As Rosas De Hogwarts escrita por everyrose


Capítulo 13
Um Banheiro dos Pesadelos




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Na mesma noite, quando eu estava voltando para a Sala Comunal da Grifinória cuidadosamente, ouvi um barulho nos corredores. Poderia muito bem ser algum professor patrulhando, ou o zelador Filch. Tudo estava mergulhado na penumbra, portanto eu não conseguia enxergar absolutamente nada. Decidi não arriscar, então mudei o meu caminho até a biblioteca, que se encontrava vazia. Exceto por um murmurar que ouvi vindo de dentro de uma estante.

Era Hermione. Ela estava sentada entre duas estantes de livros, no chão. Por um momento pensei que ela poderia ser sonâmbula, até que vi um garoto loiro sentado à sua frente e entendi tudo. Ele tinha cabelos formados por cachos, olhos esverdeados, sobrancelhas grossas e um ar pomposo. Percebi, pela luz saindo da varinha dele, que ambos estavam com um livro no colo, e pareciam rir. O garoto vestia uma gravata azul e prata: ele era um corvinal. Ele percebeu minha presença e olhou-me, atraindo os olhares de Hermione também.

Hermione: Lola! (Sussurrou) Como foi o encontro?

Lola: Ótimo, ótimo. Escuta, o que está fazendo a essa hora na biblioteca?

Eu achei tudo aquilo muito insólito, afinal era Hermione. Ela nunca quebraria as regras tão repentinamente e sairia no horário do estádo de sítio. Uma expressão que aqui significa “hora de recolher”.

Hermione: Bem, adivinha só! Acabei de descobrir que não sou a única a ter como matéria favorita “Aritmancia”. Carter também gosta.

Lola: É mesmo? Carter?

Carter: Isso aí, Carter MacMillan. Prazer.

Lola: MacMillan? Você é parente de Ernesto MacMillan?

Carter: Ah, sabia que alguém ia perguntar isso. Ernie é popular por aqui. Sim, na verdade sou primo dele. Só que Ernie é da Lufa-lufa e eu da Corvinal. Não é inusitado?

Lola: Bom, nem tanto. Acho que se meus primos fossem bruxos, todos seriam de casas diferentes. (Eu sorri) Bem, gente, acho que vou me mandar pra cama. Filch já deve estar longe daqui. Tchau.

H&C: Tchau.

Então a Hermione estava se dando bem! Ela poderia não chamar aquilo exatamente de encontro, mas de certa forma era. Assim, foi só no outro dia que contei-lhe sobre o peculiar momento em que Logan fora atingido por uma azaração. A azaração de trava-língua, bem quando ele estava me beijando. Agora, por quem ele foi atingido? Os suspeitos se resumiam a apenas um.

Os dias foram passando lentamente. Eu estava definitivamente ficando com Logan Hoffman. O problema era que eu não sentia muita coisa quando estava com ele. Era como se ficasse vazia, o que era bom de algum modo. Enfim, Logan fazia QUESTÃO de que fossemos vistos juntos. Fiquei me perguntando se o que ele queria era se exibir para os amigos, mas pelo visto, ele apenas me queria ao seu lado o tempo todo.

Bem, para você ter noção das coisas, tudo piorou para o meu lado. As pessoas me odiaram mais ainda quando viram Logan comigo andando pelos corredores, é claro. Logan era muito cobiçado, o que significava que as garotas, principalmente as sonserinas, cochichavam umas com as outras sobre mim, pelas minhas costas. Olhavam-me com desprezo e nojo. É claro que deviam pensar, “Como Logan está com essa grifinória perdedora?”. O pior de tudo é que não só eles me odiavam. Até os GRIFINÓRIOS me odiavam agora, porque eu estava com um sonserino, o que significava traição na língua deles.

Apenas Mione continuou sendo minha fiel amiga. Ron falava comigo, mas só às vezes. Isso porque Ron, assim como Harry, detestava Logan. Bem, isso resume minha vida não é? Eu estava fudida nos testes, estrepada, odiada e sem apoio. E ainda com riscos de ser morta por um vulto preto idiota que quase cortou meu pescoço fora. QUE ÓTIMO.

Um dia desses, eu me encontrava sozinha passeando pelos corredores com o meu livro Criaturas Fantásticas, quando deixei caí-lo ao ver uma multidão muito grande de sonserinos caminhando em minha direção. Bem, provavelmente eles estariam indo para uma festa ou para as masmorras? Mas as masmorras eram pro outro lado... Tentei achar Logan no meio da multidão, mas ele não se encontrava lá. Detectei um sorriso desdenhoso que eu conhecia muito bem ali. Draco Malfoy. E junto dele Crabbe e Goyle, Parkinson, Carrie, Marcos Flint, Blásio Zabini, Teodoro Nott, Mila Bulstrode e muito mais gente.

O estranho é que todos sorriam do mesmo modo que Draco, e andavam como se fossem "Os Fodões". Eu simplesmente ignorei e tentei continuar a andar reto, mas bloquearam a passagem. Quando menos vi, um círculo de sonserinos me encurralava. Olhei atordoada para os lados tentando entender o que acontecia.

Draco: Então, Haunsen? Gostou da surpresa? (Ele indicou o círculo de sonserinos que riam sadicamente).

Lola: Surpresa? Hã... (Pigarreei) Hm, se me permitem, preciso falar com Hagr...

Draco: Ah, não será preciso. Você não vai falar com o brutamontes escrupuloso do Hagrid hoje. (Ele sorriu maldoso) Vai ter mais o que fazer... Ou sofrer.

Os sonserinos gargalharam, olhando diretamente em meus olhos. O círculo foi se fechando, me encurralando cada vez mais. Eu saquei minha varinha.

Lola: Estupef...

Parkinson: Expelliarmus!

Minha varinha saiu voando para o fim do corredor.

Malfoy: AGORA!

O círculo de sonserinos gritou e urrou de um modo furioso e empolgado, como se estivessem prestes a fazer um ritual de nativos que açam forasteiros. Eles fecharam completamente a passagem e me pegaram pelos pés e braços. Eu me debatia com medo daquela algazarra. Puta merda, mais essa?

Lola: NÃO, NÃO! (Eu chutava Crabbe e tentava soltar meu braço das mãos grossas de Blásio) NÃO, ME TIREM DAQUI! SEUS MONSTROS SONSERINOS IDIOTAS, NOJENTOS, ARROGANTES!

Blásio: Xingar não vai adiantar, Haunsen!

Sonserinos: É! HAUNSEN SUCKS! HAUNSEN SUCKS! HAUNSEN SUCKS! OH, OH, GRIFINÓRIA É MERDINHA, SONSERINA REINA!

Lola: AH, PROFESSORES!

O mais estranho era que ninguém parecia ouvir aquela aglomeração, o que era um absurdo! Eu me debatia cada vez mais, tentava chutar com a maior força possível todos eles, para me libertar, mas nada adiantava: eles eram muito fortes. No corredor, alguns alunos apavorados olhavam para os sonserinos, muitos deles grifinórios. Quando menos percebi, me levaram direto para o banheiro feminino do segundo andar. BANHEIRO? O que queriam fazer no banheiro? E POR QUÊ? Aquele banheiro era o pior de todos, afinal, estava completamente obsoleto, decrépito. A única pessoa que ainda utilizava aquilo era a Murta-Que-Geme, e eventualmente, alunos fora da lei tentando bolar alguma gracinha. Fora lá que Harry abrira a Câmara Secreta, que estava embaixo do círculo de pias de pedra. A Câmara estava impedida, é claro.

Ao entrar no banheiro, todos me jogaram no chão imundo violentamente. Eu estava toda descabelada, machucada e sentia sangue escorrendo pela minha testa. Sem minha varinha e totalmente indefesa, fui me arrastando no chão para o canto perto da parede, tentando fugir. Os sonserinos começaram a me chutar para começar, com força, inclusive no meu estômago, fazendo-me gemer de dor. Um deles lançou uma azaração que me deixou muito inchada, outro então fez o feitiço da língua com espinhos, fazendo com que eu não pudesse gritar. Todos riam de mim com muito deboche. Então, outros sonserinos, entre eles Pansy Parkinson, me pegaram a força para que eu não me debatesse. Eu gritava muito, mesmo com a língua sangrando. Eles me levaram até um boxe que continha um vaso sanitário decrépito, repulsivo e embostelado. Arregalei os olhos em pânico, ao perceber o que estava para acontecer.

Lola: NÃO, POR FAVOR! ALGUÉM ME AJUDE, POR FAVOR!

Eu berrava por ajuda, me contorcia compulsivamente, mas não obtinha êxito. Tudo o que conseguia ouvir eram as risadas sádicas daqueles trogloditas. Vários deles me prenderam pelas pernas e pelos braços. Um lançou um feitiço que prendeu minhas duas mãos para trás com uma corda. Arrastaram-me a força até o vaso sórdido. Um deles forçou minha cabeça para baixo, fazendo-me contemplar a água sanitária antes da calúnia ser feita.

Draco: Tome do seu próprio remedinho, Haunsen. Porque você sabe que merece, não sabe? Quem tem sangue sujo merece comer sujeira. SUA ESCÓRIA, SANGUE-RUIM.

Todos: SUJA, SUJA, SUJA, SUJA, SUJA, SUJA, SUJA, SUJA!

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, uma mão muito forte pegou em minha cabeça, como se ela fosse um objeto, e a forçou totalmente para baixo de um jeito brutal, enfiando-a na água do vaso sanitário. Eu prendi a respiração. Puxaram-me para fora, eu ouvia gargalhadas e risadas maldosas, debochadas, sádicas. Enfiaram-me na água de novo, o cheiro era horrível, cheirava a merda, a bosta, a mijo, a vômito. Senti uma golfada de vômito vindo, mas me contive.

Eles riam e riam, e alternavam. Cada vez um sonserino enfiava minha cabeça na privada. Era Flint, depois Bulstrode, depois Malfoy, Goyle, Crabbe e mais uma vez Malfoy, que enfiara minha cabeça tão forte no vaso que cheguei a bater a testa no fundo. Estava ficando realmente traumatizada, e vermelha.

Pansy: O que foi, Haunsen? Vai chorar, é? Vai correr pra mamãe e pro papai?

Olhei-a, com raiva e prendi a respiração de novo. Eu tentava subir para fora, mas as mãos me segurando pressionavam minha cabeça com força. Quando me puxavam para fora pelos meus cabelos, eu ofegava quase sem ar. E antes que eu pudesse gritar alguma coisa, enfiavam de novo. Todos choravam de tanto rir e me xingavam, aproveitavam para chutar minhas canelas e costas, enquanto eu estava debaixo da água embostelada. Era simplesmente a pior sensação do mundo, de humilhação. Eu desejava nunca ter nascido. Eu chegava a algumas vezes engolir a água da privada, devido ao tempo demasiado que eles me trancavam lá.

A porta do banheiro foi de repente aberta pelo o que eu ouvi. Eu estava toda molhada, com os cabelos encharcados e provavelmente cheirando a bosta. Não aguentava mais aquela humilhação. Estava maculada de água suja. Então percebi que alguns outros alunos espiavam para ver o que estava acontecendo. Alguns dos Weasley estavam ali, gente da Corvinal também assistia. Todos observavam o grande show, o grande espetáculo que eu estava dando. Simas e Dino estavam boquiabertos. Ouvi a voz de Harry perguntando o que estava acontecendo.

Os sonserinos não paravam de enfiar minha cabeça no vaso sanitário repetidamente e rapidamente. Então, finalmente eu vomitei. Vomitei na privada. Todos riram e Mila Bulstrode teve a imbecil idéia de enfiar minha cara no próprio vômito. Comecei a ficar com muita, MUITA raiva. Com vontade de matar alguém, eu dei um soco direto no olho de Parkinson que era quem estava para forçar minha cabeça. Acho que eu estava há tanto tempo ali, que a corda que prendia minhas mãos havia se desgastado, e eu conseguira a arrebentar. A garota caiu nocauteada, e o bando de sonserinos começou a se amontoar já arregaçando suas mangas. Uns brigaram com os outros; outros com os de outras casas.

Senti uma pancada no queixo muito forte. Um estrépito de rachadura foi ouvido. Droga. MEU QUEIXO! Fora Parkinson quem me dera um soco e eu segurava o queixo gemendo de dor. Então chutei o estômago de Parkinson, que foi lançada para fora do boxe. Nunca tinha notado o quão forte eu era quando estava raivosa! Um monte de sonserinos tentou me agarrar e me enfiar inteiramente no sanitário vomitado. Eu esperneava loucamente, os sonserinos me puxavam pelo cabelo e quando iam me colocar no vaso sanitário...

Uma explosão aconteceu. Ninguém soube de onde, nem como ou quando. Mas o boxe do banheiro decrépito de Hogwarts havia explodido. As portas e paredes se racharam em pedaços, e os tijolos caíram em cima do vaso, fumegantes. Uma fumaça extensa devastava o lugar. Alguns, mais próximos da explosão, se feriram. Eu, ao contrário, fiquei intacta. Vislumbrei Hermione, que rapidamente puxou-me dali e arrebatou-me.

Eu não conseguia e não queria falar nada. Ela entendeu, como se lesse minha mente, e me levou direto para a ala hospitalar.

Madame Pomfrey: Ah, vai virar freguês constante, é?

Hermione: Por favor, madame Pomfrey, ela está MUITO mal.

Madame Pomfrey: (Me colocou em uma cama) Meu Merlim! Quantos feitiços lhe lançaram, criança? Só um minuto que eu volto daqui a um tempo.

Ela correu apressada para os fundos. Eu me contorcia de dor e não conseguia mais inspirar o fedor. Madame Pomfrey me deu uma garrafa de plástico com um suco fortalecedor corporal que eu tomei, enquanto ela tirava as feridas com a varinha. Ardia. Quando ela se afastou, Hermione falou comigo.

Hermione: O que foi aquilo, meu Merlim? Você parece péssima.

Lola: Péssima? EU ME SINTO HUMILHADA ISSO SIM. Aquele... Bandido, escroto do Draco... Aposto que foi tudo idéia dele. E onde estava o Logan?

Hermione: Ali ele não tava...

Lola: Você viu? UM MONTÃO de gente da Grifinória estava lá, ficaram parados olhando, que nem umas estátuas capengas! NINGUÉM me ajudou, NINGUÉM PISCOU UM OLHO! Nem Ron, nem seus irmãos, nem...

Hermione: Ron saiu correndo para me avisar da baderna. Por sorte cheguei a tempo.

Lola: EU PENSAVA QUE... AH, QUE RAIVA! E aquela explosão, o que foi aquilo? Uma tentativa de me matar? Assassinato? Ai!

Eu me agitara tanto que meu corpo começou a doer. Sentia fortes dores de cabeça, e não conseguia me mexer. Por sorte, o remédio de Madame Pomfrey eliminava quaisquer irritações ou infecções bacterianas que estivessem no intestino.

Hermione: Calma, Lola! Olha, aquela explosão não veio do nada... Me cheirava ao feitiço Bombarda. Não sei quem o fez, mas pelo jeito queria te matar mesmo...

Lola: E como será possível? Como será possível que NENHUM professor tenha passado pelos corredores ou tenha ouvido aquela aglomeração? As pessoas GRITAVAM, Mione, BERRAVAM.

Hermione: Lola, você não se tocou? Abaffiato! O feitiço para abafar sons. Ninguém que estava almoçando no Salão Principal ouviu a barulheira. E todos os professores estavam lá, a maioria dos alunos também. Os sonserinos planejaram direitinho.

Eu joguei com violência a garrafa de plástico no chão. Madame Pomfrey voltou ao meu encontro.

Pomfrey: Pronto, querida, você pode ir. Já avisei aos professores sobre o banheiro. Aliás, é bom tomar um banho...

Lola: Vou ter de tomar MIL banhos pra esse fedor de estrume sair.

Pomfrey: Eu recomendo que use a Loção Impregnadora. Se tomar banho com ela, vai cheirar a flores, mel e melancia.

Eu saí da ala hospitalar me apoiando em Hermione, pois mal estava conseguindo caminhar. Aquele episódio fora um dos piores casos de bullying que eu já sofrera. Foi não só físico, como emocional. Estava me sentindo um lixo.

Quando cheguei ao Salão Comunal da Grifinória, pingava litros de água sanitária. Entrando na sala, todos estavam em pé, murmurando curiosos. Quando me viram, calaram a boca. Olhavam para mim inexpressivos, enquanto Hermione abria caminho e eu passava por eles. Alguns lançaram um olhar de constrangimento.

Lola: Obrigada por me acudirem.

Eu falei em tom irônico. Fui subir as escadas em espirais que dariam nos dormitórios, com Hermione atrás de mim. Foi só quando eu já estava chegando, que alguém levantou a voz.

Simas: Sentimos muito, Lola. Mas você fez suas escolhas.

Todos olharam intrigados, encorajando Simas.

Neville: Lola, é verdade... Nós tentamos te avisar sobre como eles eram.

Os grifinórios acenavam com a cabeça concordando.

Parvati: Essas foram as conseqüências. Você não quis nos ouvir...

Gina: Achamos que talvez esse episódio servisse de lição de moral para você. Agora você viu o quão horríveis eles são, não é?

Lola: Como é? LIÇÃO DE MORAL? Eu pensei que podia contar com vocês! Mas me deixaram ali, sendo humilhada em público! NINGUÉM se prestou em ajudar! ESSA É A DESCULPA DE VOCÊS? SONSERINA, ESSA RIVALIDADE IDIOTA?

Fred: IDIOTA? Não é idiota! Eles são uns paus no cu mesmo, todos eles! O Logan Hoffman...

Lola: NEM TODOS OS SONSERINOS SÃO IGUAIS!

Fred&Jorge: Nós nunca dissemos isso.

Ron: Nós conhecemos Logan Hoffman, Lola. Por mais que seja difícil...

Lola: ACHAM QUE O CONHECEM MELHOR QUE EU?

Ron: Você simplesmente não quer enxergar a verdade! Esse era o único jeito. Onde estava o Hoffman pra te ajudar ali, hein?

Harry: Ele não é um principezinho como você pensa.

Fez-se um silêncio cortante quando Harry entrou falando. Ron bateu nos ombros dele, aprovando-o.

Lola: EU PENSAVA QUE VOCÊS ERAM MEUS AMIGOS! MAS PELO VISTO ESTAVA ENGANADA. PORQUE QUE TIPO DE AMIGO VERDADEIRO FARIA ISSO? DESPREZAR UMA AMIGA POR CAUSA DE UMA RICHA? POUPEM-ME!

E subi até o dormitório chutando tudo. Olhei para trás e Hermione tinha ficado no Salão. Provavelmente concordava com todos eles e não queria me irritar mais do que eu já estava.

Os dias passaram se arrastando. Eu me sentia mais sozinha do que nunca. Agora nem Hermione, nem Ron falavam mais comigo. Eles apenas trocavam algumas palavras ou comentários. Praticamente, eu andava sozinha pela escola. Nenhum grifinório se atrevia a falar comigo e todos me encaravam com um olhar penetrante quando eu estava com Logan.

Algumas vezes tinha pensado em falar com Dumbledore, pedir para me contar mais sobre meu tataravô. Eu tinha recém recebido a carta de meus pais que não me acrescentou muita coisa.


Querida Lola,

Nós estamos com saudades. Concordamos completamente em levar seus amigos e os pais destes a nossa casa na Austrália. Quanto ao seu tataravô, tentamos fazer contato com seus avós, e eles não sabiam muita coisa a respeito. Apenas disseram que era um homem sonhador e muito talentoso como você. Sobre esse Espelho de Ojesed que mencionou, nunca soubemos de nada, já que seu tataravô é um parente muito distante. Esperamos encontrar alguma coisa nos livros da família, qualquer coisa escreveremos.

Saudades, mamãe e papai

Então não me restava muito que fazer. Um dia desses, eu estava a caminho da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Sempre que passava pelos corredores sozinha, Pirraça cantarolava "Alerta! Haunsen fedorenta chegando". E muitos olhavam para mim rindo. Os sonserinos continuavam a jogar papéis de chumbinho e a caçoar da minha vida. "Sem amigos DE NOVO, Lula?", "Seus amiguinhos cansaram de você?", "E aí Lolinha, bebendo muita água da privada?". Eu tentava os ignorar. Então chegando à sala, me sentei no fundo e afundei a cara no livro. A professora Bolena chegou com sua típica roupa vulgar, recebendo assobios de muitos.

Bolena: Muito bem, classe. Hoje é uma aula prática IMPORTANTÍSSIMA! Aprenderemos a arte da Oclumência.

Hermione, que estava sentada do lado de Neville, levantou a mão.

Hermione: Professora, de acordo com o regulamento, não é permitido ensinar arte das trevas e sim a defesa contra...

Bolena: Sim, sim, Srta. Granger. Eu não irei ensinar a arte das trevas da Oclumência, mas sim a defesa. Enquanto vocês, jovens inocentes e ingênuos, perambulam pelo mundo, bruxos e magos das trevas muito poderosos podem invadir a sua mente. O meu trabalho é ensiná-los a fechar a mente, bloqueando-a de qualquer invasor. Para isso, vocês terão de trabalhar em pares.

As pessoas se olharam intrigadas e curiosas, cochichando.

Bolena: Silêncio! Enquanto um invadirá a memória do outro com o feitiço In Memorium, o outro tentará bloquear a mente, pensando no vazio e no nada.

Hermione: Mas professora, ainda ass...

Bolena: Sim, suponho que a Srta. certinha Granger reclame que invadir a memória do outro é arte das trevas. Porém esse feitiço In Memorium é mais chulo e fraco do que um simples Vingardium Leviosa. Ele apenas lerá os pensamentos de AGORA e não lerá sentimentos nem coisas inconscientes. Portanto só lerá coisas que vocês quiserem.

As pessoas começaram a escolher seus pares, quando Bolena fez um gesto de reprovação.

Bolena: Nã-nã! Eu escolherei os pares, ou acham que vai ser fácil assim? Isso, Weasley e Malfoy, Longbottom e Srta. Patil, Srta. Parkinson e Srta. Granger, Sr. Goyle e Crabbe, Blásio Zabini e Srta. Lavander, etc, etc... E quem sobrou? Ah, sim. Potter e Haunsen.

Minhas entranhas enrijeceram. Tudo bem, só são pensamentos, Lola! Calma... Só pensamentos superficiais que você quiser que ele leia. Não deve ser tão difícil.

Eu e Harry nos levantamos, ficando distantes um do outro, com nossas varinhas a posto.

Bolena: Muito bem. Agora, quando eu gritar TRÊS, vocês podem lançar o feitiço. Lembrem-se, pensem no vazio, fechem suas mentes! E cuidado com as memórias involuntárias!

Lola: QUÊ?

Bolena: TRÊS!

Harry empunhou sua varinha gritando o feitiço In Memorium junto com mais todos os alunos. Eu vi um clarão cinza atingir minha cabeça e meus pensamentos e memórias se tornaram expostos. As imagens e palavras passavam rapidamente por minha cabeça e eu tentava controlá-las, tentava pensar no nada, mas era praticamente impossível! Um campo iluminado perpassou minha mente. Eu com 11 anos e com minhas Maria-Chiquinhas e meu livro na mão, cruzando o salão de Swortex pela primeira vez. Alunos dessa mesma idade e de outras casas caçoando de mim, falando "ESCÓRIA!", "IDIOTINHA", "ELA NEM É BRUXA, RIDÍCULA!", rindo debochadamente e ainda atirando livros em minha cabeça falando "FAZ MEU DEVER AÍ". Então a imagem de meu tataravô veio a tona minha cabeça, uma imagem dele no Espelho de Ojesed e do vulto ali atrás. Dumbledore falava "Ojesed é seu tataravô, Lola", e Hermione me abraçava e ria comigo perto da sala de Adivinhação. As memórias foram ficando mais vagas; eu e meus pais na Austrália me abraçando, eu no terceiro ano lutando com um colega, Malfoy me enfiando na privada, eu cantando no piano da minha casa. Eu, Ron e Harry caminhando alegremente, em seguida, eu e Harry embaixo de uma capa. Esta última memória fora realmente vaga e com pouquíssimos detalhes, de modo que só era possível ver minhas mãos e um tecido brilhoso ao fundo. As memórias foram se esvaindo e se fechando.

Tudo ficou branco e vazio. E voltei ao mundo real junto com Harry. Aturdida e estonteada, pestanejei. Minha cabeça doía um pouco. A força que eu tivera de fazer fora muita.

Lola: Ai... É difícil. Teve MUITAS memórias involuntárias.

Harry não respondeu, apenas imergiu em pensamentos. Então empunhei minha varinha e falei o feitiço.

Pensamentos e imagens voltaram à minha cabeça, vistos com clareza. Eram um pouco mais escuros e confusos. Harry via um retrato de seus pais mais novos. Ele estava na sala de Snape, odiando a aula. Ron falava com Harry: "Não sou eu, nem Hermione, é você!". Harry quando era mais novo estava debaixo do chapéu Seletor que falava "Hmm, Sonserina seria interessante. Não? Então Grifinória!". Malfoy caçoava de Harry, Hermione dava um soco em Malfoy, Harry abraçava Sirius, Dumbledore sorria enigmaticamente, Harry apanhava de Duda e Valter Dursley dizia: "AH, SEU MOLEQUE IMPRESTÁVEL". Harry encarava em um cemitério Voldemort. Aquela memória me fez ter arrepios. Voldemort dizia "VENHA HARRY POTTER, LUTE!". Um campo iluminado. A visão de seus pais no Espelho de Ojesed. Snape: "Você é insolente como seu maldito pai!". A primeira vez que Harry me viu na aula de Herbologia. Harry matava um basilisco enorme, e por fim, com as memórias se esvaindo, um clarão verde preenchia o espaço, e uma mulher gritava "HARRY!".

Tudo ficou vago e vazio de novo e voltamos à vida real. Harry pareceu atordoado também. Ele resmungou alguma coisa.

Harry: Realmente, vieram muitas memórias involuntárias. É difícil.

Ele olhou em volta. A professora rodeava os alunos, tentando ajudá-los e repetindo instruções. Hermione e Pansy tinham uma expressão de insatisfação muito grande, Neville quase fora repelido por sua própria varinha, Simas estava em um transe e Ron e Malfoy também. Ambos de olhos cerrados, concentrando-se nas memórias.

Harry: Sabe, você era bonitinha quando era menor. Quero dizer, não que não seja agora, mas, sabe, você era...

Lola: Obrigada. Você também era bonitinho.

Harry: Bem, Swortex parecia ser interessante.

Lola: Você teve uma memória de um campo iluminado. A mesma memória que eu tive. Você sabe que lugar é esse?

Harry: Hã, bem... Não faço idéia (Ele hesitou) Mas então, você sempre gostou de cantar? Sabe tocar piano?

Lola: Sim. É o que eu fazia lá na minha casa, quando não tinha nada para fazer.

Harry: Bem, na casa que eu moro também não tenho nada pra fazer. Queria ter um piano ou algo assim pra me distrair, mas os Dursley nunca suportariam o barulho.

Ele sorriu e ajeitou os óculos.

Harry: Dumbledore anda falando com você?

Lola: Sim. Ele também fala com você?

Harry: Sim. Acho que ele tem uma afinidade especial com a gente.

Fixei meu olhar no nada, pensando se aquilo seria realmente verdade.

Lola: Harry, por que... Porque nesses últimos dias você... Todo mundo...

Bolena: ANDEM! ANDEM! DE NOVO! REPITAM! Ande Haunsen e Potter, a aula está acabando.

Lola: Ah, ótimo. In Memorium!

Memórias encheram minha cabeça mais uma vez, mas desta vez foi infinitamente rápido. Harry se lembrava de jogos de Quadribol e da Toca, e de quando me viu no Baile de Outono. Depois ele se lembrou de Logan em um lugar escuro. Os dois pareciam brigar:

"- VOCÊ E TODOS OS SEUS AMIGOS SÃO IDIOTINHAS, POTTER! OTÁRIOS!

– VOCÊ QUE É, LOGAN! E SE VOCÊ ENCOSTAR UM DEDO NELA...

– O QUÊ? SE EU ENCOSTAR O QUÊ? ISSO É UMA AMEAÇA? ELA JÁ ESTÁ NO PAPO, POTTER! VOCÊ PERDEU, PLAYBOY! ISSO FOI MUITO FÁCIL, TIRAR LOLA DE VOCÊ E DE TODOS..."

Voltamos a vida real. Mas não foi porque Harry bloqueou a mente. Foi porque eu desfiz o feitiço.

Lola: Você inventou essa memória!

Harry: O QUÊ?

Lola: VOCÊ INVENTOU!

Harry: Não inventei não!

O sinal tocou e todos saíram da sala. Eu estava exasperada.

Lola: Pra que fazer isso, Harry? Pensa que pode me enganar inventando uma coisa dessas? Quer me fazer ficar contra o Logan, é isso? É ISSO O QUE QUER, ASSIM COMO OS OUTROS!

Harry: VOCÊ ESTÁ LOUCA! EU NÃO INVENTEI! SÓ ESTAVA TENTANDO TE MOSTRAR MINHA LEMBRANÇA, E É REAL!

Lola: NÃO É! Não. EU conheço Logan, ele NUNCA faria uma coisa dessas, porque ele GOSTA de mim.

Harry: Você está CEGA pela atuação de heróizinho dele! Ele até pode gostar de você. Mas ele está ARMANDO tudo isso. Aposto milhões de galeões que foi ELE quem armou aquela do banheiro...

Logan: Como é que é, Potter?

Logan apareceu do nada, como um Deus grego vindo dos oceanos. Ele estava sexy como sempre, em suas vestes pretas com verde esmeralda. Falou mais impetuoso do que nunca.

Logan: REPITA, Potter.

Harry: Com PRAZER, Hoffman. VOCÊ ARMOU TUDO, NÃO FOI?

Lola: Como é? É claro que não, deixe de ser mentiroso! Logan não estava lá porque estava no Salão Principal como todos.

Logan: Exatamente. E eu já expliquei, não é, Lola? FUI EU que lancei o feitiço Bombarda. Para SALVAR ela. Para distrair todos com a fumaceira e com a explosão e tirar Lola daquela enrascada.

Harry: O QUÊ?

Por um segundo, pensei que Harry explodiria em pedacinhos, de tão vermelho que ficou. Estava furioso, o ódio saltava das órbitas de seus olhos. Só faltava arrebentar a cabeça de Logan. Ele tremia de raiva, e tentando se controlar, fechou os punhos. Não obteve êxito.

Harry: FUI EU QUE LANCEI O FEITIÇO BOMBARDA, SEU PUTO MENTIROSO DO CARALHO! SECTUMSEMPRA!

E Logan caiu com as vestes ensangüentadas, estatelado no chão.


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