O dia do casamento chegara. Foram dois meses de preparativos. Violet estava no nono mês de gestação. Ela dizia que era totalmente sem graça simplesmente assinar os papeis, ela queria uma cerimônia, uma grande cerimônia. Estranho, não? Violet mudara depois do bebê. Ela era uma pessoa diferente, agora ela era uma mãe, e estava feliz com isso. Violet, feliz? Estranho novamente. 

A Casa dos Assassinatos agora estava toda decorada. Vasos e velas foram colocados em cima de todas as mesas e escrivaninhas da casa. Pequenas gérberas brancas ficavam dentro dos enormes lustres da casa. Violet escolhera a cor das pétalas que ficariam sobre a mesa. "Pétalas pretas dão um toque sombrio ao casamento", Violet dizia para Moira, que pegaria as flores no jardim de fora da casa. 

– Arranjei um padre meia boca - Constance tirava o cigarro da boca - Um casamento sem padre... não é casamento, não acha?

– Obrigada, Constance. Estamos fazendo o melhor possível para este casamento - Vivien falava abanando o ar - Obrigada mesmo.

O vestido que se encontrava na cama de Violet estava finalmente pronto, feito especialmente para a noiva, com uma medida maior na barriga, claro. Constance encomendara um vestido sóbrio, da mesma costureira que um dia fizera o seu. Era um lindo vestido branco, com detalhes em renda nas mangas e no colo. Violet ficara olhando-o durante um longo tempo. 

– Ele é lindo... - Violet falava sozinha.

Nora aparecera do lado da noiva – Sim, ele realmente é, querida - Ela passara a mão nos detalhes do vestido - Quem irá fazer a sua maquiagem, querida?

– Eu... não irei fazer maquiagem - Violet olhara para Nora, com um cigarro entre os dedos.

– Mas toda noiva precisa de maquiagem - Nora pegara a nécessaire de Violet - Eu irei te ajudar, mas primeiro, coloque o seu vestido e jogue fora este cigarro.

Violet pegara seu vestido de noiva e ficara na frente do espelho. Tirou toda sua roupa e colocou-o delicadamente.

Nora fazia uma leve maquiagem preta na garota. Ela desenhava uma linha ao longo dos cílios com a ajuda de um pincel delineador. Nora passava delicadamente as cerdas da máscara para cílios – Você está linda, Violet - Nora deslizava suas mãos no cabelo loiro sedoso da garota – Vamos fazer o seu penteado.

Nora penteava os sedosos cabelos de Violet com uma escova grossa. No topo da cabeça, desfiava o cabelo das pontas à raiz com um pente fino. – Está ficando lindo - Violet olhava para seu cabelo refletido no espelho. Nora penteava a parte restante dos fios para trás, e prendia parte do cabelo como um coque falso. Modelava as pontas com um spray para finalmente ficar pronto.

– Terminei - dizia Nora dando os retoques finais ao penteado - Você gostou, querida?

– Ficou maravilhoso... - Violet virava a cabeça de um lado para o outro para ver todos os detalhes - Eu nunca vi um penteado tão bonito. 

– Temos que colocar a grinalda agora.

– E o que é isso? - Violet não estava muito interessada no assunto.

– É um ornamento feito de flores, querida. Você usa a grinalda em seu casamento, junto com o véu. Constance encomendou os dois, eles vieram com o vestido - A grinalda estava em uma pequena caixa, junto com o véu. Nora pegara a caixa e levara para perto de Violet - Vamos colocá-los.

– Isso... realmente é necessário, Sra. Montgomery?

– Para você ficar deslumbrante? Sim - Nora olhava para o vestido branco de Violet - Eu também me casei. Foi lindo...

– Charles?

– Não foi com Charles, foi com outro... Charles e eu nos casamos só nos papeis, não tivemos cerimônia.

Em um outro lugar da casa, lá estava Tate, se arrumando, vestindo um terno preto.

– Esse é o único terno preto que eu tenho. Usei no meu casamento - Ben falava com Tate, sem nem olhar para seu rosto - Não sei como estou te emprestando isso. Só estamos fazendo isso por minha filha.

– Violet não está fazendo isso só por si mesma - Tate vestia o terno de Ben rapidamente - Está fazendo por mim e pelo bebê também.

– Eu nunca acreditarei nisso. Eu não acreditarei em você, nunca mais, Tate.

– Bom, estou pronto. O quê achou?

– Horrível - Ben deu um sorriso sarcástico.

– Vindo de você... é um ótimo elogio.

Violet se preparava para o casamento, quando Chad chegara de repente em seu quarto. – Ora ora... a garotinha ingênua irá se casar?

– Chad, o que faz aqui? - Violet o olhava com um tom de desgosto - Saia!

– Bonito vestido, devo dizer. Você está deslumbrante, garotinha...

– Não deveria estar aqui - Nora se colocou em frente de Violet - Ela já mandou você sair.

– Mas eu trouxe algo para você, queridinha - Chad tirou um lindo buquê de rosas pretas de suas mãos - É lindo, não?

– Realmente... - Violet foi rapidamente tirar o lindo buquê da mão de Chad, mas não conseguiu – Opa opa, não é assim tão fácil.

– Então dane-se. Não quero o buquê - Violet virou-se e olhou sua barriga no espelho.

– É fácil, é só você me deixar ir ao seu casamento - Chad a chantageava.

– Pode ir. Agora me dê o buquê - A garota estendia sua mão - Aliás, eu nem sei realmente quem irá nesse casamento. Qualquer um pode aparecer. Todos somos fantasmas - Violet pegou seu buquê de enormes rosas pretas.

"Parecem com a que Tate me dera", Violet pensara, olhando atentamente para cada rosa, "Ele irá gostar dessas flores".

Vivien vestia um lindo vestido azul esverdeado, com um tom escuro, e Ben vestia um elegante terno marrom.

Todos os fantasmas já estavam prontos para o casamento. Constance também. Tate já estava lá, esperando sua noiva.

– Por quê demora tanto? - Michael já estava impaciente, sentado no colo de sua avó.

– Todo casamento é assim, querido... - Constance olhava para seu neto - Mas a noiva já deve estar chegando. Esse não é um casamento muito normal.

O casamento se inicia. Todos os fantasmas presentes olhavam para a garota, que estava deslumbrante, andando lentamente ao lado de seu pai. Seus cabelos estavam enfeitados com uma grinalda presa a um véu, com da mesma renda do vestido. A garota segurava o buquê de rosas pretas, dado por Chad. Ela só tinha olhos para Tate, que a olhava com um belo sorriso em seu rosto.

"Ela está linda...", Tate pensara. O garoto  estava completamente hipnotizado por sua futura esposa.

A garota chega altar. Olhares eram trocados pelos dois. A cerimônia se inicia, com o juramento dos noivos e a troca de alianças.

– Violet, eu quero pertencer a você, quero ser seu companheiro, seu amigo, seu amante, na dor e na alegria, na aflição e no ânimo, nas derrotas e nas vitórias, nas trevas e na luz. Para isto, estou disposto a colocar minha experiência de vida ao seu alcance. Quero dar-lhe coragem quando você desanimar, dar-lhe esperança quando você estiver descrente, quero ser sua força e escudo como me compete como homem e mostrar-lhe o caminho sempre que a estrada da vida lhe causar embaraço. Violet, quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida - Tate colocara a aliança de ouro puro no dedo anelar da mão esquerda de Violet.

– Tate, eu quero ser sempre sua. Quero viver com você na dor e na alegria, nos momentos fáceis e difíceis. Quero entendê-lo cada dia melhor, quero amá-lo cada dia mais, quero dar-lhe ânimo, carinho e força no caminho. Quero que ame nosso filho como eu te amo. A amiga de todas as horas, a companheira de jornada, a esposa fiel. Não quero que seu amor pare em mim, mas que eu seja apoio para seu amor a Deus e aos outros. Tate, quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida - Violet colocara a aliança de ouro puro no dedo anelar da mão esquerda de Tate.

Então, o padre começara a falar.

– Tate Langdon, você aceita Violet Harmon como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que a morte os separe?

Tate olhava fixamente para sua futura esposa. Ele tinha um sorriso enorme no rosto. Ele sabia o que dizer.

– Aceito.

– Violet Harmon, você aceita Tate Langdon como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que a morte os separe?

– Eu aceito - Violet olhava para Tate, hipnotizada pela beleza de seu marido.

– Então eu vos declaro marido e mulher.

Tate pegara a cabeça de Violet, e beijara sua boca. Os dois estavam felizes. Todos estavam. Os dois estavam finalmente casados.

Um bolo enorme se encontrava na mesa de jantar da casa. O casal iria cortá-lo, os dois juntos, como um só. Até que Violet colocou a mão em sua barriga e sentiu um líquido intenso em sua mão, também havia sangue, muito sangue.

 A garota pegou a mão de Tate, toda cheia de sangue e...

– A bolsa estourou! - Era a hora.