Cap. 14:

Passaram-se 2 dias e Chris não deu sinal de vida.

Minha mãe havia ido fazer compras (e comprar minhas batatinhas, que eu não posso viver sem), e eu preferi ficar em casa. Eu ainda estava meio indisposto, não estava podendo ser mula de carga ainda. Fora que mesmo quando eu vou, nem tenho muito trabalho. Sempre há almas caridosas no supermercado (traduzindo: homens tarados que ficam de olho na minha mãe, na minha frente) dispostos a ajudar a carregar as bolsas.

Eu estava na cozinha, sentado à bancada tomando meu café-da-manhã. Na pequena TV da cozinha passava um programa de humor. Eu ria de uma piadinha idiota do apresentador quando meu celular tocou.

O peguei, e quando olhei o nome no visor, gemi de desgosto.

– Alô.- falei, depois de um suspiro.

– Priminho lindo!– Nina disse, parecendo feliz.

– Oi, Nina. O que você quer?- perguntei, apressado.

– Nossa, quanto amor! Só liguei para avisar que chegarei à Santa Monica amanhã, às 11:00 da manhã, ok?– ela disse, risonha.

Suspirei.

– E por que EU tenho que ir te buscar?

Pude imaginar Nina revirando os olhos com a minha pergunta, e sorri.

– Um aviso para você: se eu chegar em Santa Monica, ficar perdida, um grupo de delinquentes me sequestrarem, me estuprarem e me matarem a facadas, VOCÊ será o culpado e eu voltarei para te assombrar pelo... resto... da... sua... vida. Entendeu?

– Que horas você chega, amor da minha vida?

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Ok. Que fiquei claro que eu, Mark Campbell, não aceitei vir buscar a Nina por sentir medo dela, ok?

É só que eu... bem, sou muito cavalheiro. E não duvido que ela venha mesmo me assombrar. Então é melhor eu agradá-la, sendo o amor de menino que eu sempre fui.

Elena Campbell: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=48685465&.locale=pt-br

Mark Campbell: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=48685611&.locale=pt-br

Eu e minha mãe estávamos no aeroporto, e como tínhamos carro, levaríamos Nina até sua nova casa. Junto dela também viriam Emma, sua irmã mis velha com quem não falo muito e o tio Rick, pai delas e irmão da minha mãe.

A verdade sobre a minha família é que ninguém é normal.

Apenas eu, claro.

Nina é o tipo de menina fofa, confiável, que se veste como boneca e que vive querendo abraçar todo mundo. É meio lerdinha, e quando se apaixona parece mais uma psicopata.

Emma, sua irmã, não é muito de conversa. Para ser sincero, prefira a Emma bêbada, porque ela começa a contar piadas e a rir sozinha, dizendo que ama Deus e o mundo. Ela é meio na dela, quieta, e vive pensativa. Acho que isso se deve ao fato de que a mãe delas faleceu devido a um câncer quando Emma possuía apenas 9 anos, e Nina 7. Emma é mais velha, tem 19 anos agora, então acho que a perda foi muito grande e dolorosa para ela, já que possui mais lembranças.

Acho que eu também ficaria e um estado meio catatônico se perdesse minha mãe.

Mas enfim, o tio Rick fez um bom trabalho. Ele sempre faz. Sinceramente, se eu pudesse escolher um homem para ser meu pai, esse homem seria o tio Rick. Porque o fato é que o cara é muito, muito, MUITO legal. Mesmo. Mas como ele e a mamãe são irmãos, nem rola tentar juntá-los. Credo.

Tio Rick é historiador. É um trabalho bem legal, considerando que ele viaja para vários países com uma espécie de “equipe de busca”, atrás de artefatos antigos, como os do Faraó. E ele consegue uma boa grana vendendo esses artefatos para até mesmo para colecionadores. Como um broche que ele achou uma vez. Era de ouro, e juntando isso ao fato de que pertenceu a uma família importante aí, tio Rick conseguiu faturar 75.000 dólares vendendo aquilo para um colecionador de broches antigos ricaço. Sério, 75.000 dólares por um broche.

Mas para chegar onde chegou, ele também teve que ralar muito. Também, pudera. Ficar viúvo, e com duas filhas para cuidar...

– Querido, o avião deles chegou.- ouvi minha mãe dizer.

Respirei fundo e me levantei da cadeira onde estava sentado. Estiquei os braços e olhei para minha mãe, que me olhava com um ar divertido.

– O que foi?- perguntei, estranhando aquele sorrisinho dela.

– Se controle, ok? Será ótimo ter o Rick e as meninas morando perto da gente. Seu tio disse que quer sossegar um pouco e passar um tempo com elas e conosco.- ela disse.

Ri, começando a caminhar ao lado dela em direção ao portão de desembarque, para esperar tio Rick e suas lindas filhas aparecerem.

– Não estou reclamando do tio Rick, e sim das garotas. Nina não larga do meu pé nunca, e Emma parece aquelas meninas de filme de terror que veem gente morta.- falei, revirando os olhos e arrancando uma risada da minha mãe.

Isso era ótimo.

– Mas você as adora! Ainda mais a Nina, que é um amor com todos.- mamãe falou, passando a mão em minha cabeça. Um hábito dela que eu adorava.

Ficamos ali de pé por cerca de 5 minutos esperando, até que o trio maravilha apareceu.

Rick Slater: http://www.polyvore.com/rick_slater_back_to_summer/set?id=48685834&.locale=pt-br

Nina Slater: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=48685873&.locale=pt-br

Emma Slater: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=48685900&.locale=pt-br

Tio Rick bonitão como sempre, exalando inteligência pelos poros e rindo de algo com as garotas. Emma estava mais... feminina? Nossa. Ela sempre estava de jeans e tênis, agora usa saia e salto. O que aconteceu? Ela parecia mais alegre também, mas ainda tinha aquele quê de seriedade no olhar.

E Nina continuava a mesma coisa de sempre. Não vou comentar muito sobre ela não.

– ANTHONYYYYYYYYYY!

PQP! Fingi que aquela louca de vestido rosa não estava gritando o MEU nome do meio e cruzei os braços, olhando para o teto do aeroporto, enquanto minha mãe ria ao meu lado.

Nossa, que lâmpadas belas. Vou comprar uma dessas para o meu quar...

– QUE SAUDADES! OMG!

Meu corpo inteiro doía, e eu sentia minha respiração falhar um pouco. Por que?

Porque havia uma garota de 16 anos em cima de mim, no chão do aeroporto.

– Nina, você vai mata-lo desse jeito!- Emma disse, tentando tirar a irmã de cima de mim.

– Mark, você está bem?- minha mãe perguntou, prendendo o riso.

– Ótimo.- falei entredentes, olhando para Nina com meu melhor olhar mortífero.

Ela me olhava com aquela carinha fofinha dela, me desarmando completamente. Como sempre.

Cumprimentei Emma e tio Rick, ignorando Nina completamente. Minha mãe não parava de sorrir. Realmente, ter o irmão mais velho com ela a faria muito bem. Ela possuía algumas amigas em NY, mas apenas para os bons momentos.

E deixou tudo para trás para cuidar de mim.

Já estávamos no estacionamento do aeroporto, indo em direção ao carro. Tio Rick empurrava o carrinho com as malas, enquanto conversava com mamãe. Emma mexia no celular, e sorria com algo.

Involuntariamente, suspirei cansado. Cansado de tudo. Eu sempre ficava assim quando pensava em tudo o que minha mãe teve que largar por mim. Emprego, amigos, o Central Park que ela tanto amava.

Senti um braço envolvendo minha cintura e olhei para baixo, vendo que era Nina.

– Não vai falar comigo, coisa chata?- ela perguntou, fazendo bico.

Sorri, apertando sua bochecha.

– Você não está merecendo. Me fez parecer um idiota na frente de centenas de pessoas.- falei, sem corresponder ao abraço.

Eu estava brincando com ela, claro. Nina era como minha irmãzinha mais nova. Eu era apenas 4 meses mais velho que ela, mas ela sempre seria a minha pirralhinha.

– Awn... é que eu estava com saudades do meu irmãozão.- ela disse, com aquela carinha de poodle que ela tinha.

Comecei a rir, abraçando-a apertado e enchendo seu rosto de beijos. Nina apenas ria.

– Meu filhotinho de poodle felpudo! Também senti saudades.- falei.

Nina riu, e voltamos caminhar até o carro.

– Pare de me chamar de poodle, pônei colorido de pudim.- ela disse, colocando os óculos de Sol sobre os olhos.

Ri com os apelidos. Era sempre assim: eu a chamava de algo fofo, e ela me chamava de algo gay.

Logo chegamos ao carro. Ajudei tio Rick a colocar as malas (ou chumbos, se você preferir) no porta-malas e, quando o fechamos, meu celular tocou.

Enquanto as meninas iam se ajeitar no carro, fui ver a mensagem que havia recebido.

Era de Christofer.

DE: Christofer

PARA: Mark doidão

AONDE VC TÁ, CRIATURA? PRECISO FALAR URGENTE COM VC.

“Mark doidão”? Ele iria o quão doido eu poderia ficar. Idiota.

Revirei os olhos e comecei a digitar a resposta.

– Mark, venha logo!- minha mãe chamou, já dentro do carro, assim como os outros.

– Calma, já vou.- falei.

DE: MARK

PARA: CHRISTOFER

JÁ ESTOU INDO PARA CASA, VIM BUSCAR MEU TIO E MINHAS PRIMAS. PASSA LÁ EM CASA, ANIMAL.

Cliquei em “Enviar” e fui para o carro. Estava um falatório tremendo: minha mãe e tio Rick conversando, Nina cantando a música que tocava em seu Ipod e Emma falando com alguém pelo celular. Fora a música da Rihanna, aquela em que ela mata o cara, tocando baixinho ao fundo. Inferno.

Minha mãe pôs o carro em movimento assim que entrei e, segundos depois, meu celular tocou novamente.

Outra mensagem.

DE: CHRISLINDO

PARA: MARK ANTHONY

ANIMAL? NOSSA, QUE EDUCADO. VOCÊ NÃO É FILHO DA ELENA MESMO. MACHÃO. VOU FICAR ESPERANDO EM FRENTE A SUA CASA.

DE: HOMEM MACHO

PARA: CHRISTOFER JONATHAN

CHAMO DE ANIMAL PORQUE SOU MUITO MACHO MESMO. E PARA VC É SRA. CAMPBELL, KCT.

Enviei e guardei o celular no bolso, rindo comigo mesmo. Ele sabia que eu odiava ser chamado de Mark Anthony, assim como ele odiava ser chamado de Christofer Jonathan, seu nome do meio. O que a mãe dele tinha, afinal? Meu Deus.

Fechei os olhos e encostei a cabeça no banco. Estava morto de cansaço. Em plena manhã de Sábado e aqui estava eu, saindo de um aeroporto, quando poderia estar dormindo. Ou comendo.

Mas nem de longe a assombração me deixava descansar. Logo o celular tocava novamente.

DE: CHRISEDUÇÃO

PARA: GOLFINHO MACHÃO

TÃO MACHO E ASSUSTADOR QUANTO UM GOLFINHO. ESTOU INDO PARA A SUA CASA, ANTHONY. NÃO DEMORE.

Bufei. Pensei em responde-lo com xingamentos, mas estava cansado até para isso. Guardei o celular novamente e fechei os olhos. Logo não ouvia mais nada e caí na escuridão.