos de limpeza mágicos, além de livros antiquados que caíam aos pedaços, com cheiro de mofo. As pequenas estantes que abrigavam esses livros estavam em um estado mais precário ainda; teias de aranhas e traças infestavam a madeira.

Harry, de supetão, me pegou a força pelos braços, me arrastando até o armário. Eu tentei me desvencilhar. No entanto, percebi que ele havia feito o feitiço das pernas presas, por isso eu não tinha movido um músculo quando ele se aproximou. Meus movimentos eram inúteis. Harry me largou com força no armário. Então, ele entrou dentro também, fechou a porta e trancou-a com a chave. O armário estava completamente escuro. Eu não conseguia enxergar absolutamente nada.

Lola: O QUE VOCÊ QUER? DEIXE-ME SAIR DAQUI! ALORROMORA!

Nada aconteceu.

Lola: ALORROMORA!

Harry: É inútil. Só abre com a chave.

Lola: ENTÃO ME DÊ ELA AGORA!

Tentava captar, pelo som de sua voz, onde Harry estava.

Lola: O QUE VOCÊ QUER? QUE MERDA!

De surpresa, senti duas mãos me envolverem por trás.

Harry: Aconchegante, não é?

Então aquele canalha estava tentando se aproveitar de mim? Com as veias palpitando, peguei Harry pela gola da camisa, puxando-o para perto com violência. Ele pareceu assustado. Eu estava realmente com muita raiva, e berrava tanto que nem meus próprios tímpanos agüentavam. Para falar a verdade, aquela era a primeira vez que eu brigava para valer com alguém em Hogwarts.

Lola: OLHA AQUI, OU VOCÊ ME TIRA DAQUI, POTTER...

Harry: Potter? Desde QUANDO você me chama de Potter? Me lembra do idiota do SNAPE quando faz isso.

Lola: E DAÍ? EU TE CHAMO COMO BEM ENTENDER! TE CHAMO ASSIM DESDE QUE COMEÇOU A SE ACHAR O PEGADORZINHO E A ME IGNORAR. DESDE QUE COMEÇOU A ME MENOSPREZAR E A SER UM PUTA GROSSO, DESDE QUE VIROU UM IDIOTINHA QUE IGNORA OS FATOS E NUNCA MAIS FALOU COMIGO!

Eu devia estar apertando ele com muita força, porque senti o suor de Harry escorrendo pelo pescoço e o seu óculos cair para a ponta do nariz.

Harry: EU NÃO FALEI MAIS COM VOCÊ POR CAUSA DAS AMEAÇAS! PORQUE NÃO QUERIAM QUE EU ESTIVESSE PERTO DE VOCÊ SE NÃO...

Lola: OH, eu adorariaouvir a sua história da carochinha muito bem ensaiada. Mas eu NÃO TENHO PACIÊNCIA. ACHA QUE EU CAIO NESSAS, POTTER? DEPOIS DE VOCÊ TER ME USADO E JOGADO FORA, COMO CIGARRO?

Harry: Eu não te usei! Malfoy me obrigou a ficar longe de você, ou coisas horríveis poderiam acontecer. Sabe o que acho, Lola? Acho que essa história toda deles terem te apanhado e te jogado em uma privada no banheiro tem TUDO a ver com isso. Acho que Malfoy estava querendo me mostrar que ele manda, e que aquilo seria só o começo. Acontece que, para a sua informação, não foi fácil ignorar você. Acha que por dentro eu não morria, cada vez que eu tinha que te magoar? Quando fui grosso com você naquele dia em que Malfoy estava me ameaçando e que você perguntou por ele, cheguei a pedir pro Ronald lançar um Cruciatus em mim. Só que tinha me esquecido de que era proibido usar essas maldições ou iria para Azkaban!

Ele falou tudo isso tão rápido e tão desesperadamente que fiquei por um momento entorpecida. Eu tentava absorver tudo, todas as informações, para ver se fariam sentido. Para ver se ele não tentava me enganar pela MILÉSIMA vez. É claro que ele devia estar exagerando. Só para me fazer acreditar. Oh bendito melodrama. Entrementes, Harry murmurou uma palavra.

Thorns.

Um estampido de tijolos batendo foi ouvido. Um estranho feixe de luz entrou no armário. De repente, a parede coberta de tinta branca foi perdendo a cor, como se a tinta estivesse sendo absorvida pelo chão. A parede era realmente feita de tijolos, e sobre eles, haviam muitas trepadeiras verdes de todos os tipos, acompanhadas de musgo. As trepadeiras se mexiam para o lado, revelando uma parede feita de arbustos com folhas e galhos que estava sobreposta à parede de tijolos.

Harry desta vez puxou-me suavemente pela mão. Ele se encolheu e passou por entre a parede de arbusto e eu também, logo atrás dele. E então meu coração parou e minha respiração também.

Diante de mim estava um enorme campo iluminado. O mesmo dos meus sonhos só que mais radiante ainda. O sol escaldante pairava no céu azul, sem uma nuvem. Porém não era apenas um campo. Era um campo com rosas. Estava coberto de rosas e mais rosas, por todos os lados, por todo o chão, por toda a grama. Não havia se quer um espaço sem rosas. Rosas avermelhadas com um cheiro doce e suave, o mesmo cheiro daquelas que Harry havia me dado. Rosas perfeitas, maravilhosas, esplêndidas e fantásticas, enfeitiçantes, encantadoras. Todos os adjetivos que se possa imaginar. Elas estavam todas plantadas no gramado verde forte. Havia algumas árvores também. Tudo era muito verde, vermelho e azul. Tudo era um infinito só. E atrás de mim estava apenas a parede de arbusto. Era o lugar mais lindo e mágico que se podia visitar.

A mistura do cheiro de todas as rosas juntas era perfeita. Cada uma tinha um cheiro diferente. Algumas cheiravam a menta, outras a morango, outras a simplesmente uma fragrância incomum. Eu queria simplesmente viver ali para sempre. E pensei por um momento estar sonhando. Harry estava ao meu lado, contemplando também o lugar. Era como se eu vivesse em um mundo de sonhos.

Imediatamente me lembrei que estava com raiva de Harry. Que ele tinha lançado em Logan o feitiço do Sectumsempra. Que agora Logan poderia estar em um estado grave, e me lembrei de todas as mentiras que Harry tinha me contado, só para me convencer de que Logan merecera aquilo... Eu me virei para ele, impassível.

Lola: Você não vai conseguir me comprar com isso, Harry Potter.

Harry: Te comprar? Te comprar? Eu NÃO estou tentando te comprar.

Lola: Esse lugar é realmente bonito. É perfeito. Então porque não traz a sua namoradinha Gina para cá?

Harry: Gina? Do que está falando?

Lola: Gina Weasley, ora, aquela que você compra o tempo todo. Aquela para quem você deu um anel de diamantes. Não é?

Harry: Anel de diamantes, bem capaz. Gina fazia parte do plano de Malfoy. As ameaças dele INCLUIAM Gina no meu pedaço. Ele queria ter certeza de que nos afastaríamos.

Lola: Ah é? E Malfoy estava te ameaçando com o que? E Por quê?

Harry: Hm, bem... Isso eu não posso falar...

Lola: TÁ VENDO? MENTIRAS! (Falei exasperada)

Harry: Não são mentiras! Se eu contar tudo vou por você em risco! Eu só quero que entenda que as coisas que fiz foram feitas para nos salvar.

Lola: Nos salvar ou te salvar? Afinal, você, narcisista do jeito que é. Não duvido NADA de que apenas se preocupe com a SUA segurança e com você mesmo.

Harry: O QUÊ? VOCÊ ACHA QUE SÓ ME IMPORTO COMIGO MESMO? EU NUNCA TE USEI E JOGUEI FORA! EU FIZ AQUILO PRA...

Lola: EU JÁ ENTENDI! A sua histórinha LINDA não vai mais precisar ser ouvida. Como você quer que eu acredite em uma pessoa, do nada, que sempre mentiu pra mim? Você devia ter PENSADO antes de fazer todas as coisas que fez. Devia ter pensado nas consequências de tudo o que disse. Porque agora é impossível acreditar!

Harry: AH (Ele colocou a mão no rosto, frustrado) ÓTIMO, NÃO QUER ACREDITAR, NÃO ACREDITE!

Então Harry se aproximou de mim e me puxou pelos dois braços. Eles já estavam ficando com marcas, de tanto que havia sido segurada. Ele lançou-me um olhar profundo.

Harry: Você acha que é mesmo coincidência você e eu sermos os únicos alunos da escola que temos uma afinidade especial com Dumbledore? Acha coincidência passarmos por situações fatais e por difamações? Acha?

Eu tentei tirar meu braço dali, mas não adiantou. Harry continuava imóvel, paralisando-me. Encarei-o com rancor e desconfiança.

Harry: Você fica tentando esconder a verdade. Tenta se esconder com aquele Logan (Ele falou o nome dele com desprezo) e fingir que está tudo bem e que vocês foram feitos um pro outro. Finge que está feliz com ele, que ele é o seu principezinho. Que se sente perfeitamente completa com ele. Quando na verdade o que sente é um tremendo vazio dentro do peito.

De fato, eu tentava pensar o menos possível se gostava ou não gostava de Logan. Agora, no entanto, era obrigada a refletir. Contudo, isso não me impediu de continuar com uma expressão firme.

Lola: E quanto a Gina, Potter? E quanto a ela? Será que não é exatamente isso que você sente quando está com ela? Você só se importa com o status, não é, Potter?

         Surpreendentemente, cometi um movimento de ação. Soltei meu braço com força das mãos de Harry, e do jeito mais violento possível, empurrei-o contra uma árvore e puxei a cabeça dele para baixo, por seus fios de cabelo, deixando a mostra o pescoço. Por esta ele não esperava, já que demonstrava uma cara de sobressalto. Ele respirava calmamente. Tirou minha mão que arrancava seus cabelos em um movimento rápido, e bloqueou-a. Em seguida, bloqueou minha outra mão, que ia em direção ao seu queixo. Ele segurava uma de minhas mãos, e a outra, escapara, e fora parar no seu peito, pressionando e esmagando a camisa. O que eu podia fazer? Estava com ódio. Ele tinha sorte de ter bons reflexos. Agora, ambos estávamos meio-bloqueados. Nos encarávamos, impassíveis.

Eu comecei a sentir uma estranha palpitação na palma de minha mão. Levou alguns segundos até perceber que aquelas palpitações provinham do coração de Harry, onde eu havia posicionado minha mão. Ele pareceu perceber o que eu notava, e instantaneamente, como se tivéssemos combinado alguma coisa, ou como se tivéssemos lido a mente do outro, nos beijamos.

         Suas mãos, antes fazendo força para bloquear as minhas, agora se enroscavam pelo meu corpo, me abraçando. O vento fazia as folhas das árvores esvoaçarem, e o cheiro das rosas ficou cada vez mais abundante e delicioso. De certa forma, eu sabia que aquela pequena luta em estilo trouxa, devido ao contato físico, acabaria nisso. Eu passava meus dedos por entre aqueles cabelos descabelados, que eu havia acabado de puxar brutalmente. E fazíamos alguns estalidos. Até que sentamos no chão, embaixo da árvore.

         Quando finalmente paramos, entreolhamo-nos, um pouco surpresos talvez. Eu sentia meu rosto fervendo de acabrunhamento. Olhei para os pássaros, ao longe.

Harry: Você deve estar se perguntando como eu sei sobre a existência desse lugar. E da senha.

         Assenti.

Harry: Dumbledore me confiou esta chave de ouro. Disse que ninguém a não ser ele sabia da existência desse lugar. E que ele precisava compartilhar com alguém. Escolheu a mim.

Ele sorriu e entendi que significava muito para Harry.

Harry: Não sei como nem quem o construiu. Digo... É infinito. Se é que é possível “construir” um lugar como esse. Poderia muito bem ter nascido naturalmente da mãe natureza.

Harry olhou para mim e olhou para o chão. Ele pegou uma rosa com um cheiro doce de cachoeira e colocou-a no meu cabelo. Eu sorri.

Lola: Eu suponho que você não queira que eu conte para ninguém.

Harry: É exatamente esse motivo que me fez trazer você aqui. Um lugar aonde apenas nós dois podemos ficar juntos. Onde nenhuma ameaça vai poder nos vencer. Entende? É claro que quando voltarmos para a vida "real”, teremos de fingir que nos odiamos ou coisa parecida. Para ninguém desconfiar...

Lola: Significa que vou ter de continuar com Logan e você com a Gina?

Harry: Sim...

Lola: Não pode mesmo contar o que Malfoy quer, não é?

Harry: Eu não posso obrigar você a acreditar em mim. Não posso contar isso porque ferraria conosco, são riscos sérios.

         Eu assenti mais uma vez, concordando, talvez cedendo. Harry me contemplava de um jeito estranho.

Harry: Você é imprevisível, sabia?

Lola: Eu sei. (Sorri) Nem mesmo eu prevejo meus movimentos.

         Ele riu, balançando a cabeça, como se eu fosse inacreditável.

Lola: Desculpe se te machuquei. Eu precisava descarregar aquilo.

Harry: Tudo bem. Eu te machuquei?

Lola: É claro que não. (Falei como se fosse óbvio)

Harry: Você é durona... Pode não parecer à primeira vista, mas é. Antes estava cheia de raiva.

Lola: Agora estou cheia de amor? (Eu sorri beijando-o)

Harry: Uhum...

Não deixei nem Harry responder direito e já fui direto beijando-o. Nós ficamos ali por mais um tempo, aproveitando cada segundo disponível que tínhamos. Afinal, as aulas continuariam. Finalmente estávamos realmente a sós. Apenas nós dois e as rosas de Hogwarts.

E quando saímos fomos forçados a fingir que tudo estava como era antes.     Eu não tive coragem de ir até a ala hospitalar. Porque me senti um pouco culpada de ter tido momentos com Harry enquanto Logan sofria internado e com dor. Então decidi esperar até que ele sarasse.

E foi logo. Dois dias depois, Madame Pomfrey, com a ajuda de Snape, já havia curado ele. E o encontrei logo que estava andando até um picadeiro na frente da casa de Hagrid, onde teríamos a nossa aula de Trato das Criaturas Mágicas. Os grifinórios e os sonserinos se dirigiram ao lugar, encontrando Hagrid com o seu típico casaco de topeira e seus negros cabelos desgrenhados. Hagrid fez menção para nos aproximarmos depressa.

Hagrid: Bem vindos, bem vindos! Hoje teremos uma aula muito eficiente. Como podem notar, há várias gaiolas aqui. Dentro delas...

Ele fez um gesto com seu grande guarda-chuva e em um instante os panos que cobriam as gaiolas se jogaram para trás, revelando uma das cenas mais lindas que já vi em minha vida: Fênixes. As gaiolas estavam sobre vários consoles de madeira, que mais pareciam bidês. Encarrapitadas em um poleiro, estavam as mais belas e maravilhosas fênixes. De todas as cores: Vermelhas com manchas amarelas, bordôs com cinza, alaranjadas ou esbranquiçadas. Todas com algum aspecto avermelhado. E todas com longas asas, bicos amarelados e pés com garras finas. Os olhos das fênixes eram também a coisa mais linda que se poderia notar.

A turma rodeava Hagrid.

Hagrid: Animais fascinantes, as fênixes. Muito amigáveis, embora exigentes. São animais com os quais podemos contar. Têem uma beleza formidável e podem parecer inofensivos, mas não são. Cuidado: a garra de uma fênix é fina e dura, tem capacidade para cortar em pedaços o que quiserem, ou até mesmo cegar.

Olhei para Harry que estava ao meu lado. Ele olhava ansioso para todos aqueles pássaros. Como se estivesse esperando por aquele dia há anos. Tinha um brilho nos olhos e um sorriso de ponta a ponta.

Hagrid: Agora, em pares, quero que vocês escolham uma fênix e abram na página 115 e 116 do livro Criaturas Mágicas Formidáveis.Vocês poderão ver as instruções de como alimentar uma fênix. Os ingredientes estão ao lado da gaiola.

Ele fez gestos com os dedos, apontando para as pessoas e indicando as duplas, que seria quem estivesse ao nosso lado.

Hagrid: Dois aqui, dois aqui, dois aqui, aqui, aqui... Lola e Harry...

Quando Hagrid disse nossos nomes, Harry imediatamente fez um gesto com os ombros para Draco, querendo dizer que não era sua culpa se Hagrid havia nos escolhido. Logan estava do meu outro lado. E parecia desapontado.

Então de súbito, percebi que uma figura na penumbra, de capa longa e preta e de cabelos oleosos negros, observava a nós três, atentamente.

Snape: Talvez, professor Hagrid... Devêssemos tirar 5 pontos da Grifinória pelo atraso displicente do Sr. Potter. Novamente.

Ele olhou com para Harry com olhos exaltados. A classe inteira silenciou quando percebeu da onde aquela voz lúgubre provinha.

Hagrid: 5 pontos? Hã, bem, acho que não será preciso, professor. Harr...

Snape: É claro que não será preciso. Por isso peço que Potter faça, para variar, um trabalho voluntário, e ajude Longbottom a tirar uma nota relativamente boa pelo menos uma vez na vida. (Ele crispou os olhos, enquanto Harry se juntava a Neville) Haunsen, você com o Hoffman. ANDEM!

Logan sorriu e se dirigiu até uma gaiola com uma fênix de penugem vermelha esbranquiçada, junto de mim. Nós nos ajoelhamos no chão relvado e abrimos o livro nas páginas indicadas. Ouvi Ron murmurar algo com uma cara de desgosto para Mione: "Já não é DEMAIS ter de aturar o Snape todo o santo dia? Agora até nas aulas do Hagrid?"

Eu comecei a fazer o que as instruções mandavam. Separei as sementes e peguei uma pá.

Lola: Droga, vamos ter que achar minhocas. (Comecei a cavar e Logan preparou os pós de amendoim) Não é estranho o Snape estar aqui?

Logan: É, bem... Deve estar supervisionando a aula de Hagrid ou coisa do tipo.

Lola: Ah, é?

Logan: Sim. Bem, lembro que no terceiro ano ele foi meio que substituído. Mas agora que o professor original de Trato das Criaturas Mágicas se aposentou, Hagrid assumiu. Mas devo dizer que Snape é o mais qualificado para isso, é claro. (Ele misturava os pós)

Lola: Você... Gosta do Snape? (Olhei-o com a testa franzida)

Logan: Sim, bom, ele é um ótimo professor apesar de ser...

Lola: Perverso? (Falei suavemente)

Draco: E aí, Hoffman? Vi seu pai no Profeta Diário hoje.

No console ao lado do nosso, Malfoy e seu capanga Goyle enrolavam minhocas junto de sementes para dar a sua fênix prata alaranjada. Como sempre com um ar superior.

Logan: Ah sim, ele saiu lá de novo.

Draco: Finalmente ganhou o prêmio de culinária francesa hein?

Goyle: Minha mãe adora as receitas do programa dele.

Lola: Seu pai tem um programa? De culinária? (Falei surpresa)

Logan: Sim, sim. Ele grava lá na França. Chama-se David Cooks.

Hagrid: (Rondando os alunos) Lembrem-se, uma coisa muito importante que se deve saber sobre as fênixes, é que elas têm poder curativo. Suas lágrimas curam qualquer ferida, por isso os olhos de uma fênix são tão hipnotizadores.

Draco: Fênixes blablabla. Essa aula é patética. E então, Hofman... Sabe que meu pai foi promovido lá no ministério? É claro, de novo. E desta vez vamos passar o natal na França. (Ele levantou a sobrancelha)

Logan: Claro, claro. Eu vou pra França nesse natal também, naturalmente.

Draco: Mas o seu pai mora lá, não é? Ele não fala inglês.

Logan: Isso porque meus pais são separados. Eu moro aqui com minha mãe, meu pai sempre morou lá.

Lola: Nossa, eu não sabia disso.

Logan sorriu. Ele misturou os pós de amendoins nas minhocas que eu havia recolhido. Finalmente começamos a enrolar as minhocas nas sementes para dar de comer a nossa fênix.

Goyle: Anda, pássaro tosco! Come isso!

Draco: Deixa que eu faço isso, seu imbecil! (Ele arrancou a comida de Goyle) Come logo!

A fênix comeu a minhoca com semente e logo depois cuspiu fora, insatisfeita. Malfoy e Goyle fizeram expressões embravecidas arreganhando a boca. Estavam completamente impacientes, visto que notavam seus próprios fracassos no exercício.

Draco: SUA AVE NOJENTA! COMA ESSA MERDA!

Goyle: Olhe, Draco, se puxarmos as penas ela abre o bico! HAHAHAHA!

Draco: HAHAHA! (Puxando as penas da fênix) Bicho podre! Abra o bico! Haha!

Os dois puxavam com força as penas do pobre pássaro que soltava urros de dor. Ele tentava recuar, mas os dois garotos eram muito rápidos. Senti uma pontada de raiva e de muita pena da fênix. Tive uma estranha vontade de socá-los um a um e beliscar a pele deles para verem se iriam gostar. Então, olhei para o outro lado, evitando escutar os urros. Harry alimentava sua fênix cuidadosamente, sorrindo e conversando com Neville. Ambos a acariciavam. A diferença entre as duas duplas era avassaladora.

Eu e Logan alimentávamos o nosso pássaro, e eu o acariciava. Era realmente muito lindo.

Logan: Olhe, ela pode ser a nossa filhinha. (Ele riu)

Lola: Claro!

Senti o olhar de Harry desviar para nós. E não consegui ignorar os urros cada vez mais altos da fênix do lado. Logan soltou uma risadinha ao ver Goyle e Malfoy torturarem o pequeno bicho. Então, a fênix deles subitamente bicou com força a mão de Draco.

Draco: AH! SUA AVE DE BOSTA FRITA! BOSTA FRITA! VOU ENFIAR ISSO NA SUA GUELA!

Ele forçou o bico da fênix, abrindo-o com as próprias mãos e com força. Afastava-o de um jeito brutal. A fênix gritava, chorava. Entrementes, Goyle segurava o pássaro pelas patas. Os garotos não cessavam os risos, e continuavam insultando a pobre fênix.

Infelizmente, eu comecei a ter ânsias de matar os dois e senti que ia começar a chorar se visse a fênix ser mais e mais torturada. Senti-me horrível, péssima por não poder fazer nada. Eu queria gritar, BERRAR com eles. Olhei para os lados, e nada de Hagrid aparecer. Snape estava ocupado demais xingando Neville por ter misturado pó de amendoim com pó fertilizante. Eu estava ficando cada vez mais vermelha, com o estômago torcido em um nó e tentava me segurar. Logan apenas ria.

Então Malfoy forçava cada vez mais o bico da pobre ave que gritava de dor. Parecia que a mandíbula dela iria quebrar em pedaços.

Malfoy: AH, Como eu ia gostar de ver você assada lá no forno de casa!

Eu me levantei depressa, sacando a minha varinha.

Lola: PARE AGORA! PARE! (Berrei histérica, o mais alto que podia. As lágrimas escorriam pelo meu rosto) SEU MONSTRO TORTURADOR DE ANIMAIS! PARE!

O picadeiro ficou silencioso.


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