Back To Summer escrita por Allie Próvier, Izzi Graham


Capítulo 15
Capítulo 15 - Passado e reencontro


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil desculpas pela imensa demora! A verdade é que o capítulo ficava aqui no PC, sem nunca terminar. Agora é que eu tomei vergonha na cara e terminei ele de vez. Não ficou como eu esperava realmente, mas prometo que capricharei no próximo e tentarei voltar a postar rapidamente, ok?
Espero que gostem, boa leitura!



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Cap. 15: Passado e reencontro


– ACORDA, MARK!

Pulei de onde estava com o grito que deram em meu ouvido. O que essa gente tinha, cara? Para a minha completa surpresa, quem gritara para eu acordar foi Emma. A olhei como se ela fosse um ser de outro mundo, o que de fato ela parecia ser.

O que aquela garota de saia e salto alto, com cabelos soltos fez com a Emma estranha de cabelos presos, calça jeans e tênis? E ela sorria abertamente, cara. Não estava séria, nem com um sorrisinho tímido e forçado.

Ela sorria abertamente, achando graça da minha provável cara de idiota apavorado e com sono.

O mundo dá voltas, e fica cada vez mais assustador.

– Chegamos, e vê se tira essa expressão de pavor do rosto!- Emma disse, rindo.

Logo ela saiu do carro, e eu me vi completamente sozinho dentro do automóvel. Pela janela vi Emma se juntando à Nina, minha mãe e tio Rick na porta de casa, e logo já passavam pelo jardim, indo até a porta de entrada.

Casa: http://www.seguros-california.com/images/aseguranza_casa_1.jpg

Essa gente me ama tanto, é impressionante. Me largam aqui, sozinho, solitário, sonolento...

Suspirei, passando a mão pelos cabelos. Vi minha imagem refletida no espelho retrovisor. Pálido, descabelado, com olheiras e olhos cansados.

Eis a imagem de um garoto de 17 anos, que mais parece ter uns 35.

Tentei arrumar aquele ninho que eu chamava de cabelo e saí do carro, sentindo o Sol vir de encontro ao meu rosto, quase me cegando. Bufei, irritado.

Fui andando vagarosamente até a porta de entrada, e no meio do caminho, ouvi a voz do demônio.

– Golfinho machão!

Sim, o demônio em questão é o Christofer.

Respirei fundo e me virei, vendo ele parando de correr na hora, parando no meio da calçada apoiando as mãos nos joelhos e respirando arfante. Ficou assim durante alguns segundos, e quando levantou o rosto em minha direção o sorriso lerdo que estava em seu rosto desfez-se completamente.

Mas ele não olhava para mim. Ele olhava através. Ele andou fumando, só pode. O drogado aqui é ele, não eu.

Olhei para trás de mim e vi parada na porta de casa a Nina. Seus olhos estavam um pouco arregalados, e sua pele mais pálida do que o normal. Nina e Christofer observavam-se, parecendo assustado um com o outro.

– Er... algum problema, Christofer?- quebrei o silêncio, estranhando aquela situação mais que bizarra.

Chris pareceu sair de seu transe aos poucos, e começou a piscar os olhos como se tivesse algo nele. Eu só fazia observa-lo, entender o que se passava na cabeça dele.

– Tudo bem. Está tudo bem.- ele disse, dando uma risada nervosa.

Olhei para trás novamente, vendo Nina observando o chão com a testa franzida.

– Nina? Você está bem?- perguntei, arqueando uma sobrancelha.

Ela levantou os olhos rapidamente, dividindo o olhar entre mim e Chris. Logo abriu um sorriso, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Claro que estou! Tia Elena pediu para que você fosse ao mercado comprar algumas coisas para o almoço, ok?- ela disse, com sua típica carinha feliz.

Mas tinha algo estranho naquela expressão. Aliás, tem algo estranho com todo mundo! Eu sou o único que é normal nesse lugar? Como é possível?

– Acabamos de voltar da rua. É tão importante assim? Não tem outra coisa para o almoço?- perguntei, sem vontade alguma nem de ao menos respirar.

– Ela disse que precisa apenas de alguns temperos para a carne.- Nina respondeu.

– Faz ovo. Ovo não precisa de tempero, só de sal.- falei.

Ouvi Christofer rir atrás de mim, mas Nina não esboçou nenhuma reação. Sua carinha feliz de repente deu lugar à uma expressão meio vazia, enquanto seu olhar estava em Chris, que logo cessou sua risada.

Após alguns segundos, Nina olhou para mim novamente, completamente séria.

– Vá ao mercado e traga os temperos.- dizendo isso, entrou em casa novamente.

Um silêncio se fez entre Christofer e eu, enquanto o Sol parecia entrar pelos meus poros, querendo se fundir em mim.

– Ok, você vai ao mercado comigo e vai explicar tudo. Entendeu?- falei.

Eu já estou cansado de mentiras. Todo mundo esconde tudo de mim, todos estão estranhos e eu estou de saco cheio. Essa é a verdade.

Christofer apenas assentiu para mim, passando as costas da mão pela testa, que suava. Fiz um sinal com a mão para que ele me seguisse até em casa. Queria ir ao mercado o mais rápido possível, voltar para casa e dormir até o ano que vem.

Quando chegamos na cozinha, vi Emma e Nina sentadas à bancada cortando alguns legumes. Minha mãe lia algo em uma revista, enquanto comentava algo com tio Rick, que vestia o avental amarelo de florzinhas da minha mãe. Todos sorriam, conversando entre si.

– Querido, tenho uma missão para você.- mamãe disse, vindo até mim com um papel em mãos.

Revirei os olhos.

– Quer apenas temperos?- perguntei, pegando o papel de suas mãos onde continham os nomes dos temperos.

– Traga alguns doces também.- ela disse.

Suspirei, cansado. Guardei o papel dobrado no bolso e me virei para sair da cozinha, mas acabei esbarrando em Christofer. Ele estava estático, olhando para tio Rick. Um de seus olhos tremelicavam, e ele não parecia estar calmo.

– O que foi?- perguntei.

– Quem é ele?- Chris perguntou baixinho, com a voz trêmula.

Juro que fiquei com medo dele naquele momento. Como quando ele me socou no teatro pensando que eu havia, sei lá, tentado matar a Summer.

– Ah, esse é o irmão da minha mãe, meu tio Rick. E aquelas ali são a Nina e a Emma, minhas primas.- falei, apontando para cada um.

Quando falei “esse é o irmão da minha mãe”, pareceu que eu havia tirado um peso enorme das costas dele. Tio Rick levantou a mão para Chris, dando um aceno como cumprimento. Emma, quando finalmente olhou para nós dois, seus olhos se arregalaram.

– VOCÊ É O...- eu conseguiria ouvir o que Emma ia dizer se Christofer não tivesse me empurrado para fora da cozinha na hora, me empurrando em direção à porta de casa.

Suas mãos tremiam, e seus olhos estavam arregalados. Já estávamos na calçada em frente de casa e ele ainda me empurrava. Me desvencilhei de suas mãos, irritado com aquilo tudo.

– Chega! CHEGA! Me diz o que tá acontecendo!

Praticamente gritei, atraindo olhares do Sr. E da Sra. Cooper, que passeavam com seus milhares de cachorros na rua. Me desculpei com um olhar, voltando a encarar Christofer, que parecia desconcertado.

– Anda, diz logo. O que você tá escondendo dessa vez?- perguntei novamente, cruzando os braços.

– Vamos comprar o que sua mãe pediu, e eu te conto melhor as coisas, ok? No meio da rua... não dá.

– Ok, então diga o por que de você ter vindo aqui. Na mensagem dizia que era sobre a Summer.

Seus olhos brilharam, e ele abriu um sorriso novamente, passando a mão pelos cabelos bagunçados.

– Ah, sim. A Summer resolveu contar a verdade aos policiais!- ele disse, animado.

Arregalei os olhos. A verdade?

– Que o... o Joshua...- eu gaguejava, surpreso com a notícia.

– Sim! Ela decidiu contar toda a verdade, nossos pais conversaram com ela e a convenceu. Mas ela pediu para irmos com ela, sabe. Aí amanhã nos encontraremos aqui na sua casa para irmos à delegacia.- Christofer falou tudo de uma vez, ficando sem ar ao final.

Fiquei feliz com a notícia. Summer falar aos policiais sobre o que Joshua fizera seria um alívio e tanto, mas eu tinha que ir junto? Depois de tudo?

– Acho que melhor eu não ir, Chris.- falei, começando a andar em direção à saída do condomínio.

Eram 10 minutos de caminhada até o centro, era coisa rápida, mas aquele Sol estava me matando. Christofer veio logo atrás de mim, com seus passos largos.

– Como assim? É óbvio que você vai! Por que isso agora?- ele perguntou.

O olhei de relance, abaixando o olhar. O ouvi bufar segundos depois, colocando uma das mãos em meu ombro, me parando onde eu estava.

– Olha pra mim.- ele disse.

Continuei olhando para o chão.

– Olha para mim. Esse nosso momento está gay demais, e a sua vizinha gostosa está nos olhando estranho.- ele disse, em sussurros.

Eu imaginava a cena: Christofer, daquele tamanho, me segurando pelos ombros e me pedindo para olhar para ele. E eu, todo sensível, olhando para o chão.

Éramos muito gays mesmo. Credo. Quando vi que a Claire, minha “vizinha gostosa”, segundo Christofer, realmente nos olhava estranho (quem não olharia?) eu me desvencilhei das mãos de Christofer e dei um passo para trás.

– Eu não quero ir e ponto.- falei, querendo dar o assunto por encerrado.

– É por causa daquele dia?- ele perguntou.

– Que dia?- perguntei, me fazendo de desentendido.

Por que Christofer não deixava nada passar? Voltei a andar rapidamente, querendo voltar logo para casa.

Christofer rapidamente me alcançou, falando igual uma velha fofoqueira.

– A Summer se arrependeu, Mark! Tem que ver como ela tem estado esses dias! Ela sente sua falta, ela gos...

Chris se interrompeu de repente, o que eu ignorei.

– Eu não quero ir, ok? Assunto encerrado.

– Mas...

– Christofer, acabou. Eu não vou. Agora me diga logo de onde você conhece a Nina.- mudei de assunto rápido, esperando que ele respondesse.

Ele pareceu querer se enfiar num buraco para não precisar me responder. Fiquei encarando-o, sem nem olhar por onde andava. Por fim, ele soltou um suspiro e revirou os olhos.

– Você é muito curioso.- ele disse.

Fiquei quieto, esperando ele continuar.

– Há dois anos eu fui passar minhas férias de fim de ano em Nova Iorque. Aí, num dia eu saí com alguns amigos meus que moravam lá e fomos à praia. Estávamos jogando futebol americano quando, acidentalmente, eu joguei a bola na cabeça da Nina. Só que eu joguei com força demais, e ela acabou desmaiando. Eu a levei para o hospital, com a irmãzinha linda e delicada dela gritando em meus ouvidos...

O interrompi, rindo.

– A Emma?- perguntei.

– Essa aí mesmo. Mas me deixe continuar, merda.

Assenti, prendendo o riso. O modo como ele falou de Emma me lembrou o modo como eu mesmo falava na época em que ela ainda estava... daquele jeito.

– Enfim. Eu a levei ao hospital e fiquei esperando ela acordar. Quando ela acordou, me abraçou e agradeceu por eu ter cuidado dela. Admito que me aproveitei da situação e a abracei também. Emma não aprovou muito isso. E, bom... Nina é uma garota... linda. Eu a chamei para sair comigo e acabamos tendo um “romance de Verão”.- ele disse, meio cabisbaixo ao fim.

– E por que ela agiu daquela maneira quando te viu lá em casa?- perguntei, curioso.

Christofer engoliu em seco antes de continuar.

– Quando as férias iam acabando, e eu disse que teria que voltar para Santa Monica ela me pediu... na verdade, ela não pediu. Ela se ofereceu para ser minha namorada. Sabe? Namoro a distância. Ela disse que realmente gostava de mim.

– E você negou o pedido dela?

Christofer apenas assentiu, desviando o olhar do meu. De repente, uma lembrança se fez na minha mente. Nina vindo ate mim, chorando, dizendo que “ele” havia ido embora.

E tudo se encaixou.

– SEU FILHO DA...- interrompi meus gritos rapidamente.

Tentei conter também as minhas mãos em punhos, que naquele momento desejavam ardentemente se afundar naquela cara de conquistado barato que estava ao meu lado.

– O que foi?- Christofer perguntou assustado.

Algumas pessoas que passavam nos olhavam, estranhando minha reação. Mordi meu lábio inferior e forcei um sorriso, colocando uma mão no ombro de Christofer.

– Em casa nós... conversaremos. Ok?- depois de eu te socar, completei mentalmente.

Christofer deve ter percebido a minha cara de psicótico, pois deu um riso nervoso e se desvencilhou vagarosamente da minha mão.

– Ok... mas vamos logo comprar os temperos da sua mãe, né?

Logo apressamos o passo em direção ao supermercado. Christofer devia era estar fugindo de mim, já que andava um pouco à minha frente a passos largos. Sorri internamente.

Eu iria socar aquela cara dele. As imagens da época em que ele fizera aquilo com Nina rondando a minha mente.

Eu não queria ver aquilo acontecer novamente. Nunca.

Logo chegamos ao mercado e eu tirei o papel com o nome das coisas que minha mãe queria do bolso. Eu lia atentamente os nomes estranhos dos temperos quando ouço chamarem o meu nome.

Levantei o rosto, e me arrependi no mesmo instante.

Ela estava ali, à minha frente. Sorria timidamente, com um vestido tão delicado quanto ela. Seus cabelos cacheados emolduravam seu rosto, e seus olhos pareciam mais azuis do que nunca.

Summer McLean: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=51785167&.locale=pt-br

Engoli em seco, sentindo vontade de sumir dali.

– Oi.- ela disse.

Laura também estava ali, e tanto elas duas quanto Chris pareciam esperar uma reação minha.

Laura Sullivan: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=51785385&.locale=pt-br

Christofer pareceu entender o por que do meu silêncio e pegou o papel das minhas mãos, lendo-o. Desviei o olhar de Summer, encarando o chão. Era bem menos doloroso encará-lo.

– Mark, os tomates ficam do lado direito do mercado.- Christofer disse, me empurrando na direção onde ficavam os tomates.

Peguei o papel de suas mãos e fui. Eu estava agindo feito uma criança, eu sei. Mas eu não queria ter que encará-la agora. Por culpa dela eu me droguei novamente, magoei minha mãe e me sinto um lixo agora.

Christofer não veio ao meu encontro. Como não era muita coisa, comprei tudo e paguei rapidamente. Christofer me esperava na porta do mercado, sozinho.

Sem falar nada, ele me acompanhou novamente rumo à minha casa.






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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer à todas que comentaram no capítulo anterior! Amei cada review!
Bom, tentarei postar o próximo capítulo logo.
E aí? O que acharam dessa atitude do Mark? A Summer merece a amizade dele novamente? Ele está sendo infantil demais? Ele irá com ela para dar força na hora do depoimento?
No próximo capítulo, veremos! *-*
Mandem reviews, assim terei forças para continuaaaaaar!
Mil beijos! :*